Sob protestos, privatização do DMAE entra em discussão na Câmara Municipal

Um protesto, organizado pela Frente em Defesa do DMAE, vai marcar o início das discussões  sobre a privatização dos serviços de saneamento em Porto Alegre, na Câmara de Vereadores, às 14 horas desta quarta-feira, 8/10.

O DMAE é uma autarquia municipal que há 65 anos responde pelo abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos na capital gaúcha.

O projeto que o prefeito Sebastião Melo encaminhou à Câmara propõe uma concessão parcial, passando à iniciativa privada o abastecimento de água, que é a parte rentável do negócio. A coleta e tratamento de esgotos, que é onerosa, continuaria com o município.

O argumento do prefeito é que o poder público municipal não tem os recursos necessários para atingir as metas de universalização dos serviços até 2030, conforme determina a Lei do Saneamento.

A Frente, que reúne sindicatos, entidades sociais e comunitárias, defende a manutenção da autarquia pública e o seu fortalecimento como caminho mais eficiente para a universalização dos serviços.

 

ENEM 2025: nova edição da Cartilha de Redação já está disponível

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou a nova edição da cartilha A Redação do Enem 2025 – Cartilha do Participante.

A publicação traz informações importantes, como os critérios de avaliação da prova (matriz de referência) e amostras comentadas de redações que tiraram notas altas no Enem 2024, e que podem servir de exemplo para os novos participantes.

A redação do Enem em língua portuguesa será aplicada no primeiro dia de provas, em 9 de novembro. A nota varia de 0 a 1 mil pontos e obedecerá à Matriz de Referência do Exame, apresentada na Cartilha do Participante.

Redação
Na redação do Enem, os participantes precisarão escrever um texto dissertativo-argumentativo, com até 30 linhas, a partir da situação-problema proposta, dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo da formação.

A cartilha explica que o tema da redação será de ordem social, científica, cultural ou política.

O projeto de texto, com informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, deverá defender um ponto de vista – uma opinião a respeito do tema proposto -, apoiada em argumentos consistentes, estruturados com coerência.

Na prática, a redação do Enem é mais do que uma simples exposição de ideias. O candidato, claramente, assume um ponto de vista. Para tanto, o participante do Enem deverá selecionar, organizar e relacionar, também de forma coesa, os argumentos e fatos para a defesa do seu ponto de vista.

Adicionalmente, o candidato também deverá elaborar uma proposta de intervenção social (solução) para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos. Propostas que desrespeitem os direitos humanos receberão nota zero. Constituem desrespeito aos direitos humanos propostas que, por exemplo, incitem as pessoas à violência ou tenham referências racistas.

Os participantes devem ficar atentos às cinco competências que serão exigidas no texto:

domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
aplicação de conceitos das várias áreas de conhecimento, também chamado de repertório sociocultural, tenham relação com o tema proposto para desenvolver o texto dissertativo-argumentativo em prosa.
organização das informações, dos fatos e argumentos em defesa de um ponto de vista;
conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
proposta de intervenção (solução) para o problema abordado.
Somente serão corrigidas as redações transcritas para a folha de redação oficial da prova do Enem.

Cada redação será corrigida por dois corretores, com graduação em letras ou linguística, de forma independente, sem que uma conheça a nota atribuída pela outra.

Os corretores atribuirão uma nota de 0 a 200 pontos em cada uma das cinco competências. A soma desses pontos compõe a nota total atribuída por avaliador, que pode chegar a 1 mil pontos. A nota final do participante será a média aritmética entre as notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.

Em 2026, em data a ser divulgada posteriormente, o participante poderá ter acesso à vista de sua prova de redação, exclusivamente, para fins pedagógicos, após a divulgação do resultado, previsto para janeiro do próximo ano.

Nota zero
Entre os critérios previstos no edital do Enem 2024 que resultam na nota zero na redação, estão:

fuga ao tema proposto;
ausência de texto na folha de redação;
texto insuficiente, com até sete linhas manuscritas;
texto escrito predominantemente ou integralmente em língua estrangeira;
nome, assinatura, rubrica ou qualquer outra forma de identificação, em qualquer parte da folha de redação;
desobediência à estrutura dissertativo-argumentativa;
e desrespeito à seriedade do exame, com palavrões, desenhos e outras formas propositais de anulação.
Redações
Para a cartilha, Inep selecionou e comentou algumas redações de estudantes das cinco regiões do país que receberam boas notas na edição de 2024 do Enem por terem cumprido as exigências relativas às cinco competências.

Essas redações contêm, em sua maioria, repertórios socioculturais pertinentes às discussões propostas, com destaque para a coerência argumentativa, sobretudo no que se refere à seleção do repertório sociocultural.

Nesses textos, foram mencionados, por exemplo, pensadores(as), fatos históricos, letras de canções, bandas musicais, todos articulados com a temática.

Por serem textos do tipo dissertativo-argumentativo, as redações selecionadas têm organizada no texto a defesa de um ponto de vista e, ainda, se destacam pelas propostas de solução do problema apresentada na proposta da redação.

Enem 2025
Um total de 4.811.338 candidatos confirmaram a inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio neste ano. Segundo o Ministério da Educação, o número representa um aumento de 11,22% em relação ao ano passado e de 38% em relação a 2022. ​​

​As provas do Enem 2025 serão aplicadas nos dias 9 e 16 de novembro, em quase todo o país. As exceções são os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, devido à realização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, de 10 a 21 de novembro.

Nas três cidades paraenses, os candidatos farão as provas nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro.

(Com informações da Agência Brasil)

Recorde: 25 mortes em ações policiais em Florianópolis este ano

Levantamento feito pelo  Desterro Observatório da Violência constatou um recorde de mortes em ações políciais em Florianópolis´este ano.

De janeiro a agosto, já foram registradas 25 mortes em ações policiais na capital catarinense, um recorde segundo a pesquisa que abrange os últimos 10 anos.

A reportagem de Rodrigo Barbosa, publicada esta semana, mostra também algo que a imprensa convencional minimiza: a mobilização nas comunidades atingidas, denunciando a crescente violência policial, que atinge sobretudo moradores da  periferia, pobres e negros.

O Desterro foi um dos 15 projetos de jornalismo independente de todo o Brasil que participaram do Google News Initiative Startups Lab 2024, realizado pelo Google em parceria com a empresa Echos.

 Arte: Bruno Ruthe/Desterro

A pesquisa analisou ocorrências registradas de janeiro de 2015 a agosto deste anos.

Até então, os períodos mais violentos eram 2018 e 2024, com 22 mortes registradas em cada ano. Esta é também a primeira vez que são registrados pelo menos 20 óbitos em ações policiais por três anos seguidos: 2023, 2024 e 2025.

Os dados para a reportagem foram obtidos obtidos através da Lei de Acesso À Informação (LAI), combinados com consultas a arquivos de mídia e Boletins de Ocorrência, além de entrevistas com moradores de comunidades periféricas, lideranças comunitárias e familiares de vítimas de violência do Estado.

O perfil racial das vítimas de mortes em ações policiais é um fator que chama atenção. Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, 23% da população de Florianópolis é negra – o que classifica a capital catarinense como a capital mais branca do Brasil.

Na contramão desta estatística, pelo menos 44% das pessoas vitimadas pela polícia em 2025 eram negras – quase o dobro da porcentagem de pessoas negras que compõem a população da cidade como um todo.

Ao menos 23 das 25 mortes registradas em ações policiais em Florianópolis no ano de 2025 foram cometidas pela Polícia Militar – todas elas por agentes que estavam em serviço. O 4º Batalhão da PM (4BPM), responsável pelo patrulhamento das regiões central e Sul da cidade, foi responsável por mais da metade dos óbitos.

Leia a íntegra aqui:

Quatro meses antes do fim de 2025, Polícia de Florianópolis bate recorde de mortes em ação policial

Intoxicações por metanol: 11 casos confirmados, 102 em investigação, segundo Ministério da Saúde

Até as 16h desta sexta-feira (3), 113 casos de intoxicação por metanol após a ingestão de bebida alcoólica haviam sido registrados em todo o país, informou o Ministério da Saúde.

Ao todo, são 11 casos confirmados e 102 em investigação. Na divisão por estados, São Paulo lidera com 101 registros (11 confirmados e 90 em investigação).

Também há casos suspeitos nos seguintes estados:

  • 6 em Pernambuco;
  • 2 na Bahia;
  • 2 no Distrito Federal;
  • 1 no Paraná;
  • 1 no Mato Grosso do Sul.

Do total de casos notificados, 12 resultaram em morte, das quais uma está confirmada no estado de São Paulo e 11 estão sendo investigadas.

Os óbitos investigados estão divididos pelos seguintes estados:

  • 8 em São Paulo;
  • 1 em Pernambuco;
  • 1 na Bahia;
  • 1 no Mato Grosso do Sul.

Informadas pelos Centros de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs) estaduais, as notificações de intoxicação por metanol foram repassadas ao Cievs nacional, que consolida os dados.

Antídoto

Para reduzir o impacto das intoxicações provocadas pelo metanol em bebidas alcoólicas adulteradas, o Ministério da Saúde em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) comprou 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, antidoto para esse tipo de intoxicação. Serão compradas mais 150 mil ampolas (5 mil tratamentos), para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde.

O Ministério da Saúde também pediu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faça um chamamento internacional das 10 maiores agências reguladoras nos seguintes países: Argentina, México, Comunidade Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália.

A pasta também enviou ofício para empresas e instituições da Índia, Estados Unidos e Portugal em que pede doação e cotação de compra para outro antídoto, o fomepizol. Atualmente, poucos países têm o produto em estoque.

O ministério também oficializou pedido a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e manifestou intenção de adquirir outras 1 mil do medicamento por meio da linha de crédito do Fundo Estratégico da Opas, ampliando o estoque nacional.

Orientações

O Ministério da Saúde está orientando estados e municípios para que notifiquem imediatamente todas as suspeitas de intoxicação por metanol. A medida pretende fortalecer a vigilância epidemiológica e garantir uma resposta rápida e eficaz aos casos suspeitos.

Uma sala de situação foi instalada para monitorar os casos. De caráter extraordinário, essa estrutura permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário e necessidade de monitoramento e resposta nacional.

(Com Agencia Brasil)

95 anos do MEC: Lula diz que “Brasil só será soberano pela Educação”

O aniversário de criação do Ministério da Educação (MEC) foi comemorado neste domingo (28), em Brasília. Seis mil pessoas participaram da Corrida e Caminhada MEC 95 Anos.

Entre os participantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o poder de políticas públicas educacionais fortes para um país.

“Nós temos consciência que é através da educação – da creche à universidade, da alfabetização a um curso de engenharia – que a gente vai tornar o Brasil soberano, para nunca mais ninguém dar palpite sobre o Brasil”.

Sem citar, Lula levantou uma bandeira que identica Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, dois intransigentes defensores da educação como base para o desenvolvimento do Brasil.

A programação – com percursos de 3 quilômetros (km) para caminhada e 5 km e 10 km para corrida – foi um momento de integração entre educadores, servidores, gestores e a comunidade.

A ideia de uma corrida com caminhada foi dos próprios servidores do ministério que, a partir de uma consulta interna, escolheram como celebrar o aniversário da instituição.

Ao lado de Lula, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou programas que permitiram o avanço das políticas de educação no país, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o programa de incentivo financeiro-educacional Pé de Meia e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O esporte também reuniu outras autoridades como os ministros da Fazenda, Saúde, Relações Institucionais e Minas e Energia, respectivamente Fernando Haddad, Alexandre Padilha, Gleisi Hoffmann e Alexandre Silveira.

Ao final dos percursos, os três primeiros lugares de cada categoria receberam medalhas especiais conforme a colocação. Os demais participantes também receberam medalhas de participação.

O presidente Lula dedicou as premiações aos profissionais da educação de todo o país.

“Professores e professoras, funcionários das escolas que trabalham dia e noite para que a gente possa sair do analfabetismo que a gente encontrou nesse país, com praticamente 68% da população com o ensino fundamental mal concluído”, destacou.
Pelas redes sociais, o presidente destacou a programação comemorativa e voltou a destacar a importância da educação para soberania brasileira. “

História
Criado em 1930, com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública, o órgão desempenhava inicialmente as atividades do extinto Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça, além de tratar de políticas públicas relacionadas à saúde, esporte e meio ambiente.

Com a força de educadores e intelectuais como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo e o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, teve início um processo de reforma da educação no país.

O longo processo teve início com o direito de todos à educação, conforme previsto na Constituição de 1934, e, posteriormente, a criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1961, e a reforma universitária, em 1968.

Após quase um século de existência, a política nacional de educação foi aperfeiçoada e o órgão atua na educação em geral com políticas voltadas à educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica, educação especial e educação a distância.

 

Soja do Brasil vira arma na guerra comercial entre China e Estados Unidos

Os produtores de soja dos Estados Unidos exportaram  12,6 bilhões de dólares para a China no ano passado.

Este ano, a safra de outono em todo o país está em andamento, cerca de 10% já estão colhidos e os compradores chineses não apareceram.

“O país que comprou 52% de todas as exportações americanas de soja no ano passado está completamente ausente”, registrou o New York Times em matéria de capa nesta quinta-feira.

É um dos efeitos da guerra tarifária de Donald Trump, que ameaçou taxar com 145% os produtos chineses que entram no mercado americano.

A China respondeu no mesmo nível, Trump recuou e agora vivem uma trégua de 90 dias, com tarifas entre 10 e 30%, que estão em negociação.

Enquanto isso, os chineses foram procurar soja em outros mercados, até para demonstrar força na mesa de negociações.

Do Brasil, foram 66 milhões de toneladas de janeiro a agosto para a China. “A China nunca comprou tanta soja do Brasil como em 2025”, saudou a Infomoney, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Quanto a Trump, recuou nas tarifas sem evitar os prejuízos já calculáveis e segue dando sinais de uma política externa errática. Nesta semana,  ele  prometeu ajuda à Argentina, onde seu protegido Javier Milei enfrenta  uma grave turbulência econômica.

No mesmo dia, a Argentina suspendeu o imposto sobre as exportações de diversas culturas importantes, incluindo a soja. Pouco depois, empresas chinesas compraram mais de um milhão de toneladas de soja argentina, segundo a Reuters, “aumentando a capacidade do país de resistir à compra da safra dos EUA”.

Os produtores americanos ainda esperam que o governo Trump e a China cheguem a um acordo comercial que elimine as tarifas e sejam retomadas as exportações.  Parte do prejuízo já é irreversível.
Até julho, a China comprou metade do que havia comprado em soja dos Estados  Unidos no mesmo período do ano passado, dados do Departamento de Agricultura, segundo o NYT.

Mesmo compensando com  vendas para novos mercados  como Egito, Taiwan e Bangladesh, o total das exportações totais de soja dos Estados Unidos já caíram 23% neste ano.

A soja que se acumula com a lentidão das vendas e a estimativa de uma safra recorde de milho em vários estados, fazem prever falta de espaço para armazenar tanto grão.

Lula na 80ª Assembleia Geral da ONU: um discurso para ficar na História

Foram 18 minutos, apenas. Mas em oitenta anos da Assembleia das Nações Unidas nunca um presidente brasileiro, que sempre abre a conferência, fez um discurso assim, principalmente pelas críticas aos Estados Unidos e às políticas de Donal Trump. É um pronunciamento histórico, que marca um momento sem precedentes do protagonismo brasileiro na política internacional.  Veja os principais trechos do discurso, selecionados pela Agencia Brasil:

Crítica a sanções e defesa da democracia
Sem citar nominalmente o presidente norte-americano Donald Trump, Lula criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.

“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias. E intervenções unilaterais estão se tornando regra.”
Julgamento de Bolsonaro
Lula destacou que, pela primeira vez em 525 anos da história do Brasil, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. A fala foi uma referência ao julgamento concluído neste mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pela tentativa de golpe. O presidente afirmou que não há pacificação com impunidade.

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades, a garantia dos direitos mais elementares.”
Migração e pobreza
Lula citou a conquista recente do Brasil, que saiu do Mapa da Fome, e defendeu que a pobreza e a desigualdade são inimigas da democracia. Ele criticou também a desigualdade de gênero e aqueles que culpam “migrantes pelas mazelas do mundo”.

“A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros e familiares. Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo”.
Big Techs
O presidente também citou o potencial positivo e os perigos representados pelas chamadas big techs – empresas gigantes de tecnologia. Ele destacou que o Brasil aprovou recentemente uma das legislações mais avançadas do mundo “para a proteção de crianças e adolescentes na esfera digital”, em alusão ao projeto que criou regras contra adultização de crianças nas redes sociais.

“A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância.”
Genocídio palestino
Em um dos pontos mais duros de seu discurso, Lula criticou o que classificou como genocídio em Gaza, defendeu que os demais países reconheçam a Palestina como Estado e disse que o povo palestino corre o risco de desaparecer.

“Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.”
América Latina
Sobre a América Latina, Lula disse que a região sofre um momento de crescente polarização e instabilidade. Ele defendeu que e a via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela e que o Haiti deve ter direito a um futuro livre de violência. Lula ainda classificou como inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.

“É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas”, disse.
Clima e COP 30
O presidente destacou a necessidade trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU. Lula propôs a criação de um conselho para monitoramento das ações climáticas globais e conclamou os países a se comprometerem com metas ambiciosas para redução de emissão dos gases que causam o efeito estufa.

“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, no Brasil, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, destacou.
Mujica e Papa Francisco
No encerramento da sua fala, Lula lembrou que neste ano o mundo perdeu duas personalidades que encarnaram “os melhores valores humanistas”: o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco. Ele afirmou que, se ainda estivessem vivos, usariam aquele espaço para lembrar que “os únicos derrotados são os que cruzam os braços” .

“ [eles usariam essa tribuna para lembrar que ] podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo”.

Ouça aqui a íntegra:

https://www.instagram.com/ebc/?utm_source=ig_embed&ig_rid=2903134b-3306-4374-a2bb-74ec6565ac70

Rede da Verdade vai resgatar ataques a universidades durante a ditadura `

Márcia Turcato

As universidades gaúchas avançaram no propósito de recuperar a verdade sobre os atos praticados pela ditadura nas décadas de 60 e 70 e mostrar como ela agiu dentro das universidades do estado para perseguir professores, funcionários e estudantes.

Em reunião virtual realizada dia 11 de setembro as entidades criaram a Rede de Comissões da Verdade Universitárias do Rio Grande do Sul.

A Rede tem o objetivo de construir um minucioso trabalho de recuperação da verdade sobre as atividades da ditadura no âmbito das universidades.

Pela Comissão da Memória e Verdade da UFRGS, participaram da reunião as professoras Roberta Baggio, Lorena Holzmann, Regina Xavier, Valéria Bertotti e Cristina Carvalho. Baggio, que preside a Comissão da UFRGS, apresentou uma proposta de primeiro passo para a interação entre as comissões da Rede e que será a pauta de trabalho até o final de 2026.

Representantes das Comissões das universidades federais de Pelotas, Santa Maria e Rio Grande também participaram da reunião.

A proposta aprovada prevê compartilhar documentos, registros e depoimentos relacionados às violações de direitos humanos, disponibilizar o material em um site e envolver a comunidade universitária gaúcha na discussão sobre a ditadura para nunca esquecer e para que nunca mais se repita.

Para Roberta Baggio “a criação da Rede de Comissões da Verdade das Universidades é um marco importante de cooperação institucional e reforça a luta por democracia nas universidades gaúchas”.

A Comissão Memória e Verdade da UFRGS, que está ligada ao gabinete da reitora Márcia Barbosa, é um compromisso da universidade para a manutenção da autonomia da instituição  e para assegurar que eventos inconstitucionais nunca mais aconteçam.

Expurgo e tortura

Apenas na UFRGS, até o momento, está documentado que 37 professores foram demitidos ou afastados por se oporem à ditadura instalada no Brasil a partir do golpe em 1964, sofrendo ruptura na carreira profissional.

Estudantes, especialmente os do movimento estudantil, também foram alvo de ações repressivas, com casos de perseguição, prisão e tortura, como do estudante de origem chinesa Peter Ho Peng, um caso emblemático.

Técnicos-administrativos que participaram da  luta sindical foram igualmente perseguidos.

Ocorreram duas principais ondas de expurgos na UFRGS. A primeira, logo após o golpe militar de 1964, com a demissão de 17 professores. A segunda, em 1969, após o AI-5, que resultou na demissão de mais 20 professores.

O estudante Peter Ho Peng (foto), que estava no Rio de Janeiro fazendo mestrado em engenharia química, foi investigado, preso, torturado e forçado a entregar os documentos brasileiros, sendo tornado apátrida.

Sua cidadania só foi restituída em 2012 graças  a atuação da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça que aprovou o direito de Peter Ho Peng ter novamente identidade brasileira e, depois de 40 anos, poder voltar a viver no Brasil.

Peter, filho de chineses, chegou ao Rio Grande do Sul com os pais aos quatro anos de idade.

Peng ficou oito meses preso em unidades do Dops, da Marinha e da Polícia Federal no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, de 1971 a 1973. Ao sair da prisão, recebeu asilo nos Estados Unidos, Em abril de 2013, Peter Ho Peng, acompanhado do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, recebeu a Carteira de Identidade expedida pelo Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP/RS), após 40 anos da cassação de seu RG e da cidadania brasileira. Em outubro de 2014, com seu primeiro título de eleitor em mãos, Peng retornou a Porto Alegre para votar no Brasil pela primeira vez na vida. Ele ainda reside na Flórida, nos Estados Unidos.

 

 

 

Manifestações em todas as capitais repudiam anistia a golpista e blindagem de deputados

Decisões da Câmara de Deputados na semana passada provocaram manifestações  em 33 cidades, incluindo todas as capitais do país, neste domingo.

Milhares de brasileiros com bandeiras, cartazes e até trios elétricos foram às ruas protestar contra a anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado e a chamada PEC da Blindagem, que dificulta  processar criminalmente deputados e senadores.

Em São Paulo, 42,4 mil pessoas foram à avenida Paulista, segundo estimativa Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado à USP (Universidade de São Paulo).

Com críticas ao Congresso Nacional, os manifestantes exigiram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele já está condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, entre outros crimes.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL, PT e movimentos populares, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.

Reginaldo Cordeiro de Santos Júnior é professor universitário no curso de Serviço Social e esteve na Paulista. Não mora em São Paulo, mas aproveitou que tinha um compromisso na cidade e antecipou a vinda especialmente para participar da manifestação.

“Nós estamos aqui na luta pela democracia contra a PEC da Blindagem, na luta contra todo o retrocesso do que foi conquistado em 1988. Isso é muito importante para que a juventude entenda tudo que a gente conseguiu conquistar em 1988 com a Constituição Federal. A gente precisa trazer à tona toda essa problemática que está sendo posta no Congresso brasileiro”, disse.

Professora aposentada pelo estado de São Paulo, Miriam Abramo teme pela volta da ditadura no Brasil e acredita que a PEC da Blindagem pode ser um encurtamento do caminho para que o país reviva o período.

“Estou aqui porque tenho 75 anos e eu vivi a época na qual você não tinha direitos de nada. Eu votei pela primeira vez para presidente da República quando eu tinha 40 anos e eu não quero que essa juventude espere ter 40 anos para poder escolher seu presidente novamente”, destacou a professora.

O professor de artes marciais Renato Tambellini não apenas foi se manifestar como levou a filha de 12 anos, Luiza, para mostrar a ela a importância da manifestação popular e para que ela já comece a participar. Ele contou que sempre conversa sobre todos os temas com a Luiza e seu irmão.

“Explico a eles que é preciso se mobilizar, reivindicar direitos. E nesse momento é imprescindível, com a gente saindo de uma tentativa de golpe. Acredito que finalmente podemos viver um momento histórico com a condenação de golpistas no país. E temos que estar na rua mostrando que estamos apoiando isso para consolidar ainda mais a nossa democracia”.

Tamikuã Txih, do povo Pataxó, da terra indígena do Jaraguá, na região Oeste de São Paulo, defende que a luta é de todos os povos e que para mudar a situação é preciso tomar as ruas e mostrar a força do povo.

“Precisamos dizer que nós não aprovamos a PEC da Blindagem. Nós não podemos aceitar as grandes atrocidades que o Congresso ou que os futuros parlamentares venham a fazer saindo impunes. Por isso dizemos não à impunidade. Isso é uma angústia e uma vergonha para o Brasil que tem o Congresso articulando na cara do povo para ainda isso terminar com a anistia”.

(Com reportagem da Agência Brasil)

Estética do cimento e do contêiner desfigura monumentos e a paisagem urbana em Porto Alegre

 

Seis toneladas e meia de cimento foram utilizadas para a confecção das 128 esferas (52 quilos cada uma) colocadas no passeio de um dos locais mais simbólicos de Porto Alegre – o Largo Glênio Peres, defronte ao Mercado Público de Porto Alegre.

O objetivo das esferas (de “desenho futurista”, segundo a prefeitura) é delimitar o espaço para estacionamento  de carros no local. (Algumas delas foram arrancadas nos últimos dias por motoristas afoitos).

Seis toneladas e meia de concreto para colocar 128 esferas no passeio.

Além das esferas,  duas fileiras de bancos e duas pistas de passeio, tudo de concreto, foram implantados em obras de “revitalização do espaço”.  E a prefeitura anuncia que vai instalar novos “balizadores” em outras áreas da cidade, como a orla de Ipanema, por exemplo.

Além dessa “estética do cimento”, a administração municipal de Porto Alegre tem dado exemplo de insensibilidade em relação à paisagem urbana e ao patrimônio histórico com a proliferação de contêiners junto a monumentos e bens tombados.

O conteiner, fora da distância regulamentar, tira parcialmente a visão do monumento ao Expedicionário, obra de Antonio Caringi.

É o caso do conteiner que serve de posto para a Guarda Municipal no parque da Redenção, que interfere no espaço visual do monumento ao Expedicionário, uma das obras marcantes  do parque.

Assim como o conjunto de conteiners que foram instalados no terreno recuperado depois de 30 anos de ocupação irregular por um posto de combustíveis, na frente do mercado Bom Fim.

Num espaço onde há duas igrejas tombadas – Espirito Santo e Santa Teresinha – os enormes caixotes de metal, coloridos, desfiguram totalmente a paisagem do entorno, em um dos pontos mais movimentados do parque.

E vem mais poluição visual por ai.  A prefeitura já anunciou a ampliação do número de painéis eletrônicos para veiculação de propaganda  junto aos pontos de ônibus da capital.  A concessionária Eletromidia em parceria com a Claro, argumenta que os painéis representam “companhia a usuários nos pontos de ônibus durante a noite e a madrugada”.  A entrega prevê a instalação das telas digitais em 50 abrigos na Capital, em locais definidos com base em “critérios técnicos”, estabelecidos em conjunto com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

“Os equipamentos irão trazer mais segurança, principalmente às mulheres”, declarou o prefeito Sebastião Melo ao autorizar os novos painéis.

O projeto faz parte de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura de Porto Alegre e a Eletromídia, concessionária, “sem custos diretos para o município”. Em troca da implantação e manutenção dos equipamentos, a empresa tem o direito de explorar espaços publicitários nos painéis, conhecidos como Mobiliário Urbano para Informação (MUPIs).