Brasil: morre um Pelé, nasce outro

Elmar Bones

Pelé, o rei do futebol, nasceu na copa do mundo de 1958. Claro, ele já era um fenômeno identificado, tanto que aos 17 anos chegara à seleção brasileira. Mas foi ali, naquele jogo contra Pais de Gales que nasceu o Pelé que ele viria a ser, naquele balãozinho dentro da área e  aquele gol que a gente não cansa de rever.

Há o tempo do futebol e o tempo da política;

O Pelé da Política nasceu neste domingo, 1 de janeiro de 2023, quando Lula aos 77 anos subiu a rampa para tomar posse num terceiro mandato como presidente do Brasil.

Sim, há muito se sabe que o Lula é um craque, mas no simbolismo desta posse, consolidou-se uma liderança que estará em qualquer seleção da política mundial.

Todos estão fugindo da analogia de Lula com Getúlio Vargas, talvez pelo desfecho trágico da trajetória de Vargas. Mas ela é inevitável.

Getúlio teve três mandatos: como líder revolucionário em 1930, como ditador em 1937. Como era um homem da elite agrária, ele não foi preso ao ser derrubado em 1945, recolheu-se a sua  estância em São Borja.

Sua volta cinco anos depois foi um fenômeno. Mesmo aqueles que ele encarcerou, como Luis Carlos Prestes, do Partido Comunista estavam no seu palanque.

Quando surgiram as primeiras notícias de que lideranças políticas o estavam procurando para que fosse candidato,  seus inimigos, vocalizados por Carlos Lacerda, lançaram a sentença: “Não pode ser candidato, se for candidato não pode ganhar, se ganhar não pode governar…”

Vargas foi candidato, venceu a eleição, tomou posse, mas não cumpriu o seu mandato.

Essa mesma sentença está colocada sobre a cabeça de  Luiz Inácio Lula da Silva, pelas forças que levaram Vargas ao suicídio.

A diferença está em que Lula chega ao terceiro mandato pelo voto popular, sem precedentes na história republicana.

E mais: sua vitória ficou maior depois da contagem de votos, como foi demonstrado pelo simbolismo da posse neste domingo.

O Brasil democrático pode perder esse jogo, claro. Mas ele tem um Pelé em campo.

 

 

 

Um comentário em “Brasil: morre um Pelé, nasce outro”

  1. Não vejo como comparar os dois senhores. Pelé nunca esteve envolvido em tramóias como o mensalão, o petrolão, etc. Nunca foi preso por aceitar agrados de empreiteiras e “otras cositas mas”. Por certo perdeste o bom senso acreditando que o citado criminoso condenado em três instâncias por 9 juízes diferentes, levará o Brasil ao crescimento e não ao abismo.

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