Fechamento pode causar mais 12 mil demissões em bares e restaurantes de Porto Alegre

Crise pode fechar definitavmente 50% dos bares e restaurantes na cidade.

Está valendo, a partir desta quinta-feira, 25/06, o novo decreto de Porto Alegre que restringe o funcionamento de bares e restaurantes ao sistema de pega e leve ou telentrega.

A medida foi adotada para frear a circulação de pessoas e diminuir o impacto do Covid-19 no sistema de saúde.

Com isso, o setor pode registrar entre 10 a 12 mil novas demissões, estima a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes-RS (Abrasel-RS).

“Era o que temíamos. Nosso setor está vivendo um cenário de incertezas quanto à continuidade dos negócios. Com o retrocesso ao decreto de março, só piora a situação”, lamenta Maria Fernanda Tartoni, presidente da Abrasel no RS.

Desde o começo da pandemia outras 13 mil demissões já ocorreram, apontou uma pesquisa da Abrasel-RS realizada com seus associados no início de junho.

A entidade aponta que em torno de 50% dos associados podem fechar as portas definitivamente.

Outra preocupação é com estabelecimentos que já tinham reposto os seus estoques e agora podem ter mais prejuízos.

“Fizemos de tudo para manter os clientes em segurança, mas estamos proibidos de fazer atendimento. Ir a um restaurante era mais seguro do que ir em uma praça e ou parque, onde tem aglomeração e não usam máscaras”, diz Maria Tartoni.

O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre (Sindha), Henry Chmelnitsky, também critica as restrições do novo decreto municipal. “É algo que nos deixa sem saída, muitos negócios não resistirão e vão fechar permanentemente. Estávamos preparados, treinados e com todos os processos seguros em dia. Voltar ao delivery e take away é preocupante. Esse efeito ‘abre e fecha’ vai deixar reflexos muito duros”, avalia.

O Sindha diz que na última reabertura cerca de 40% dos comerciantes não tinham conseguido voltar e que menos de 12% dos empresários conseguiram financiamentos.

Em mais de 80% dos estabelecimentos já houve alguma suspensão do contrato ou decretação de férias, e em metade ocorreram demissões. Porto Alegre possui cerca de 50 mil trabalhadores na área.

Um exemplo de restaurante que não conseguiu manter os funcionários nessa época de pandemia é a tradicional Lancheria do Parque, no bairro Bom Fim. Ao todo 20 funcionários foram mandados embora. Foi a solução pra que eles recebessem Fundo de Garantia e seguro-desemprego.

A lancheria pretende voltar, mas só após o fim da pandemia, o sistema de telentrega ou pega e leva é inviável no local. E não se sabe se todos os funcionários demitidos poderão ser recontratados.

Agora, com a prorrogação da MP 936, que permite redução de jornada e salários, ou suspensão do contrato de trabalho por 60 dias, espera-se garantir alguma manutenção dos trabalhadores.

Somente em maio o Rio Grande do Sul registrou 66,8 mil pedidos de seguro-desemprego, um recorde. Em relação ao mês de maio de 2019, houve crescimento de 53% nas solicitações.

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