Cooperativismo movimenta 50% da produção rural no Estado

A força do agronegócio e da agricultura para o desenvolvimento do estado, visível em eventos de grande porte como a Expointer, tem relação direta não apenas com o grande produtor, mas também com a agricultura familiar e o cooperativismo.
No Rio Grande do Sul, 50% de tudo que se produz no campo é proveniente de algum produtor ligado ao cooperativismo ou ações associativistas, sendo que 86% destes produtores integram a agricultura familiar.
Estes dados são do Sistema Ocergs Sescoop/RS, uma das entidades responsáveis por representar e promover o desenvolvimento do cooperativismo no Rio Grande do Sul, e que reúne 2,5 milhões de sócios.
De acordo com o secretário estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Elton Scapini, o cooperativismo é responsável por organizar e fomentar a produção e a distribuição da produção da agricultura familiar.
No atual governo foram criadas ações voltadas ao setor que geraram mais de R$ 320 milhões apenas de incentivos fiscais.
Segundo o secretário, o cooperativismo tem um importante papel econômico e social, pois gera empregos e valoriza os pequenos produtores. “Os produtores associados investem no seu local de origem, capitalizando e impulsionando suas regiões”, afirma.
Na cerimônia de inauguração oficial da 37ª Expointer, o presidente do Sistema Ocergs Sescoop, Virgilio Périus, destacou a importância do pequeno produtor para a economia. “Todos os dias, entre os itens que consumimos na nossa alimentação, está presente o trabalho da agricultura familiar e do cooperativismo. Apoiar as ações associativas é fomentar a produção de alimentos que faltam em muitos países e por onde podemos crescer ainda mais”, assinalou Périus.
Ações de incentivo
O cooperativismo gaúcho conta hoje com 11 programas de apoio distribuídos em quatro áreas distintas:
Acesso ao crédito: destacam-se o Programa de Revitalização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Recoop/RS), que promove, por meio da abertura de linhas de crédito, a recuperação econômico-financeira das cooperativas, e o Fundo de Aval, que dá suporte técnico e disponibiliza os meios necessários à operacionalização e ao funcionamento das cooperativas.
Incentivos Fiscais: três programas são destaque. O Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem) visa à promoção do desenvolvimento socioeconômico integrado e sustentável do Rio Grande do Sul, incluindo as cooperativas. O Pró-Cooperação incentiva o ICMS para cooperativas agropecuárias, e o Simples Cooperativo concede redução de ICMS.
Apoio à gestão: programa de extensão que acompanha duzentas cooperativas por meio da Emater/RS-Ascar.
Apoio à comercialização: por meio do Compras Governamentais, a participação dos pequenos negócios é estimulada nos processos licitatórios.
Novo espaço para o cooperativismo
Foi firmado um protocolo de intenções entre o Estado do Rio Grande do Sul e o Sescoop/RS para instalar, no interior do Parque de Exposições Assis Brasil, uma sede estruturada para o Sescoop/RS. A sede será construída na quadra 13, onde hoje encontra-se o chimarródromo. A estrutura de 556 metros quadrados deverá estar em funcionamento já para a Expointer 2015 e atuará durante todo o ano, o que possibilitará que a instituição ministre cursos, seminários e fóruns. (Lisiane Machado/Imprensa Expointer)

Agrifam, a face oculta do agronegócio gaúcho

Nunca a diversidade da agropecuária gaúcha esteve tão bem representada como na 37ª Expointer, que vai até o dia 7 de setembro no Parque Assis Brasil, em Esteio. Ali estão os animais, as máquinas, os técnicos em agronomia, veterinária e cooperativismo, os grandes fazendeiros e os agricultores familiares, todos amparados por órgãos de governo (MDA, Seapa, SDR, IRGA), apoiados por entidades privadas (Farsul, Federacite) e prestigiados pelo sistema bancário, que se reveza na oferta do crédito rural oficial. “Faça chuva ou faça sol, a cada dia a Expointer mobiliza 30 mil pessoas”, afirma o veterinário Honório Franco, chefe do serviço de feiras e exposições da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Nessa “cidade” remontada a cada ano dentro do Parque de Esteio, os espaços mais amplos e vistosos pertencem à indústria de máquinas e implementos agrícolas, em cujos estandes se encontram pelotões de recepcionistas e vendedores uniformizados, todos aptos a manipular aparelhos de vídeo, chá e café.
Nas cocheiras e baias, move-se um exército de peões cuidando da alimentação e do asseio dos 5 mil animais inscritos para disputar algum troféu. Andam todos por ruas e becos numa rotina que reproduz boa parte da vida nas fazendas de onde vieram para esta temporada de tensão e festa nas vizinhanças da capital do Estado.
Para alimentar tanta gente, o parque oferece uma enorme variedade de comida: desde filés recheados nos restaurantes das associações de raças animais até churrasquinhos e churros em treilers licenciados para matar ou morrer por clientes despilchados. Há também diversos restaurantes que oferecem bufê ou pratos feitos. Este ano, embora não estejam expostos para concorrer, os suínos e os peixes estão presentes em recintos gastronômicos especializados. Até nisso a Expointer é internacional.
AGROINDÚSTRIA FAMILIAR
Já nos espaços mais exíguos se acotovelam os representantes da agroindústria familiar, com seus estandes de 3 x 2 metros cheios de doces, pães, cucas, embutidos, queijos, sucos, cachaças, mel e produtos artesanais, desde cuias até roupas.
É nesse espaço que se pode receber folhetos sobre o trabalho de órgãos públicos como a Emater-RS, comprar por R$ 5 o boné do MST ou conversar com os representantes da Via Campesina, entidades que trabalham pelo resgate da base social em que já atuam órgãos sindicais oficiais como a Fetag e a Fetraf, esta comprometida com a agricultura familiar, aquela com os trabalhadores rurais. Ambas oferecem hospedagem e alimentação para os expositores da agroindústria familiar durante os dias da feira.
Admitida na Expointer a partir de 1999, a agricultura familiar (que já merece uma sigla como agrifam) está em Esteio com pouco mais de 200 estandes e caminha para dispor de estandes maiores, se na próxima exposição lhe for oferecido um segundo pavilhão de igual tamanho, ao lado do atual.
O pavilhão 2 da agrifam, orçado em R$ 2,5 milhões, ficou no alicerce por conta uma divergência burocrática entre a direção do Parque Assis Brasil e a empreiteira contratada no primeiro semestre. Pelo cronograma inicial, deveria ser entregue no início de outubro deste ano. Até 2015 deve ficar pronto.
Além de crescer por conta própria, a agrifam conta com o crescente apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Seapa e da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, do Cooperativismo e da Pesca, esta criada em 2011 pelo governador Tarso Genro, que não perde ocasião para citar a inclusão social e a produção agrícola dos assentamentos rurais do RS – em 2011, além de 13 mil famílias assentadas, havia 14 mil índios e 3 900 quilombolas.
METAMORFOSE
Das 400 mil propriedades rurais estimadas pelo Censo Agropecuário de 2006 para o Rio Grande do Sul, apenas 8 mil informaram que transformavam e comercializavam sua própria produção agropecuária. Fora 560 agroindústrias legalizadas, a grande maioria dessas empresas caseiras estava na informalidade, podendo ser alvo de interdição por motivos ambientais ou sanitários. Foi nesse meio que começou a atuar em 2011 a SDR, entregue ao comando do deputado federal Ivar Pavan, originário de uma pequena propriedade rural de Aratiba, no norte do RS.
Numa palestra a estudantes e professores da Faculdade de Economia da UFRGS, na noite de 24 de agosto de 2011 (véspera da 34ªExpointer), o secretário Pavan fez um relato assustador sobre a realidade do agro sulino. Começou lembrando que 54% dos rapazes e 74% das moças do Sul não queriam ficar na roça, o que vem criando um problema socioeconômico: quem vai tocar os sítios e fazendas do futuro se a sucessão familiar for desfalcada pela evasão dos jovens rurais? Na última década antes do último censo, 287 mil pessoas deixaram o campo, onde vivem apenas 1,6 milhão de habitantes.
No momento daquela palestra, três anos atrás, havia 135 mil famílias rurais gaúchas cadastradas no Bolsa Família, sintoma da precariedade da vida nas roças. Uma crise, enfim. Era preciso começar trabalhando para elevar a qualidade de vida das famílias rurais, recuperar sua autoestima e inseri-las no mercado de consumo e nas cadeias de produção por meio da qualificação tecnológica.
Um dos estímulos mais fortes se concentrou na produção de leite. Por experiência própria o secretário da SDR sabia que a pecuária leiteira (não só do RS, mas do Brasil) estava aquém das exigências sanitárias estabelecidas em 2002 pela Instrução Normativa nº 62, do Ministério da Agricultura. Era preciso priorizar a melhoria das condições sanitárias dos sítios produtores, muitos deles sem instalações elétricas adequadas para conservar o produto antes da chegada dos caminhões de leite.
O que não se esperava é que, à revelia dos agricultores, algumas cargas estivessem sendo adulteradas por transportadores mancomunados com algumas indústrias lácteas, como comprovaria em 2013 o Ministério Público Federal.
PRONAF, 20 ANOS
Não nasceu com os governos do PT a convicção de que a agricultura familiar precisa do apoio oficial, sem o qual não tem condições de sobreviver ao confronto com o Mercado. Criado em 1994, o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf) vem ajudando milhares de famílias a modernizar seus processos e estruturas de produção. Os financiamentos via Pronaf, que começaram em 1994 com juros de 12% ao ano, hoje operam com índice médio de 2%.
A indústria de tratores lançou vários modelos voltados para as atividades das pequenas propriedades. Enquanto a agricultura empresarial mobiliza R$ 160 bilhões por ano, o Pronaf gira R$ 16 bi. Melhorou muito, mas só crédito não basta. Para os dirigentes de entidades como a Fetraf, a questão central para a animação da agrifam é a assistência técnica com foco na sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Para compreender esse conceito, é interessante procurar na 37 ª Expointer a área reservada á Emater-RS, numa das extremidades da banda oeste do parque de Esteio.
É um reduto rústico e acolhedor, com cabanas de madeira e caminhos forrados de cavaco de eucalipto (no ano passado, esse local foi inundado pela cheia de um afluente do rio dos Sinos), onde os técnicos da antiga associação, depois empresa de assistência técnica e extensão rural, dão mostras da existência de um movimento de resistência ecológica contra o furor do agronegócio. Ali tem até um apiário de abelhas nativas.
Numa das cabanas, eles exibem (e vendem) amostras de sementes crioulas de feijão, milho e outras espécies vegetais. São frutos de um esforço de conservação biológica realizado por agricultores jovens e velhos identificados como “guardiães de sementes”. Eles preservam material genético rejeitado pela indústria de sementes híbridas, modificadas e patenteadas.
Pacífica, meio acanhada, é uma resistência que se nutre da convicção de que é preciso preservar a biodiversidade diante dos excessos do agronegócio no uso de processos mecânicos e químicos. Enquanto a agricultura empresarial aposta nos agrotóxicos e nos transgênicos, a agrifam é naturalmente mais cautelosa e amiga da natureza, daí sua maior habilidade e disposição para produzir alimentos orgânicos, isentos de substâncias potencialmente nocivas à saúde humana e animal.
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No estande da Emater, é possível perceber também a diferença entre as agriculturas empresarial e familiar. Enquanto esta (em áreas pequenas e médias de até 200/300 hectares) se caracteriza pela busca da subsistência a partir de diversas práticas agrícolas, inclusive trabalhando como prestadora de serviços avulsos à vizinhança – e morando no campo –, a outra (em áreas mais extensas que configuram os latifúndios e as monoculturas) tem como objetivo principal tirar renda da agricultura mediante o emprego das técnicas mais avançadas oferecidas pelo mercado, desde o crédito rural até os vínculos mais ou menos estreitos com fornecedores de insumos e compradores da produção agrícola.
No Rio Grande do Sul, a produção rural incluída “dentro da porteira” representa 10% do Produto Interno Bruto. A soma disso com a “porteira afora”, que abrange o transporte, a armazenagem, o beneficiamento e o comércio, inclusive a exportação, dos produtos agrícolas, pesa de 30% a 40% do PIB. Aí está a força do agronegócio, que a maioria das pessoas identifica com a agricultura empresarial, mais voltada para a exportação.
Na realidade, porém, um agrifam pode ser moderno e não é incomum que um agricultor aparentemente empresarial esteja mergulhado no atraso técnico e praticando violações ao meio ambiente. Na realidade, desde os anos 1970, cerca de metade da produção agrícola brasileira sai da agrifam, que também gera excedentes exportáveis, embora em quantidades pequenas. Por isso ela vem merecendo atenção especial dos governos federal e estadual.
COOPERATIVISMO
Como a metade das propriedades rurais não recebia assistência técnica regular, em 2011 a SDR contratou duas centenas de técnicos da Emater que passaram a trabalhar ancorados em comunidades rurais (antes, a Emater esteve em vias de extinção). Sete equipes de sete especialistas (administrador, advogado, agrônomo, contador, veterinário, sociólogo e mais um técnico) viajam pelo Estado para ajudar na organização e assistência de 200 cooperativas que possuem 46 mil sócios ligados à agrifam.
Algumas cooperativas nasceram há pouco, outras eram antigas com problemas operacionais, mas o trabalho de assistência técnica e promoção social da SDR resgatou o espírito das pioneiras Ascar, cuja história foi mantida a pau e corda pelas Emater. O sistema cooperativo tem mostrado condições de ser uma ponte organizacional entre as bases rurais, os órgãos públicos e as diversas instâncias do mercado. No Rio Grande do Sul, o cooperativismo soma 2,5 milhões de associados.
FLORICULTURA
Não é apenas no pavilhão da agroindústria familiar da Expointer que se pode tomar conhecimento da capacidade de inclusão social da agrifam. Faça-se uma visita ao pavilhão da floricultura e se verá que por trás de tantos vasos e floreiras está uma atividade capaz de empregar oito pessoas por hectare, um índice só alcançado por raras atividades agropecuárias – a olericultura, por exemplo.
Com uma produção de R$ 2 bilhões por ano, a floricultura emprega cerca de 250 mil pessoas no Brasil. O maior produtor é o Estado de São Paulo. Segundo a Associação de Floricultores do Estado, o Rio Grande do Sul é o segundo maior mercado de consumo per capita de flores, superado apenas pelo Distrito Federal.

Emater projeta a maior safra de grãos da história do Estado

A safra de grãos das culturas de verão deve ser a maior da história do Rio Grande do Sul, com 27,6 milhões de toneladas colhidas, um aumento de 2,82% em relação ao ano anterior, prevê a Emater-RS/Ascar. Os dados foram divulgados na segunda-feira, 1º, na Expointer.
“Estamos considerando apenas as culturas de soja, arroz, feijão e milho, e esperamos uma grande safra, pois temos todas as condições para isso. No que toca ao Governo do Estado, estamos disponibilizando crédito para todas as culturas, capacitação e assistência técnica aos produtores. E, quando reunimos boas condições climáticas, o trabalho dos nossos agricultores e a assistência dos órgãos públicos, não tem como dar errado”, aposta o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Cláudio Fioreze.
O presidente da Emater/RS, Lino De David, registra que em um período de 10 anos a produção de grãos da cultura de verão praticamente dobrou, passando de 15 milhões de toneladas para mais de 27 milhões. Este é um trabalho de Estado, estamos capacitando e formando diversos produtores nestes últimos anos no intuito de fortalecer o agronegócio e a agricultura familiar nas pequenas propriedades”, ressaltou.
Entre os itens apontados como determinantes para a projeção da supersafra estão o acesso ao crédito, investimentos em tecnologia, preços dos produtos aquecidos e boas condições climáticas. O aumento da área cultivada em mais 1,49%, chegando aos 7,187 milhões de hectares cultivados, também está relacionado. “A agricultura e o agronegócio são muito importantes para a economia gaúcha; somados, representam algo em torno de 70% do PIB do Estado. Cabe ressaltar o aumento da participação da agricultura familiar neste processo, através da diversificação das culturas, e não apenas com grãos. Estamos invertendo uma curva que seria nefasta para nossa economia, pois muitas propriedades não tinham mais descendentes para tocar a agricultura e a pecuária nessas terras. Como, com o auxílio do Governo do Estado, a pequena agricultura voltou a ser rentável, estamos conseguindo manter as famílias no campo”, acrescentou o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Elton Scapini. (Ascom/Expointer)

Agricultura familiar vai abastecer o Conceição

Agricultura familiar: edital do Conceição encerra dia 18
O Grupo Hospitalar Conceição vai comprar 38 toneladas por mês de produtos da agricultura familiar, das 215 toneladas que os quatro hospitais do grupo consomem mensalmente em refeições para funcionários, pacientes e acompanhantes. O valor pode chegar a R$ 3 milhões. O prazo do edital para o fornecimento acaba nesta sexta-feira, 18/10, pelo Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal.
Com esta modalidade de compra, a ideia é que, por virem da agricultura familiar local, os produtos são mais frescos, os recursos para adquirir estes alimentos ficam fica no próprio município ou Estado e vão circular no comércio local. Para o pequeno agricultor, a garantia de compra traz estabilidade. Entre os produtos solicitados, estão arroz, feijão preto, massa seca, farinhas de trigo e de milho e diferentes tipos de leite.
Este ano, antes deste edital, a Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul realizou uma chamada pública para compra de 21 toneladas de arroz (R$ 37,8 mil) para o Conceição. O fornecedor foi a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa do RS, que representa cerca de cinco mil agricultores familiares.