Os quatro anos anos que devastaram a vida de Lula

A  foto do ex-presidente Lula com o neto Arthur no colo em seu aniversário de 70 anos, no dia 27 de outubro de 2015, voltou a circular neste fim de semana. 
Arthur, agora com  sete anos, teve morte repentina por meningite na sexta-feira.

A foto do ex-presidente na manhã deste sábado, 02, chegando escoltado para o enterro do neto é um último elo de uma corrente de revezes que  Lula vem sofrendo nestes quatro anos e cinco meses que transcorreram entre os dois fatos.

Quando comemorou seus 70 anos, Lula ainda desfrutava a aura de estadista adquirida nos oito anos de seus mandatos presidenciais (2003-2010).

No velório do neto, era a imagem do homem amargurado, preso num labirinto, a quem o ódio dos inimigos quer negar até o direito de se despedir de familiares que morrem.

Quando comemorou os 70 anos, o ex-presidente já tinha sinais visíveis da crise que  rondava a “instituição” Lula, alternando boatos e acusações sem comprovação que não poupavam a sua família.
Mas, enquanto a presidente Dilma Rousseff  já era atacada pela oposição com ameaças de pedidos de impeachment, Lula seguia praticamente ileso.
Como instância suprema do PT,  ele pairava como uma força de resistência, uma reserva que a qualquer momento poderia oferecer a solução para a crise, a despeito da raivosa polarização que se consolidava.
Nas redes sociais, a hashtag criada para a comemoração alcançou o primeiro lugar nos Trending Topics Brasil e o sexto, nos mundiais.
“Com a tag #Lula70, os brasileiros relembraram as conquistas dos últimos anos e parabenizaram o ex-presidente. A Central Única dos Trabalhadores parabenizou o petista pelas redes sociais”.
Já naqueles dias, porém, a Polícia Federal tratou de colocar o ex-presidente dentro do furacão de denúncias que varreu a política nacional em praticamente todo o ano de 2015.
Naquele mesmo mês de outubro investigações das Operações Lava Jato e Zelotes chegaram ao petista e seus familiares. Não bastasse isso, pesquisas apontaram uma queda em sua popularidade.
A empresa LFT Marketing Esportivo, de Luís Claudio Lula, filho do ex-presidente, foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, em São Paulo, no dia 26 de outubro.
No mesmo dia uma pesquisa do Ibope aponta que o ex-presidente tinha a maior rejeição entre os prováveis candidatos ao Planalto nas próximas eleições. Lula não teria “de jeito nenhum” o voto de 55% dos entrevistados. Em maio do ano anterior, esse percentual era de 33%.
Apesar disso, o ex-presidente continuava à frente dos concorrentes.
Quando os perguntados em quem votariam “com certeza”, 23% dos eleitores apontavam Lula (era 33% em maio de 2014), ante 15% de Aécio Neves (PSDB) e 11% de Marina Silva (Rede).
Só em março de 2016, Lula foi se dar conta do nó que se fechava em torno dele.
O juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato, determinou sua condução coercitiva para depor. Ele estava implicado em dois processos dentro da Lava Jato, o do triplex do Guarujá e o do Sítio de Atibaia.
Em 3 de fevereiro de 2017, Lula perde a mulher, Marisa Letícia, que sofreu um AVC.
Em julho de 2017,  foi condenado pelo juiz da Lava Jato na primeira instância, Sérgio Moro a nove anos de prisão, no caso do triplex em Guarujá (SP).
No dia 24 de janeiro de 2018, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) condenou Lula em segunda instância, aumentando a pena para 12 anos e 1 mês de prisão – pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro – com início em regime fechado.

Na quinta-feira, 5 de abril de 2018, o juiz Sérgio Moro determinou a prisão de Lula. Há um mês quando morreu Vavá, seu irmão mais velho, ele não teve permissão para ir ao enterro.

Saiu da cela da carceragem da Polícia Federal em Curitiba neste sábado, 2 de fevereiro de 2019, escoltado por policiais de metralhadora, para velar o neto.

Medida que atinge sindicatos baixada na véspera do carnaval

Na sexta-feira, véspera de carnaval, em edição extra do Diário Oficial da União foi publicada a medida provisória  que impede o desconto em folha da contribuição sindical dos trabalhadores.

O presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, assinam a medida que representa mais um duro golpe no movimento sindical, já bastante fragilizado com a reforma trabalhista aprovada no governo Michel Temer.

As contribuições financeiras de trabalhadores a partir de agora, que ser pagas exclusivamente por boleto bancário.

A medida provisória passa a valer a partir de sua publicação, mas terá que ser ratificada pelo Congresso em até 120 dias, caso contrário a regra antiga volta a vigorar.

A reforma trabalhista de Temer, aprovada em 2017, já havia tornado a contribuição sindical “não obrigatória”, o trabalhador tem que concordar com o pagamento.

Não por acaso, o defensor desta medida provisória de agora é o mesmo relatgor da  reforma trabalhista de Temer, o atual secretário da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho.

Desde a reforma, sindicatos recorrem à Justiça para tentar manter a cobrança, mas a maioria das ações tem sido rejeitada no TST.

A medida provisória pode dificultar o recolhimento das contribuições pelos sindicatos, que desde a reforma trabalhista perderam arrecadação.

No ano passado, no acumulado até setembro, a arrecadação da contribuição sindical despencou 86% em relação ao mesmo período de 2017, passando de R$ 1,9 bilhão para R$ 276 milhões.

A Força Sindical, que reúne quase 1,3 mil sindicatos representantes de 1,6 milhão de trabalhadores, colocou à venda a sede da entidade, um prédio de 12 andares no bairro da Liberdade, em São Paulo, por R$ 15 milhões.
Sem a parte do imposto sindical que recebia – que em 2017 somou R$ 45 milhões –, a central perdeu mais de 80% de sua receita.
O secretário-geral João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz que provavelmente a Força vai ocupar algumas salas do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, onde esteve até os anos 90, antes de adquirir sua sede própria.
Segundo Juruna, a Força está orientando os filiados a promoverem fusões entre sindicatos de categorias similares. “Para o futuro, a discussão será uma união mais ampla, como ocorre em vários países”, informa.
Ele cita os casos do UAW, que representa os metalúrgicos dos EUA, e o IgMetal, representante da mesma categoria na Alemanha.
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) também mantém conversas com sindicatos da área de farmácias da capital e do interior de São Paulo para um projeto de unificação.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) também estudam medidas que passam pela unificação de entidades para substituir a antiga fonte de receitas, mas não há ainda nenhum caso em andamento.
 

Eleição de Bolsonaro: nada de novo no Brasil da plantation

Muitos ficaram surpresos com a vitória de Jair Bolsonaro para o cargo de Presidente da República, mas a história da política brasileira mostra que, independente de nomes, estamos sempre entre um representante do nacionalismo moderno, que valoriza a cultura, a diversidade e o seu povo e um projeto que tem como base e a plantation. 

Esse velho sistema de exploração colonial utilizado entre os séculos XV e XIX, principalmente nas colônias europeias da América, tem quatro características muito atuais por aqui: grandes latifúndios, monocultura, trabalho escravo e exportação para a metrópole.

Um exemplo é o período do marechal do Exército Eurico Gaspar Dutra, presidente do Brasil entre 1946 e 1951. Suas ações: cassação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o rompimento de relações diplomáticas com a URSS; a constituição de uma aliança com setores políticos conservadores; a repressão sobre o movimento sindical. Na política externa, reforçou a aliança com os Estados Unidos.

Dutra foi Ministro da Guerra do governo anterior, de Getúlio Vargas, nacionalista. Mesmo saindo de uma ditadura do Estado Novo, o povo queria a continuidade de Vargas no poder. O movimento “queremista” designou-se assim por conta do surgimento das inscrições “Queremos Vargas” nos muros das principais cidades do país.

A candidatura de Eurico Gaspar Dutra foi lançada pela coligação entre o Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos criados com a pretensão de continuidade das políticas varguistas. No entanto, Dutra afastou-se do varguismo e aliou-se à UDN por meio do Acordo Interpartidário.

Economicamente, Dutra aderiu aos princípios liberais, reduzindo os investimentos públicos e promovendo o arrocho salarial. O incentivo às importações dilapidou as reservas de moedas estrangeiras e desequilibrou as contas públicas com o crescimento da inflação.

O governo Dutra foi a clara afirmação dos laços de dependência com o imperialismo e período em que a economia de exportação buscaria retomar a sua predominância sobre a de mercado interno.

“Politicamente as limitações democráticas seriam ostensivas: aliaram-se os partidos ditos conservadores, para manipular o aparelho de Estado, com ampla liberdade de movimentos, as soluções policiais tornaram-se a norma. As relações com a União Soviética, que haviam sido estabelecidas, e de que o setor empresarial poderia esperar grandes proveitos, pela abertura de novos mercados, foram interrompidas de forma grotesca, ” diz Werneck Sodré.

As áreas prediletas para concessões foram energia e minérios, inclusive com empréstimo externo a que o governo brasileiro daria o seu endosso, como o da Bond and Share, enquanto se faziam concessões de exploração mineradora de que foi típica a do manganês do Amapá.”

Portanto, nada de novo. Provavelmente o rodízio continuará nas próximas eleições. O resultado é que o Brasil não avança, sendo eternamente o país do futuro que não chega nunca.

Área Azul digital chega ao Bom Fim e Moinhos de Vento

A região do Bom Fim recebe, a partir desta quinta-feira, 28, o novo sistema de estacionamento rotativo da Área Azul digital.

A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), está disponibilizando 39 novos terminais e 707 vagas no entorno, que inclui ainda trechos da rua Pinheiro Machado, avenida Independência (próximo à Ramiro Barcelos), também na Protásio Alves, entre as ruas Carazinho e Montenegro, e na rua Caju, em Petrópolis, Jacinto Gomes, já no bairro Santana.

Com a entrega da nova área, já são mais de 2,9 mil vagas e 157 novos terminais, que permitem receber pagamentos via aplicativo, por cartão de débito ou crédito, entre outras tecnologias, além das tradicionais moedas e da possibilidade de compra em pontos de venda.

Moinhos de Vento – Ainda na quinta, será desativado o serviço da área azul na região do Moinhos de Vento para a substituição de 55 parquímetros e da sinalização do novo sistema, com entrega prevista para o fim de março. Enquanto os trabalhos são executados em uma região, o serviço é suspenso, mas segue nas áreas já atualizadas.

A implantação da Nova Área Azul digital ocorre de forma gradativa desde outubro do ano passado, a partir do Centro Histórico, Menino Deus, Tristeza, Azenha, o entorno do Fórum Central, Floresta e agora o Bom Fim.

Para orientar a população sobre a nova ferramenta, monitores da concessionária Zona Azul Brasil e agentes da EPTC circulam pela região para prestar esclarecimentos sobre as funcionalidades da plataforma.

Funcionamento – O sistema de estacionamento rotativo funciona em dias úteis, das 8h às 19h, e aos sábados, das 8h às 13h.

Como usar o equipamento – Pagamentos com moedas, cartão de débito, crédito e NFC (tecnologia de aproximação, ver disponibilidade em seu banco)

– Pressione o botão azul tempo para iniciar a operação

– Pressione o botão verde Confirma

– Digite a placa do veículo e pressione Confirma

– Insira moedas, se preferir, e confirme. Ou pressione o botão azul para cartão de crédito, débito, NFC (pagamento por dispositivo de aproximação) e confirme

– Escolha o tempo e confirme

– Insira o cartão pré-pago, digite sua senha e tecle Entra

Aplicativo – Baixe o aplicativo Digipare no Google Play, Apple Store ou Windows Store, faça o seu cadastro e gerencie os seus créditos pelo celular.

SMS – Utilize os créditos eletrônicos adquiridos com a plataforma gratuita de SMS. Envie uma mensagem para 27317 com digipare + 51 (código da cidade) + placa do veículo + tempo que desejar em minutos.

Telefone por ligação gratuita – Para utilizar os créditos eletrônicos já adquiridos. Ligue do fixo ou celular para 0800 941 3444 e digite o código para Porto Alegre (51).

Internet – Compre créditos eletrônicos de estacionamento no site digipare.com.br

Sede da empresa – Na sede da empresa, localizada na rua Uruguai, 240, 11º andar, é possível comprar créditos e tirar dúvidas. Também é disponibilizado o telefone (51) 3224 7020 para atendimento aos usuários.

Cartão pré-pago – Utilize o estacionamento rotativo com créditos pré-adquiridos no cartão. Usuários de cartões do sistema antigo terão o crédito transferido para o novo cartão pela empresa Zona Azul Brasil. Apesar de poucos cartões estarem ativos e em uso, ninguém perderá seus créditos. Quem possuir o cartão ativo, com créditos do antigo sistema, deve se dirigir até o Atendimento ao Cidadão (Erico Verissimo, 100) para transferir os créditos para o sistema atual.

Tarifas

– 30 minutos, R$ 1,05 (período mínimo)

– 1h, R$ 2,10

– 1h30, R$ 3,15

– 2h, R$ 4,20 (tempo máximo)

(Com Informações da Assessoria de Imprensa)

Cais Mauá: "plano piloto" não estará pronto para o aniversário de Porto Alegre

O jornal JÁ tentou várias vezes nos últimos dias confirmar a informação de que a concessionaria do porto da capital, Cais Mauá Participações, iria adiar a abertura ao público de uma área junto à Usina do Gasômetro, definida como um “plano piloto” do projeto de reforma do cais.
A assessoria de imprensa informou que os gestores não estavam falando até que tivessem definição sobre o projeto.
Na tarde desta quarta-feira, 27,  circulou a informação de que a Cais Mauá já comunicou à prefeitura: o “plano piloto” não estará apto para receber o público na Semana de Porto Alegre, como havia sido anunciado.
Não conseguimos confirmar a informação com os gestores do Cais, mas uma fonte confiável nos garantiu que é verdadeira.
Ao mesmo tempo, o sócio diretor da LAD Capital, gestora do fundo investidor no Cais Mauá, Luiz Felipe Favieri e o diretor executivo do Cais Mauá, Eduardo Luzardo da Silva, confirmam presença num evento na Associação Comercial de Porto Alegre, sobre o tema “Cais Mauá: Até Quando?”. Será no dia 9 de abril.
 

"Maioria não conseguirá cumprir as regras para se aposentar"

Eduardo Fagnani é professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho e coordenador da rede Plataforma Política Social – Agenda para o Desenvolvimento.
Nesta entrevista ao IHU Online, ele analisa o projeto de reforma da Previdência que o governo Bolsonaro acaba de enviar ao Congresso Nacional.
“O ponto central, diz Fagnani é que a reforma da Previdência precisa, necessariamente, ser vista em perspectiva com outras duas reformas: a trabalhista, que ocorreu no governo passado, e a tributária, que deve ser encaminhada ao congresso ainda em março. “A reforma tributáriaque devemos fazer, diz o governo, tem que ser aquela que reduza a carga tributária de 33% do PIB para cerca de 25% ou 27%. Há alguns balões de ensaio sobre a desoneração das pessoas jurídicas e outras coisas nessa linha. Não se pode esperar nada da reforma tributária, porque o objetivo é reduzir a carga, e a variável do ajuste é a seguridade social, que gasta 12% do PIB, que poderia ser reduzida para algo em torno de 6% ou 8%”, explica o economista.
Trocando em miúdos, a opção política do atual governo é reduzir os direitos sociais das camadas mais empobrecidas para reduzir a carga tributária dos grandes empresários e manter a política de isenção fiscal intacta. “Se somarmos R$ 400 bilhões de isenções fiscais, R$ 400 bilhões de juros e 500 bilhões de sonegação, temos R$ 1,3 trilhão todo ano, são mais de 13 anos de economia com a reforma da Previdência”, pondera. Claro, não dá para cortar tudo de uma vez, mas se o governo propuser cortar 30% desse R$ 1,3 trilhão, são cerca de R$ 400 bilhões por ano. Se cortar um terço desse programa extraordinário de distribuição de renda para os ricos, daria um montante de aproximadamento R$ 400 bilhões por ano, equivalente a quatro anos de economia da reforma da Previdência.
Ele resume: “Este projeto representa um avanço enorme do seguro social em contraposição à seguridade social, um sistema trabalhista precário e com bastante insegurança, capaz de financiar uma Previdência Social também precária. Tudo isso para poder viabilizar uma redução da carga tributária, que é o projeto liberal para o Brasil, o que, em última instância, acaba com os avanços de 1988”.
– O que se pode dizer sobre os pontos mais polêmicos do projeto?
Fagnani – O que posso dizer é que ele se coloca como um projeto que promoveria a justiça social, mas do meu ponto de vista esse projeto é mais injusto que a proposta do Temer.
– Por que ele é mais injusto?
Fagnani – Porque ele coloca muitas barreiras para que uma pessoa alcance os benefícios do INSS. Nesta questão, que atinge o grosso da população brasileira, são mais de 35 milhões de beneficiados diretos, incluindo assistência social, e considerando mais dois membros por família, o que significa 100 milhões de pessoas que ganham em média R$ 1,5 mil. Observe-se que cerca de 70% da economia estimada com a reforma incide sobre o INSS. Para essa população, a reforma coloca barreiras intransponíveis. Uma das questões de fundo que temos é que com esse projeto estamos transitando da seguridade social para o assistencialismo. A outra questão é que estamos transitando da seguridade social, que é um pacto da sociedade, para um sistema de capitalização social, de caráter individualista.
-Quais as consequências dessa mudança? 
-O Brasil que eu vejo daqui a 30 anos é um país onde o servidor público vai estar no sistema de capitalização, que já existe, o pessoal do regime geral também vai estar no regime de capitalização, que será criado, e a grande massa da população estará num sistema assistencial barato no sentido de que é precário e custa pouco. Então, é um sistema que exclui a população da Previdência, porque elas não irão conseguir comprovar as regras que estão sendo exigidas e vão pressionar a assistência social.  Então, o que está sendo feito? Eles colocam uma proteção, uma barreira, que consiste em baixar o benefício assistencial para R$ 400,00. Esse é o projeto. Tudo passa a ser definido por regulamentação complementar ou por atos do próprio Executivo, e não por uma regra, por exemplo, de reajuste do repasse. Então, esses R$ 400,00 podem ficar congelados durante três, quatro ou cinco anos, e com a inflação o poder de compra vai sendo reduzido. Desse ponto de vista, é uma reforma extremamente cruel e excludente.
– Por que o senhor qualifica essa mudança nas regras previdenciárias como “extremamente excludente”?
Fagnani – Essa reforma é extremamente excludente, por quê? De novo, estou falando do regime geral, que é o que mais me preocupa. Primeiro, porque praticamente elimina a possibilidade de uma pessoa ter aposentadoria integral. Talvez uma parcela muito pequena da população, entre 5% e 10%, terá direito ao benefício integral, por quê? Porque a reforma estipula a idade mínima de 65 anos de idade para homem, 62 para mulher e 40 anos de contribuição, e a esmagadora maioria da população, cerca de 90%, não vai conseguir atingir 40 anos de contribuição.
Segundo ponto importante: vai definir a idade de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres, mas tem um mecanismo que está na PEC e que é um “gatilho de idade”, isto é, sempre que a expectativa de sobrevida do idoso aos 65 anos subir um ponto pela estimativa do IBGE, a idade subirá um ponto. Com isso, já se prevê que daqui a quatro anos o teto será de 66 anos para homem e 63 anos para mulher e isso irá mudando, ou seja, daqui a quatro anos irá para 66, daqui a 14 anos vai para 67.

Além disso, tem a regra de transição, que tem três opções – são todas ruins –, mas a mais importante é a questão dos pontos. Antes se tinha o fator previdenciário em que a pessoa tinha que contar 95 anos para o homem e 85 anos para a mulher. Em 2015 o governo criou o fator previdenciário móvel, que sobe um ponto a cada dois anos, então hoje a regra está 96/86, de modo que a partir de 2026 chegaríamos à proporção 100/90. Assim o homem para se aposentar teria que ter 65 anos de idade e 35 anos de contribuição, que já é um padrão europeu. Já está resolvida essa questão das aposentadorias por tempo de contribuiçãoque são precoces.
O que o governo faz? A regra de transição é muito curta com 10, 12 anos. Assim, essa proporção 100/90, em vez de chegar em 2027, já vai chegar em 2023 e vai continuar a subir todos os anos até chegar a 105/100, a partir de 2031. Ou seja, um homem para se aposentar tem que ter 70 anos de idade e 35 anos de contribuição para ter direito à aposentadoria integral, e a mulher passa de 85 para 100, aumentando em 15 anos o tempo para as mulheres. Também são regras muito exigentes, quase ninguém conseguiria alcançar isso porque é como uma corrida de obstáculos: todo ano aumenta a idade e todo ano aumenta a contribuição, hoje é de 15 anos e vai passar para 20 e seguirá subindo, assim como a idade. Daqui a quatro anos é provável que se tenha mais um ano na idade (crescimento da expectativa de sobrevida dos idosos); quando está prestes a se aposentar, tem uma outra regra que torna mais difícil.
Depois temos a questão da Previdência Rural, que muda a idade da mulher. Hoje, para o trabalhador rural a idade mínima é de 60 anos e para a trabalhadora rural é de 55 anos; com o projeto a idade da mulher passa para 60 anos, igualando homens e mulheres. Qual é a diferença? Que hoje a agricultura familiar contribui com 1,5% sobre a sua produção e não tem, necessariamente, que comprovar 15 anos de contribuição, só é preciso comprovar 15 anos de atividade na agricultura familiar; agora passa a 20 anos de contribuição. Deste modo, além da contribuição sobre a produção, ele tem que pagar pelo menos R$ 600,00 por ano. Dada a peculiaridade da agricultura familiar, é muito complicado conseguir comprovar 20 anos de contribuição. Então, daqui a 20 ou 30 anos, haverá 20% da população com cobertura previdenciária.
Também tem a questão da aposentadoria por invalidez. Está sendo criada a aposentadoria por invalidez de duas categorias: de primeira e de segunda classe. A invalidez de primeira classe é a que o segurado tem um acidente de trabalho e fica inválido; nesse cenário terá direito a 100% (proporcional) da média das contribuições. Mas se tiver um acidente que torne o segurado inválido no trânsito ou na sua casa, por exemplo, o beneficiário terá direito a 65% da média das contribuições; é outro rebaixamento.
Além disso, as pensões também têm primeira e segunda classe. Se a pessoa morreu no trabalho é uma coisa, se morreu em casa ou em outro local, é outra coisa. Em geral, reduz para 60% a média de contribuição que o cidadão fez ao longo da vida. Tem um outro rebaixamento aí. Há um outro escalonamento, por “faixa de renda”, de que quem ganha até três salários mínimos, por exemplo, tem uma reposição de cerca de 50%. Por exemplo, tem um aposentado que continua trabalhando, recebendo R$ 3 mil por mês, sendo R$ 1,5 mil de aposentadoria e R$ 1,5 mil de salário, se o marido morre, nessa família com dois filhos, o dependente terá uma aposentadoria que, ao invés de ser 100% da pensão, será 40%, e como essa mulher fará para sobreviver?
Esse conjunto de restrições, que impacta os mais pobres — estou falando só do regime geral — vai conduzir a seguridade social para o assistencialismo, para a Assistência Social, e aí o que eles pagam? R$ 400,00. Como uma pessoa com 65 anos, de baixa renda, porque não conseguiu comprovar as contribuições para a Previdência, pode viver com esse salário? Atualmente, o benefício é um salário mínimo.
– Qual vai ser o impacto na alteração dos critérios de admissibilidade do Benefício de Prestação Continuada – BPC?
Fagnani – É disso que estou falando: deixa de ser seguridade e passa a ser assistencialismo. O critério hoje abrange pessoas deficientes ou que têm renda per capita de até um quarto de salário mínimo, que tenham 65 anos e nessa idade têm direito a um salário mínimo. Como que vai ser? Eles dão esses R$ 400,00 desde que a pessoa tenha 60 anos, e o benefício só alcança um salário mínimo quando a pessoa tiver 70 anos. O problema é que são pessoas extremamente vulneráveis, desassistidas, que dificilmente chegam aos 70 anos e, se chegarem, terão uma sobrevida muito curta.

A reforma trabalhista, entrando em vigor com toda a força, o que vai fazer? Embora ela diga que são atividades formais — ela deixa tudo como se fosse formal, legal —, são modalidades precárias. Por exemplo, no caso do trabalho por hora — intermitente —, uma pessoa que trabalha 30 horas numa semana, mais 20 horas na outra, mais 15 horas na outra, alguém acha que ela terá condições de acumular 20 anos de contribuição para a Previdência? Se pegarmos uma pessoa que é contratada por trabalho temporário para o Natal, ela vai trabalhar nos meses de novembro e dezembro, em janeiro é demitida e vai ficar quatro ou cinco meses desempregada. E assim alguém acha que irá conseguir acumular todas as contribuições? O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieesetem um estudo interessante que mostra, antes da reforma trabalhista, que em função da rotatividade do trabalho, em média, o trabalhador, num período de 12 meses, contribui nove meses. O fato é: antes da reforma trabalhista, em função da rotatividade do trabalho, um trabalhador médio, num período de 12 meses, contribuiu durante nove meses. Essa conta se fazia antes da reforma do Temer, que eram 25 anos de contribuição.

Então, daqui a 20 ou 30 anos, haverá 20% da população com cobertura previdenciária, são pessoas que vão conseguir cumprir as regras, mesmo que seja para uma aposentadoria parcial, e cerca de 70% que vai estar com benefício assistencial de R$ 400,00.
– De que maneira esse projeto impacta os militares e a classe política?
 Fagnani – Os militares estão fora dessa PEC. Agora, os militares são importantes porque, do chamado déficit da Previdência do setor público, os militares detêm metade do contingente – algo em torno de 300 mil servidores públicos são militares num universo de 700 mil – e o déficit dos militares é um pouco mais da metade que o do servidor público. Então, tem que incluir esses militares na reforma. O que o governo diz? Que vai fazer um projeto, uma legislação específica para os militares. Talvez uma tendência desse projeto é a seguinte: você desconstitucionaliza tudo, tudo passa a ser aprovado por legislação ordinária. Então, o governo está dizendo que vai apresentar um projeto para os militares, mas na PEC não aparece nada.
– Não aparece mencionada essa intenção de fazer esse outro projeto que diga respeito à previdência dos militares?
Fagnani – Isso, exatamente. E ainda aponta para a questão da legislação complementar.
– E como ficou a classe política nesse projeto? Houve algum corte de privilégios para essa classe?
Fagnani – Pois muito se falou, inclusive durante a campanha, que era necessário acabar com privilégios. É preciso, entretanto, entender melhor o que conta no projeto, mas, aparentemente, passará, aos que forem eleitos a partir de agora, a sujeição das mesmas regras do INSS, ou seja, 65 anos de idade para homem, 62 para mulher, sendo 20 anos para aposentadoria parcial e 40 para aposentadoria integral. Aparentemente, o projeto aponta nesse sentido.

Fagnani – Há dois aspectos aí. Primeiro: o que me dá profunda irritação é este argumento de que sem a reforma da Previdência o país quebra. Isso é de um primarismo, algo quase rudimentar, por várias razões. Se eu tenho um problema de receita e despesa, que gera um déficit, tenho que trabalhar nas duas pontas. Ou eu corto a despesa, enfrento só as causas endógenas, ou aumento a receita. A previdência do INSS urbano, durante quase sete anos, entre 2007 e 2014, foi superavitária porque a economia cresceu. Então, se a economia cresce, cai a taxa de desemprego, aumentam os salários, aumenta a receita.
Outra fonte da seguridade social é, por exemplo, a contribuição sobre o faturamento. Se a economia cresce, aumenta o faturamento, aumenta o lucro e aumenta a receita. É evidente que sempre que a economia entra numa recessão você tem problemas, mas quando a economia cresce você resolve uma parte desses problemas. Então, a saída passa, em primeiro lugar, pelo crescimento da economia. Evidente que é isso, mas esse debate está completamente fora.
Uma outra questão também para contrapor essa ideia de que sem a reforma da Previdênciao país quebra é a de que essa reforma vai dar uma receita de um trilhão em dez anos. São R$ 100 bilhões por ano. No Brasil, existe o maior programa de transferência de renda dos ricos do mundo. Somente de isenções fiscais, só o governo federal abre mão todo ano de quase R$ 400 bilhões. Nós pagamos 400 bilhões de juros e a sonegação no Brasil é de mais de 500 bilhões anuais. O governo, em vez de combater a sonegação com os instrumentos da tecnologia que estão disponíveis hoje – aliás, desde os anos 1990 a sonegação não é crime, a pessoa não vai presa porque sonega –, premia a sonegação com refinanciamento. Além disso, a PEC não propõe o fim do refinanciamento para enfrentar a inadimplência da Previdência: ela diz que o refinanciamento tem que ser de 60 meses — cinco anos, porque atualmente é de 25 anos —, mas este prazo de cinco anos não resolve o problema, pois o devedor não vai pagar para tirar um refinanciamento, ele vai pagar por dois anos e deixará de pagar de novo.

Como eu posso dizer que se o Brasil não fizer reforma da Previdência ele quebra? Isso sem falar na reforma tributária, porque o sistema tributário brasileiro é um dos mais injustos do mundo. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil – Anfip e a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital – Fenafisco fizeram um estudo que mostra que tecnicamente é possível aumentar as receitas da tributação sobre a renda e o patrimônio em cerca de R$ 360 bilhões. A reforma tributária é o antídoto contra essa outra estultice, que se fala muito, que é a do terrorismo demográfico, pois o que eles dizem? Que antigamente havia dez trabalhadores ativos para um aposentado e isso tende a cair, e daqui a 30 anos serão dois ou três para cada aposentado, portanto não tem alternativa — isso está na primeira página do Power Point.
Essa é uma tendência que já está ocorrendo e que vai se intensificar com a revolução tecnológica — esse é um debate que se faz hoje na Europa — e os países capitalistas desenvolvidos resolveram isso em meados do século passado. Isto é, tem que fazer uma reforma tributária que seja progressiva, onde transita da base salarial para a base de renda e sobre o patrimônio. Logo, a saída para a Previdência é a reforma tributária. Mais um equívoco desse pensamento é que a Previdência é financiada apenas pelo trabalhador ativo, o que é uma mentira. Se pegarmos os países europeus, a Previdência é parte da Seguridade, e a Seguridade é financiada pelo sistema tripartite: empregador, empregado e governo através dos impostos gerais, que são progressivos nos países desenvolvidos. Em uma média que fizemos com 20 países europeus, a participação do Estado, nesse sistema tripartite, é de 55%, dos empregadores cerca de 30% e dos empregados aproximadamente 15%. Então, não é verdade que o financiamento da Previdência depende do trabalhador ativo.
Brasil tem um sistema de financiamento tripartite desde a gestão Getúlio Vargas, e a Constituição Federal aprimorou esse sistema mas não fez a reforma tributária. Desde 1988 a seguridade social, que inclui a Previdência, é financiada pelo Cofins, a contribuição do empregado e do empregador. Nós copiamos o que foi possível copiar da experiência europeia. Outra alternativa para a questão demográfica (contribuintes x beneficiários) passa pela reforma tributária.
Então nós temos crescimento da economia, reforma tributária, revisão de isenções fiscais, combate à sonegação e redução da taxa de juros. Esses são os males, o que está errado no Brasil não é a Previdência, mas as inconsistências da política macroeconômica que garante um conjunto de benesses às camadas de maior renda. Nisso ninguém quer mexer. Vem cá, o objetivo não é acabar com os privilégios? Esses privilégios que eu acabei de falar são os verdadeiros privilégios.

Fagnani – Isso foge um pouco da minha área, mas o que tenho percebido é que a coordenação política do governo no Congresso apresenta muitos problemas. Outra coisa que estou percebendo é que a reforma do Bolsonaro é mais crítica, em termos de impacto, que a reforma do Temer. Se as pessoas começarem a fazer a conta – fazendo os cálculos em relação ao tempo de contribuição e idade, levando em conta a regra atual e a regra proposta – e perceberem as diferenças dos modelos, elas vão levar um susto. Isso terá rebatimento na classe política e o movimento social tem que mostrar para as pessoas qual o custo dessa reforma, o que certamente chegará aos parlamentares.
– De tudo que se sabe até agora sobre o projeto, quais são, então, as questões de fundo?
Fagnani – Os dois pontos centrais são: o fim da solidariedade do sistema social e a migração para o assistencialismo e para o sistema de seguro social. O seguro individual são esses planos de capitalização, cuja responsabilidade é do indivíduo. É como o plano de saúde, se você paga a prestação tem direito, se não paga não tem. A diferença, no caso da Previdência, é que se tem que pagar durante o período de 30 e poucos anos. Dada a situação do mercado de trabalho brasileiro, a população não tem condições de investir em um plano desses.
Se olharmos para daqui três décadas, veremos que saímos da seguridade para o seguro, porque o sistema de capitalização já foi implantado pelo servidor público, o Funprev, que é um fundo individual. Trata-se da legitimação de uma reforma implementada ainda no governo Fernando Henrique Cardoso em que os servidores passam a ter uma conta e um fundo individual, durante 35 anos. Ninguém discutiu esses custos, porque o que ocorre é que os novos entram nesse regime de capitalização, no plano federal, e o estoque tende a se esvaziar, porque as pessoas vão morrer. Então daqui a 35 anos haverá um megafundo de capitalização do servidor público, sendo que os custos dessa transição, que são elevados, nunca foram discutidos.
– Qual a origem do déficit previdenciário do serviço público?
Fagnani – Em parte pelos militares, em parte pela ausência de contribuição do setor público durante vários anos na transição dos anos de 1990. E, em parte porque os servidores públicos deixaram de contribuir para o sistema público e passaram a contribuir para os fundos individuais. No caso do INSS a ideia é criar a carteira [de trabalho] amarela, em que os jovens que entrarem no mercado de trabalho a partir de agora poderão optar por ela. O que vai acontecer é que esse jovem não vai ter opção, porque as empresas somente vão contratar pela carteira amarela, dizendo que não pagam benefícios e encargos sociais e o jovem será obrigado a pagar sozinho a própria previdência. Estamos caminhando da seguridade social para o seguro social. É uma transformação enorme.

Ainda há a correlação entre as reformas da Previdênciatrabalhista e tributária. Eu estou chamando isso de reforma trigêmea. Foi feita uma reforma trabalhista que rebaixa os custos do mercado de trabalho e precariza as condições dos trabalhadores. Essa reforma “desfinancia” a Previdência pública; quer dizer que uma pessoa que trabalha por hora não vai contribuir para a Previdência. Para quem tem uma micro ou pequena empresa, a contribuição é muito menor do que a do empregado com carteira de trabalho. Nesse contexto o governo propõe uma reforma previdenciária que caiba na capacidade de financiamento de mercado de trabalho precário. Ela tem de ser muito exigente, colocando obstáculos para que as pessoas não consigam se aposentar e, com isso, reduzir os custos da Previdência.
reforma tributária que devemos fazer, diz o governo, tem que ser aquela que reduza a carga tributária de 33% do PIB para cerca de 25% ou 27%. Há alguns balões de ensaio sobre a desoneração das pessoas jurídicas e outras coisas nessa linha. Não se pode esperar nada da reforma tributária, porque o objetivo é reduzir a carga, e a variável do ajuste é a seguridade social, que gasta 12% do PIB, que poderia ser reduzida para algo em torno de 6% ou 8%, reduzindo os custos da União para 27%. Esse é o projeto que vamos ter para o país, um avanço enorme do seguro social em contraposição à seguridade social, um sistema trabalhista precário e com bastante insegurança, capaz de financiar uma Previdência Social também precária. Tudo isso para poder viabilizar uma redução da carga tributária, que é o projeto liberal para o Brasil, o que, em última instância, acaba com os avanços de 1988. Esse é o desenho de país que vai se refletir daqui a 25, 30 anos.
 

Ong ambiental recebe verba para conter invasão de pinus na Lagoa do Peixe

A Associação Socioambientalista Igré, de Porto Alegre, foi a única entidade ambiental gaúcha contemplada pela Fundação Grupo Boticário com uma verba para executar um projeto de controle da proliferação de pinus no  entorno da Lagoa do Peixe, em Mostardas.

O Igré nasceu dentro da UFRGS por inspiração do biólogo Ludwig Buckup.

O projeto já está em andamento sob a coordenação do professor Gerhard Overbeck. Em anos anteriores, o Igré já recebera ajuda para projetos envolvendo alunos de mestrado e doutorado da UFRGS.

Criado em 1986 para proteger aves migratórias e ecossistemas litorâneos do Rio Grande do Sul, o Parque Nacional da Lagoa do Peixe enfrenta há décadas o problema da expansão de pínus na região, onde essa árvore de origem norte-americana provocou mudanças ecológicas e econômicas: se por um lado degrada o ambiente natural, por outro gera emprego e renda via exploração da sua madeira.

Após destinar, este ano, R$ 1,8 milhões a 15 projetos em 11 estados onde ambientalistas buscam conservar ambientes costeiros e marinhos, a Fundação Boticário, com sede em Curitiba, abriu inscrições para o seu 57º edital com a temática Novas Ideias para a Conservação da Natureza.

Interessados de todo o Brasil podem inscrever trabalhos até 31 de março pelo site da instituição (www.fundacaogrupoboticario.org.br) Ao todo, serão R$ 2 milhões destinados aos projetos selecionados.

Nesta nova edição, serão selecionados projetos dentro das temáticas: ambientes marinhos; unidades de conservação de proteção integral e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs); inovações e novas tecnologias para a conservação da natureza; e espécies ameaçadas.

Os projetos inscritos devem estar vinculados a instituições sem fins lucrativos, como fundações de universidades, organizações não governamentais (ONGs) e associações. Dúvidas podem ser encaminhadas por e-mail para edital@fundacaogrupoboticario.org.br.

A Fundação Grupo Boticário foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. Desde 1991, a Fundação Grupo Boticário apoiou 1.563 iniciativas, somando um investimento de cerca de R$ 80 milhões.

Apiterapia: a picada de abelha que faz bem à saúde

Reconhecida pelo Ministério da Saúde como Terapia Integrativa em 2018, técnica existe há mais de 100 anos e usa produtos das abelhas, sendo o principal deles o veneno
 Picada de abelha pode fazer bem. É o que garantem especialistas que utilizam a apiterapia, um tipo de terapia natural que usa como base do tratamento as toxinas liberadas na picada de abelha e tem substâncias analgésicas e anti-inflamatórias.
A técnica existe há mais de 100 anos, mas só agora foi reconhecida como tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, a apiterapia passa a integrar as 19 terapias alternativas adotadas pelo Ministério da Saúde.
Do total, 19 datam de 2006 e, dez, de 2018. Vale lembrar que o Ministério da Saúde aponta evidências científicas que têm mostrado os benefícios do tratamento integrado entre medicina convencional e práticas integrativas e complementares.
Entre os principais benefícios desta terapia, o baixo custo, assertividade e  resultado, além do equilíbrio ecológico e respeito à natureza.
De acordo com Lilian Rosana dos Santos Moraes, coordenadora do curso de Terapias Integrativas da Unicesumar, dentro dos tratamentos desta técnica é verificado o fortalecimento e equilíbrio do sistema imunológico.
“A apiterapia tem como objetivo estimular o organismo a produzir substâncias de defesa para fortalecer o sistema Imunológico, orientando-o a superar suas próprias barreiras de defesa, por meio de uma estimulação apropriada”.
Embora muitos ainda desconheçam a terapia das abelhas, a tendência é que a procura aumente, especialmente no tratamento de dores crônicas e inflamações.
Vale lembrar que a apiterapia pretende proporcionar ao médico e ao apiterapeuta um número maior de ferramentas, que venham a completar e ampliar o programa terapêutico do paciente. “A base do trabalho da apiterapia vale-se de vários produtos das abelhas, sendo o principal deles o veneno”, afirma a professora.
Mas como o veneno pode ser benéfico? Basta saber que um dos componentes do veneno, a Melitina, é 200 vezes superior ao mais potente corticoide sintético, e a Apamina inibe a destruição da Mielina, responsável pelas relações entre as células nervosas.
E segundo a coordenadora, o maior poder de \piterapia reside na mistura de vários produtos e na exploração sinérgica entre eles.
A terapia utiliza produtos naturais, uma forma de Medicina Verde das mais antigas na história da humanidade. “Para se ter uma ideia, é mais antiga que qualquer medicamento industrial. Como um medicamento verde, a apiterapia harmoniza a pessoa em primeiro plano, e então, a enfermidade”, completa Lilian Moraes.

PET-VET : um mercado de R$ 20 bilhões por ano no Brasil

 Quase 500 pessoas se inscreveram no workshop “O Novo Cenário Nacional do Mercado Vet e Pet”  promovidopela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, na semana passada.

Organizado pelos professores Pérsio Talarico e Antônio Jesus Cosenza, o evento apresentou o panorama de um mercado que cresce vertiginosamente no Brasil e que carece de formação acadêmica de excelência para as lideranças do setor.

O workshop gratuito trouxe duas das principais referências do segmento no país: José Carlos Rapacci, presidente da Mars Petcare Brasil, empresa detentora de marcas como Pedigree, Royal Canin, Optimum e Whiskas, e Sergio Zimerman, presidente do Grupo Petz, rede com mais de 80 petshops espalhados pelo Brasil.

O diretor de Educação Executiva da FGV, Paulo Mattos de Lemos, fez a abertura do evento, destacando a importância de a instituição mais uma vez liderar a iniciativa de integrar um novo segmento à área acadêmica.

Mercado em expansão

Com mais de R$ 20 bilhões movimentados pelo setor, o Brasil fechou 2018 como o segundo maior mercado pet do mundo, superando o Reino Unido e ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Estima-se, ainda, que a população de cachorros e gatos de estimação deve subir de 80 milhões para 89 milhões até 2023, o que evidencia o potencial de crescimento do mercado.

“Essa população cresce de forma muito acelerada. Cada vez mais pessoas estão percebendo os aspectos positivos de ter um animal de estimação dentro de casa”, apontou José Carlos Rapacci, presidente da Mars Petcare.

Apesar das oportunidades que o setor deve proporcionar nos próximos anos, Rapacci também fez um alerta para os cuidados necessários em um mercado que ele denomina como fantástico e com enorme potencial, mas extremamente complexo.

“Os stakeholders são veterinários, donos de petshops, grandes e pequenos varejistas, balconistas, criadores, tutores… tem muita gente envolvida.

Além disso, são várias espécies de pets, de diferentes portes e costumes. Quem não aprender a lidar com todas essas variáveis terá muita dificuldade no mercado”, concluiu.

Cesta básica para PETs

O mercado PET poderia crescer mais, segundo os empresários, se não fosse tão alta a informalidade e, principalmente a alta carga tributária, o que explica porque o mercado brasileiro, embora seja o segundo maior do mundo, ainda seja tão inferior ao americano.

“A carga tributária é um fator que impede que o mercado se desenvolva mais. Quando comparamos com o mercado americano, por exemplo, existe uma enorme desproporcionalidade”, explicou Sergio Zimerman, presidente do Grupo Petz.

“Os governos precisam entender que pet é essencial. Pet food deveria ter o tratamento que a cesta básica tem. Falta sensibilizar políticos para que eles percebam essa nova realidade”, enfatizou o executivo, eleito empresário do ano de 2018 pela Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).

Novo curso para qualificação permanente

O evento também apresentou aos participantes o novo curso oferecido pela FGV, “Pet Market – Gestão do Negócio PET”, que se propõe a capacitar gestores, empreendedores e demais players do mercado com técnicas operacionais e mercadológicas.

“Percebemos uma ineficiência do mercado em termos de gestão de pessoas, de processos e performance, e chegamos ao entendimento de que podemos trazer conteúdo para complementar as áreas de pet e vet, sobretudo em assuntos como marketing, trade e vendas. O setor precisa se modernizar e fazer frente aos novos hábitos dos consumidores”, explicou Pérsio Talarico, um dos coordenadores do curso.

Com carga horária de 20 horas/aula, a primeira turma terá início no dia 30 de março, na unidade FGV Itapeva, localizada na Rua Itapeva, 432 – Bela Vista. O site da entidade contém mais detalhes sobre conteúdo programático e valor do investimento.

Curso à distância oferece pós-graduação em gestão de igrejas

Aumento de instituições religiosas incentiva criação de novo curso
Conhecido por sua diversidade religiosa, o Brasil está passando por um aumento no número de igrejas.
De acordo com levantamento do jornal O Globo junto à Receita Federal, 67.951 entidades se registraram sob a rubrica “organizações religiosas ou filosóficas” entre janeiro de 2010 e fevereiro de 2017, uma média de uma por hora.
Motivado por esse aumento, o Centro Universitário Internacional Uninter inaugura a pós-graduação em Gestão de Igrejas e Instituições Sociais.
“Embora a gestão de igrejas tenha muitos pontos em comum com a gestão empresarial, instituições religiosas têm suas especificidades e precisam de profissionais especializados”, explica Patrícia Carla Ferreira, professora e coordenadora do curso.
Logo, além de disciplinas tradicionais de supervisão, gerência e direção, os estudantes contarão com matérias específicas, como gestão financeira e legislação aplicadas às igrejas e instituições sociais. O curso visa religiosos, teólogos e gestores.
“Igrejas e instituições sociais têm objetivos específicos, que só serão atingidos com uma boa gestão. Por isso esse profissional se faz cada dia mais importante”, pontua a professora.
A formação é ofertada na modalidade à distância, em que as aulas são disponibilizadas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA).
Os estudantes têm acesso ao material didático digital e podem interagir com professores on-line. Também contam com a estrutura do polo de apoio presencial da Uninter mais próximo de sua casa.