Mais de cem pessoas compareceram à pequena praça Mafalda Veríssimo, famosa por sua ‘caixa d’água, no encontro das ruas Felipe de Oliveira e Borges do Canto, na manhã gelada do último domingo de junho.
Apenas o atento Matinal reportou o evento, no dia seguinte – um protesto contra a Paenge Empreendimentos Imobiliários, empresa paranaense que começa a construir um prédio de alto padrão no bairro.
Há uma semana, a construtora derrubou várias árvores, incluindo um majestoso guapuruvu, espécie nativa do RS, e a cena filmada ganhou as redes sociais.

Ante a repercussão negativa, a Paenge tenta compensar adotando a pracinha, a poucos metros da casa onde ainda hoje vive a família do escritor Érico Veríssimo.
Um grupo de moradores se mobilizou e chamou o protesto, que teve apresentações musicais, feira de artesanato, exposição de livros e cartazes e uma passeata até a frente da obra, duas quadras abaixo, na mesma Felipe de Oliveira.

A imprensa convencional ignorou a manifestação, não por desatenção ou por considerá-lo fato menor, mas porque seus interesses não incluem os movimentos comunitários.
Ela sabe o potencial dessas iniciativas se multiplicarem, mesmo partindo de pequenos grupos, quando circulam as informações sobre o que eles estão fazendo.
Ali mesmo, na praça, era visível o embrião de uma consciência que estava adormecida: a reconstrução do movimento comunitário que tem raízes históricas em Porto Alegre.
Elmar Bones