O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,8%, no primeiro trimestre de 2024, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima das previsões de mercado, sempre pessimistas em relação aos governos do Partido dos Trabalhadores (PT). Na comparação interanual, o PIB do primeiro trimestre de 2024 cresceu 2,5%, acelerando ante a alta de 2,1% nos três últimos meses de 2023. E a previsão do governo é ainda mais otimista, projetando um crescimento do PIB em torno de 3%, em 2024. Claro, acima das expectativas do mercado.
Com o crescimento, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a economia brasileira terminará 2024 como a oitava maior do mundo, à frente de países como a Itália e o Canadá. Neste momento, é fundamental mostrar o histórico do PIB brasileiro no ranking mundial porque deixa claro a desastrosas gestões dos presidentes Michel Temer/MDB (2016/2018) e Jair Bolsonaro/PL (2019/2022).
Ao mesmo tempo, destacar a recuperação econômica do Brasil pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de todas as armadilhas deixadas pela administração anterior, como o Banco Central “independente”, que impede o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de controlar a política monetária, essencial para um crescimento mais consistente. Além disso, um Congresso ultraconservador, com figuras medievais, caricatas para o público, mas defendendo de forma muito organizada os interesses financeiros do imperialismo para inviabilizar os projetos do governo Lula.
Além do chamado “arcabouço fiscal”, que trava os investimentos, as 7.900 emendas parlamentares atingem cerca de R$ 52 bilhões do orçamento federal, em 2024. Que presidencialismo é esse, já que o Congresso Nacional aprovou o Orçamento da União para 2024 (PLN 29/2023),com recursos previstos para investimentos federais de R$ 73,2 bilhões.
Em junho de 2011, o IBGE fez a primeira divulgação sobre PIB do Governo Dilma Rousseff (PT). Na comparação com o primeiro trimestre de 2010, a expansão do PIB foi de 4,20%. Naquele momento, o Brasil ultrapassou o Reino Unido, tornando-se assim a sexta maior economia do mundo, sendo a primeira vez que o PIB brasileiro superou o daquele país.
O governo do interino Temer termina marcado por um inédito ciclo de baixo crescimento. Em 2019, primeiro ano de Bolsonaro no poder, o Brasil já havia caído da 8ª para a 9ª posição entre as 10 maiores economias do mundo, atrás de EUA, China, Japão, Alemanha, Índia, Reino Unido, França e Itália, conforme dados do FMI. Ao final de 2020, o Brasil despencou no ranking para 12º lugar, atrás de Canadá (que assumiu a nona colocação), Coreia do Sul e Rússia.
Consumo interno
O crescimento econômico do primeiro trimestre se deu numa conjuntura “bem diferente” da verificada nos últimos dois anos, segundo disse à imprensa Rebeca Palis, gerente das contas trimestrais do IBGE. “Até o ano passado, a economia foi puxada tanto pela demanda doméstica quanto pela externa. Agora, o setor externo está puxando a economia para baixo. Esse crescimento de 0,8% é todo por causa da demanda interna.”
O resultado foi influenciado pelo crescimento acima do esperado do PIB de serviços (alta de 3%), repercutindo a expansão da massa de rendimentos, das concessões de crédito e o pagamento de precatórios. Avanços expressivos foram verificados para atividades de informação e comunicação e imobiliárias, comércio, transportes e para outras atividades de serviços relacionadas às famílias.
A combinação de queda dos juros, mercado de trabalho, reajuste de benefícios vinculados ao salário mínimo e continuidade de programas de transferência de renda ajudou a impulsionar a renda e, consequentemente, o consumo das famílias.
Também existe mais otimismo em relação ao comportamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego do país no primeiro trimestre de 2024 foi de 7,9%, uma queda de 0,9 ponto percentual na comparação com o mesmo trimestre de 2023 (8,8%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE. A taxa é a mais baixa da série histórica do primeiro trimestre em 10 anos – até então, o menor índice tinha sido registrado no primeiro trimestre de 2014 – governo Dilma -, com 7,2%.
Taxa de juros
Fernando Haddad disse que tem muita “confiança técnica” no Banco Central (BC), que está havendo uma discussão técnica dos diretores da autoridade monetária sobre a taxa terminal dos juros e que ela será feita “à luz de vários indicadores”. Haddad falou esta semana em coletiva na embaixada do Brasil em Roma, Itália.
No entanto, o que está segurando uma retomada mais intensa da economia é exatamente o controle da política monetária, que ainda está nas mãos do presidente do BC, Roberto Campos Neto, no cargo desde 2018, ainda no governo Bolsonaro. E só sairá no final de 2024.
Além das altas taxas de crédito para produção e consumo, a taxa básica de juros foi reduzida até agora no governo Lula a conta gotas para 10,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, uma das maiores do mundo.
Enquanto isso, a prévia da inflação perdeu ritmo e avançou 0,44% em maio, ante alta de 0,51% registrada no mesmo mês do ano passado, conforme dados divulgados pelo IBGE. Com a desaceleração, o IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) acumula alta de 3,7% nos últimos 12 meses. Então, os bancos, as grandes fortunas, ganham líquido com os títulos públicos, mesmo com as últimas reduções, 6,98 pontos percentuais ao ano sem produzir nada. E os economistas de plantão da mídia corporativa culpam a inflação, o que não tem a menor lógica.