No meio de projeções assustadoras para a economia gaúcha em plena pandemia do novo coronavírus, surge uma notícia positiva. O presidente e o diretor técnico da Emater/RS, Geraldo Sandri e Alencar Paulo Rugeri, anunciaram nesta terça-feira, 16, numa coletiva de imprensa online, uma estimativa de produção de 2,96 milhões de toneladas, na Safra de Inverno 2020 no Rio Grande do Sul.
Os principais grãos de inverno – trigo, cevada, canola e aveia branca – serão cultivados em 1,30 milhão hectares, enquanto que na safra 2019 foram 1,13 milhão de hectares e obtida uma produção de 3,12 milhões de toneladas. Pode parecer estranho a previsão de uma grande safra em 2020, com uma produção menor, comparando com o ano anterior. A razão é o cálculo feito pela média de anos anteriores.
Como o clima deve ajudar, com chuvas, frio, umidade e geadas regulares, sem previsão de seca como ocorreu no primeiro semestre, a produção efetiva em 2020 deve passar a de 2019, até porque a área plantada será maior.
O meteorologista do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapdr, Flávio Varone, complementou que durante os meses setembro, outubro e novembro a previsão do La Niña é de fraca intensidade, com um período mais seco, ajudando a finalização da safra de inverno.
De acordo com levantamento feito em 286 municípios gaúchos, a amostra revela uma tendência de consolidação dos grãos de inverno na metade Norte do Estado, a partir da instalação de empresas de fomento nessas regiões, em especial de canola e cevada.
Principal produto da estação, o trigo deverá ter uma produção de 2,18 milhões de toneladas. Cultivado numa área de 915.712 hectares, 20,34% a mais do que na safra passada, que foi de 760.914 hectares, o grão apresenta tendência de produtividade média de 2.391 quilos por hectare. Concentrado nas regiões de Santa Rosa, Ijuí e Frederico Westphalen, chama a atenção o trigo ter aumento de 120% na área a ser cultivada na região de Porto Alegre, passando de 500 hectares na safra passada para 1.100 hectares nesta safra.
O diretor técnico da Emater/RS, Alencar Paulo Rugeri, disse que as dificuldades climáticas atingiram a safra de verão, já as culturas de inverno não tiveram problema até agora. “O trigo está consolidado e com avanço na qualidade pela criação de novas cultivares com fins específicos para pão e massa. “O trigo é uma cultura para profissionais.”
Na região de Frederico Westphalen, a perspectiva de tempo favorável e de bons preços tem mantido a tendência de elevação de 15% na área plantada de trigo em relação a 2019. Na de Santa Maria, a área de plantio está aumentando devido às condições favoráveis de umidade no solo. Na Regional de Santa Rosa, as condições favoráveis permitiram o avanço do plantio, que já chega a 142 mil hectares. Em Bagé, as condições do tempo favorável na Fronteira Oeste já provocaram o plantio em 12 mil hectares. Nas regiões de Erechim e Pelotas, foram iniciados os plantios também com sinalização de aumento de área em relação à safra passada. Na regional de Soledade, as áreas plantadas já atingem 13,5 mil hectares e apresentam bom desenvolvimento inicial.
A canola se estabelece como importante cultura no RS, com 34.444 hectares (6,55% a mais do que na safra passada, que foi de 32.326 hectares), em especial nas regiões de Ijuí e Santa Rosa. Nesta, serão cultivados 17.538 hectares, incentivados por uma empresa que fomenta e processa a canola. Apesar da grande variação nas produtividades nos últimos anos, a expectativa para esta safra é de uma produtividade de 1.243 kg de canola por hectare.
A cevada também se consolida como grande alternativa de produção nas regiões de Frederico Westphalen, Erechim, Passo Fundo e Ijuí. A cultura registra variação de produtividade nas últimas safras e a expectativa para este ano é de 2.498 quilos de cevada por hectare.