Higino Barros
Porto Alegre já tem o evento cultural mais impactante do ano: A Noite dos Museus, ocorrida no sábado, dia 21, em 20 equipamentos culturais da cidade, que levou às ruas da capital gaúcha cerca de 180 mil pessoas, segundo os cálculos dos seus organizadores. Há dois anos o evento era realizado de forma virtual e a volta da participação presencial do público virou uma espécie de reencontro dos habitantes com a cidade.

Foi uma noite de celebração para os moradores locais e para quem a visitava. Praças, museus, prédios públicos e locais histórico foram tomados pela população de todas as idades, das 19hrs de sábado à uma hora da madrugada de domingo. Segundo os organizadores, o resultado numérico superou as expectativas. Rodrigo Nascimento, idealizador do projeto em sua 6ª edição, considerou que “mais do que a expectativa de público, o que importa é essa participação em torno não só do evento, mas de curtir a cidade, de se reencontrar com a cidade”. Para Nascimento, trata-se de “uma noite de reencontros, não só com os amigos, mas também se reencontrar com os museus, com a cultura, com a cidade”.

Gerido pelo Instituto Noite dos Museus, uma organização sem fins lucrativos, o evento tem patrocínio da Lei Rouanet e parceria com entidades públicas e empresas privadas. Seu idealizador é o professor, escritor e produtor cultural Francisco Marshall e se tornou lei municipal, proposta pelo vereador Alcides Oliboni (PT) em setembro de 2021.

Sem máscara
Chamou a atenção o comportamento da maioria da população presente sem o uso de máscara contra a Covid 19. A liberação das máscaras pelas autoridades em locais fechados soou às pessoas como permissão para baixar à guarda diante dos riscos da pandemia, apesar do alerta dos organizadores da noite para os protocolos de proteção à saúde serem mantidos, especialmente o uso das máscaras.. À parte dessa situação, era visível a alegria e desejo de confraternização entre o público.
Os eventos ocorreram em diferentes bairros de Porto Alegre, todos com registros de públicos acima da média. O circuito do Centro Histórico, pelo número de equipamentos culturais que possui, foi o mais procurado. Começando pela Praça da Matriz, toda iluminada e com o Palácio Piratini aberto para visitação do público. O relato da Assessoria de Comunicação do Palácio mostrou a movimentação no local:

“O Palácio Piratini participou pela primeira vez do evento Noite dos Museus, realizado em Porto Alegre no sábado (21/5), e recebeu aproximadamente mil pessoas. A intenção era apresentar a sede do Executivo gaúcho ao público.
Os visitantes adentravam na porta principal e passavam pelo processo de registro. Somente 30 pessoas poderiam estar ao mesmo tempo dentro do palácio. Conforme cinco saíam, a mesma quantidade entrava. A expectativa para conhecer o local era grande, o que provocou uma grande fila.
Ao chegar ao Salão Negrinho do Pastoreio, uma das primeiras impressões era a trilha sonora formada com interpretações da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa), o que proporcionava uma experiência de conexão com o local. Uma característica do evento foi a presença de várias tribos de pessoas. No início da noite, era perceptível o considerável número de crianças e adolescentes que participavam.

De acordo com o assessor do Gabinete do Governador e coordenador do Núcleo de Preservação e Memória do Patrimônio Cultural do Palácio Piratini, Mateus Gomes, inserir a sede do Executivo na programação da Noite dos Museus era um desejo antigo. O Piratini não participou das atividades em 2021, ano do seu centenário, por causa da pandemia. Neste ano, a equipe procurou a organização do evento para incluir o prédio, que não é um museu, nem centro cultural, mas tem demandas dessa natureza”.

Circuito concorrido
O circuito da Praça da Matriz, descendo pela ladeira General Câmara, atingindo a Praça da Alfândega e seguindo pela Rua dos Andradas em direção ao Gasômetro foi o que teve maior número de pessoas. Filas se formavam para acesso aos equipamentos culturais e o palco montado para apresentações musicais no centro da praça atraiu muita gente.

Os bares, restaurantes, vendedores de comida e bebida ambulantes tiveram sua noite de maior faturamento até agora no ano. Estava tudo cheio. O super mercado Zaffari, da Rua dos Andradas, até a hora de seu fechamento às 21 horas, estava com seu corredores tomado por consumidores, principalmente de bebidas.

Estreando na programação do evento, o Museu Militar do Comando Militar do Sul, situado na Rua dos Andradas, conhecido como Museu do Exército, recebeu o maior público de sua história, segundo o diretor da instituição coronel Ílio Araújo de Oliveira Júnior. Em entrevista à RBS TV, ele relatou a satisfação e a oportunidade que a população da cidade teve em visitar o local. “Muita gente não conhecia o museu. Os pais trouxeram os filhos, famílias inteiras nos visitaram e ficaram conhecendo mais de nossa história”, explicou o militar.

Quem está se debruçando atentamente sobre as repercussões positivas da Noite dos Museus é a prefeitura de Porto Alegre, que tem cerca de R$ 16 milhões para investir na recuperação do Centro Histórico, as entidades do comércio, os patrocinadores da iniciativa, centro culturais e pessoas ligadas ao evento. A expectativa é que sejam retirados muitos ensinamentos dessa edição, para que a próxima seja ainda mais exitosa. A população de Porto Alegre agradece.
