COP30 começa com muita expectativa mas ainda longe da meta para conter aquecimento global

Até agora, pouco mais de 100 países enviaram suas novas metas para 2035. Mas a maioria ainda está longe do necessário para conter o aquecimento global. Apenas dois – China e Nova Zelândia – têm planos compatíveis com o limite de 1,5°C, e quase 90 países sequer apresentaram novos compromissos.

No domingo, véspera do início oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, divulgou sua décima e última carta à comunidade internacional, chamando os países para “um ciclo de ação” no enfrentamento da crise climática global. “Estamos concluindo um ciclo de palavras, para que o mundo abra um ciclo de ação”, disse o embaixador, que é o “presidente designado” da conferência.

Na carta, ele relembrou a trajetória de discussões sobre a crise climática, iniciadas com a ECO-92, no Rio de Janeiro. “Em Belém, honraremos essa continuidade: a capacidade de nossa espécie de cooperar, renovar-se e agir em conjunto diante da incerteza”, escreveu

Corrêa do Lago fez um resumo das cartas anteriores, nas quais foram delineadas as prioridades centrais para a COP30: reforçar o multilateralismo e o regime climático; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris.

Na carta, o embaixador conclamou as nações e os diversos atores a estarem “conscientes do privilégio e da oportunidade de transformar as negociações de um fórum de debate adversarial em um laboratório de soluções” — um mutirão global pelo progresso compartilhado”, acrescentou.

Nesta segunda-feira (10), tem início as negociações da COP 30, que girarão em torno das definições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As NDCs são metas de mitigação, ou seja, compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa.

O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões até 2035, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia.

Até o momento 79 países já divulgaram suas NDCs. Eles são responsáveis por 64% das emissões. Os 118 restantes, são responsáveis por 36%. A expectativa é que a agenda de mitigação da crise climática avance com ações mais concretas de financiamento dos países em desenvolvimento.

COP30 começa com muita expectativa mas ainda longe da meta para conter aquecimento global

Até agora, pouco mais de 100 países enviaram suas novas metas para 2035. Mas a maioria ainda está longe do necessário para conter o aquecimento global. Apenas dois – China e Nova Zelândia – têm planos compatíveis com o limite de 1,5°C, e quase 90 países sequer apresentaram novos compromissos.

No domingo, véspera do início oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, divulgou sua décima e última carta à comunidade internacional, chamando os países para “um ciclo de ação” no enfrentamento da crise climática global. “Estamos concluindo um ciclo de palavras, para que o mundo abra um ciclo de ação”, disse o embaixador, que é o “presidente designado” da conferência.

Na carta, ele relembrou a trajetória de discussões sobre a crise climática, iniciadas com a ECO-92, no Rio de Janeiro. “Em Belém, honraremos essa continuidade: a capacidade de nossa espécie de cooperar, renovar-se e agir em conjunto diante da incerteza”, escreveu

Corrêa do Lago fez um resumo das cartas anteriores, nas quais foram delineadas as prioridades centrais para a COP30: reforçar o multilateralismo e o regime climático; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris.

Na carta, o embaixador conclamou as nações e os diversos atores a estarem “conscientes do privilégio e da oportunidade de transformar as negociações de um fórum de debate adversarial em um laboratório de soluções” — um mutirão global pelo progresso compartilhado”, acrescentou.

Nesta segunda-feira (10), tem início as negociações da COP 30, que girarão em torno das definições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As NDCs são metas de mitigação, ou seja, compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa.

O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões até 2035, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia.

Até o momento 79 países já divulgaram suas NDCs. Eles são responsáveis por 64% das emissões. Os 118 restantes, são responsáveis por 36%. A expectativa é que a agenda de mitigação da crise climática avance com ações mais concretas de financiamento dos países em desenvolvimento.

COP30 começa com muita expectativa mas ainda longe da meta para conter aquecimento global

Até agora, pouco mais de 100 países enviaram suas novas metas para 2035. Mas a maioria ainda está longe do necessário para conter o aquecimento global. Apenas dois – China e Nova Zelândia – têm planos compatíveis com o limite de 1,5°C, e quase 90 países sequer apresentaram novos compromissos.

No domingo, véspera do início oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Corrêa do Lago, divulgou sua décima e última carta à comunidade internacional, chamando os países para “um ciclo de ação” no enfrentamento da crise climática global. “Estamos concluindo um ciclo de palavras, para que o mundo abra um ciclo de ação”, disse o embaixador, que é o “presidente designado” da conferência.

Na carta, ele relembrou a trajetória de discussões sobre a crise climática, iniciadas com a ECO-92, no Rio de Janeiro. “Em Belém, honraremos essa continuidade: a capacidade de nossa espécie de cooperar, renovar-se e agir em conjunto diante da incerteza”, escreveu

Corrêa do Lago fez um resumo das cartas anteriores, nas quais foram delineadas as prioridades centrais para a COP30: reforçar o multilateralismo e o regime climático; conectar o regime climático à vida real das pessoas e à economia real; e acelerar a implementação do Acordo de Paris.

Na carta, o embaixador conclamou as nações e os diversos atores a estarem “conscientes do privilégio e da oportunidade de transformar as negociações de um fórum de debate adversarial em um laboratório de soluções” — um mutirão global pelo progresso compartilhado”, acrescentou.

Nesta segunda-feira (10), tem início as negociações da COP 30, que girarão em torno das definições das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês). As NDCs são metas de mitigação, ou seja, compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa.

O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões até 2035, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia.

Até o momento 79 países já divulgaram suas NDCs. Eles são responsáveis por 64% das emissões. Os 118 restantes, são responsáveis por 36%. A expectativa é que a agenda de mitigação da crise climática avance com ações mais concretas de financiamento dos países em desenvolvimento.

Professora da UFRGS vai ser a voz do pampa na COP 30 em Belém

Márcia Turcato

Tatiana Mora Kuplich, tecnologista da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, é a mulher que vai falar sobre o bioma Pampa em evento no âmbito da COP 30, a conferência internacional sobre mudanças climáticas, em Belém, de 10 a 21 de novembro.

A fala de Tatiana, “Mudanças Climáticas e a Resiliência dos Biomas”, será no dia 12 de novembro, no Museu Emílio Goeldi, a convite do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Graduada em Biologia pela UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutora e professora da UFRGS na pós graduação em Sensoriamento Remoto, Tatiana acumula conhecimento sobre o Pampa gaúcho, que tem uma área total de 194 mil km quadrados. No Pampa vive uma população de 6 milhões de pessoas e a perda da vegetação nativa já chega a 60%.

O pampa ocupa 69% da área do Rio Grande do Sul e apenas 2,3% do Brasil. No entanto, concentra 9% da biodiversidade do país, abrigando 12.500 espécies da fauna, da flora, bactérias e fungos. Deste total, 622 espécies estão criticamente ameaçadas de extinção.

As monoculturas são responsáveis pela supressão do campo nativo, como as lavouras de soja de arroz e a silvicultura, a de eucalipto para uso na construção civil, por exemplo. “Mesmo assim”, explica Tatiana, “o Pampa consegue manter suas características”.

A Lei nº 14.876, sancionada em 2024 pelo governo federal, retirou a silvicultura da lista de atividades de risco ambiental. Desse modo, a área utilizada para plantar eucalipto, ou outra vegetação exótica, não precisa passar por estudo de impacto ambiental nem por licenciamento, ampliando a vulnerabilidade do bioma.

Um fato alarmante e que ilustra o alerta da especialista, é que a partir do cruzamento dos dados da supressão de vegetação nativa detectado pelo sistema Prodes/INPE no bioma Pampa, entre 2018 e 2022, e as bases de dados emitidas pelos órgãos ambientais na esfera estadual e pelo Ibama, federal, observa-se que 94% da perda da vegetação do bioma  ocorreu sem autorização do órgão ambiental responsável. Esses dados indicam que o Pampa seja, possivelmente, o bioma brasileiro mais ameaçado na atualidade. Apesar do cenário sinistro, o objetivo do governo federal é alcançar a meta de desmatamento zero até 2030, conforme estabelece o Decreto Federal Nº 11.367 de 01 janeiro de 2023.

“As áreas agrícolas são mal manejadas, os rios são assoreados”, diz Tatiana. E explica: “se houvesse preservação, a inundação no Rio Grande do Sul não teria acontecido na proporção que vimos em 2024. Além disso, o bioma armazena gás carbônico no solo, que é um processo conhecido como sequestro de carbono, melhora a fertilidade e estrutura do solo, criando um ambiente mais resiliente e sustentável”. E conclui: “o cenário atual mostra que não estamos cuidando do Pampa, precisamos de mais unidades de conservação e de maior fiscalização”.

Unidades de conservação

Em parte, a supressão da vegetação nativa do Pampa pode ser explicada pelo fato do Rio Grande do Sul ter apenas 49 Unidades de Conservação (UCs), elas integram o Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), que abrange UCs federais, estaduais, municipais e particulares do bioma Pampa. Esta é a região brasileira com a menor cobertura por UCs, protegendo apenas 3,03% de sua área. Vulnerável, o Pampa fica exposto a eventuais fraudes, como a declaração de Área Rural Consolidada, que dispensa a preservação de 20% da vegetação nativa, como determina a legislação.

Em 2023 a supressão de vegetação nativa do bioma Pampa foi de 654,58 km quadrados, o equivalente a 65.400 campos de futebol, conforme mostra mapeamento feito pelo INPE. No acumulado de 2001 a 2023, a supressão foi de 114.164,65 km quadrados, ou 11,4 milhões de campos de futebol. O Pampa tem 11 sistemas ecológicos identificados: campo arbustivo, campo com areias, campo de barba-de-bode, campo de espirilos, campo de solos rasos, campo graminoso, campo litorâneo, sub-montano atlântico, floresta de araucária, floresta subtropical costeira e floresta subtropical interior.

O bioma Pampa existe há dezenas de milhares de anos, é típico do Rio Grande do Sul, e se estende ao Uruguai e também à Argentina. “É um bioma que convive muito bem com o pastejo do gado. Na região há propriedades rurais familiares com criação de gado, e isso é típico, o modo de vida de centenas de pessoas não prejudica o bioma”,  diz Tatiana, e explica: “este modo de vida pampeano precisa ser olhado com cuidado e ser respeitado. O Pampa não pode ser uma área fragmentada, tem de ser contínua. O campo funciona como um sistema de proteção”.

Carta do Pampa

A pecuarista Vera Colares atua na defesa da produção familiar, sustentável e harmônica com a natureza. Ela promove a valorização dos produtos locais e busca inserir os pequenos pecuaristas nas políticas públicas, estimulando o modo de vida tradicional e a importância da atividade para a conservação dos campos nativos.

Assim como a irmã, Márcia, Vera é uma referência no Sul do Brasil quando se fala em Pampa. Márcia é a coordenadora da União Pela Preservação do Rio Camaquã (UPP Camaquã) e Vera é a presidenta da Associação para Grandeza e União de Palmas (Agrupa).
Vera Colares defende a pecuária como atividade compatível com a conservação do bioma Pampa, onde os animais pastam livremente em campos nativos, prática apoiada pelos especialistas do bioma, porque o pastejo é uma atividade natural do Pampa, praticada há milhares de anos, como confirmaram pesquisas feitas a partir da análise do solo de áreas de  turfas, que armazena material em decomposição, além de fixar gás carbônico.

As irmãs Colares participaram ativamente do 13º Fórum Internacional de Meio Ambiente-FIMA promovido pela Associação Rio-grandense de Imprensa (ARI) em Porto Alegre, em março. O evento encerrou com a divulgação de uma carta em defesa do bioma. Foram dois dias de debates com a participação de pesquisadores, técnicos, ONGs, empresários, políticos, jornalistas e moradores da região, que trouxeram propostas convergentes sobre como realizar a preservação do bioma.
A Carta em Defesa do Pampa pede que o Poder Público, em todas as esferas,  trabalhe proativamente para manter a integridade do Bioma Pampa, promova a pecuária extensiva, preferencialmente orgânica, ouvindo a sociedade civil, que é partícipe essencial para  qualquer transformação social que promova o bem-estar coletivo em bases ecológicas e permanentes. Íntegra da carta aqui https://fima.org.br/?p=1397

O evento contou ainda com a participação do cineasta Rogério Atama Rodrigues, da Atama Filmes, diretor do documentário Sobreviventes do Pampa (https://www.youtube.com/watch?v=o-hsP0IJwV8) filme com 35 depoimentos.

Protagonizado por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, quilombolas e indígenas, o longa entrevista esses moradores, apresentando os laços íntimos e a conexão profunda construída no território. Logo na abertura do filme, o narrador explica que a palavra Pampa tem dois sentidos. Quando se fala sobre a terra, é a Pampa, quando se fala do povo e das atividades praticadas no bioma é o Pampa. E, talvez por ser “uma terra feminina, seja tão agredida e violentada,  numa sociedade machista como é a nossa”.

Por meio dos relatos em Sobreviventes do Pampa, é visível a urgência da preservação do bioma e a importância da fauna e da flora local. O filme é um documentário que fortalece a importância das ações de conservação de um ecossistema importante para o equilíbrio ecológico da região.

 

Filha de Trump anuncia resort para super ricos em uma ilha da Albânia

Ivanka Trump e seu marido Jared Kushner anunciaram um ambicioso projeto hoteleiro em uma antiga ilha militar na Albânia.

Um investimento de mais de US$ 1 bilhão está levantando uma série de preocupações ambientais, segundo Le Monde
Com uma fortuna conjunta estimada em US$ 7,1 bilhões pela Forbes em 2024, Ivanka,  filha do presidente americano, – e seu marido Jared Kushner acabam de adquirir uma ilha chamada Sazan. É um território albanês de 560 hectares localizado entre os mares Adriático e Jônico. O casal planeja construir um complexo hoteleiro ultraluxuoso reservado a uma clientela seleta. Um antigo local militar, ainda hoje sob o controle das forças armadas albanesas, a ilha poderia, portanto, passar por uma transformação espetacular.

Um projeto faraônico estimado em US$ 1,4 bilhão , já aprovado preliminarmente pelo governo albanês.

Há críticas, porém.  A Ilha de Sazan faz parte do Parque Marítimo Nacional Karaburun-Sazan, uma área protegida por lei. Como tal, qualquer atividade num raio de dois quilómetros da sua costa deve preservar a biodiversidade local.

Um dos críticos é Olsi Nika, biólogo marinho e diretor da ONG EcoAlbania. “Qual será o impacto das grandes obras públicas, da construção de docas, do tráfego de iates e do escoamento de águas residuais neste local? “, pergunta ele em entrevista ao Guardian .

Jared Kushner minimizou: ” Todos estão imaginando o pior . Mas, quando virem nossos planos, nossa lealdade e nosso respeito pelo meio ambiente , acho que as pessoas ficarão encantadas “.

Embora o acesso à ilha pareça claramente reservado a uma clientela muito rica , o casal ainda planeja abrir certas áreas ao público. “Estamos criando um produto de luxo de altíssima qualidade. Mas também acho que podemos desenvolver certos aspectos da ilha para permitir que os visitantes venham e desfrutem de sua gastronomia e de suas trilhas “, completa Kushner.

Já apelidada de “Ilha Trump” pelos albaneses, Sazan pode muito bem se tornar um novo símbolo da expansão imobiliária internacional da família Trump. E isso provavelmente é apenas o começo: segundo o The Guardian, Jared Kushner também está interessado no antigo prédio do Ministério da Defesa em Belgrado, Sérvia, com a intenção de convertê-lo em um hotel de luxo.

(Com informações do Le Monde e The Guardian) 

Aldeia Mbyá Guarani de Porto Alegre faz seu primeiro Carijo tradicional

A Teko’a Anhetenguá (Aldeia da Verdade, Verdadeira), em Porto Alegre (RS), viveu um momento histórico ao realizar seu primeiro Carijo/Karijo (produção artesanal de chimarrão). A iniciativa, que revitaliza saberes e fortalece a identidade cultural da comunidade Mbyá Guarani, integra o Projeto Ar, Água e Terra, realizado pelo Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (IECAM), com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

O primeiro Carijo protagonizado pelos moradores da aldeia da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre,  foi um evento de união e aprendizado. Todas as etapas seguiram a forma tradicional indígena.

As fases de colheita e preparação da erva-mate contaram com a participação do cacique Ramon e sua esposa Janaína, da Teko’a Yvyty Porã (Aldeia Serra Bonita), na Barra do Ouro, em Maquiné (RS). O casal desceu a Serra para compartilhar seus saberes tradicionais com a comunidade da Teko’a Anhetenguá.

Técnica de produção da erva-mate que requer tempo e dedicação, o Carijo inclui a coleta e seleção de ramos, passando pela “sapecagem” (ramos chamuscados no fogo um a um, manualmente), secagem sob um braseiro acima do fogo de chão, e a separação das folhas, até a moagem em pilão.

Importante para a autonomia e sustentabilidade dos Mbyá Guarani da Teko’a Anhetenguá, o trabalho se destacou por sua abordagem participativa, contando com a colaboração de indígenas e não indígenas da equipe do projeto, como biólogos e agrônomos.

O evento ocorreu em um dia de sol e céu limpo, o que realçou a simbologia do Carijo, uma vez que, para os Guarani, a ka’a/ ca’a/ caá (erva-mate) é um “presente” de Tupã, simbolizando a conexão com a Mãe Terra, o fortalecimento da energia, do espírito e do corpo.

Embora o chimarrão seja um elemento tradicional da cultura Guarani muito antes da chegada dos europeus à América do Sul, esta é a primeira vez que esta aldeia utiliza sua própria produção.

Para os Guarani, esse ritual é um elo com a Mãe Terra, reforçando a união e a energia vital da comunidade, não somente na roda de conversa, mas também com diversos usos tradicionais medicinais e em cerimônias. O costume, considerado sagrado pelos indígenas, foi observado e difundido pelos espanhóis e portugueses nos séculos XVI e XVII, principalmente pelos missionários jesuítas, no Vice-Reino do Rio da Prata, onde ampliaram o cultivo da erva-mate, tornando-se um dos símbolos do gaúcho e do Rio Grande do Sul.

Nos últimos anos, o IECAM tem intensificado seu trabalho junto a comunidades Guarani do Rio Grande do Sul, desenvolvendo projetos em parceria com instituições de renome como UNESCO, PNUD e IPHAN. O resultado mais recente e abrangente dessa jornada é o Projeto Ar, Água e Terra, que alcança mais de três mil hectares nos biomas Pampa e Mata Atlântica, conectando aldeias indígenas em dez municípios do Estado.

As ações são construídas para atender às necessidades locais e características ambientais de cada aldeia, priorizando a segurança alimentar. Para alcançar esses objetivos, a iniciativa promove atividades práticas como a coleta e o intercâmbio de sementes e mudas, a construção de viveiros e o viveirismo, a educação ambiental, o etnomapeamento e a reconversão produtiva. A finalidade principal é a gestão sustentável dos territórios indígenas.

O Instituto de Estudos Culturais e Ambientais (IECAM) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 1991, no Rio de Janeiro, por ambientalistas envolvidos na histórica conferência Rio 92 (Eco 92). Desde 2011, o Instituto tem sua sede em Porto Alegre (RS), onde conduz ações voltadas à pesquisa e ao desenvolvimento de iniciativas socioambientais sustentáveis. Seu trabalho tem como base a valorização da biodiversidade e a revitalização dos saberes tradicionais.

No Rio Grande do Sul, o IECAM atua em parceria com as comunidades Guarani desde 1994, promovendo uma aproximação contínua e respeitosa. Ao longo dessas décadas, construiu relações sólidas com diversas aldeias, realizando projetos, pesquisas e ações colaborativas. Sua atuação também inclui a participação ativa em seminários, conselhos e audiências públicas, fortalecendo o diálogo entre os povos indígenas e a sociedade em geral.

Projeto Ar, Água e Terra

O Projeto Ar, Água e Terra nasceu a partir de uma seleção pública do Programa Petrobras Socioambiental em 2010, iniciando suas atividades em 2012. Desde então, tem se consolidado como uma referência em etnodesenvolvimento, recuperação e conservação ambiental no sul do país.

Com foco na abordagem etnoambiental, a iniciativa atende às principais demandas das comunidades Guarani, como a segurança alimentar através das kokué (roças guarani) e agroflorestas com espécies de uso tradicional guarani. Sua metodologia é construída de forma participativa, valorizando a troca de saberes, técnicas e práticas entre indígenas e não indígenas. Os próprios Guarani atuam como protagonistas e coexecutores das ações, apresentando suas necessidades e contribuindo, em cada etapa do processo, com soluções e caminhos alinhados a seus modos de vida e à preservação ambiental.

Unindo tradição, ciência e sustentabilidade, o Projeto Ar, Água e Terra é mais do que um conjunto de ações socioambientais — é um espaço de respeito, aprendizado e construção conjunta. Uma iniciativa que enxerga nos povos indígenas não apenas beneficiários, mas guardiões da floresta, do conhecimento e da vida.

(Com informações da Assessoria de Imprensa)

 

IBGE lança plano piloto para mapear as áreas verdes das cidades brasileiras

Uma proposta inédita para mapear áreas verdes urbanas no Brasil foi apresentada nesta segunda-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Guarulhos (SP) e Palmas foram escolhidos como áreas-teste por serem regionalmente diferentes, tanto em termos de formação das cidades como de clima e vegetação.

Segundo a responsável técnica da pesquisa, Manuela Mendonça de Alvarenga, a partir deste projeto piloto, a equipe da Diretoria de Geociências do IBGE pretende avaliar proposta metodológica que seja realizada futuramente em todo o território nacional.

“Para nós é importante lançar este estudo em caráter experimental, para que possamos colocar a proposta de metodologia em discussão, testar sua aplicabilidade a diferentes contextos e, a partir de um retorno de outros pesquisadores, de gestores e de demais partes interessadas, propor algo que possa ser aplicável a todo o Brasil”, disse Manuela.
De acordo com o IBGE, a metodologia realizada nesta investigação utilizou a definição de áreas verdes urbanas do Código Florestal Brasileiro, que considera áreas públicas ou privadas de vegetação (natural ou recuperada), que têm uma destinação no planejamento urbano diferente de loteamentos e moradias.

O instituto explica que a classificação de áreas verdes seguiu a proposta do Ministério do Meio Ambiente e de Mudança do Clima, que contempla diferentes tipos, como parques, praças, canteiros.

“Para a área de mapeamento,  foi considerada uma delimitação que segue o padrão internacional da ONU-Habitat pautado em densidade demográfica e tamanho da população em áreas contínuas. Além disso, foi proposta a utilização de dados de cartografia colaborativa, que indicam a presença de áreas verdes diversas. Estes foram utilizados como insumos para identificação preliminar, cruzados com outros de imagens de satélite, que indicaram a presença de vegetação”, diz o IBGE.
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Conforme o instituto, em Guarulhos, foram identificados 7.096,37 hectares de áreas verdes urbanas, o que representa 45% das áreas urbanizadas do município, levando em conta a área de 800 metro em torno do centro urbano. Considerando as áreas verdes intraurbanas, o tamanho é reduzido para 6.036,73 hectares, e a proporção passa a ser de 38% das áreas urbanizadas da cidade.

“Com esse resultado, podemos interpretar qual é o grau do impacto que o entorno do centro urbano possui para a composição do mosaico de áreas verdes da cidade e consequentemente os serviços fornecidos à população”, explicou Manuela.
O IBGE informou que, em Palmas, o total de áreas verdes urbanas foi de 5.137 hectares, considerando a área de mapeamento com o entorno de 800 metros do centro urbano, o que representa 49,11% do total de áreas urbanizadas da cidade.

“Considerando apenas a área intraurbana, as Áreas Verdes Urbanas passam a somar 977,99 hectares, representando aproximadamente 10% da mancha urbanizada do município. A diminuição de cerca de 80% de áreas verdes entre os recortes intraurbano e periurbano se deve ao fato de que Palmas possui grandes extensões de matas ciliares de rios tributários ao Rio Tocantins que cruzam a cidade e não são consideradas áreas urbanizadas, devido à sua grande extensão sem moradias ou área construída”, afirma o instituto.
“O mapeamento foi proposto considerando a disponibilidade de insumos e a simplicidade de processamento, e, com isso, podemos chegar a um dado de qualidade para todo Brasil. Assim, a partir de uma primeira versão e de sua validação, o próprio mapeamento pode servir como entrada para treinar algoritmos de inteligência artificial, que poderão permitir uma atualização do mapeamento mais automatizada”, completa Manuela.

(Com Agência Brasil)

“Cidade lajota” toma mais um espaço da “cidade esponja”

São pouco menos de 250 metros quadrados , na extremidade do parque da Redenção na confluência com a avenida José Bonifácio.

Foi cedido a um posto de gasolina num tempo em que não havia preocupações ambientais, embora alguns “malucos” já falassem em mudanças climáticas.

Depois de décadas e de inúmeras tentativas dos movimentos ambientalistas para removar aquele corpo estranho dali, chegou-se a um acordo e a Petrobras, a última concessionária do espaço, devolveu-o à prefeitura.

Em vez de reincorporá-lo ao parque ou utilizá-lo para alguma atividade relacionada ao parque a prefeitura decidiu novamente concedê-lo para uma atividade comercial.

Resultado: está recebendo uma base de lajotas, para a instalação de contêiners de fast food. É um pequeno terreno triangular num extremo da área, mas a impermeabilização de um espaço do parque da Redenção tem uma conotação simbólica, numa cidade como Porto Alegre, onde o que se recomenda é o conceito da cidade-esponja.

Grupo técnico tem 180 dias para estudar viabilidade do GPS brasileiro

Um grupo de especialistas vai estudar a viabilidade de o Brasil desenvolver seu próprio sistema de geolocalização por satélite, um empreendimento de altíssima complexidade e custo.

O grupo é formado por representantes de ministérios, da Aeronáutica, de agências e institutos federais e da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil.

Sua tarefa inicial é fazer um diagnostico das eventuais consequências do país depender de sistemas de posicionamento, navegação e tempo controlados por outras nações.

O grupo foi criado no início deste mês, por meio da Resolução nº 33, do Comitê de Desenvolvimento do Programa Espacial Brasileiro.

Assinada pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Marcos Antonio Amaro dos Santos, a resolução estabelece um prazo de 180 dias, contados a partir de 14 de julho, para que o grupo entregue ao ministro um relatório com suas conclusões e sugestões.

“O grupo ainda está se organizando”, explicou nesta segunda-feira (21), em entrevista à Agência Brasil, Rodrigo Leonardi, diretor de Gestão de Portfólio da Agência Espacial Brasileira (AEB), um dos 14 órgãos e entidades que vão compor o grupo, que poderá convidar representantes de outras instituições aptos a contribuir com os objetivos estratégicos do grupo.

“Vamos procurar entender os gargalos, as dificuldades, os prós e contras de desenvolvermos um sistema destes”, acrescentou Leonardi, destacando a importância dos atuais sistemas de navegação por satélite – dentre os quais, o mais conhecido é o estadunidense GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), operado pela Força Espacial dos Estados Unidos.

“No Brasil, historicamente, priorizamos o debate acerca de outros aspectos espaciais, como a necessidade de termos satélites para monitoramento territorial. Agora, vamos discutir se queremos ou não ter nosso próprio sistema de navegação; o investimento necessário para fazê-lo e, se for o caso, a necessidade nacional de ter um sistema global ou um sistema regional, capaz de cobrir todo nosso território.

Qualquer que seja o caso, se o país concluir que deve fazer isso, o patamar de investimentos terá que ser muitas vezes maior que o atualmente investido no programa espacial brasileiro”, concluiu Leonardi, admitindo a complexidade da empreitada, que exige capacidade tecnológica para projetar, fabricar e lançar satélites capazes de transmitir, do espaço para a terra, sinais precisos.
Ruído
O grupo técnico foi criado uma semana antes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que, a partir de 1º de agosto, os produtos brasileiros pagarão uma tarifa de 50% para ingressar em território estadunidense.

E duas semanas antes de as redes sociais serem tomadas pelo debate sobre a possibilidade de os Estados Unidos, em caso de uma guerra comercial, desligarem ou restringirem o sinal de seu sistema, o GPS (do inglês, Sistema de Posicionamento Global), para o Brasil.

“Este é um típico caso de ruído surgido nas mídias sociais, capaz de gerar ansiedade. E uma coincidência, porque já vínhamos discutindo o tema há tempos, de maneira que a criação do grupo não teve nenhuma relação com o que aconteceu depois”, afirmou Leonardi.

“Primeiro, porque não houve nenhum comunicado, de nenhuma autoridade norte-americana, sobre a remota possibilidade dos EUA restringirem o uso do GPS no Brasil. Depois porque, mesmo que isso acontecesse – o que seria uma situação muito drástica e improvável – há alternativas ao GPS”, assegurou o diretor da Agência Espacial Brasileira.
GNSS
Segundo Leonardi, a maioria das pessoas erra ao usar a sigla GPS como sinônimo de GNSS, do inglês Sistema Global de Navegação por Satélite, termo correto para se referir a qualquer conjunto (ou constelação) de satélites usado para fornecer serviços de posicionamento, navegação e temporização global.

“O GPS é o sistema de propriedade dos EUA, mas há outros, globais, como o Glonass [russo]; o Galileo [União Europeia] e o BeiDou [ou BDS], da China. Estes têm cobertura global e podem ser utilizados, inclusive, no e pelo Brasil. E há também algumas nações que possuem sistemas regionais, como a Índia [NavlC] e o Japão [Qzss]”, apontou Leonardi.

“Com isso em mente, é lógico cogitar que, em tese, os EUA poderiam degradar ou até mesmo restringir o sinal de seu GPS para determinadas regiões, mas esta seria uma medida tão drástica que, a meu ver, só se justificaria se a segurança nacional dos EUA estivesse sendo ameaçada”, ponderou o diretor da AEB.
“Primeiro porque as empresas estadunidenses que operam no Brasil, como aplicativos de transporte e de entrega, seriam afetadas. Outras nações também seriam prejudicadas, já que não há como limitar o sinal para todo um território sem afetar países fronteiriços. Fora que isso poderia causar acidentes, por exemplo, na aviação civil, custando vidas, inclusive as de norte-americanos. Para não falar das repercussões comerciais, já que outros países se perguntariam se deveriam continuar confiando no sistema norte-americano ou migrar para outros”, apontou Leonardi.

Multiconstelação
Professor da Universidade de Brasília (UnB), onde coordena o Laboratório de Automação e Robótica (Lara), Geovany Araújo Borges, concorda com a avaliação de que, tecnicamente, os EUA poderiam interromper o sinal do GPS ou mesmo tornar o sistema menos eficaz para uma determinada região, mas não crê que isso venha a ocorrer.

“Se fizessem isso sem aviso prévio, os norte-americanos assumiriam o risco de contrariar seus próprios interesses em território brasileiro”, endossou Borges, acrescentando que boa parte dos sistemas e equipamentos eletrônicos modernos são capazes de receber o sinal de mais de um sistema de geolocalização. De maneira geral, os sinais enviados pelos satélites que integram os diferentes sistemas em operação são captados por receptores embutidos em veículos, aeronaves, espaçonaves, navios, munições guiadas de precisão, aplicativos e telefones celulares, além de equipamentos de monitoramento de uso industrial, civil e militar.
“A maioria dos aparelhos celulares, por exemplo, já é multiconstelação, ou seja, é capaz de receber, automaticamente, o sinal de diferentes sistemas. De forma que, em termos de localização, nossos celulares seguiriam funcionando normalmente se deixássemos de receber o sinal do GPS. A mesma lógica vale para muitos outros sistemas [dependente de serviços de posicionamento, navegação e temporização global]: se o sistema de sincronização for redundante, o impacto será limitado”, disse Borges, defendendo a importância de um país dispor de tecnologias próprias neste setor.

Ele lembra que, independentemente das intenções norte-americanas ou de haver alternativas ao GPS, hoje o Brasil depende de outras nações neste que é um campo estratégico.

“Várias áreas perdem com isso. Não só porque um país independente tem que ter um setor de defesa aeroespacial forte, como porque o desenvolvimento de tecnologias aeroespaciais beneficia outros segmentos, como, por exemplo, a medicina, a indústria e a agropecuária”, comentou o professor, assegurando que o Brasil dispõe de mão de obra qualificada e capacidade de desenvolver, a longo prazo, seu próprio sistema.
“Nosso problema não é RH [recursos humanos]. É dinheiro. Temos pessoal capacitado. A questão é se temos condições de bancar um projeto desta envergadura. Principalmente porque, qualquer coisa neste sentido que comecemos hoje, demorará a vingar. Até mesmo porque alguns países não aceitarão exportar certos componentes essenciais. Então, teremos que, paralelamente, desenvolver nossa indústria de microeletrônica, investir mais em educação básica e assegurar que este projeto seja uma política de Estado. Neste sentido, ainda que tardia, é positiva a criação de um grupo de especialistas para debater o tema”, finalizou Borges.

Saúde: Estratégia do Cuidado Paliativo completa um ano no SUS

Porto Alegre é pioneira, iniciou em 1979. No mundo, foi Londres, em 1960.
Márcia Turcato
A cidade de Porto Alegre é pioneira no Brasil em Cuidados Paliativos, com um serviço funcionando no Hospital de Clínicas desde 1979.

A estratégia do cuidado paliativo tem foco no alívio da dor, no controle de sintomas e no apoio emocional do paciente.
No Brasil, cerca de 600 mil adultos e 34 mil crianças precisam de atenção em saúde que permita a melhora da qualidade de vida daqueles que enfrentam doenças graves, crônicas ou em finitude.
Para atender pacientes nessas condições e também oferecer apoio aos familiares e cuidadores, o Ministério da Saúde lançou em maio de 2024 a Política Nacional de
Cuidados Paliativos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) com a intenção de criar 1,3 mil equipes em todo o território nacional.

Um ano depois do lançamento da política, das 24 unidades da federação, apenas 11 solicitaram capacitação para implementar equipes de cuidados paliativos nas unidades do SUS.

São elas: Amapá, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Pará, Acre, Ceará, Distrito Federal, Maranhão e Mato Grosso.

Os demais estados já oferecem esse atendimento e a Bahia, inclusive, dispõe de um hospital público inteiro para essa finalidade, o Hospital Estadual Mont Serrat, em Salvador, o primeiro do Brasil dedicado exclusivamente aos cuidados paliativos, inaugurado em janeiro deste ano.
O serviço pioneiro implementado em Porto Alegre foi uma iniciativa da médica anestesiologista e professora Mirian Martelete e começou com o nome de Serviço da
Dor, em 1979 e, em 1983 surgiu o Serviço de Cuidados Paliativos, no Hospital de Clínicas, atendendo pacientes privados, conveniados e do SUS.

Esse serviço especializado também está disponível na Santa Casa de Porto Alegre desde 2013. Aléḿ disso, a Santa Casa passou a oferecer residência médica em cuidados paliativos em 2019.
A ação do Ministério da Saúde, mesmo louvável, é tardia. O Brasil ocupa o penúltimo lugar no ranking de 81 nações que avalia a qualidade da morte de cidadãos.

O projeto do governo federal prevê financiamento de cerca de R$ 900 milhões para custear a criação de cerca de 1,3 mil equipes de assistência em cuidados paliativos em diversos estados.
De acordo com informação da UNESP- Universidade do Estado de São Paulo, a recomendação da Associação Europeia de Cuidados Paliativos é que sejam oferecidos dois serviços especializados a cada grupo de 100.000 habitantes.

No Brasil, a oferta é de um serviço para cada 1,6 milhão de pessoas na rede pública, e um serviço para cada 1,4 milhão na rede privada.
O ranking foi publicado em 2022 no Journal of Pain and Symptom Management e leva em consideração fatores como políticas públicas, qualificação de equipes,
educação da população sobre cuidados paliativos e acesso a medicamentos.

A pesquisa, realizada com base na opinião de 181 especialistas de 81 países, reflete a percepção sobre a oferta de cuidados paliativos no mundo.
Santa Casa
O Serviço de Cuidados Paliativos da Santa Casa atende a todos os hospitais da instituição, incluindo emergência, SUS, convênios e atendimento particular, além de
serviço ambulatorial adulto e pediátrico.

Cerca de 80% dos pacientes são do SUS, encaminhados ao serviço pelos médicos das unidades públicas de saúde. O atendimento conta com equipe multiprofissional especializada, formada por enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, assistentes
sociais, dentistas e assistente espiritual, explica o chefe do setor, o médico intensivista João Luiz de Souza Hopf , formado em 2007 na Universidade de Caxias do Sul, RS, e com especialização em luto.

“O foco do cuidado paliativo não é a doença, é a pessoa”, explica. O atendimento liderado por Hopf realiza avaliação individualizada e humanizada do paciente com doença ameaçadora à vida em todas as suas fases, perinatal, neonatal, pediátrico, adulto e geriátrico.

O médico conta que as pessoas costumam associar cuidado paliativo a enfermidades oncológicas, mas há outros agravos que necessitam dessa atenção, como doença pulmonar crônica, demência, risco gestacional e deficiências que colocam a vida do paciente em risco. “Não abreviamos a vida, mas não prolongamos o sofrimento do paciente”. A psicóloga Francine Rossignolo Londero, da equipe de Hopf, trabalha no Hospital da Criança Santo Antônio, uma das unidades da Santa Casa de Porto Alegre, e explica que a relação do profissional de saúde com o paciente, sua família ou
cuidador, precisa ser humanizada para que se estabeleça um vínculo de afeto e confiança entre as pessoas porque chegará o momento de comunicar um diagnóstico ou um óbito. E alerta, “na dúvida, se você não tem certeza do que vai dizer, não diga nada, apenas escute o que o paciente ou o familiar tem a dizer”.
Todas as quintas-feiras, às 11h, a equipe de Cuidados Paliativos da Santa Casa se reúne para compartilhar experiências e também promover o auto cuidado e
momentos confraternização que ajudam o profissional da saúde a enfrentar a responsabilidade de conviver diariamente com pessoas com quem estabelecem um
vínculo e sabem que, talvez, estejam vivendo o último dia de suas vidas. E como diz o título de um dos livros da médica geriatra especializada em luto, Ana Cláudia
Quintana Arantes, “a morte é um dia que vale a pena viver”.
História
De acordo com a OMS- Organização Mundial da Saúde, em definição de 1990 e atualizada em 2002, “cuidados paliativos consistem na assistência promovida por
uma equipe multidisciplinar e objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares diante de uma doença que ameaça a vida”.

Essa abordagem surgiu como um movimento na década de 1960, em Londres, Inglaterra, com a médica Cicely Saunders que criou o conceito de “dor total”,
abrangendo os aspectos físico, psicológico, social e espiritual.

Ela criou a fundação St. Christopher’s Hospice em Londres. Mas, de fato, ela adotou a abordagem holística
da atenção ao paciente bem antes.

Em 1948, aos 20 anos, quando ainda era enfermeira, Cicely se apaixonou por um paciente com câncer em estágio terminal e passou a dedicar a ele o que agora é
reconhecido como cuidado paliativo. Em 1965, a médica foi agraciada como Oficial da Ordem do Império Britânico. Ela desenvolveu câncer de mama, mas trabalhou até o último dia de sua vida, sendo atendida com cuidados paliativos, e faleceu no St. Christopher’s em 14 de julho de 2005.
Perguntas frequentes (site da Santa Casa)
Cuidado Paliativo é apenas para pacientes com doenças terminais?
Os Cuidados Paliativos, de acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS) editada em 2002, são uma abordagem ou tratamento que melhora a
qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida independente da fase em que a doença se encontra.
Idealmente, esta abordagem deve iniciar no momento do diagnóstico de uma doença grave e acompanhar durante toda sua evolução.
Cuidado Paliativo é apenas para pacientes com câncer?
Ao contrário do que muitos pensam, cuidados paliativos não é só para paciente com doenças oncológicas, mas sim para todo paciente que faz diagnóstico de uma
doença ameaçadora à vida e em qualquer fase da vida.
Cuidado Paliativo tem relação com eutanásia?
A prática de Cuidados Paliativos não significa eutanásia e não tem relação alguma com o trabalho de Cuidados Paliativos. A eutanásia é proibida por lei em nosso país,
sendo considerada crime.
Cuidado Paliativo só é realizado no hospital?
Não, cuidados paliativos podem ser realizados através de atendimento ambulatorial e domiciliar, além do hospitalar.
Quando iniciar acompanhamento com cuidados paliativos?
Em decorrência de uma doença ameaçadora à vida, é indicado iniciar acompanhamento da abordagem de cuidados paliativos o mais precocemente possível em conjunto com o acompanhamento do especialista.