O general que gostava de bailes e parelheiros

General Neto | Reprodução

O enigma do arroio Seival

As razões que levaram Antônio de Souza Netto a declarar o Rio Grande do Sul uma república independente do Brasil ainda provocam muita discussão.

Henrique Wiederspahn diz que “levantar a bandeira da República foi o único meio que os farroupilhas encontraram para dar alento à Revolução, depois de uma seqüência de insucessos”.

Outros autores consideram o gesto de Netto uma reação à “falta de garantias aos farroupilhas”, depois do episódio de Fanfa, quando não foi cumprido o acordo para rendição e Bento foi mandado para a Fortaleza de Santa Cruz. “Não notaram – diz Moacyr Flores – que a proclamação da República foi antes do combate do Fanfa.”

A proclamação foi em 11 de setembro de 1836.

A revolução ia completar um ano. Bento Gonçalves “assediava Porto Alegre com 900 homens”, tentando recuperar a capital que havia sido retomada pelo Império. Desistiu e iniciou a retirada na noite de 18 de setembro.

Quando tentava atravessar o rio Jacui, ficou cercado na ilha do Fanfa e teve que se entregar, foi preso no dia 4 de outubro.

“Netto, portanto, proclamou a separação da província no momento em que as armas revolucionárias eram vitoriosas e Bento Gonçalves teve sete dias, tempo mais do que suficiente, para receber um mensageiro.”

Flores conclui que Bento se deslocou de Porto Alegre para o interior exatamente para unir suas forças com as de Antônio de Souza Netto, “por causa da proclamação da República, longe de seus olhos e ordens”.

A derrota em Fanfa, neste caso, seria conseqüência e não causa da proclamação. Com isso, fica no ar a pergunta: “por que, então, Netto, amigo íntimo e leal a Bento Gonçalves, deu o golpe republicano, sem consultá‑lo?”

1409-arroio2Na versão mais aceita, Netto teria relutado, alegando que era Bento quem comandava, mas foi convencido por Joaquim Pedro Soares e Lucas de Oliveira, emissários dos exaltados. “Na correspondência de Antônio de Souza Netto, não encontramos nenhuma referência sobre ideologia ou justificativa de seu ato. Seus ofícios e cartas relatam combates, solicitam armas e munições, pedem armamento, numa impressionante rotina militar”, constata Moacyr Flores.

Terras e parelheiros

Antonio de Souza Neto é um produto típico da cultura pastoril rio-grandense. Sua família tem origem no cruzamento de duas correntes da colonização do Rio Grande do Sul, ao tempo em que “a terra indivisa era retaliada em propriedades de léguas de extensão”.

Da Colônia do Sacramento veio a familia do pai. O coronel Francisco de Souza Soares, seu bisavô, estava entre os que se mudaram para Rio Grande quando Portugal entregou a Colônia aos espanhóis, em troca das Missões, em 1777.

16-general-netoA família da mãe veio de São Paulo. Descendia de Amador Bueno, “o paulista que não quis ser rei”. Estabeleceram-se em Vacaria, inicialmente. Consta que de lá saíram porque a estância foi atacada por índios. O historiador Paulo Xavier garante que foi apenas questão de negócio: cada hectare vendido em Vacaria permitia comprar dez hectares nas novas fronteiras do extremo sul.

Certo é que Salvador Bueno da Fonseca transferiu-se com os seus para os novos territórios que se abriam à ocupação portuguesa na região de Piratini. Teve dissabores no início, suas terras foram desapropriadas. Mudou-se, então, para Rio Grande.

Teotônia, uma de suas filhas seria a mãe do general Neto. Ela casou com José, neto do coronel Francisco de Souza Soares e que, por isso, desde mocinho nas carreiras de cancha reta, era chamado “Neto”. O casal teve onze filhos. Antonio, o último, nascido em maio de 1803, viria a ser o general Antonio de Souza Neto.

Cresceu numa estância. Morava na “várzea, à margem direita do São Gonçalo. Ia a cavalo até o Passo dos Negros, atravessava o rio numa canoa para ir à escola na Freguesia de São Francisco de Paula, povoação que deu origem à cidade de Pelotas. O historiador Paulo Xavier registra que “Neto viveu na estância paterna até os 25 anos de idade”.

José Neto, o pai, lutou nas primeiras guerras da Cisplatina. Pediu terras ao imperador como compensação pelos 25 anos de serviços. Seu comandante abonou o pedido. Pouco depois a família transferiu-se a para os campos do Piraí, hoje município de Bagé.

Desde moço, Antonio Neto, comprava e vendia gado em toda a região, “entrava constantemente em território uruguaio, levando e trazendo tropas”. Figura romântica, cavaleiro habilíssimo, tinha predileção por corridas de cavalo (tinha o melhor plantel de parelheiros da província) e um gosto especial por bailes. “Era boa pinta e um grande partido, disputado pelas moças”, registra Moreira Bento.

netto-olho1Em duas cartas, que a família ainda guarda, ele fala em bailes e de umas “bordonas” para a guitarra. As cartas são de 1859 , quando ele já tinha 56 anos.

“Bento Gonçalves e Antonio Neto tiveram renome como dançarinos exímios. Neto galanteador de estirpe não perdia festas. E de Bento Gonçalves murmuram as críticas que ele banalizava as funções de presidente enquanto bailarico ou arrasta-pé se apresentasse”, diz Lindolfo Collor.

Neto, ao que consta, superava Bento num quesito decisivo para um lidador pampeano – o cavalo. “Bento Gonçalves…perfeito centauro, manejando o cavalo como só o vi fazer o general Neto, modelo consumado de cavaleiro”, diz Garibaldi em suas memórias.

Sarmiento sustentou que o pastoreio no pampa garantia as mesmas condições dos cidadãos livres de Esparta ou Roma. O gado fazia o papel do escravo, sustentando a vida material, deixando tempo aos proprietários se dedicarem à política ou à guerra, o que frequentemente era a mesma coisa.

A campanha dividia-se em comandâncias militares, de que faziam parte todos os habitantes. As milícias eram tropas ocasionais, “surgindo ou dispersando-se com a mobilidade indispensável à guerra no pampa”.

Ter propriedade rural, charqueada ou comércio e se dispor a fardar e armar uma milícia – eram as condições para ser um oficial da Guarda Nacional.

Aos 25 anos, Neto era capitão de milícias, no comando de uma guarda da fronteira na região de Bagé. Quando o Brasil ocupou o Uruguai, na Guerra Cisplatina, ele foi chefe militar em Melo.

Era coronel, como Bento Gonçalves, quando iniciou a revolução. Assumiu o comando da 1ª.Divisão, com o posto de general. Meses depois, assumiu o comando geral do “Exército Farroupilha”, quando adoeceu o titular, João Manoel de Lima e Silva.

Não era “muito estratégico”, conforme Manoel Caldeira, cronista da revolução. Era homem de cavalaria, “senhor da espada, muito alto e apessoado, muito reservado, sério e reflexivo”.

A maioria dos autores diz que Neto fez a pregação revolucionaria na região da campanha. Um ano antes do 20 de setembro ele já era visto “ao lado do irmão José, engajando gente no movimento”.

“Aliciando elementos entre a tropa e civis, preparou uma marcha sobre a vila, desde o arroio Piraí”, diz o historiador bageense Tarcísio Taborda. Tomou Bagé praticamente sem resistência.

No início do século passado, quando enaltecer o caráter republicano e federalista da Revolução Farroupilha tornou-se necessidade política, a figura de Neto foi ressaltada, como “síntese do tipo rio-grandense”.

Era preciso abrandar a imagem que os brasileiros ainda tinham dos habitantes do Rio Grande do Sul. Silvio Romero, influente intelectual e crítico, dizia que os rio-grandenses eram “almas semi-bárbaras, egressas do regime pastoril”.

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Casa onde viveu Neto

Neto provavelmente concentrava as melhores qualidades do “pastor guerreiro e livre” do Rio Grande do Sul. Lindolfo Collor, intelectual e político, avô de Fernando Collor, que participou ativamente desta construção política, o descreve como o “tipo integral de gaúcho, irradiante de simpatia e franqueza, verdadeiro gentil homem rural, que tanto estava à vontade nas refregas das batalhas como nos galanteios dos salões, dançando com o mesmo desempenho dos moços e sabendo como ninguém fazer-se agradável às senhoras”. E completa: “…homem de irradiante simpatia, admirado e estimado”. “Sua presença causava entusiasmo entre os combatentes”, diz Walter Spalding.

“Vede o vulto de Neto, onde a estesia espontânea de um povo modela atitudes de desempenho e garbo”, exclama Rubens de Barcellos. E prossegue: “Quem mais rio-grandense do que esse Antonio de Souza Neto – grão-senhor campesino, galante e batalhador? Nem Bento, o generalíssimo, guerreiro gentil, se lhe avantaja no liberalismo, na bravura e no fascinante prestígio”. E mais: “Chefe espontâneo, general de nascença, é o homem resumo, representativo dum povo e expoente de uma época”.

“A gauchada segue Bento Gonçalves, segue Neto porque eles são as únicas energias de comando que conhecem e acatam, contemplando- se neles como resumos”, diz Barcellos.

Nos últimos anos quando a guerra estava perdida e só se buscava uma saída honrosa, Neto conseguiu se manter acima das intrigas e das disputas internas que dividiram os líderes do movimento.

Bento Gonçalves matou Onofre Pires num duelo pela honra. Mas ficaram as palavras de Onofre: “Ladrão da fortuna, ladrão da vida, ladrão da honra e ladrão da liberdade”. Ficou também sua fama de general azarado e seu autoritarismo.

David Canabarro “era taciturno, às vezes ríspido, quase sempre desconfiado – faltava-lhe sem dúvida aquela poderosa irradiação de simpatia tão viva e irresistível em Bento Gonçalves e Neto. Canabarro era um “soldado animoso e rude”, Neto “uma galarda figura de homem, na definição de Othelo Rosa.

Neto também sofreu uma derrota humilhante. Atacado de surpresa, teve que aproveitar a escuridão para fugir, diz a lenda que nem o poncho conseguiu levar. Mas sobre Canabarro pesa até hoje a suspeita do acordo com Caxias em Porongos, no ataque ultrajante.

Uma febre maligna

O general Neto mandou erguer seu próprio mausoléu no cemitério de Bagé, onde queria ser enterrado. Foi construído na Itália e transportado em blocos. Tem duas virgens esculpidas em mármore carrara e uma figura alada ao alto. Seus ossos levaram cem anos para chegar ali.

Neto morreu no hospital de Corrientes, Argentina. “Vitima de impaludismo contraído na região insalubre do Passo da Pátria”, registra o professor Antonio Rocha Almeida nas “Efemérides”.

Não é certeza absoluta que tenha sido febre. Há testemunhos de que ele foi ferido em combate. Podem ter sido as duas causas conjugadas. “Há referências a ferimentos, mas dentro da família sempre se falou numa febre”, conforme descendentes da família em Bagé.

Detalhe da tela "A batalha de Tuythy"
Detalhe da tela “A batalha de Tuyti”

“Ele foi ferido em Tuyuti”, segundo testemunho do psicanalista uruguaio Carlos Mendilaharsu, bisneto do general, neto de Maria Antonia, a filha mais velha dele.

O atestado de óbito não foi encontrado pela família. “Minha avó não sabia mas havia informação que sofreu um ferimento à lança, que infeccionou”, contou Mendilaharsu.

Tuyuti foi o maior confronte militar já ocorrido na América do Sul – 21.500 homens das forças conjuntas do Brasil, Argentina e Uruguai contra 24 mil das forças paraguaias. Quase mil homens marchavam sob o comando de Neto.

A Brigada Ligeira, de Neto, era a vanguarda das tropas brasileiras. Mas naquele terreno de banhados e pântanos em território paraguaio, as condições eram ruins para a cavalaria. Os cavalos estavam estropiados e sem alimento. Neto e seus homens ficaram na retaguarda.

As linhas de frente já davam combate. A cavalaria procurou um pasto para os animais combalidos, num escasso pedaço de campo, junto ao mato. De dentro do mato surgiram os paraguaios de Solano Lopez, de emboscada.

Neto e seus homens combateram, em retirada, até que chegaram reforços para repelir o ataque. “Acodem vários corpos para conter o inimigos que emergem do mato e os que avançam pelos boqueirões”.

Em seu minucioso livro sobre a Guerra do Paraguai, o general Tasso Fragoso descreve o ataque. Sessenta e dois oficiais e 657 soldados brasileiros morreram em Tuyuti. Foram feridos 179 oficiais e 2.113 soldados. Mas não menciona Neto entre os feridos.

No dia seguinte, 25 de maio de 1866, ele completaria 63 anos.

Os trinta e oito dias, entre Tuyuti e sua morte no hospital de Corrientes, no dia 1 de julho, não tem registro. A mulher e duas filhas que viviam em Montevidéo não puderam ir a Corrientes para o enterro.

Ele era casado com a uruguaia Maria Medina Escayola. Quando casaram ele já tinha 57 anos, ela andava pelos 40. Filha de uma família de políticos de Paysandu, no Uruguai, era instruída, gostava de literatura e teatro. Tiveram um noivado prolongado e cheio de “rusgas” como atestam as poucas cartas que a família ainda guarda.

Quando ele morreu, Maria Escayaola e as duas filhas – Maria Antônia, com cinco anos e Teotônia, com um ano incompleto – foram viver em Montevidéo. Teotônia casoau com o coronel Guillaume Gaillard, do Exército francês e foi viver em Nice, onde morreu em 1954.

Maria Antônia tinha olhos claros, que dizia serem iguais aos do pai. Além dos olhos, herdou dele o gosto por pratos comuns no Rio Grande do Sul –frango ao molho pardo e canja de galinha, por exemplo. Casou-se aos 16 anos com Domingos Mendilaharsu, advogado, bem mais velho.

Os Mendilaharsu tinham na sala um retrato furado a bala no famoso cerco de Paisandu. Era colorados. Neto lutara ao lado deles em 1865, defendendo Venâncio Flores, contra o ditador uruguaio Aguirre.

A maioria dos pesquisadores não se interessou muito pelas posses do general. Não eram pequenas, sem dúvida. Ao fim da guerra, quando emigrou para o Uruguai, ele deixou duas estâncias com os irmãos em Bagé. O agrônomo José Otávio Gonçalves, bisneto de um de seus irmãos, não sabe quanta terra eles tinham. Não era pouca. Duas gerações depois ainda era o suficiente para deixar os herdeiros ricos: “Meu avô tinha sete filhos, quando morreu cada um herdou 38 quadras de sesmaria*, diz ele.

No Uruguai chegou a ter 800 quadras espanholas (mais de 60 mil hectares) em Piedra Sola, Paisandu, Durazno e Florida, segundo Carlos Mendilaharsu. Metade o próprio Neto perdeu em demanda com arrendatários. O restante foi dilapidado pelo genro.

Apaixonado pela política, o dr. Mendilaharsu consumiu quase todas as terras herdadas por Antônia e a irmã, financiando jornais partidários. Chegou a senador do Uruguai, o que não impediu que a mulher recorresse à Justiça para salvar o que restava de seus bens. “Foi a primeira ação judicial de separação de bens no Uruguai”, diz seu neto Carlos . Quando ela morreu em 1949, o inventário revelou que , das terras do general, restavam menos de 20 mil hectares da estância La Glória, em Piedra Sola, departamento de Tacuarembó.

Único herdeiro, Carlos Mendilaharsu tratou de vender 17 mil hectares (“por motivos obscuros o governo queria desapropriar”) e dividiu o restante entre os filhos.

Com a bandeira do Império

Em novembro de 1865, o Exército brasileiro invadiu o Uruguai mais uma vez.

Na vanguarda das tropas brasileiras ia Brigada de Voluntários Rio-grandenses, com 1.200 homens sob o comando do general Neto.

Em março do ano seguinte, menos de um mês depois de assinada a paz com a República Oriental do Uruguai”, Neto já estava engajado na Guerra do Paraguai.

Em ofício ao ministro da Guerra, o general Osório dá conta das tropas que reunia para marchar contra o Paraguai: “No dia 6 de março, com o acréscimo recebido esse número subiu para 9.957, não incluindo mais ou menos 1.300 praças comandadas pelo general Antonio de Souza Neto, que se achavam na campanha oriental”.

“A 29 de julho de 1865, ordenou Osório que o general Neto passasse o Rio Uruguai e se lhe junta-se com sua brigada de voluntários riograndenses, com 993 homens grupados em três corpos”, registra Tasso Fragoso.

O bisneto Carlos Mendilaharsu contou que foi o proprio D. Pedro II quem lhe mandou o estandarte imperial que seu exército de voluntários levava ao lado da bandeira tricolor dos farrapos.

Em 1930, sua filha Antonia tentou transferir os ossos do general que estava enterrado no cemitério de corrientes, para montevidéo. Fez um pedido ao governo argentino, mas não obteve autorização,

Adotou, então, uma solução drástica: mandou roubar os restos do cemitério de Corrientes e enterrou-os no jazigo da família no cemitério central de Montevidéo.

Em 1966, o governo gaúcho obteve autorização da família para transferi-los para Bagé, onde o túmulo vazio aguardava há 100 anos. Duas inscrições no mausoléu anulam o seu passado de dissidente farroupilha. Gravado no mármore, se lê:

Ele foi um dos quatro comandantes dos Farrapos que assinaram o acordo de paz em Cerros Verdes* (*José Gomes Jardim, presidente da República, David Canabarro, comandante em chefe, Antonio de Souza Neto, chefe do Estado Maior e João Antônio da Silveira, comandante da 2ª.Divisão. A paz foi assinada em 28.02.1845). Mas no último encontro quando os chefes farrapos tomaram a decisão de depor as armas, foi o único que votou pela continuação da guerra. Depois, à frente de um pequeno exército particular (“mais de 300 homens, a maioria escravos libertos), atravessou a fronteira e foi viver no Uruguai, onde tinha grandes extensões de terra.

Dos chefes farroupilhas é, talvez, o menos conhecido e o mais mitificado. As informações sobre ele estão dispersas em vários livros e são truncadas. Há um manuscrito de Carlos Rheingantz sobre sua família em Bagé, que se extraviou no Museu D. Diogo de Souza. Também o professor Paulo Xavier ampliou a pesquisa sobre a genealogia do general. Está com o trabalho pronto à espera do editor.

Há divergências sobre a data do seu nascimento, não há certeza sobre a causa da morte e seu gesto mais importante – a proclamação da República Riograndense – ainda não foi devidamente compreendido. Ele era um revolucionário republicano, radical até o separatismo. Ou era apenas um caudilho platino?

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No local onde Netto fundou a República Rio-grandense, no “Campo dos Menezes”, no atual município de Bagé, foi colocado um marco de concepção positivista: “Neste local, em 11 de setembro de 1836, travou‑se a batalha do Seival e foi proclama-da a república de Piratini.”

Na verdade, a batalha travou‑se a 200 metros do local e a proclamação foi no dia seguinte e noutro lugar a cinco quilômetros dali. Fora uma batalha sangrenta com mais de 100 mortos de cada lado. Neto colocou a tropa em forma e leu a proclamação.

A denominação República de Piratini denota a manipulação ideológica.

Foi usada depreciativamente por um funcionário do Império Araripe, para dar conotação de republiqueta. Mas foi, depois, adotada pelos positivistas gaúchos, por estar de acordo com sua concepção de “pequenas pátrias”.

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