Auditoria constata diferença de quase R$ 41 milhões em repasses para a Carris

Ônibus e fachada da Companhia Carris Porto-Alegrense. Foto: Alex Rocha/PMPA

Felipe Uhr

Em vias de ser privatizada, com a justificativa de ser deficitária, a Companhia Carris, empresa pública de transporte coletivo de Porto Alegre, pode sofrer reviravolta em sua situação financeira nos próximos dias.

Auditoria fiscal contratada pelo ainda prefeito Marchezan, e realizada pela Auge Contadores, analisou o serviço de bilhetagem. Com base em documentos entregues, entre os anos de 2006 e 2020,  constatou que R$ 41 milhões não chegaram ao caixa da companhia.

O relatório entregue no dia 20 de maio e divulgado há poucos dias no site da Prefeitura de Porto Alegre, diz o seguinte:  “a Carris teve R$ 164.495.660,92 de repasses correspondentes ao exercício de 2019”.

Conforme informado pela Carris, o valor líquido que a empresa recebeu em 2019 totaliza R$ 123.771.538,45, portanto quase 41 milhões de menos do que constata a auditoria.

O assunto foi abordado durante a reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara de Vereadores, realizado na última terça-feira, dia 22. “A ATP alega ter repassado R$ 164 milhões, mas que, segundo a Carris, foram recebidos R$ 123 milhões.

Onde está a diferença? ” questionou a representante do comitê contra a privatização da Carris, Patrícia de Oliveira Camilo. Não houve resposta dos representantes do Governo ou da EPTC, que estavam presentes no encontro.

Essa e outras denúncias de possíveis irregularidades no sistema de bilhetagem do transporte público de Porto Alegre deram origem a uma representação ao Ministério Público, apresentada pela vereadora Karen Santos (Psol) e André Augustin, do Instituto Observatório das Metrópoles. Serão acompanhadas e investigadas pelo MPE , segundo o promotor de Justiça em Defesa do Patrimônio Público, Felipe Kreutz.

Para Kreutz, a bilhetagem eletrônica deveria ser gerida pela EPTC, mas segue com a Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), representante das empresas de ônibus privadas.  “O MP vai tentar identificar eventuais irregularidades, apurar e esclarecer os fatos de que tem conhecimento”, completou.

Na auditoria, a empresa contratada disse não poder opinar sobre a diferença porque não recebeu todos documentos das partes e recomenda “verificação nos controles internos para apuração e ajustes de eventuais diferenças entre os valores registrados na contabilidade da auditada e os efetivamente recebidos pelos consórcios.”

 

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