Procuradores querem frear terceirização de contratos de trabalho

Mais um round da briga judicial em torno da terceirização de atividades-meio e atividades-fim no mercado de trabalho: no último dia 10 de setembro, a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT) interveio contra a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 324, apresentada em 25 de agosto junto ao Supremo Tribunal Federal pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).
Alegando que o preceito constitucional da livre iniciativa empresarial não pode ser tolhido pela Justiça do Trabalho, a ABAG pede a suspensão de quaisquer processos em andamento sobre o tema terceirização de contratos de trabalho. Quer inclusive a suspensão dos efeitos de decisões já proferidas, o que equivale a escancarar a porteira para a passagem das tropas do capitalismo neoliberal.
Representada por Roberto Caldas e mais seis advogados atuantes no Distrito Federal, a associação dos procuradores do Trabalho argumenta que “a medida (da ABAG) preconiza um liberalismo anacrônico e selvagem, escorado numa delirante noção de livre iniciativa sem limites, flagrantemente contrária ao horizonte normativo, ideológico e principio lógico da Carta de 1988, de forte inspiração social e democrática, que preconiza um Estado dotado de necessário papel regulador dos abusos do poder econômico”.
Apelo ao agronegócio
Em sua intervenção, que entrou a tempo de ser analisada pelo ministro Luiz Roberto Barroso, a ANPT argumenta que a ABAG não tem legitimidade para se intrometer no tema da terceirização, objeto de um ousado recurso da Cenibra, que recorreu ao STF para não pagar R$ 2 milhões de multa trabalhista em processo por terceirização de mão-de-obra no leste de Minas/noroeste do Espírito Santo.
Talvez por se sentir acuada na briga, a Cenibra (associação da Vale com capitais japoneses) pediu ajuda da entidade do Agronegócio, que tem um grande peso político e econômico. Em outras palavras, a ABAG late mais alto e seu ‘au-au’ pode ecoar até nos eucaliptais do Sul.
Na prática, o que o empresariado está querendo é podar a Justiça do Trabalho, que cumprem uma missão constitucional no sentido de evitar fraudes no mercado de trabalho. Se o STF der guarida à Cenibra, estará liberando a terceirização, que já ocupa 25% dos trabalhadores do Brasil. O bom senso indica que o pleito da ABAG e da Cenibra não pode passar, mas nessas horas todo mundo pensa no velho ditado: de barriga de mulher, cabeça de juiz e urna eleitoral, pode-se esperar qualquer coisa.

Prof. Nabinger: no Pampa, gado é mais seguro do que soja

Até alguns anos atrás, pareceria estranho promover uma palestra sobre os campos nativos do Pampa no auditório da Livraria Cultura do Bourbon Shopping, um espaço típico da vida urbana de Porto Alegre. Mas a Fundação Gaia bancou a noitada na terça-feira, 9, ao convidar o agrônomo Carlos Nabinger, da UFRGS, para falar sobre as possibilidades de se praticar uma pecuária sustentável no Pampa, o bioma que a cada ano cede 300 mil hectares às lavouras de grãos e às pastagens artificiais.
O evento em horário nobre juntou mais de meia centena de cabeças. Entre estudantes e agrônomos maduros, lá estava Marcelo Fett Pinto, representante no Rio Grande do Sul da Alianza del Pastizal, instituição criada no Pampa argentino e uruguaio para defender a produção de carne bovina em pastos naturais.
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras da Faculdade de Agronomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Nabinger esclareceu que não é contra nenhuma lavoura, mas lamenta que a pecuária gaúcha, salvo algumas exceções consagradas na Expointer e em exposições e leilões pelo interior, continua restrita a métodos primitivos que a impedem de produzir mais do que 60 a 70 quilos de carne por hectare/ano, quando se sabe que há tecnologia suficiente para multiplicar esses índices por dois, três e até 10 ou 12 vezes.
Entretanto, ele admitiu francamente que não faz sentido “os sabichões da academia” promoverem palestras ou dias de campo para ditar fórmulas técnicas aos homens do campo. “Os produtores agem como agem por uma série de razões ambientais, culturais, econômicas e familiares”, disse o professor, lembrando que a única forma de sair desse impasse é “promover a educação ambiental desde a escola primária”. Uma tarefa para décadas.
Trabalhando na pesquisa do melhoramento da pecuária, Nabinger recomenda que, antes de se atirar na aplicação de insumos modernos oferecidos pelos fabricantes de máquinas e produtos químicos, os produtores devem dar prioridade à “gestão dos processos” para o aproveitamento dos pastos nativos, que vêm sendo castigados pelo excesso de pastoreio.  Um diagnóstico feito em 2006 mostrou que os campos naturais do Pampa estavam sobrecarregados por uma carga de 1,1 unidade animal por hectare. “É uma carga muito alta!”, segundo Nabinger.
Arrendamento
Com tamanho índice de ocupação, os campos não se recuperam do pastejo, a vegetação  não chega a florescer ou dar sementes, as raízes não se desenvolvem, o excesso de pastoreio provoca a proliferação de plantas impróprias para o consumo animal (alecrim, chirca, caraguatá etc) e o solo fica desprotegido contra chuvas fortes, sofrendo com a erosão. No afã de produzir mais carne, o produtor enche o campo de gado magro que demora a engordar. No final das contas, com a descapitalização e a desvalorização do seu patrimônio, o proprietário opta pelo arrendamento para o plantio de soja. Ou acaba vendendo a terra. Um enredo cada vez mais comum no Pampa.
A alternativa sustentável, permanecendo na pecuária, é reduzir a carga animal para melhorar a condição da pastagem, que crescerá mais, tornando-se mais saudável e nutritiva, apenas pela fotossíntese. “Sem por a mão no bolso”, ou seja, sem investir um tostão, essa simples medida denominada diferimento –“um processso tecnológico”, afirma Nabinger – resulta numa produção anual de 236 kg de carne por hectare. Foi o que se alcançou em experimentos na Depressão Central (vale do Jacuí).
Aplicando outros métodos como a fertilização, a sobressemeadura de pastagens de inverno e de verão, a limpeza do campo (com roçadeira) e irrigação, pode-se chegar até 1000 kg de carne por hectare/ano. Em termos econômicos, isso significa que “gado de corte dá dinheiro como soja”, mas com menor custo e menos risco.
Além disso, a manutenção do campo nativo é um bom negócio para o país, que pode exportar carnes apreciadas em países que destruíram suas coberturas vegetais primitivas. Se é tudo tão simples, como parece, por que não se caminha naturalmente para a pecuária sustentável e rentável?
“É preciso organizar a bagunça”, concluiu Nabinger, lembrando que a educação ambiental é uma via de mão dupla: não basta que o agricultor aprenda o que se ensina nas escolas urbanas sobre ecologia, também os habitantes das cidades precisam se reconectar com a vida no campo.

Expointer vende menos mas é a melhor dos últimos anos

A 37ª. Expointer que encerrou neste domingo  tem tudo para se tornar o marco de um novo momento que se desenha no Rio Grande do Sul, puxado pelos bons desempenhos do agro negócio nos últimos anos. “Foi uma Expointer nota 10” comemorou  Carlos Sperotto, presidente da Farsul.
As vendas foram menores, o que era previsto. Depois de dois anos de investimentos pesados, era normal  que os produtores mostrassem mais cautela.
Também influiram os preços do mercado internacional, mais baixos este ano, diminuindo a rentabilidade das safras.  Há ainda o  tão falado ambiente de incertezas na área da economia.
Mesmo assim os criadores venderam R$ 12,8 milhões nos leilões (no ano passado foram R$ 16 milhões). As vendas de máquinas chegou aos 2,7 bilhões segundo a estimativa preliminar divulgada ao final do evento. A agroindistria familiar com 200 expositores vendeu quase  2 milhões.
A venda de veículos bateu record: R$ 80 milhões. Foram vendidas 1037 unidades nos oito dias da feira. O público também foi expressivo: quase 500 mil pessoas. Só no chimarródromo passaram 80 mil pessoas, que consumiram  3 toneladas de erva mate e 8o mil litros dágua.
A Expointer 2014 se distingue também na parte política. Graças a um inédito entendimento entre governo e interesses privados foram fechados dois contratos de concessão de espaço para as entidades de produtores.
Em plena campanha eleitoral, a feira recebeu Marina Silva, Dilma Rousseff e Aécio Neves, três candidatos a presidente em 24 horas, com os respectivos candidatos a governador, três ministros, uma dezena de secretários de outros Estados.

Gerdau Melhores da Terra destaca inovação e sustentabilidade

O grupo Gerdau entregou em evento na Siderúrgica Riograndense, em Sapucaia do Sul,  nove prêmios a empresas que se destacaram em 2014  no agro negócio.
No total, foram 759 inscritos: 52 máquinas e equipamentos e 707 trabalhos científicos, cinquenta a mais que no ano passado.
A comissão julgadora, composta por professores e pesquisadores de diversas instituições brasileiras, percorreu mais de 39 mil quilômetros no Brasil e na Argentina, entrevistando 272 agricultores.
“O foco da nossa premiação é incentivar a qualidade, produtividade, produção da indústria e o trabalho no campo”,  disse André Johannpeter em nome da Gerdau.
O executivo ressaltou o bom momento do agronegócio brasileiro, destacando a safra recorde de 193,5 milhões de toneladas de grãos, mas citou também a retração nas vendas das máquinas agrícolas em torno de 15% no primeiro semestre, cenário que para Gerdau já está mudando. “O setor não vai repetir 2013, porém não irá decepcionar”, completou.
Integrante da há mais de uma década da comissão julgadora do Prêmio, o professor da UFRGS Renato Levien, que coordenou a equipe nesta edição, ressaltou a preocupação dos avaliadores com o item sustentabilidade.
“Além da eficiência, da questão do retorno financeiro, da inovação, levamos muito em conta o fator sustentabilidade porque o maior impacto das máquinas é o solo, são dezenas de toneladas. Então os investimentos tecnológicos devem contemplar essa questão do desenvolvimento sustentável”, diz Levien.
O governador Tarso Genro participou do evento, que reuniu mais de 500 pessoas, entre industriais, dirigentes do agronegócio e convidados. Em campanha pela reeleição, Tarso chegou após as premiações, no momento em que o músico Luiz Carlos Borges tocava o hino rio-grandense. Não fez pronunciamento, apenas foi convidado a subir ao palco para participar da foto com os vencedores do prêmio.
O Melhores da Terra chega aos 32 anos contabilizando 5.146 inscritos, 253 premiados e mais de 885 quilômetros rodados pela comissão julgadora.
Confira os vencedores:
Categoria Destaque
Dividida em Agricultura Familiar e Agricultura de Escala, a categoria Destaque reconhece máquinas e equipamentos com, no mínimo, um ano de existência no mercado e em uso no campo, avaliados in loco pela comissão julgadora. Além disso, a participação nessa divisão do prêmio proporciona às empresas inscritas a oportunidade de aprimorar produtos e serviços a partir das avaliações técnicas realizadas pela comissão julgadora, composta por especialistas em ciências agrárias das principais instituições do Brasil e da Argentina.
Na divisão Agricultura de Escala, dois equipamentos foram premiados. O Troféu Ouro ficou com a Colheitadeira de Duplo Rotor CR6080, fabricada pela CNH Latin America Ltda – New Holland Agrícola, de Curitiba (PR). Voltado a médios e grandes produtores, o equipamento se destaca pela alta capacidade de colheita, inclusive em relevo ondulado. Isso se deve à sua configuração, que inclui sistema de trilha e separação com rotores duplos, sistema de limpeza de grãos com peneiras autonivelantes, distribuidores de palha rotativos e dispositivos auxiliares eletrônicos.
Esses atributos conferem à máquina menor perda e melhor qualidade de grãos na colheita. Além disso, propiciam a distribuição uniforme da palha sobre o terreno, contribuindo para a sustentabilidade da produção. A colhedora é de fácil operação e manutenção, oferecendo segurança e conforto para os usuários.
O Troféu Prata da divisão Agricultura de Escala da categoria Destaque foi concedido à Embolsadora de Grãos Ingrain 100, fabricada pela Marcher Brasil Agroindustrial S/A, de Gravataí (RS). O equipamento foi desenvolvido para atender a um grande gargalo da agricultura no Brasil: o desequilíbrio entre a capacidade de armazenamento e o aumento da produção de grãos.
A solução criada pela Marcher, que tem como destaque a facilidade de operação e o alto desempenho, permite que os grãos sejam armazenados na propriedade, em silos-bolsa, mantendo sua qualidade. O processo alia praticidade a baixo custo operacional, reduzindo a dependência de transporte e de armazenamento convencional. Isso permite ao produtor estocar sua produção e escolher o momento mais favorável à comercialização.
A divisão Agricultura Familiar também conta com dois vencedores. O Troféu Ouro foi concedido à Plantadora Mecânica PDM PG900, fabricado pela Kuhn do Brasil S/A, de Passo Fundo (RS). A máquina atende um segmento de mercado de agricultores que já utilizam o sistema de plantio direto para semeadura de culturas e que necessitam de precisão na distribuição de sementes, como milho, feijão e soja. Foi desenvolvida para operar em áreas com diferentes relevos, inclusive em declives característicos de muitas propriedades de agricultura familiar no Brasil.
Seus principais atributos são precisão na dosagem e no posicionamento de adubo e sementes no solo, bem como na abertura e fechamento de sulcos em áreas com densa cobertura vegetal. Além disso, a máquina é robusta, apresenta boa capacidade operacional, é de fácil operação e conta com assistência técnica qualificada. Por semear adequadamente em plantio direto, auxilia na redução das perdas de solo e de água por erosão, no consumo de combustível, na necessidade de mão de obra e nos custos de produção. Isso contribui para o incremento da área cultivada e para a produtividade das culturas de grãos mais utilizadas na agricultura familiar no Brasil.
O vencedor do Troféu Prata foi o Classificador de sementes CA 25 especial, da Indústria de Implementos Agrícolas Vence Tudo Imp. e Exp. Ltda, de Ibirubá (RS). A máquina foi bem avaliada pelos usuários devido à eficiência, à capacidade operacional na limpeza e à possibilidade de classificação de uma grande diversidade de produtos passíveis de processamento. Trata-se de um equipamento com funções fundamentais para a otimização de qualquer sistema produtivo agrícola por agregar valor aos produtos, melhorar a conservação e garantir qualidade à semeadura.
Categoria Novidade Expointer
Na categoria Novidade Expointer, que reconhece os produtos lançados há menos de um ano e presentes nesta edição da feira, os equipamentos também são avaliados nas divisões Agricultura de Escala e Agricultura Familiar. Dessa forma, o prêmio busca valorizar as características específicas dos produtos para ambos os segmentos, considerando seus distintos patamares de escala de produção. Para definir os vencedores, a Comissão Julgadora percorreu a feira durante três dias, antes da abertura oficial, avaliando detalhadamente as máquinas e equipamentos inscritos e entrevistando seus representantes e fabricantes.
O equipamento vencedor na divisão Agricultura de Escala foi o Caminhão Multidistribuidor Lancer Maximus 25000, fabricado pela empresa Implementos Agrícolas Jan S/A, de Não-Me-Toque (RS). Trata-se de um distribuidor de fertilizantes a lanço, que contém dois depósitos com esteiras independentes, instalado sobre um caminhão. Tem a capacidade de distribuir dois insumos ao mesmo tempo, em quantidades diferentes, atendendo à técnica da agricultura de precisão.
Entre as vantagens do uso do equipamento, destacam-se a capacidade operacional, a autonomia e a qualidade dos componentes. Também há diminuição no número de operações e de tráfego na lavoura, contribuindo para a redução de custos e para a sustentabilidade da produção.
O Troféu Agricultura Familiar foi para o Trator Série A Fruteiro – A750F, fabricado pela Valtra do Brasil Ltda, de Mogi das Cruzes (SP). O trator incorpora novos conceitos de design, ergonomia e itens de desempenho e de manutenção desenvolvidos especialmente para a operação em culturas perenes, como cafeeiros e videiras. Suas dimensões, compatíveis ao reduzido espaçamento entre linhas desse tipo de cultura, contribuem para a facilidade de manobras e para a boa dirigibilidade. Além disso, em função do baixo centro de gravidade e tração nas quatro rodas, oferece mais segurança, especialmente em áreas de declive.
O trator é versátil, possui bom escalonamento de marchas, pode operar em velocidades super-reduzidas e com 100% de biodiesel. Apresenta um baixo consumo de combustível e sistema hidráulico com elevada capacidade de carga para um trator de seu porte.
Categoria Pesquisa e Desenvolvimento
A categoria Pesquisa & Desenvolvimento é voltada a estudantes acadêmicos e profissionais de ciências agrárias, ligados ou não a instituições de ensino, com trabalhos que contribuem para o avanço da agricultura, para a produtividade, para a qualidade de vida das populações rurais e para a preservação do meio ambiente.
Na divisão Pesquisador, o trabalho reconhecido foi Metodologia para o desenvolvimento de um dosador de manivas para plantadora de mandioca, que tem como autor principal o engenheiro mecânico Juliano Mazute, do FIESC-SENAI, em cooperação com pesquisadores do CCT/UFSC, de Florianópolis (SC). O trabalho selecionado tem como objetivo desenvolver um mecanismo distribuidor de manivas da mandioca (parte reprodutiva da planta) adequado à realidade das pequenas propriedades agrícolas. Esse projeto tem potencial para ser adaptado para o plantio de outras culturas. Além disso, trata-se de uma forma de racionalizar a mão de obra e de melhorar a qualidade do plantio, gerando maior produtividade.
Já na divisão Estudante, a Comissão Julgadora selecionou como vencedor o projeto Semeadora adubadora para plantio direto com sulcador rotativo acoplado a tratores de rabiças, cujo autor principal é Tiago Vega Custódio, da Faculdade de Agronomia – UFPel, de Pelotas (RS). O trabalho selecionado contempla o projeto de desenvolvimento e construção de uma semeadora e adubadora de duas linhas de semeadura acopladas a um micro-trator de baixa potência, com espaço para transporte do operador, para utilização em plantio direto de milho e de feijão. A máquina foi planejada para atender às necessidades dos agricultores familiares, que buscam práticas conservacionistas de implantação de lavouras como o plantio direto, porém, com maior capacidade operacional na semeadura, menor demanda de mão de obra e de esforço humano e com baixo consumo de combustível.
Neste ano, também foi concedido o reconhecimento na divisão Inventor. O Dispositivo auxiliar com cortina de correntes adaptado à barra de pulverização para reduzir o efeito guarda-chuva, desenvolvido por José Sérgio da Silva Witt, de Santa Maria (RS) foi o projeto escolhido. Trata-se de um mecanismo auxiliar constituído por uma cortina de correntes, posicionadas na frente da barra do pulverizador. A partir do seu deslocamento, o equipamento promove uma abertura na cultura, o que torna a deposição das gotas mais efetiva em toda a planta. A solução é simples, de fácil colocação e de baixo custo.

Irga propõe fim da monocultura do arroz

“A monocultura é a mãe da crise do arroz”. Com essa afirmação, o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Claudio Pereira, abriu sua participação no debate “A crise do arroz foi debelada?”, realizado na segunda-feira, 1°, na 37ª Expointer. A atividade fez parte do Dia do Arroz, promovido pelo Irga em parceria com o Canal Rural.
Ainda participaram do debate, Elton Doeler, presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz no Rio Grande do Sul (Sindiarroz RS) e Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz).
De acordo com Cláudio Pereira, é essencial que o ciclo da monocultura seja interrompido. “Se tivermos a rotação de grãos, ampliamos o alcance de sustentabilidade no negócio”, afirma. Ele explica ainda que a venda de arroz intercalada com outras culturas como o milho e, principalmente a soja, dilui a oferta de arroz sem prejudicar seu valor.
Conforme Pereira, há uma diferença entre o grão entrar em crise e o produtor estar em adversidade. “Obviamente se o produtor planta apenas arroz, ele fica muito mais vulnerável a todo tipo de situação adversa”, pondera.
Já Henrique Dornelles, defendeu o profissionalismo do produtor uma vez que a rizicultura exige um investimento bastante alto de produção, maquinário potente e alta tecnologia. O presidente da Federarroz ainda sugere que o setor não perca o foco no mercado interno, porque “estaríamos engatinhando no que diz respeito às exportações”, embora ele reconheça que a viabilização do terminal portuário arrozeiro em Rio Grande, na zona sul do Estado, “tenha sido um grande avanço neste sentido”‘.
Visão da Indústria
Elton Doeler, do Sindarroz, se mostrou reticente em afirmar que a crise no setor teria sido debelada. Conforme ele, houve avanços, mas ainda há a necessidade de mais diálogo entre todos os elos da cadeia, incluindo o setor varejista, “que sempre coloca muita pressão na indústria”. Entre esses avanços, cita a quebra de barreiras tributárias no Rio Grande do Sul para alcançar mercados onde o arroz gaúcho não chegava. “Nosso desejo é de que o valor seja justo, nem tão baixo para o produtor, nem tão alto para o consumidor”, concluiu.
Para o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Claudio Fioreze, o Rio Grande do Sul pode plantar mais arroz, mas não o faz porque falta mercado. “Se continuarmos com esse processo de crescimento do consumo das classes C, D e E , a tendência é aumentarmos esse mercado”. Além disso, segundo Fioreze, o bom trabalho do setor também contribuiu muito para a ampliação e comercialização do arroz. “Outro fator preponderante para o sucesso da rizicultura gaúcha vem sendo a redução do uso da água e o aumento da área plantada, evidenciando a sustentabilidade do negócio”, finalizou o secretário.
O diretor técnico do Irga, Rui Ragagnin, reforçou a necessidade de rotação de culturas junto às lavouras de arroz, especialmente com soja e milho. Falou sobre técnicas de semeadura e de irrigação para mesclar essas novas culturas com a rizicultura. Ragagnin lembrou ainda da integração da pecuária como alternativa viável, inclusive para reduzir o uso de adubos.
Cultura tida como melhor opção para o plantio consorciado ou alternado com o arroz, a soja tem números expressivos. Conforme dados do IRGA, para a safra 2014/2015 existe a intenção de plantar soja em rotação com arroz numa extensão de 320.649 hectares, área 5,83% maior do que a do ano anterior, quando foram plantados 302.975 hectares. A região da Campanha tem a maior área, 97,5 mil hectares, seguida da Zona Sul que deve semear 81,5 mil hectares.
A Planície Costeira Interna irá plantar 62,19 mil hectares de soja em áreas de arroz. A Depressão Central, 45,23 mil hectares, a Fronteira Oeste, 16,64 mil hectares e a Planície Costeira Externa, 17,56 mil hectares.
Fim da crise?
A motivação dos debates promovidos pelo IRGA é fundamentada nos números apresentados pela entidade durante a 37ª Expointer. Na safra 2014/2015, os produtores gaúchos devem semear 1,1 milhão de hectares de arroz com plantio que se inicia nos primeiros dias do mês de setembro. A área é equivalente a da última safra.
Quanto à produtividade, a expectativa é de que retorne ao patamar próximo aos 7,5 mil quilos por hectare. A capacidade dos mananciais, tanto de barragens e açudes, quanto de captação direta em rios e arroios é plena em todas as regiões.
Há 25 anos o Rio Grande do Sul contava com 650 indústrias de arroz. Hoje não passam de 250 e as 50 maiores beneficiam 70% do arroz gaúcho. (Carlos Matsubara/Ascom/Expointer)

Emater projeta a maior safra de grãos da história do Estado

A safra de grãos das culturas de verão deve ser a maior da história do Rio Grande do Sul, com 27,6 milhões de toneladas colhidas, um aumento de 2,82% em relação ao ano anterior, prevê a Emater-RS/Ascar. Os dados foram divulgados na segunda-feira, 1º, na Expointer.
“Estamos considerando apenas as culturas de soja, arroz, feijão e milho, e esperamos uma grande safra, pois temos todas as condições para isso. No que toca ao Governo do Estado, estamos disponibilizando crédito para todas as culturas, capacitação e assistência técnica aos produtores. E, quando reunimos boas condições climáticas, o trabalho dos nossos agricultores e a assistência dos órgãos públicos, não tem como dar errado”, aposta o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Cláudio Fioreze.
O presidente da Emater/RS, Lino De David, registra que em um período de 10 anos a produção de grãos da cultura de verão praticamente dobrou, passando de 15 milhões de toneladas para mais de 27 milhões. Este é um trabalho de Estado, estamos capacitando e formando diversos produtores nestes últimos anos no intuito de fortalecer o agronegócio e a agricultura familiar nas pequenas propriedades”, ressaltou.
Entre os itens apontados como determinantes para a projeção da supersafra estão o acesso ao crédito, investimentos em tecnologia, preços dos produtos aquecidos e boas condições climáticas. O aumento da área cultivada em mais 1,49%, chegando aos 7,187 milhões de hectares cultivados, também está relacionado. “A agricultura e o agronegócio são muito importantes para a economia gaúcha; somados, representam algo em torno de 70% do PIB do Estado. Cabe ressaltar o aumento da participação da agricultura familiar neste processo, através da diversificação das culturas, e não apenas com grãos. Estamos invertendo uma curva que seria nefasta para nossa economia, pois muitas propriedades não tinham mais descendentes para tocar a agricultura e a pecuária nessas terras. Como, com o auxílio do Governo do Estado, a pequena agricultura voltou a ser rentável, estamos conseguindo manter as famílias no campo”, acrescentou o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Elton Scapini. (Ascom/Expointer)

Massey Ferguson mantém expansão, apesar da queda nas vendas

O diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert, anunciou na segunda-feira, 1º, na Expointer, que a empresa líder na venda de tratores chega a Esteio com muito otimismo apensar de registrar queda em torno de 15% nas vendas no primeiro semestre deste ano.
Em 2013 tivermos um ano atípico, quando registramos recorde na venda de máquinas dos últimos 35 ou 40 anos, então sentimos uma a queda significativa nos negócios este ano mas o cenário que traçamos é de expansão e investimentos nas fábricas, diante dos níveis de produtividade crescentes em todos os segmentos”, afirma
A empresa já possui plantas em Canoas, Ibirubá, Santa Rosa e um novo centro de distribuição de peças em Ernestina. Essa descentralização reduz em dois dias o tempo para atender ao produtores. “Nosso objetivo é dar uma assistência técnica diferenciada. Aumentar a conexão com o produtor rural. E crescer com ele. Um dos nossos diferenciais é o suporte para o cliente, a fim de não deixar a máquina parada no campo porque perde tempo e dinheiro. Disponibilizamos um telefone 0800, gratuito, para ficarmos mais perto do produtor, para que ele possa manter contato direto com a fábrica”, informa Eckert.
O diretor de Marketing da AGCO, Alfredo Jobke, lembra que o
agronegócio no Rio Grande do Sul vive um momento bastante favorável, com destaque para a boa reserva hídrica, safra histórica, acima de 30 milhões de toneladas de grãos e as recentes apostas no sistema de integração lavoura-pecuária.
“As boas perspectivas para os próximos meses são impulsionadas pelos benefícios do Plano Safra da Agricultura Familiar, que prevê R$ 24,1 bilhões para médicos e pequenos agricultores investirem na produção de 2014/2015”, destaca.
O agronegócio representa 21% do PIB brasileiro e 40% do PIB gaúcho.
 

Indústria de máquinas vai investir R$ 15 milhões no parque

Por Geraldo Hasse |
Em plena fase final de montagem dos estandes para a 37ª Expointer, que começa neste sábado, circulou ontem no Parque Assis Brasil, em Esteio, uma informação animadora: nos próximos dois anos, a indústria de máquinas agrícolas vai investir R$ 15 milhões em obras de infraestrutura e construções, dentro do acordo de parceria público-privada com a Secretaria da Agricultura.
O dado foi recebido pela direção do parque como sinal de que caminha muito bem o projeto de mudança na forma de gestão do principal espaço de eventos agropecuários do Estado. Este ano, o Sindicato da Indústria de Máquinas (Simers) paga à Expointer R$ 40 por metro quadrado usado para exposição de tratores e implementos agrícolas. A partir do próximo ano, os valores do negócio serão diferentes, mas “bons para as duas partes”, ressalva Adeli Sell, o administrador do espaço.
Além da notícia acima, há outros sinais no ar. Ainda que no lançamento da Expointer 2014, em 5 de agosto, os dirigentes do setor de máquinas agrícolas tenham manifestado grande cautela quanto à possibilidade de se repetir o recorde de 2013, quando foram encaminhados negócios de R$ 3,2 bilhões, este ano a área de exposição é maior do que no ano passado. Além disso, há vários lançamentos de tratores para a agricultura familiar, de plantadeiras e de colheitadeiras de grãos.
São máquinas que podem ser compradas pelo sistema de crédito rural a juros abaixo da inflação, com carência para o início do pagamento em até dez anos. Como este ano as safras foram boas e os preços satisfatórios em praticamente todos os ramos agropecuários, os produtores podem ir além das expectativas iniciais. Sem tirar os pés do chão, alguns são bem capazes de “fazer uma loucura” diante de um trator novo com sua esteira de implementos.
NEW HOLLAND
Uma das “loucuras” da Expointer vem de Contagem, MG: a New Holland Construction anuncia uma operação especial para vender em Esteio a retroescavadeira B90B pelo sistema de consórcio. Pode emplacar: estimativas feitas em 2013 indicam que, no caso da aquisição de um carro popular, o consórcio é 30% mais barato do que os financiamentos vigentes no mercado bancário.

Retroescavadeira em campo / Foto Divulgação
Retroescavadeira em campo / Foto Divulgação

Capaz de fazer açudes, curvas de nível e valas de drenagem, a B90B é a máquina mais vendida da New Holland mineira, que vem encontrando no setor rural do Rio Grande do Sul um mercado bastante ativo. Daí a decisão de abrir um plano de consórcio para que os agricultores possam comprar a retro em 72 meses pagando R$ 2 036,77 mensais, sem entrada nem juros, como é praxe no sistema de consórcio, no qual o objeto de desejo pode ser obtido por sorteio mensal ou por lance em dinheiro.
A NHConstruction marcou para 9 de setembro a primeira assembléia do consórcio da retro. Se o plano de vendas for realizado, serão sorteados 20 máquinas por mês, totalizando 100 até o final do ano. O que parece uma liquidação de estoque poderá ser tomado também como um indicador da liquidez dos agricultores gaúchos.
Outra retroescavadeira na Expointer será a CASE, presente em Esteio pelo sétimo ano consecutivo, em parceria com a concessionária J. Malucelli. Um release da empresa (pertencente ao grupo New Holland) informa que a participação do agronegócio nas vendas das máquinas de construção da CASE subiu para 70% do total desde que, nos últimos dois anos, se desaceleraram as compras de empresas de construção civil e infraestrutura. As retroescavadeiras são muito usadas em lavouras de arroz irrigado.

Farsul vai desossar 40 carcaças na “vitrine da carne”

Pelo sexto ano consecutivo a Farsul vai realizar no pavilhão internacional da Expointer 2014 a Vitrine da Carne Gaúcha, demonstração de desossa de bovinos, bubalinos, ovinos e suínos que costuma ser seguida de sessões de degustação abertas ao público assistente. São 40 “aulas” de desossa das melhores carnes gaúchas que começam no dia 30 de agosto (sábado) às 10h30 e terminam às 16h30 do dia 6 de setembro (sábado).
Coordenada pela assessor técnico da Farsul, Luiz Alberto Pitta Pinheiro, a Vitrine da Carne Gaúcha foi realizada pela primeira vez na edição de 2009 com o objetivo de mostrar que a carne de qualidade é resultado de um processo que começa no campo e depende de cuidados agronômicos (bons pastos) e veterinários (sanidade animal). Participam da vitrine, técnicos das associações de criadores das raças angus, braford, brangus, devon, hereford, simental e zebu, além da Cooperbúfalo, Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco) e Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs).
A parceria entre a Farsul, o Senar-RS e o Sebrae/RS põe dentro da vitrine o consultor de carnes Marcelo Bolinha, que vai fazendo os cortes, explicando de onde saem o filé, a picanha, a alcatra e outras partes dos traseiros e dianteiros. Do lado de fora, separado por um vidro, o público acompanha o espetáculo. Da sala de desossa, uma prova dos cortes é preparada pela chef Fernanda Moreira em uma cozinha contígua. Os diversos pratos são finalmente levados ao público, sustentando uma “boca livre” bastante concorrida mas pouco farta, pois o evento é antes de tudo educativo.

Quanto custa exibir um animal na Expointer

Por Geraldo Hasse
Nesta segunda-feira (25/8) serão abertos os portões do parque Assis Brasil em Esteio para a entrada dos quase 5 mil animais inscritos este ano para a 37ª Expointer, o mais tradicional encontro da agropecuária gaúcha. A redução de 10% em relação ao número de animais inscritos em 2013(ver a tabela abaixo) indica que uma parcela dos produtores decidiu fazer economia. O custo de expositor não é baixo porque exige ficar fora de casa por pelo menos 15 dias.
Entre transporte, ração, hospedagem e diárias dos proprietários e cuidadores dos animais, uma fazenda não gasta menos de R$ 1 mil por cada animal de grande porte exposto durante os nove dias do evento, que este ano vai de 30 de agosto a 7 de setembro. E nunca se leva somente um animal, é sempre uma tropilha. Todos disputam medalhas e títulos, o que valorizará os seus descendentes, mas alguns bichos são tratados como estrelas.
Os animais de argola de raças bovinas europeias, por exemplo, são preparados com meses de antecedência, o que inclui alimentação exclusiva, banho diário, escovação e cuidados especiais, dos cascos aos cílios. Ganhando um prêmio, o animal pode se pagar nos leilões que se realizam durante e depois da Expointer.
O custo corrente da participação começa a ser definido no mês de maio, quando cada associação de criadores estabelece uma taxa de inscrição que este ano vai de R$ 10 por cada pássaro até R$ 300 reais para algumas raças bovinas e equinas. Cavalo vai de R$ 90ª R$ 300. “Vaca holandesa, por exemplo, paga 100 pilas para se inscrever”, informa o veterinário Honório Franco, do setor de feiras e exposições da Secretaria da Agricultura, mas a associação dos criadores dessa raça só fica com o valor se o animal inscrito não for apresentado; aos produtores que confirmam a inscrição, o valor é devolvido.
Em alguns casos, não faltam apoiadores ou patrocinadores. A Cooperativa Santa Clara, de Bom Princípio, que possui 3 mil leiteiros associados, banca a ração das vacas expostas em Esteio e recolhe diariamente sua produção de leite, atenuando as despesas dos expositores. No caso do leite, qualquer ajuda é importante porque 80% da produção leiteira do Rio Grande do Sul – mais de 10 milhões de litros por dia – sai de pequenas propriedades familiares tocadas pelo agricultor, a mulher e os filhos. Por aí se vê porque, para muitos produtores, participar da Expointer é um misto de honra e glória.
Mesmo passando por estresse pela mudança de ambiente, os produtores acreditam que a Expointer não é despesa, mas investimento, uma oportunidade para mostrar seus animais, trocar ideias com os amigos e conhecer as inovações apresentadas por técnicos do serviço público e de empresas particulares em todos os setores de atividades rurais. O mesmo vale para os criadores de outros animais e raças.
Estrelas da 37ª Expointer
Espécie animal           Inscritos
(Ano)                      2013        2014
Bovinos de corte    730          661
Bovinos de leite      573          488
Bovinos mistos      220          172
Equinos                 1 200       1 139
Zebuínos                157           142
Ovinos                   890           762
Caprinos                  57             62
Aves                      926            783
Pássaros               391           467
Chinchila                  31            25
Coelhos                  414          214
TOTAL                 5 625        4 932
*Os suínos estão há três anos fora da Expointer
por causa da gripe suína
Fonte: Seapa/RS