Exposição “Donas da história” homenageia mulheres negras gaúchas, na CCMQ

Amancia. Reprodução/ Divulgação

A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), recebe, a partir de 12 de fevereiro, a Exposição Donas da história. A mostra fotográfica homenageia mulheres negras gaúchas e pode ser visitada até 9 de março no Espaço Oliveira Silveira, no 5º andar da CCMQ (Andradas, 736 – Centro Histórico de Porto Alegre).

Daiane dos Santos. Foto: Alvaro Bax/ Divulgação

A exposição destaca a trajetória de 16 mulheres negras gaúchas, oito delas vivas e atuantes. A curadoria é da historiadora da arte e curadora do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Izis Abreu, e da assessora de Diversidade da Sedac, Clarissa Lima. Donas da história esteve em exposição no salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini, por ocasião das comemorações do centenário da sede do Executivo Estadual e dos 50 anos da instituição do 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra, movimento iniciado no Rio Grande do Sul.

Judith Bacci. Reprodução/ Divulgação

O período em que a exposição Donas da História permanece no Espaço Oliveira Silveira integra também a programação do Dia Internacional da Mulher na CCMQ. O diretor da instituição, Diego Groisman, observa que a mostra em homenagem a mulheres negras gaúchas de diferentes gerações, que combateram o racismo e a discriminação de gênero, ocupa um espaço de grande valor simbólico no complexo cultural. “O quinto andar da CCMQ concentra os espaços Oliveira Silveira e Maria Lídia Magliani, além do Laboratório Odilon Lopes, do Instituto Estadual de Cinema (Iecine), todos nomeados em reverência ao legado de pessoas negras na cultura do Estado”, comenta Groisman.

Cristal. Foto; Alvaro Bax/ Divulgação

Donas da história reúne fotos de personalidades já falecidas, como Amancia Coringa, Judith Bacci, Mãe Preta, Mãe Rita, Maria Ignácia da Conceição, Rainha Ginga Severina Maria Francisca Dias – a Sibirina, Sirlei Amaro e Teresa Franco. A mostra também homenageia mulheres negras em plena atividade. Entre elas, Cristal, Daiane dos Santos, Giane Vargas, Karen Luise Vilanova, Onira Pereira, Regina Nogueira, Valéria Barcellos e Vera Daisy Barcellos.

Mãe Rita Ialorixá.
Reprodução/ Divulgação

Durante o lançamento da exposição, no Palácio Piratini, a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Vera Daisy Barcellos, uma das homenageadas, evocou lembranças carregadas de emoção. “Em 1970 eu estava ao lado de Oliveira Silveira, jovem poeta e militante que provocava a juventude para que nos inteirássemos sobre o movimento negro. Ali estava sendo gestado, por homens e mulheres negros e também por não negros, aquilo que seria o 20 de novembro. Estar hoje neste espaço, subindo as escadas deste palácio com tapete vermelho, é algo muito significativo, considerando que a maioria de nós, mulheres negras, está sempre escondida no trabalho serviçal”, disse Vera Daisy.

Vera Daisy Barcellos. Foto: Alvaro Bax/ Divulgação

Izis Abreu, uma das curadoras da exposição, explica que a iniciativa partiu de pesquisas sobre a representação de sujeitos negros na história da arte, especialmente a figura das quitandeiras negras. “Não se fala da importância dessas mulheres para a história do povo negro, mas elas foram essenciais, porque, através da atividade da quitanda, conseguiam comprar a sua alforria e a de outros escravizados e ascender socialmente. A partir disso, quisemos pensar o que as mulheres negras estão fazendo hoje e como estão avançando e lutando contra o racismo”, explica Izis.

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