Apesar de todas as travas, teto de gastos, taxa de juros básica nas alturas, crédito inviável, a economia brasileira respira e cresce. A previsão do mercado financeiro para o crescimento este ano subiu para algo próximo de 2%.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,23% em maio deste ano. A taxa é menor que a de abril último (0,61%) e de maio de 2022 (0,47%). Com o resultado, divulgado nesta semana (7), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA é de 2,95% no ano. Em 12 meses, o acumulado é de 3,94%, abaixo dos 4,18% acumulados até abril.
Portanto, neste momento, BC paga ao comprador de título público a taxa Selic de 13,75% ao ano, com um ganho real acima da inflação, comparando com o IPCA de 3,94%, de 9,81% pontos percentuais. Nenhum banco central no mundo paga isso.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC “independente” mantém a taxa Selic em 13,75% ao ano desde o início de agosto de 2022. O Copom aumentou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juros, que estava em 2% ao ano em março de 2021. Um dos maiores planos de concentração de renda dos últimos tempos.
Sem entrar em detalhes, os empresários brasileiros repetiram o que seus colegas japoneses fizeram em 1985. As empresas produtivas japonesas lançaram-se com grande apetite em operações especulativas, numa busca desenfreada por lucros não-operacionais. Essa fome especulativa, acompanhada da liberalização do mercado financeiro, permitiu que as companhias nipônicas fizessem da gerência financeira uma atividade mais lucrativa do que os investimentos em bens reais. A Sony obtinha com operações de arbitragem financeira 56% de seus lucros antes dos impostos. A Toyota passou a ser conhecida como Banco Toyota e o mesmo aconteceu com outros grandes grupos empresariais, como a Matsushita, a Nissan e a Sharp.
Ao que parece, este tempo de viver somente da especulação financeira pelos empresários brasileiros está acabando. A expectativa do mercado é de que o Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) subirá pelo menos 2% neste ano. A aprovação do arcabouço fiscal, regra que substituirá o teto de gastos, também estimula os investidores.
A desculpa do BC de manter a taxa de juros básica em 13,75%, com a justificativa de que o objetivo é encarecer o crédito e desestimular o consumo pelas empresas e famílias e assim baixar os preços, não cola mais com os índices de inflação decrescentes. Como encarecer o crédito e reduzir consumo neste momento, se a inflação não é de demanda, mas de custos, que estão em queda?
Está escrito no artigo 1º da Lei Complementar 179/2021, de fevereiro de 2021, que estabelece a autonomia do Banco Central, sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que o BC tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços. Só que desde sua aprovação pelo Congresso o que não aconteceu foi a estabilidade dos preços.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu foco no desempenho da economia em 2024, para que o país possa iniciar o próximo ano criando empregos em um cenário provável de queda de juros. “Precisamos começar a pensar em 2024 para manter a economia gerando emprego. Precisamos ter clareza de que temos uma oportunidade muito boa, com inflação controlada e juros futuros caindo bastante sensivelmente”, declarou o ministro.
Segundo Haddad, a combinação de emprego e inflação em queda abre uma “janela importante” para o Banco Central (BC) reduzir os juros nos próximos meses. O ministro almoçou nesta semana com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, em um compromisso não informado nas agendas dos dois.
Com Agência Brasil