“Queerides”, série de retratos de Graça Craidy, na mostra Fora da Margem, da Associação Chico Lisboa

 A artista visual gaúcha Graça Craidy produziu dez retratos de personalidades queer da cultura brasileira e mundial e deu à série o sugestivo nome de “Queerides”. O conjunto de obras participará da mostra Fora da Margem: Panorama Visual das Subjetividades Queer, promovida pela Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa,. A mostra abre dia 3 de março e permanecerá na Galeria de Arte do Dmae até o último dia do mês (31/03).

Andy Wahrol. Reprodução/ Divulgação
Caio F Abreu. Reprodução/ Divulgação
David Hockney. Reprodução/ Divulgação

Entre os retratados da série estão nomes consagrados como os artistas visuais Andy Warhol e David Hockney, escritores Mario de Andrade, Caio Fernando Abreu e Marcel Proust, o cantor Ney Matogrosso, a vereadora e ativista Marielle Franco e o curador da Queermuseu, Gaudêncio Fidelis. Aliás, o fechamento violento da Queermuseu está entre as motivações da Chico Lisboa na promoção de Fora da Margem.

Fernando Pessoa/ Reprodução/ Divulgação
Gaudencio Fidelis. Reprodução/ Divulgação
Marce lProust. Reprodução/ Divulgação

No edital, a entidade, fundada em 1938, diz que visa promover as artes visuais de uma maneira abrangente e conectada com as demandas sociais contemporâneas como as relacionadas à temática LGBTQIA+. A visibilidade dessa comunidade e da sua produção artística é atual, necessária e urgente, visto que tem sido alvo de discriminação e ataques violentos, marcados pela tentativa de silenciamento. Os eventos que provocaram o fechamento da exposição Queer Museum, em 2017, em Porto Alegre, e seus desdobramentos, ilustram esta realidade aviltante que afrontou as artes visuais e a sociedade como um todo”.

Marielle. Reprodução Divulgação
Mario de Andrade. Reprodução/ Divulgação
Ney Matogrosso. Reprodução/ Divulgação

Graça, que se declara apaixonada pela arte do retrato, justifica assim sua série: “Minha melhor maneira de homenagear as pessoas que amo, respeito e vejo valor, tem sido retratá-las. No momento em que se abre um espaço de defesa dos direitos da comunidade queer, em que a arte assume o protagonismo da narrativa, entendo que meus retratos de pessoas importantes para a nossa cultura, carregados de suas histórias traduzidas em suas feições, são capazes de promover a necessária reflexão sobre os seus direitos à livre expressão artística, sexual e de gênero.”

Paulinho Chimendes. Reprodução/ Divulgação

Artistas participantes

 Além de Graça Craidy, mais 34 artistas foram selecionados por edital para a exposição Fora da Margem, que tem como curadores Ben Berardi, Sandro Ka, Neiva Bohns e Manuela Fetter.

Os demais artistas são: Ajeff Ghenes, Alce Porto, Álvaro Augusto Moro de Quadros, Annie Ruaro, Arthur Caldeira, Bruna Abreu, Carol Martins, Céu Isatto, David Ceccon, Denise Wichmann, Eduardo Thomazoni, Elenise Xisto, Fátima Pinto, Felipe Cremonini, Gabriela João, Gabriela Kostesky, Gladys Neves, Inez Pagnoncelli, Itamara Stockinger, Kaline da Silva Luiz, Kaunauã Nharu, Laur Peters, Lívia Auler, Lorena Bendati Bello, Lu Vieira, Marcelo Eugenio, Marina de Souza Pessato, Pedro Reis, Rafael Dambros, Ricardo Ayres, Suzane Wonghon, Thiago Dorsch, Vitor Cunha e Walter Karwatzky.

A exposição Fora da Margem será aberta no próximo dia 3 de março e permanecerá na Galeria de Arte do Dmae até o último dia do mês (31/03). O espaço fica na Av. 24 de Outubro, 200 – Moinhos de Vento – Porto Alegre. Entrada gratuita.

Quatro filmes com recursos de audiodescrição, janela de libras e legenda descritiva, no Cine Farol Santander

Entre os dias 17 e 25 de fevereiro, o Cine Farol Santander realiza a Semana da Acessibilidade com exibições dos filmes gaúchos “Raia 4”, “Aos Olhos de Ernesto”, “Legado Italiano” e “Portuñol”, com recursos de audiodescrição, janela de libras e legenda descritiva.
A programação também contará com exibições online dos longas-metragens  “Bio – Construindo uma Vida”, de Carlos Gerbase, e “Disforia”, de Lucas Cassales. Os dois títulos serão disponibilizados entre os dias 18 e 23 em versões com audiodescrição, janela de libras e legenda descritiva.
A programação também contará com exibição online do longa metragem  “Bio – Construindo uma Vida”, de Carlos Gerbase, Imagem: Divulgação
Formulário para acesso à programação online: https://forms.gle/UvgQK9RzsSdtALCo7
Todas exibições – tanto presenciais quanto online – são gratuitas
O Cine Farol Santander entra em recesso de carnaval no dia 26 de fevereiro, retornando no dia 03 de março com a tradicional Mostra Espiritualidade e Consciência.
Confira abaixo a grade horária e informações dos filmes:
17/02
15:00 Raia 4 – Sessão com Acessibilidade
17:30 Aos Olhos de Ernesto – Sessão com Acessibilidade
18/02
15:00 Raia 4 – Sessão com Acessibilidade
17:30 Aos Olhos de Ernesto – Sessão com Acessibilidade
19/02
15:00 Raia 4 – Sessão com Acessibilidade
17:30 Aos Olhos de Ernesto – Sessão com Acessibilidade
A produção gaúcha “Aos olhos de Ernesto”  está na mostra. Imagem: Divulgação
20/02
15:00 Raia 4 – Sessão com Acessibilidade
17:30 Aos Olhos de Ernesto – Sessão com Acessibilidade
22/02
15:00 Legado Italiano – Sessão com Acessibilidade
17:30 Portuñol – Sessão com Acessibilidade
23/02
15:00 Legado Italiano – Sessão com Acessibilidade
17:30 Portuñol – Sessão com Acessibilidade
24/02
15:00 Legado Italiano – Sessão com Acessibilidade
17:30 Portuñol – Sessão com Acessibilidade
25/02
15:00 Legado Italiano – Sessão com Acessibilidade
17:30 Portuñol – Sessão com Acessibilidade
Portuñol, de Thais Fernandes
Muitas línguas são faladas na intersecção entre o Brasil e países vizinhos como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Uma investigação sobre a percepção da identidade nacional a partir da mistura entre o português, o espanhol e o guarani.
2019, Documentário, Classificação Indicativa: Livre.

Legado Italiano, de Marcia Monteiro
Com cenários no Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha e Vale do Caí) e no norte da Itália, Legado Italiano revisita os 145 anos da imigração italiana para a Serra Gaúcha e os inúmeros legados deixados ao longo desse tempo.
2020, Documentário, Classificação Indicativa: 10 anos.
Raia 4, de Emiliano Cunha
Amanda é uma nadadora pré-adolescente. Quieta e reservada, encontra, embaixo da água – lugar onde os segredos não podem ser ouvidos – um refúgio. O conflito com os pais, as pressões do esporte e da fase da vida, tudo parece se acumular no entorno de Amanda, que acaba se aproximando de Priscila, uma colega de equipe.
2019, Drama, Classificação Indicativa: 14 anos.
Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luíza Azevedo
Ernesto enfrenta as limitações da velhice, como a solidão e a cegueira crescente. Ao se tronar viúvo, ele aprende que envelhecer é encher os silêncios com as ligações de seu filho que mora longe, com os recados do banco para retirar sua pensão, com as visitas de seu vizinho Javier, com a espera por uma nova carta de Lucía. No entanto, Bia, uma cuidadora de cães, entra em sua vida e Ernesto passa a perceber que o envelhecimento
pode ser rejuvenescedor.
2019, Drama, Comédia, Classificação Indicativa: 12 anos.
 
Bio – Construindo uma Vida, de Carlos Gerbase
Nascido em 1959 e morto em 2070, um homem tem uma patologia especial que não o permite mentir. Depois de sua morte, amigos e membros de sua família se reúnem para relembrar acontecimentos especiais pelos quais passaram juntos e que montam um interessante retrato da biografia do rapaz.
2017, Drama, Classificação Indicativa: 14 anos.
 
Disforia, de Lucas Cassales
Dário sofre pela dificuldade em se recuperar de um acontecimento assustador de seu passado. Ao se aproximar da menina Sofia, memórias de um trauma são despertadas. Atormentado, ele precisa encarar o passado e o mistério envolvendo a família dele.
2019, Drama, Suspense, Classificação Indicativa: 14 anos.

Aberta inscrições para exposição de artes visuais sobre a Amazônia e seus contrastes

Organizada pela Associação Chico Lisboa e pelo Instituto Zoravia Bettiol, mostra presencial será realizada em abril .
Estão abertas as inscrições para a exposição “Amazônia – Universo de Contrastes”, uma parceria entre a Associação Rio-Grandense de Artes Plásticas Francisco Lisboa e o Instituto Zoravia Bettiol. A mostra receberá obras de artistas visuais cujo trabalho reflita o bioma amazônico, exalte as belezas de sua fauna e flora, além da produção, cultura e filosofia de seus diversos povos indígenas, bem como informar e denunciar a situação crítica enfrentada pela maior floresta tropical do mundo.
A artista visual e ativista Zoravia Bettiol observa a importância da ação: “A mostra será uma ótima oportunidade para os artistas apresentarem seus diferentes olhares sobre esse bioma tão importante para a América do Sul e para o mundo, que faz divisa com 9 países e contempla uma imensa diversidade de fauna e flora. Lamentavelmente, há algumas décadas, a destruição ambiental é uma realidade, cada dia mais presente no nosso planeta, e os artistas captam esta realidade e fazem dela material para criar suas obras de denúncia e de alerta.”
A artista visual Zoravia Bettiol. Foto: Cássia Alexandra/ Divulgação
E destaca a urgência do tema: “Se nossos governantes tivessem uma política trabalhista inclusiva, que oferecesse diferentes e maiores oportunidades de emprego nessas regiões, não haveriam tantas famílias que dependem dessa subsistência destrutiva e nociva ao meio ambiente brasileiro. Esta, infelizmente, não é a filosofia do atual governo federal”, salienta.

As inscrições seguem até o dia 10 de fevereiro de 2022 e podem ser realizadas de maneira virtual. Para mais informações, basta consultar o edital no site e nas redes sociais da Chico Lisboa e do Instituto Zoravia Bettiol (instagram e facebook).

A exposição está prevista para ocorrer de forma presencial, de 2 abril a 2 de maio de 2022, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, na Galeria Zoravia Bettiol, atual sede do Instituto Zoravia Bettiol (na rua Paradiso Biacchi, 109, bairro Ipanema).

Acesse o edital no site chicolisboa.com.br ou no link: bit.ly/3oKUKmO

 

EXPOSIÇÃO “AMAZÔNIA – UNIVERSO DE CONTRASTES”

PERÍODO DE INSCRIÇÕES: Até dia 10 de fevereiro de 2022

ABERTURA DA EXPOSIÇÃO: 2 de abril de 2022

ENCERRAMENTO DA EXPOSIÇÃO: 2 de maio de 2022

 

Contatos:

 

Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa

Site: http://chicolisboa.com.br
Instagram: @chicolisboaarte

Facebook: www.facebook.com/associacaochicolisboa

 Instituto Zoravia Bettiol:
Instagram: @institutozoraviabettiol

Facebook: www.facebook.com/institutozoraviabettiol

A volta da Semana de Arte, com acervo de grandes nomes da galeria Bublitz, no litoral

A Bublitz Galeria de Arte está de volta ao Litoral Norte e reedita sua parceria com a Sociedade dos Amigos do Balneário Atlântida (SABA). A tradição de promover eventos de arte nas praias gaúchas será renovada pela Semana Bublitz de Arte, que se inicia no dia 5 e vai até o dia 12 de janeiro de fevereiro na SABA.

O marchand Nicholas Bublitz fará palestra sobre tapetes orientais. Foto: Paulo Garavelo/ Divulgação

No sábado, dia 5 de fevereiro, às 19h, será realizada a palestra “Tapetes Orientais – Histórias e Curiosidades”, com o marchand Nicholas Bublitz. Durante toda a programação, o artista Marcelo Hübner fará pinturas ao vivo de obras da série “Banhistas”, que retratam cenas do litoral. Na terça-feira, 8 de fevereiro, às 19h, haverá ainda o leilão on-line de uma obra que será pintada ao vivo por Hübner durante a live transmitida no perfil do instagram @bublitzgaleria.

“Em todas as temporadas, há mais de 25 anos, estamos presentes no litoral. É uma forma de estar mais perto das pessoas com arte e cultura”, ressalta Nicholas Bublitz, marchand da Galeria.

O artista visual Marcelo Hübner participa do evento – Foto: Sérgio Ordobás/ Divulgação

Além das pinturas ao vivo, Marcelo Hübner vai apresentar 15 obras, com destaque para as peças da série “Banhistas”. Os visitantes poderão conferir ainda produções reconhecidas de Hübner como as da série “Floristas” e “Urbanos” e a nova “Paisagens Gaúchas”, que retrata os campos do interior.

Obra de Erico Santos/ Divulgação

Na exposição estarão mais de 200 itens, com destaque para obras de importantes artistas que fazem parte dos 33 anos de história da Bublitz Galeria de Arte como Vasco Prado, Vitório Gheno, Kenji Fukuda, Aldemir Martins, Antonio Soriano, Carybé, Eduardo Vieira da Cunha, Inos Corradin, Erico Santos e Jane de Bhoni,

Obra de Carybé. Foto de Daniel Marins/ Divulgação

Outra marca registrada da Bublitz, os tapetes orientais feitos a mão, nó por nó, também poderão ser conferidos na SABA. São tapetes tradicionais exclusivos e importados da Índia e do Irã dos tipos: Kashan, Tabriz, Hamadan, Shiraz, Ziegler, Nain e Mood. Também em exposição estarão objetos de decoração, como itens em cristal checo e polonês e faianças vindas de Toscana, na Itália.

É ainda uma oportunidade de levar arte para casa, já que o evento funcionará como um outlet, com todos os itens à venda com descontos de 25% a 50%, com pagamento em até 12 vezes sem juros.

Todos os cuidados com a prevenção ao Covid-19 estão previstos. Use máscara e álcool gel para acessar o local.

Série Banhistas de Marcelo Hübner – Foto Sérgio Ordobás/ Divulgação

Semana Bublitz de Arte na SABA
Endereço: 
Av. Central, 5 – Atlântida
Período: 
5 a 12 de fevereiro
Horário: 
das 10h às 19h

Palestra “Tapetes Orientais – Histórias e Curiosidades”,
com Nicholas Bublitz
Data:
 sábado, 5 de fevereiro, às 19h

Leilão on-line de obra pintada ao vivo por Marcelo Hübner
Link: 
Instagram @bublitzgaleria
Data:
 terça-feira, 8 de fevereiro, às 19h

A cultura musical indígena, no documentário Mby’á Nhendu – O som do espírito guarani 

Crédito da foto: 24 Ana Letícia Meira Schweig
Crédito da foto do Gerson Karaí Gomes: Eduardo Schaan.

 

Documentário com músicos de três territórios Guarani no Rio Grande do Sul foi exibido à comunidade indígena na noite de sábado, 29/01, em primeira mão, na aldeia localizada em Maquiné, no Litoral Norte. No dia 03 de fevereiro, próxima quinta- feira, o filme poderá ser visto no Canal de YouTube do Coletivo Comunicação Kuery, seguido de comentários do diretor Gerson Karaí Gomes: https://www.youtube.com/channel/UC1JchWSZ0BwFkIkpochYE3A

A obra é uma produção de comunicação Kuery em parceria com as produtoras Blue Bucket Films & Content e Tela Indígena Produções Artísticas, viabilizado pela Secretaria de Cultura do Estado do RS.

Trailer oficial: https://vimeo.com/657497236

 O relato abaixo é da Assessoria de Comunicação do filme.

A noite do sábado dia 29 de janeiro de 2022 vai ficar na memória para o povo Mby’á Guarani. Além de ter realizado um encontro entre três comunidades do Rio Grande do Sul, que coincidentemente marcava os cinco anos da retomada do território na cidade de Maquiné, no Litoral Norte, a exibição do filme-documentário Mby’á Nhendu – O som do espírito Guarani encheu as lideranças de orgulho.

Foto: Ana Letícia Meira Schweig/ Divulgação

Nessa localidade, são 60 hectares e cerca de 75 indígenas que vivem de tudo o que plantam ou criam. Cerca de 80% de seu sustento é viabilizado no local. O cacique André Benites (que prefere não ser identificado com seu nome Guarani) informa que, aos poucos, estão conseguindo ter melhorias no local, inclusive a escola e a estrutura geral das casas construídas por eles mesmos.

Na escola da aldeia Tekoa Ka’aguã Porã, a tela foi o único ponto de luz que encantou todos os convidados. O curta-metragem mostra os ensinamentos e a relevância da sonoridade no universo musical Mbyá Guarani. Foi apresentado em primeira mão, justamente, para quem o ajudou a registrar a riqueza da cultura indígena na música. Dirigido pelo cineasta, também indígena, Gerson Karaí Gomes, a obra foi produzida em 2021 e finalizada em janeiro de 2022. Trata-se de um filme viabilizado pelo edital Pró-Cultura RS FAC (Fundo de Apoio à Cultura), Governo do Estado do Rio Grande do Sul – Lei 13.490/2010.


O diretor Gerson Karaí Gomes: Foto: Eduardo Schaan/ Divulgação

Gomes, com a colaboração do coletivo Comunicação Kuery e a co-produção da Blue Bucket Films e Tela Indígena, captou entrevistas com as lideranças das três aldeias participantes (duas de Maquiné e uma de Camaquã) e percorreu um pensamento comum entre eles: o respeito pelas reflexões sobre religiosidade, política e meio ambiente que estão presentes na música dos Mbyá. Ao longo de 18 minutos, os depoimentos sensibilizam visões sobre aspectos da cultura Guarani. “Desde a primeira fase do contato com as lideranças, tudo foi negociado. Há limites que cada comunidade estabelece para se mostrar, visto que muitas coisas não podem ser divulgadas, inclusive parte das músicas sagradas”, comenta o diretor.

Foto: Gerson Karaí Gomes/ Divulgação

Segundo ele, as negociações são mais discutidas internamente entre lideranças, comunidade e equipe Guarani em sua própria língua. Depois, há uma comunicação geral. “Mesmo assim, essas lideranças consideram importante divulgar a perspectiva, a cultura, a música e os conhecimentos próprios dos Mbya Guarani para os não indígenas”, entende Gomes, satisfeito com o resultado. A tradução Guarani-Português é de Eliara Antunes.

A colaboração entre equipes de profissionais indígenas e não indígenas surgiu ainda em 2019, após alguns projetos de mostras e exposições de arte indígena. Desde então, os processos de pesquisa, conversas e contato com as lideranças dos territórios Guarani se adaptaram ao ritmo imposto pela pandemia covid-19. Quando puderam ter contato pessoal, as equipes totalizaram entre 3 e 4 dias de trabalho em cada uma das aldeias Tekoa Ka’aguã Porã (Maquiné), Tekoa Yvyty (Maquiné) e Tekoa Yvy’ã Poty (Camaquã). Além do diretor, a fotografia, a assistência de fotografia e a captação de som são atividades de profissionais do coletivo Kuery.


Mby’á Nhendu – O som do espírito Guarani 
é um filme que faz parte do projeto “Jerojy, Jeroky: em busca das músicas do céu e da terra”, coordenado há algum tempo pelo coletivo Comunicação Kuery. O grupo surgiu em 2013 a partir da necessidade apontada pelas lideranças indígenas de registrar a vida e o cotidiano nas aldeias impactadas pelas obras de duplicação da BR-116, no trecho entre Guaíba e Pelotas, no Rio Grande do Sul. O coletivo já produziu diversos vídeos, de vários formatos. Em 2018, lançaram o documentário Ka’aguy Rupa, que já foi exibido na Mostra de Cinema Tela Indígena. O processo de formação em audiovisual no qual estão envolvidos o(a)s agentes de comunicação, visa a ampliação da autonomia Mbyá-Guarani na utilização dos meios de produção e realização cinematográfica, portanto, vale ressaltar que, além do documentário finalizado, o processo de realização representa troca de conhecimento e educação.

“Durante a fase de gravações, realizávamos, à noite e após o trabalho, exibições de cinema em paredes de escolas e casas para as comunidades acompanharem outros filmes indígenas. Nos últimos anos, o cinema tem sido aliado nas lutas dos povos indígenas e há outras experiências cinematográficas, como em retomadas de terras e áreas de conflito, em que exibições foram realizadas por apoiadores como forma de fortalecer a comunidade”, salienta o diretor do documentário.”

Espetáculo de dança traz poema de Carlos Drummond de Andrade como inspiração

A Companhia H estreia, nos dias 8 e 9 de fevereiro (terça e quarta- feira), um espetáculo de dança contemporânea baseado no poema ¨”Necrológio dos Desiludidos do Amor”, de Carlos Drummond de Andrade. Com direção de Ivan Motta, EXTimidades apresenta quatro coreografias, como se fossem quatro curtas metragens, cujas histórias apresentam como denominador comum a falta de comunicação, a frustração e as incertezas em um relacionamento, no qual nenhum dos envolvidos acredita que sobreviverá.

 

No elenco, Andressa Pereira, Bruno Manganelli, Caleo Alencar, Driko Oliveira, Didi Pedone, Edison Garcia, Fera Carvalho Leite, Igor Zorzella e Rossana Scorza, nomes conhecidos da cena gaúcha e que têm um histórico de trabalho com Ivan.

“O espetáculo foi concebido como forma de explorar a ambiguidade emocional, que envolve nossas verdadeiras intenções quando estamos na iminência da perda e do rompimento de uma relação. Para tanto, serão mostradas, através de quatro casais, este momento de rompimento. Embora sejam pequenas histórias coreografadas diferentes entre si, apresentam a mesma fragilidade e vulnerabilidade final”, explica o diretor.

EXTimidades é dedicado ao fotógrafo Claudio Etges, que acompanhou, como amigo e profissional, a trajetória de 25 anos da Companhia H. Etges faleceu no último dia 30 de novembro, aos 62 anos, vítima do coronavírus.

Sobre a Cia H

A Companhia H foi criada em 1995, a partir da reunião dos bailarinos Aldo Gonçalves, Aldair Rodrigues, Eduardo Severino, Luciano Tavares e Ricardo Leon e do coreógrafo Ivan Motta. Na época, eles tinham como foco usar a temática masculina e suas derivações como forma de expressão. A partir de 1997, bailarinas foram incorporadas ao elenco.

No ano de 2020, nos primeiros meses da pandemia, a companhia celebrou 25 anos e, desde então, toda a sua produção visa a evolução do H de Homem para H de HUMANIDADE.

FICHA TÉCNICA
Direção-geral/ Coreografia: Ivan Motta
Artistas Colaboradores: Andressa Pereira, Bruno Manganelli, Caleo Alencar, Driko Oliveira, Didi Pedone, Edison Garcia, Fera Carvalho Leite, Igor Zorzella, Rossana Scorza
Figurinos: Atelier Alfa
Iluminação: Mauricio Rosa
Sonorização: André Vinosky
Trilha sonora pesquisada: Companhia H e Sustain Produções
Direção de produção: Lucida Desenvolvimento Cultural/ Luka Ibarra
Vídeo: Kevin Nicolai

SERVIÇO

Espetáculo de dança contemporânea EXTimidades

Quando: 8 e 9 de fevereiro | Terça e quarta | 20h

Onde: Teatro Bruno Kiefer, 6º andar da Casa de Cultura Mario Quintana

Endereço: Rua dos Andradas, 736– Centro Histórico

Ingressos pelo site do Porto Verão Alegre: https://portoveraoalegre.com.br/extimidades-08-02-20

A produção de seis mulheres na exposição “Feminilidades”, no Espaço Cultural dos Correios 

A reunião de obras produzidas por seis mulheres artistas em diferentes técnicas e perspectivas compõe a exposição “Feminilidades”, que abre nessa terça-feira, dia 25 no Espaço Cultural Correios Porto Alegre. Assim como o feminino é diverso, também as séries apresentadas pelas artistas têm características específicas. E foram essas especificidades que o curador da mostra, Walter Karwatzki, buscou preservar respeitando e reconhecendo cada artista em sua relação sujeito-mundo.

Obra de MERY_BAVIA/ Divulgação
Obra de SANDRA GONÇALVES/ Divulgação

As 35 obras que serão expostas fazem parte das produções recentes de Andréa Brächer (séries Anel de fada e Jardim dos sonhos azuis), Denise Giacomoni, (série O corpo que habito), Denise Wichmann, (série Silências), Mery Bavia, (série Os outros eus e os outros), Sandra Gonçalves, (série Tudo dança, transmutação) e Sandra Kravetz (série Vestidas). Entre as técnicas utilizadas pelas artistas estão a pintura, a fotografia e a cianotipia, que é um processo artesanal de impressão fotográfica em tons de azul.

Obra de ANDREA BRACHER/Divulgação
Obra de DENISE WICHMANN/ Divulgação

Feminilidades poderá ser visitada até 25 de fevereiro, de terça a sábado, das 10h às 17h, com entrada franca. O Espaço Cultural Correios Porto Alegre está localizado no térreo do prédio histórico da empresa na Praça da Alfândega (Centro Histórico da capital), com acesso pela lateral, na Avenida Sepúlveda. O uso de máscara é obrigatório no local.

Obra de DENISE GIACOMONI/ Divulgação

Feminilidades

Abertura: 25 de janeiro, das 10h às 17h

Visitação: 25 de janeiro de 2022 a 25 de fevereiro de 2022

Horário: 10h às 17h, de terça a sábado

Local: Espaço Cultural Correios (Sete de Setembro, 1020)

Entrada gratuita 

João Marcello Bôscoli traz relatos da convivência com a mãe, após 40 anos sem Elis Regina

Nascida em Porto Alegre, em 17 de março de 1945, moradora do bairro IAPI, onde morou até se mudar para São Paulo,  Elis Regina é lembrada em todo o Brasil, pelos 40 anos de sua morte ocorrida no dia 19 de janeiro de 1982.

Seu filho, João Marcello Bôscoli agora traz relatos inéditos sobre os 11 anos que conviveu com a mãe. No ebook ‘Elis e Eu’,  onde o filho retrata uma mulher intensa e batalhadora, mas também inquieta e insegura

“Você se lembra da sua mãe?” Essa pergunta, muitas vezes feita ao filho mais velho de Elis Regina, João Marcello Bôscoli, inspirou uma das obras mais completas sobre a vida da cantora fora dos palcos. A ‘pimentinha’, como era carinhosamente conhecida, marcou a história da música e do Brasil não só por sua voz, mas também pelo seu posicionamento em assuntos polêmicos, como política. Nesta quarta, dia 19, completa 40 anos da morte de uma das maiores cantoras do país.

Longe dos palcos, Elis tinha uma vida quase que normal, realizava suas tarefas de casa, criava os filhos, além de administrar sua carreira. No livro ‘Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 dias com minha mãe’, publicado pela editora Planeta e disponível em ebook no Skeelo, Bôscoli relata uma Elis sob a ótica da criança que conviveu poucos anos com essa mulher que ele sequer sabia da grandiosidade.

No início do livro, o filho lembra do principal legado da cantora. “Elis Regina é a parte pública da minha mãe, uma de suas faces. Embora suas entrevistas e canções iluminem muitas coisas, o olhar de uma criança, de um filho, durante onze anos, pode revelar outros contornos da mulher que me deu a vida, daquela que é o amor da minha vida. E o amor, aprendi com ela, é a única força realmente transformadora”. Em outro trecho, ele relata uma Elis vulnerável, bem desconhecida do público em geral. “Lembrei-me da imagem dela, no ano anterior, tirando um roupão, ficando nua para uma amiga e perguntando: “Eu sou uma merda?”. Algo detonara sua autoestima. Ciúme, insegurança, traições, carência. Nada que parecesse ter relação com tudo representado por Elis Regina”, conta o filho.

A obra, também traz o olhar do menino Bôscoli sobre o dia da morte da cantora e o desespero do filho no processo de luto. Elis Regina é uma das maiores artistas do Brasil e suas obras transcendem o tempo. Suas músicas, por exemplo, ultrapassam um bilhão de views no YouTube.

Com prefácio de Rita Lee, amiga de Elis e outra grande cantora importante do cenário nacional, o ebook é uma oportunidade de conhecer um outro lado dessa artista. O livro em versão digital está na área premium do aplicativo Skeelo, disponível para download nas lojas Apple Store e Google Play. Quem quiser também pode acessar o site https://skeelo.app/.

Exibição de documentário e outras ações da CCMQ dão visibilidade ao Jornal Boca de Rua

O Núcleo Educativo da Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), repercute, ao longo do mês de janeiro, a trajetória do Jornal Boca de Rua, publicação inteiramente produzida por pessoas em situação de rua em Porto Alegre. O jornal é tema do documentário “De olhos abertos”, dirigido por Charlotte (Cha) Dafol, que será exibido no sábado, 22 de janeiro, às 19h, com entrada franca, na Cinemateca Paulo Amorim, térreo da CCMQ (Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre).

A diretora Cha Dafol. Foto: Mauro Marques/ Divulgação

Charlotte Dafol conta que começou o projeto do documentário participando das reuniões do grupo responsável pela produção do jornal. O filme, que teve o lançamento adiado pela pandemia, mostra a comemoração dos 18 anos do Boca de Rua. O documentário chega ao público quando o jornal já está completando 21 anos. “Essa oportunidade de exibição na CCMQ é muito importante. É finalmente quando o filme poderá encontrar seu público”, comemora a diretora.

O cartaz do documentário;

Em ação anterior, nesta terça-feira, 18 de janeiro, às 14h30, a CCMQ recebe integrantes do projeto Boca de Rua, que serão recepcionados pelo diretor da instituição, Diego Groisman, e pela equipe do Núcleo Educativo. Em uma visita mediada pelo complexo cultural, a equipe do Boca de Rua vai ser apresentada a aspectos da história e da relevância patrimonial do prédio, bem como às múltiplas ações culturais realizadas nos espaços da CCMQ.

O diretor da instituição, Diego Groisman, destaca o alinhamento da iniciativa com as políticas inclusivas conduzidas pela Sedac. “Para a Casa de Cultura é extremamente importante apoiar um projeto de tamanha relevância social, como o Boca de Rua. Debater sobre a questão das pessoas em situação de rua é urgente na cidade, e iniciativas como esta possibilitam que as pessoas em vulnerabilidade social tenham mais voz e representatividade, e, consequentemente, condições de vida mais dignas”, comenta Groisman. Entre as ações que buscam dar visibilidade aos 21 anos do jornal Boca de Rua, a CCMQ também prepara, para data a ser divulgada em breve, uma mostra das capas de todas as edições publicadas ao longo desse período.

Exibição do documentário “De olhos abertos”
Quando: 22 de janeiro | sábado
Horário: 19h
Onde: Cinemateca Paulo Amorim (térreo da CCMQ)
Entrada franca

 

Em biografia de Nara Leão, a intimidade de uma mulher que revolucionou a cultura brasileira

Nara Leão certamente foi uma das artistas mais importantes e influentes da cultura brasileira, não só pela sua obra, mas pelo que representou para a mulher e a sociedade como um todo. Filha caçula de dr. Jairo e dona Tinoca e irmã da modelo e famosa personagem da cena carioca Danuza, a jovem tímida, quieta e cheia de neuroses ficou marcada na história como uma das mais produtivas intérpretes da MPB dos agitados anos 1960 aos 1980, além de ser responsável por definir os costumes e a expressão política da época. A cantora faria 80 anos na próxima quarta-feira, 19/01, e ganhou série documental no Globoplay, “O canto livre de Nara Leão”, em homenagem à data.

 

Na biografia Ninguém pode com Nara Leão, Tom Cardoso reconstrói a vida da artista que participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960, que, tratada como ‘café com leite’ pela patota que se reunia no apartamento da família em Copacabana, deixou a bossa nova para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo e foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente contra a ditadura militar.
O livro, que traz prefácio de Tárik de Souza, um dos mais respeitados críticos da MPB, Tom apresenta passagens da infância de Nara, marcadas pela angústia e reclusão, detalhes da inimizade com Elis Regina, dos famosos encontros no apartamento da Av. Atlântica, onde a bossa nova ganhou corpo, cara e nome, do relacionamento com Ronaldo Bôscoli, da amizade com figuras como Vinicius de Moraes, Roberto Menescal e Ferreira Gullar, por quem nutria admiração mutua e teve um affair. No livro, Tom relata que Nara inclusive chegou a sugerir que ele largasse a mulher e os filhos e viajasse com ela pelo Brasil.
À frente de seu tempo, Nara foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade, e a obra “Opinião de Nara”, lançada sete meses após o Golpe de 1964, foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Além disso, Nara foi a primeira do segmento a atacar diretamente o regime ao afirmar em entrevista ao Diário de Notícias que “o Exército não servia para nada” e que “podiam entender de canhão e metralhadora, mas não pescavam nada de política”.
O livro também acompanha o relacionamento de Nara com o cineasta Cacá Diegues, na época em que se aproximou do CPC e dos expoentes do Cinema Novo. Ele foi o responsável por apresentar a ela um outro mundo musical, fazendo-a se impressionar com artistas como Carmen Miranda, Ary Barroso e Luiz Gonzaga. Ela e Cacá se casaram em cerimônia íntima e recebendo convidados como Danuza e Samuel Wainer, Chico Buarque e Marieta Severo, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Aloysio de Oliveira e Flávio Rangel. Foi também com o cineasta que Nara se exilou na França e teve dois filhos, Isabel e Francisco.
Nara morreu por conta de um tumor no cérebro na manhã de quarta-feira do dia 7 de junho de 1989, aos 47 anos, e deixou um legado que extrapolou o cenário musical na época em que viveu. “Amo Nara Leão. Nara e Narinha. Essa mulher sabe tudo do Brasil 1964. Essa mulher é a primeira mulher brasileira. Essa mulher não tem tempo a perder. Atenção: ninguém pode com Nara Leão”, escreveu Glauber Rocha em uma carta enviada a Cacá Diegues no período do exílio.

 

POR QUE NINGUÉM PODIA COM NARA?

1-A despeito do ar de desencanto e da quase displicência, Nara participou ativamente dos mais importantes movimentos musicais surgidos a partir da década de 1960 — e saiu de todos eles sem se despedir.

2-Ela foi a primeira artista de sua geração a ridicularizar a passeata contra a guitarra elétrica, liderada por Elis Regina e Geraldo Vandré e endossada por Gilberto Gil.

3- Filha de um advogado excêntrico, fez tudo que uma pré-adolescente de classe média alta carioca nos anos 1950 jamais sonhou fazer: como ir ao cinema, ao teatro e ter aulas de violão com um professor negro.

4- Ela foi uma das primeiras adolescentes do Rio a fazer análise, por necessidade e curiosidade.

5-Tratada como bibelô pelos machos alfas da bossa nova, deixou o movimento para se juntar à turma politizada do CPC e do Cinema Novo.

6-No disco de estreia, recusou-se a pegar carona no sucesso da bossa nova e gravou um disco com sambas de Cartola, Zé Kéti e Nelson Cavaquinho.

7- Apesar da decisão de dar um caráter mais político ao disco de estreia, tendo como fio condutor um gênero que estava associado diretamente às massas, ela se recusou a gravar uma letra machista de Cartola.

8- Lançado sete meses após o Golpe de 1964, “Opinião de Nara” foi o primeiro trabalho de uma estrela da MPB a colocar o dedo no nariz da ditadura. Sem rodeios, sem metáforas. Um disco-manifesto, inserido no contexto político-social e em sintonia com o que se ouvia nas favelas do Rio, marginalizadas e discriminadas pela política higienista do governador Carlos Lacerda.

9- O demolidor segundo disco serviu de inspiração para um dos mais revolucionários espetáculos musicais da história do país: o “Opinião”.

10- Foi ela, em pesquisa musical pelo Brasil, quem abriu as portas do Sudeste para os talentos do Teatro Vila Velha, Caetano, Gil, Gal e Bethânia – essa última, com 17 anos, foi convocada para substituí-la no show “Opinião”.

11- Foi a primeira estrela da MPB a falar abertamente e de forma mais contundente contra a ditadura militar, ao afirmar, em 1966, que o “Exército não servia para nada”.

12- Ao ver nascer a expressão “Esquerda Narista”, ela, que sempre rejeitou ser porta-voz de qualquer coisa, decidiu gravar, só por provocação, uma singela marchinha de um compositor iniciante, que mal abria a boca: Chico Buarque.

13-Atendendo a um pedido de Nara, Chico compôs “Com Açúcar, Com Afeto”, a primeira de muitas canções em que a mulher assume a narrativa na primeira pessoa. Preso aos preceitos machistas da época, Chico recusou-se a interpretá-la, passando a tarefa para a cantora Jane Moraes. Nara, sempre na vanguarda, achou a atitude ridícula.

14- Primeira artista da MPB a gravar no mesmo disco Ernesto Nazareth e Lamartine Babo, Villa-Lobos e Custódio Mesquita, Nara nasceu tropicalista antes do movimento existir – e ser gestado com a sua ajuda.

15-Presidente do júri da polêmica e histórica edição do FIC 1972, o festival que revelou Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Walter Franco, pediu demissão por não aceitar a ingerência dos militares.

16- Cansada de tudo e de todos, decidiu dar um tempo, no auge da carreira: “Uma hora eu sou a musa da bossa nova, outra a cantora de protesto e ainda tem essa coisa ridícula do joelho. Então me recuso a virar um sabonete e vou dar uma parada”.

17- Decidida a estudar Psicologia na PUC, por um bom tempo não foi reconhecida pelos colegas de classe, dez anos mais novos.

18-De volta aos estúdios, decidiu gravar um disco inteiramente dedicado ao cancioneiro de Roberto e Erasmo, ainda vistos como artistas menores por alguns medalhões da MPB.

19-No fim da década de 1970, rodou o país numa perua kombi, fazendo shows nos rincões do Brasil, ao lado de uma nova e renovadora turma do choro carioca, entre eles o violonista Raphael Rabello, de 15 anos.

20-Diagnosticada com um tumor no cérebro, que lhe impôs uma série de complicações, nunca deixou de produzir compulsivamente, gravando praticamente um disco autoral por ano.

SOBRE O AUTOR

Tom Cardoso, nascido no Rio de Janeiro, é jornalista, com vasta passagem pela imprensa paulistana. Autor, entre outras obras, das biografias do jornalista Tarso de Castro, do jogador Sócrates e do político Sérgio Cabral, foi um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2012 com o livro-reportagem O cofre do Dr. Rui, que narra o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, em 1969, comandado pela VAR-Palmares.

(Texto de Nathalia Bottino  e Mariana Martins – Assessoria Editora Planeta)

 

FICHA TÉCNICA

Título: Ninguém pode com Nara Leão — uma biografia

Autor: Tom Cardoso

240 páginas

Livro físico: R$ 49,90

E-book: R$ 30,90

Editora Planeta