Morreu nesta segunda-feira, 9 de dezembro, o escritor Dalton Trevisan, conhecido como “O Vampiro de Curitiba”. Ele tinha 99 anos (completaria 100 em junho de 2025) e vivia recluso num apartamento no centro da capital paranaense.
A causa da morte não foi informada.
Trevisan ganhou o apelido em 1965, quando lançou seu primeiro grande sucesso, um livro de contos com o título “O Vampiro de Curitiba”.
A familia informou que não haverá velório. O corpo
do escritor foi levado diretamente para o crematório Vaticano, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.
Dalton Trevisan começou a carreira literária com a novela “Sonata ao Luar” e ganhou destaque nacional com “Novelas nada exemplares”.
Sua obra é conhecida por retratar o cotidiano de forma concisa e popular, explorando as tramas psicológicas e os costumes urbanos.
Entre os muitos prêmios que ganhou, destacam-se o Jabuti e o Camões — os mais importantes para autores em língua portuguesa.
Vivia tão recluso, sem dar entrevistas ou receber visitas, que no comunicado oficial do prêmio Camões, a organização divulgou que não havia conseguido contato com Dalton Trevisan para avisá-lo da homenagem.
Poucas pessoas tinham acesso a ele. Em 2021, o escritor deixou de morar na casa onde sempre viveu, na esquina das ruas Ubaldino do Amaral e Amintas de Barros, no bairro Alto da Glória.
A saída do local se deu por questões de segurança e também de saúde. Desde então, o contista morava em um apartamento, no Centro de Curitiba.
“Sua reclusão pública contrastava com a vivacidade de sua escrita, que permanece como um marco da literatura brasileira contemporânea. Dalton deixa um legado de rigor literário, criatividade e uma visão aguda e implacável sobre o ser humano”, apontou a Secretaria de Cultura do Paraná.
De acordo com o comunicado da secretaria, Trevisan “desvendou como poucos as complexidades humanas e as angústias cotidianas da vida urbana”. “Dalton retratou com crueza a solidão, os dilemas morais e as contradições da classe média, com um olhar atento para os excluídos e marginalizados”, afirmou.
“O Vampiro de Curitiba criou uma obra enraizada na capital paranaense, elevando suas ruas e seus bairros a verdadeiros personagens. Livros como ‘O Vampiro de Curitiba’, ‘A Polaquinha’ e ‘Cemitério de Elefantes’ revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos”, disse a secretaria.