23ª Expodireto Cotrijal alcança índices históricos

 

A 23ª Expodireto Cotrijal, que aconteceu de 6 a 10 de março, no Parque da Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque, se consolida como referência entre as maiores feiras do agronegócio no Brasil.  Focada em tecnologia e negócios, a feira deste ano aconteceu em uma área maior, 131 hectares, com a participação de 591 expositores.

As projeções iniciais foram confirmadas e a Feira alcançou índices históricos de comercialização e de público. No total, movimentou R$ 7,043 bilhões. O valor é 42% superior ao ano passado, quando foram registrados R$ 4,961 bilhões.

Todos os indicadores da feira registraram crescimento. As vendas por meio dos bancos, por exemplo, alcançaram R$ 6,3 bilhões. O volume é 45% superior aos R$ 4,3 bilhões de 2022. Em recursos próprios dos produtores foram aplicados R$ 570 mil este ano, 12% a mais que no ano passado.

O Pavilhão Internacional gerou R$ 114,9 milhões. O valor representa um crescimento de 84% em relação aos R$ 62,6 milhões de 2022. Um dos locais mais requisitados da Expodireto, o Pavilhão da Agricultura Familiar, que este ano contou com a participação de 220 empreendimentos, movimentou R$ 2,5 milhões – crescimento de 52% quando comparado a 2022 (R$ 1,7 milhão).

Realizada desde o ano 2000 pela Cotrijal – Cooperativa Agropecuária e Industrial, a Expodireto Cotrijal atrai visitantes de mais de 70 países. Em cinco dias de feira, 320,5 mil pessoas prestigiaram o Parque de Exposições. O número é 22% superior aos 263 mil visitantes do ano passado. É o maior público da história da feira.

Arena Agrodigital

Com infraestrutura circular e formato de arena multipalco, área total de mais de 1,7 mil metros quadrados, em sua terceira edição, a Arena Agrodigital destacou-se entre os eventos da Feira.   O superintendente Administrativo-Financeiro da Cotrijal, Marcelo Ivan Schwalbert coordena a Arena Agrodigital e todo o processo de inovação da cooperativa.

No primeiro dia, segunda-feira, 6, houve um debate sobre o ecossistema brasileiro e soluções já desenvolvidas. No dia 7, os participantes conheceram as tecnologias de Israel e seus impactos no Brasil. As estiagens verificadas nas últimas safras de verão no Rio Grande do Sul e o seu impacto sobre a produção trazem à tona novamente a importância da irrigação.

Israel é considerado o país mais avançado do mundo em irrigação agrícola, possuindo 100% das terras agrícolas sub-irrigadas, já que mais da metade de seu solo é desértico e não possui características propícias para agricultura. As tecnologias de maior destaque do setor incluem irrigação por gotejamento, agricultura intensiva desenvolvida em solo desértico e produção leiteira.

Quarta-feira, 8, aconteceu o Painel Vale do Silício. A indústria 5.0 foi tema de um concorrido painel. Além de abranger as inovações tecnológicas, a Indústria 5.0 precisa englobar, também, características de como possibilitar a produção de mais alimentos em menos área e com menos insumos; fomentar políticas públicas e estratégias para abordar os aspectos sociais e políticos dos sistemas agrícolas.

O objetivo principal é destacar um modelo de trabalho que una o melhor da mão de obra humana e robótica. Dê destaque ao humano, em aspectos como sustentabilidade, inclusão, qualidade de vida e otimização de custos.

Conforme Vinicius David, CEO da VDX People, empresa do Texas, nos Estados Unidos, a indústria 5.0 faz um ajuste do ponto de vista de desenvolvimento, trazendo a definição clara do papel das pessoas e do capital humano em como utilizar toda a riqueza gerada pela indústria 4.0 para criar diferencial de negócio.

Quinta-feira, 9, foi o dia do Painel China. A urbanização da China, o incremento de renda da classe média chinesa e o aumento da demanda de ração para a produção de proteína animal fez com que o Brasil se tornasse um importante parceiro comercial para o país asiático.

A palestra “Como alimentar o dragão” foi mediada por Larissa Wachholz, diretora executiva da Vallya Agro e ex-chefe do Núcleo China no Ministério da Agricultura. O palco recebeu também Letícia Frazão Leme, diplomata na embaixada do Brasil em Pequim, e Jean Taruhn, assessor especial do Ministério da Agricultura para mercados estratégicos na Ásia.

Segundo os painelistas, a agricultura chinesa é altamente produtiva e apresenta crescimento anual de até 4%. Isso é resultado de um uso intensivo de tecnologia e insumos agrícolas. Entretanto, somente 8% das terras chinesas são aráveis, o que gera o cultivo excessivo e o uso amplo de fertilizantes, o que encarece a produção. Para a China, importar commodities é sinônimo de economia de água e solo.

Com 100 vezes mais terra produtiva por habitante do que a China, o Brasil assumiu posição de destaque em relação à segurança alimentar da China. O gigante asiático importa sobretudo soja e milho do agronegócio brasileiro, destinado principalmente para ração animal.

Atualmente, 22% dos produtos primários importados pela China têm origem brasileira. Segundo os palestrantes, a tendência é essa relação se manter fortalecida. Entretanto, eles chamam a atenção para a necessidade de o Brasil expandir comércio e alcançar outros mercados, como países do oeste asiático. Apesar do bom relacionamento com o Brasil, a China não esconde seu interesse na diversificação de fornecedores de grãos. Em médio prazo, isso pode se tornar um risco para o agronegócio brasileiro.

E no último dia, sexta-feira, 10, o tema dos painéis foi Europa. O primeiro debate, “Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Europeia contemporânea”, contou com a mediação de Larissa Wachholz, diretora executiva da Vallya Agro. O espaço contou com a participação de Ana Kreter, economista agrícola e professora de desenvolvimento rural na Rhine Waal University of Applied Sciences em Kleve, Alemanha; E também Damian Lluna, representante da delegação da União Europeia no Brasil.

O acordo Mercosul União Europeia voltou a ser discutido esta semana em Buenos Aires. Representantes dos dois blocos discutiram o documento de oito páginas apresentado pelos europeus.

O principal benefício será a facilitação dos processos de exportação entre países dos dois grupos. Mas além disso, o acordo também garante a proteção de 355 produtos europeus e 220 do Mercosul, sendo 36 do Brasil. Essa medida protege os produtos listados contra reproduções por outros países, impossibilitando que sejam comercializados como imitações. Esse número ainda pode ser alterado até a assinatura do texto final.

“Esse acordo pode gerar uma série de benefícios para ambos os lados, não só falando de cooperação e exportação. A União Europeia, por exemplo, participa de uma ampla rede de cadeias globais de valor, enquanto o Mercosul tem um baixo nível de integração. A partir do acordo, o Mercosul poderá se aproximar mais facilmente dessas cadeias e participar ativamente das dinâmicas globais”, analisou Damian Lluna.

Com Assessoria de Imprensa da Expodireto Cotrijal