Tarifa alta e crise no transporte desafiam candidaturas em Porto Alegre

Capital com a mais alta tarifa de transporte público (R$ 4,70), Porto Alegre ainda enfrentar a queda do número de passageiros. Foto Maria Ana Krack/PMPA

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Porto Alegre tem a mais alta tarifa de transporte público entre capitais (R$ 4,70), a cidade enfrenta o desafio de reorganizar o transporte público e atrair os usuários perdidos.

Todos os cinco candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para a prefeitura da cidade apresentam ideias e propostas para driblar a crise, melhorar a qualidade e reduzir o preço dos serviços.

Os programas de José Fortunati (PTB), Juliana Brizola (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Sebastião Melo (MDB) abordam, de forma mais ou menos extensa, esse problema, agravado especialmente após a chegada da pandemia. As informações disponíveis nos programas registrados no TSE foram a base para a avaliação das propostas para a capital gaúcha.

De forma geral, as propostas de Manuela D’Ávila (PCdoB) e Nelson Marchezan Jr.(PSDB) apresentam visões mais avançadas da mobilidade urbana não motorizada, com planos para estimular o uso da bicicleta e da caminhada, embora nenhum dos dois programas apresente metas objetivas – numéricas – de ciclovias, calçadas, ou para a expansão e melhoria do transporte público.

O programa de Manuela D’Ávila (PCdoB) defende a criação de um Fundo Municipal de Mobilidade, que seria alimentado por multas e taxas de estacionamento nas ruas da cidade.

A candidata também defende a retomada de controle da Câmara de Compensação Tarifária (CCT) pela Prefeitura e a construção de um novo modelo para gestão do transporte público na cidade. Cita a criação de um “cartão-mobilidade” e a busca de recursos para implantação de VLTs e BRTs.

O texto pede a revisão do Plano de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, com a realização de uma pesquisa origem-destino e a retomada do Plano Diretor de Arborização Urbana, ação que pode beneficiar a circulação a pé na cidade. Aliás, o programa cita explicitamente a valorização da mobilidade a pé, com uma proposta para a renovação das calçadas na capital gaúcha, mas sem estabelecer metas ou locais para essa ação.

Ainda na área de mobilidade ativa, a candidatura promete executar o Plano Cicloviário da cidade e sugere parceria com a iniciativa privada para acolher ciclistas nas lojas, shoppings e edifícios de escritórios.

O programa do prefeito atual, Nelson Marchezan Júnior, cita também ciclistas e pedestres, dentro do conceito de construir uma “cidade para pessoas”, mas sem definir metas claras.

Curiosamente, o programa de Marchezan não discute formas para mudar a gestão do transporte público, embora sua gestão à frente da Prefeitura de Porto Alegre tenha elaborado um projeto para rever todo o sistema de ônibus da cidade, ainda em análise pela Câmara Municipal.

O texto do programa defende a priorização do transporte público, com a ampliação das faixas exclusivas para dar maior fluidez aos ônibus, além da aplicação de mais tecnologia no sistema de transporte, com a colocação de avisos digitais em novos abrigos de ônibus, que aliás já estão em contratação pela prefeitura. Defende, ainda, a integração do transporte de Porto Alegre com o sistema de transporte metropolitano.

A candidatura de José Fortunati sugere o estabelecimento de um “pacto para socorrer o transporte público”, além da reativação de projetos de BRTs e a busca de financiamentos para novos modos de transportes, como linhas de VLTs.

Sebastião Mello fala em “enfrentar a crise no transporte público com uma nova gestão do setor: mudanças nas linhas, horários alternados, subsídio, privatização, saneamento financeiro, fusões e aquisições de empresas”.

E Juliana Brizola passa ao largo da crise no transporte, mas é a única candidata a propor “obras viárias, dentro de um amplo plano de obras públicas”. Cita, também, a possibilidade de estudar a implantação de sistema de trens urbanos. Outro ponto importante no programa é a criação de redes de transporte inteligente, com o uso intensivo de tecnologia nos sistemas de transporte público.

Todos os programas apontam o transporte hidroviário – no Guaíba – como uma opção a ser estudada pela gestão municipal, mas não oferecem detalhes sobre como desenvolver essa modalidade de transporte.
Outro aspecto comum a todas as propostas envolve a dinamização de algumas áreas da região central de Porto Alegre, como o Quarto Distrito, permitindo a criação de habitação e empregos nessas áreas, o que pode contribuir para melhorar a mobilidade em toda a cidade.

Por fim, a constatação de que nenhum dos programas trata explicitamente de políticas para a redução de acidentes e mortes no trânsito. Há apenas algumas citações de medidas de estímulo à mobilidade a pé e de melhorias na sinalização que apontariam para esse ponto frágil nas gestões de mobilidade em todo o país.

Do site Mobilize

 

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