Um dos segmentos mais afetados pela automação, inteligência artificial, vendas digitais é o comércio físico. Nas lojas de rua das grandes redes do varejo é visível a redução de empregados, com departamentos inteiros sem atendimento.
A Renner é um bom exemplo, onde a maioria dos caixas está fechada e o cliente precisa andar pelos corredores para achar um funcionário. O mais comum é o consumidor escolher sozinho as peças de roupa, experimentar, e na saída do provador, abrir o aplicativo da Renner, onde é possível parcelar, pagar. Um funcionário só será necessário, por enquanto, para remover o sinalizador da peça escolhida para não apitar na saída da loja. Quem não usa o aplicativo, vai no caixa eletrônico e faz o mesmo processo, também sozinho.
Em 2020, com a pandemia, avanço da crise econômica e o crescimento das vendas pela Internet, o comércio brasileiro perdeu 4,0% de sua ocupação, 7,4% das empresas e 7,0% das lojas. Dos 404,1 mil trabalhadores que saíram do setor, 90,4% (ou 365,4 mil deles) estavam empregados no varejo. Nesse segmento, apenas duas atividades, consideradas serviços essenciais durante a crise sanitária, tiveram incremento de pessoal: a de hipermercados e supermercados (1,8 mil pessoas) e a de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (318 pessoas). Os dados são da Pesquisa Anual de Comércio (PAC) 2020, divulgada esta semana pelo IBGE.
Foi a maior queda na ocupação do comércio, no intervalo de um ano, desde o início da série histórica da pesquisa, em 2007. Também houve queda recorde do número de trabalhadores em dois dos três grandes segmentos do comércio: – 4,8%, no setor varejista, que emprega 73,7% dos trabalhadores do comércio, e -8,5% no segmento de veículos, peças e motocicletas.
Uma pesquisa do LinkedIn, realizada este ano, mostra que os comerciantes brasileiros pretendem aumentar em pelo menos 63% o uso de tecnologias em suas empresas. E a expectativa é que o resultado seja alcançado ainda em 2022. Para a elaboração da análise, mais de 1.500 gestores no país foram ouvidos.
Ao mesmo tempo, o crescimento do comércio eletrônico é gigantesco, acelerado em função da pandemia da Covid-19. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), atingiu 68% de crescimento em 2020 — chegou a R$ 126,3 bilhões com 11% de participação de mercado, 81% acima de 2019.
De acordo com dados do Relatório Setores do E-commerce, da Conversion, agência de Search Engine Optimization (SEO), a lista dos dez maiores sites de comércio eletrônico em número de acessos tem em primeiro lugar o Mercado Livre, com Americanas na segunda posição e Amazon Brasil na terceira. Eles são seguidos por Magazine Luiza, Shopee, Casas Bahia, AliExpress, Netshoes (que também pertence ao Magazine Luiza), Booking e Samsung.
Em 2021, o e-commerce brasileiro registrou faturamento de R$ 161 bilhões, uma alta de 27% em relação a 2020. O resultado é recorde para o comércio online. Os dados da Neotrust, empresa que monitora 85% do e-commerce brasileiro, mostram também um crescimento de 17% nos pedidos em 2021.
Os “marketplaces” (shoppings virtuais), em 2020 quase dobraram de tamanho com a pandemia. As vendas dos cinco maiores subiram 80%. No segundo trimestre de 2022, a Shopee teve receitas de US$ 2,94 bilhões, alta de 29% sobre o mesmo período de 2021. No segmento de comércio eletrônico, as receitas subiram 75,6% em um ano, a US$ 1,75 bilhão. A companhia destaca que o volume bruto de mercadorias (GMV) da Shopee subiu 27,2% em um ano, a US$ 19 bilhões. No Brasil, as receitas subiram mais de 270% em um ano.
A Shopee é uma plataforma de comércio eletrônico de Singapura, pertencente ao Sea Group (anteriormente conhecido como Garena), uma empresa global de Internet para o consumidor fundada em 2015 por Forrest Li. Grande parte dos produtos na Shopee vêm da China, conhecida por produzir em larga escala e com baixo custo.
A Amazon, com sede em Seattle, estado de Washington, EUA, registrou prejuízo líquido de US$ 2,03 bilhões no segundo trimestre de 2022. Em igual período de 2021, a companhia teve lucro líquido de US$ 7,8 bilhões. Foi o segundo trimestre seguido de prejuízo para a empresa fundada por Jeff Bezos. No entanto, as razões são por negócios no mercado norte-americano, pressões inflacionárias nos custos de combustível, energia e transporte.