Higino Barros
Num final de tarde ensolarada do início de 2018, o produtor cultural e fotógrafo Marcos Monteiro, 65 anos, estava sentado no bar Armazém, na parte alta da Escadaria da avenida Borges de Medeiros, quando lhe ocorreu a ideia: fazer na extensa parede do prédio à sua frente, do outro lado da avenida, uma exposição de fotografia à céu aberto. Assim nasceu e foi realizada naquele ano a primeira Street Expo Photo. O evento deu certo, já ocorreu em três ocasiões e agora a partir de março, o local terá exposições durante todo o primeiro semestre de 2021 e que deve prosseguir no segundo semestre. A primeira será do fotógrafo Gilberto Perin e outras três estão agendadas. Todos os protocolos de segurança contra a Covid 19 são obedecidos.

Abaixo, o produtor Marcos Monteiro fala sobre o assunto.
Pergunta: Como surgiu a ideia da galeria a céu aberto na Escadaria da Borges?
Resposta: Desde a primeira da Street Expo Photo em 2018 pensei na possibilidade de tornar a escadaria numa galeria a céu aberto. Nesse meio tempo a ideia foi tomando forma e veio acontecer agora. A inspiração vem do grafite, que foi uma das primeiras expressões de Arte na Rua (Street Art) em Nova York. Essa cultura começou de forma subversiva e hoje ganhou relevância pelo significado e pelo questionamento a ambientes sociopolíticos. Hoje no Brasil existem poucas galerias de rua.
Pergunta: Qual a programação para o primeiro semestre de 2021.
Resposta: Em março na inauguração apresentaremos a exposição Gilberto Perin e em abril uma exposição com fotos minhas . Em junho teremos a exposição Pantanal com Douglas Fischer e Daisson Flach e em julho a exposição da fotógrafa portuguesa Fernanda Carvalho. As datas posteriores estão em tratativas.
Pergunta: Como é a primeira exposição?
Resposta : A exposição de abertura da temporada é de Gilberto Perin, chama-se, Retratos. São fotos de conhecidos, amigos, atrizes, atores, artistas visuais, escritores . O artista afirma que “reeencontrar rostos sem máscaras foi um pequeno oásis nesses tempos difíceis.”
Pergunta: Como tem sido fazer e produzir cultura em tempos pandêmicos?
Resposta: Meus principais projetos em sua maioria sempre foram ao ar livre e com a chegada da pandemia ganharam maior relevância.
Pergunta: O projeto de interiorizar as exposições de rua. Em que pé está?
Resposta: Ano passado fizemos uma parceria com a prefeitura de Canela/RS para realizar uma exposição de rua na cidade, porém com a pandemia reagendamos para o primeiro semestre deste ano.
Pergunta: Como reage o público diante das obras expostas na rua? Qual foi a experiência nos eventos que você promoveu?
Resposta: Nossos museus e galerias recebem menos de 1% da população da cidade, a arte sempre foi elitizada e eu quis quebrar esse paradigma. Em 2016 criei juntamente com o Gilberto Perin, a Mosaicografia no Largo Glênio Peres em frente ao Mercado Público, onde circulam cerca de 200 mil pessoas diariamente. Houve previsão de que os painéis não iriam durar dois dias e no final da exposição não houve um único incidente, nada foi danificado. A Street 2020/2021 não teve vigilância e durante os 30 dias também não ocorreram incidentes. Isso prova que o povo sabe admirar e respeitar arte.
Pergunta: E qual a expectativa para a galeria a céu aberto na Escadaria?Resposta: A Galeria veio para ocupar nosso tão machucado viaduto Otávio Rocha, onde acontecem outros eventos culturais que, aos poucos, vão dando vida ao nosso viaduto. Ele completou 88 anos de existência em dezembro de 2020. Merece ser mais valorizado.

O pequeno oásis do fotógrafo Gilberto Perin:
“Conhecidos, amigos, atrizes, atores, artistas visuais, músicos, escritores, desconhecidos, gente. Os retratados nos convidam, ternamente, a viajar nos sentimentos que podem despertar em nós. Para mim, essas imagens soam como um ato de libertação e resistência em novos tempos de convivência, esperança e saúde, reencontrar rostos sem máscaras foi um pequeno oásis nesses tempos difíceis.”

-Foi Uma grande alegria receber o convite de Marcos Monteiro para inaugurar o espaço no viaduto como uma galeria com programação constante e renovada. Uma galeria aberta para que o público possa ver os mais diferentes olhares artísticos”.

Quem é Gilberto Perin:
Fotógrafo, diretor de cena, roteirista. Exposições individuais recentes no MARGS (Porto Alegre), Lisboa (Portugal) e Genebra (Suíça). Tem dois livros de fotografia: “Camisa Brasileira” e “Fotografias para Imaginar. Possui obras em museus, entidades culturais e coleções particulares, no Brasil e Exterior; além de fotos publicadas em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras; e também fotografias que ilustram capas de livros. Formado em Comunicação Social pela PUC-RS.
FICHA TÉCNICA:
RETRATOS – fotografias de Gilberto Perin
-De 1º a 31 de março de 2021 – aberta 24 hora por dia.
-Galeria da Escadaria, no Viaduto Otávio Rocha, centro histórico
de Porto Alegre, RS. São 32 dois retratados em 14 painéis de 2x1m.
Alguns dos retratados: Julio Zanotta Vieira, Xadalu, Mario Vargas Llosa, Edu K., Otto Guerra, Vagner Cunha, Fernando Baril, Leandro Machado, Vaneza Oliveira, Yang Liu e Morgana Kretzmann.