Cassino a um passo dos brasileiros

Roletas, pôquer, Black Jack e os principais caça-níqueis de Las Vegas, além de um hotel de alto padrão, a partir de setembro, em Rivera, a famosa cidade dos free shops uruguaios.
A partir de setembro os brasileiros amantes das mesas de apostas terão a oportunidade de desfrutar da mais nova atração turística de Rivera, no Uruguai, na fronteira com Santana do Livramento. É o Rivera Cassino e Resort, que promete disputar os frequentadores das melhores casas de Punta del Este.
O empreendimento está localizado no centro da cidade, próximo aos free shops, na Avenida 33 Orientales, que faz divisa com o município gaúcho. Chama a atenção a facilidade de acesso dos apostadores brasileiros, que não terão de passar por nenhum posto alfandegário ao cruzar o país, ou melhor, a avenida.
“É o único no setor num raio de quinhentos quilômetros que oferecerá um sistema de apostas ágeis e simples, aliado a um serviço de hotelaria de nível quatro estrelas superior”, afirma o diretor de Marketing do empreendimento, o publicitário Raúl Sarasola.
Sarasola explica que a tecnologia de ponta usada nos cassinos de Las Vegas estará a serviço da diversão, através de dez roletas americanas, duas mesas de Midi Baccarat, três de Black Jack, uma de Pôquer Caribenho, duas mesas de Pôquer Texas, apostas hípicas e os principais 130 slots do mercado. As salas terão um setor vip exclusivo, caixa eletrônico e casa de câmbio.
Para o gerente geral do centro turístico, Gerardo Benedetto, a chegada do empreendimento vai mudar o turismo na região. “O Rivera Cassino e Resort será um divisor de águas dentre as atrações turísticas e de entretenimento nas regiões Norte do Uruguai e Sul do Brasil”, garante.
O Rivera Cassino & Resort pertence ao grupo argentino Boldt, um dos líderes de cassinos na Argentina, e ao grupo uruguaio ICM que, juntos, formam o consórcio Manteo S.A. O consórcio irá administrar o complexo em parceria com o Casinos del Estado, a empresa do governo uruguaio que abocanha uma boa parte dos lucros de todos os cassinos instalados no país.
Os investimentos somam 32 milhões de dólares em Rivera. Cerca de 200 operários correm contra o tempo para inaugurar em setembro o complexo, que vai gerar 250 empregos diretos. A expectativa de público diariamente é de 1.500 pessoas. O mesmo grupo está construindo um empreendimento semelhante na cidade uruguaia de Salto, que deve ser inaugurado em fevereiro.
Lazer e culinária com foco no Brasil
O primeiro complexo hoteleiro quatro estrelas da região fronteiriça com o Brasil promete revitalizar os serviços turísticos da região norte do país vizinho. Com a economia fortalecida pelo movimento intenso nos free shops, Rivera pode se tornar a segunda cidade turística mais importante do país, depois de Punta del Este.
“E tudo se deve à pujante economia do Brasil. Este hotel cassino e o outro projeto semelhante que está sendo construído em Salto foram planejados pensando nos brasileiros, que representam cerca de 90% da nossa clientela”, afirma Raúl Sarasola. Desde os espaços de lazer e diversão, passando pelas atracões culturais, até a gastronomia, ganharam nomes em português.
O prédio do hotel terá seis andares e estará conectado, através de uma ponte elevada, ao cassino de três níveis. Contará com 66 quartos, sendo seis Vips, SPA, piscina externa, área de lazer e brinquedos para as crianças, com serviço de animadores e babás especializados, teatro, free shop, salas de reuniões e de eventos, restaurantes e estacionamento com serviço de manobrista.
Os quartos estarão equipados com tevês plasma, internet wifi, cofre de segurança e um sistema de regulação individual de temperatura.
Ao conforto das instalações, se somará o espaço Bacana Spa & Solarium, onde os hóspedes poderão desfrutar de uma piscina de 200 metros quadrados no terraço e contemplar uma vista panorâmica privilegiada que abrange ambas as cidades.
Já o fitness center terá sala de musculação, massagem, sauna, e piscina térmica com sistema de nado contracorrente e hidromassagem. Especialistas estarão á disposição dos hóspedes que desejarem acompanhamento nas atividades físicas.
Outro destaque é a gastronomia. No restaurante Gaúcho, será oferecido uma variada proposta de comida uruguaia, brasileira, libanesa, italiana, alemã e portuguesa, etnias presentes na formação cultural da região. O bufê Aurora completará a ampla oferta gastronômica do complexo. Ambos restaurantes também estarão abertos ao público em geral.
O teatro municipal, que está ao lado do Cassino, foi totalmente renovado para exploração comercial em parceria com a prefeitura de Rivera. Terá capacidade para 500 pessoas e promete oferecer uma grande variedade de espetáculos artísticos ao longo de toda semana.
“O maior movimento se registra nos fins de semana e durante feriados. Nós queremos oferecer atividades também de segunda a sexta-feira porque há demanda por esse tipo de alternativas”, assinalou Benedetto.
Eventos
Para completar o leque de serviços, o Rivera Casino & Resort vai disponibilizar o Salão Ibicuy, com infraestrutura de última geração para eventos empresariais, sociais e artísticos.
A sala, com isolamento acústico, e equipada com cabines de comando de luzes e som, e cabines para tradução simultânea, terá capacidade para 300 pessoas no auditório e 240 no caso de banquetes. Terá acesso semi independente, estacionamento próprio, serviço de aperitivos (salas laterais acondicionadas para manter a temperatura requerida para os serviços gastronômicos a serem oferecidos aos participantes).

Slots da Sarandi

Além do Cassino, será inaugurado ainda uma sala de slots na famosa Avenida Sarandi, número 533, o Sarandi Slots, que contará com equipamentos trazidos diretamente de Las Vegas.

Serviço

Reservas e informações sobre o Rivera Cassino & Resort pelo telefone (+598) 4624.1111 ou pelo celular brasileiro (55) 9695.6243 ou ainda pelo email contato@riveracasinoresort.com

Comerciantes querem freeshops brasileiros

Comerciantes brasileiros participaram de uma audiência pública no final de novembro, promovida pela Comissão do Mercosul e Assuntos Internacionais (CMAI), da Assembleia Legislativa, para debater o comércio entre os países do Mercosul, principalmente a possibilidade de instalação de lojas francas, os freeshops nas cidades de fronteira. A proposta está prevista no projeto de Lei 6316/2009, do deputado federal Marco Maia (PT/RS), em tramitação na Câmara Federal, e no projeto substitutivo do deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB/RS). Também estavam presentes prefeitos, vereadores e parlamentares. 
O projeto, que autoriza a instalação de lojas francas nas áreas urbanas dos municípios localizados na linha de fronteira do território nacional com o Uruguai, Paraguai e Argentina, é considerado prioritário para estancar o empobrecimento e êxodo populacional dessas regiões. Nele, são beneficiadas as cidades de Quaraí, Santana do Livramento, Aceguá, Jaguarão, Chuí (fronteira com Uruguai), Uruguaiana (fronteira com Argentina) e Foz do Iguaçu (no Paraná, fronteira com Paraguai).
A CMAI irá encaminhar uma carta de apoio à aprovação urgente do substitutivo aos deputados federais gaúchos e às comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e Constituição e Justiça, da Câmara Federal. O objetivo é garantir que o projeto possa ser aprovado em todas as instâncias sem necessidade de passar pelo Plenário.
O projeto e o substitutivo permitem que estabelecimentos brasileiros credenciados recebam o mesmo tratamento tributário que recebem os instalados nos países vizinhos. “Estas áreas podem ser caracterizadas como economias regionais atualmente isoladas dos centros dinâmicos e de decisão nacionais e com potencial de desenvolvimento reprimido por esta situação”, justifica o texto. O comércio tipo freeshop é responsável pelo extraordinário desenvolvimento urbano das cidades uruguaias, paraguaias e argentinas de fronteira em função da geração de novos empregos que promoveu ao longo do tempo.
Por outro lado, as chamadas cidades gêmeas do lado brasileiro, empobreceram e continuam perdendo habitantes. Segundo dados da Receita Federal, os brasileiros gastaram nos freeshop’ das cidades vizinhas, em 2009, cerca de R$ 1 bilhão. Na justificativa do projeto, o parlamentar proponente cita o exemplo de Santana do Livramento que, nos últimos 15 anos, perdeu cerca de 400 empresas de médio e grande porte, provocando desemprego para cerca de 10 mil pessoas. (Com Assessoria de Imprensa da Assembleia Legislativa)

Zambiasi suspende projeto que reduz faixa de fronteira

Senador recua e agora quer “discutir o assunto”
Cleber Dioni
Sob aplausos de uma platéia acostumada a vaiar seus discursos em defesa da redução da faixa de fronteira, o senador Sérgio Zambiasi (PTB/RS) anunciou ontem que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de sua autoria, para reduzir de 150 para 50 quilômetros a faixa de fronteira em quatro estados, está suspensa temporariamente.
“Não irei dar acordo para que a PEC volte a tramitar. Primeiro, vamos fazer a discussão sobre este tema”, afirmou.
A causa aparente da mudança é a acusação do movimento ambientalista de que o projeto é patrocinado pelas empresas de celulose que estão comprando terra no Rio Grande do Sul.
A platéia formada por integrantes de movimentos sociais e ambientalistas apoiou sua iniciativa e pediu mais: que a projeto fosse engavetado. Zambiasi disse que esse poder não está mais em suas mãos, mas ressaltou que a proposta já foi apresentada ao presidente Lula, à ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao ministro da Justiça Tarso Genro, que manifestaram estar de acordo com a mudança na extensão das áreas fronteiriças.
Embora o senador estivesse sozinho defendendo sua posição, o seminário proposto pelo deputado federal Adão Pretto (PT) transcorreu tranquilamente, com uma ou outra manifestação mais exaltada. No local, o plenarinho da Assembléia Legislativa não faltaram faixas de protesto contra os projetos de silvicultura no Estado.
Zambiasi disse que o projeto para reduzir a faixa de fronteira não visava aos interesses das empresas de eucalipto, como a Stora Enso, inúmeras vezes citadas pelos palestrantes, mas a todas as atividades que possam trazer benefícios aos municípios onde se estabeleçam.
“Infelizmente criou-se uma grande confusão entre faixa de fronteira, desenvolvimento e eucalipto. Nós estamos falando de uma legislação que viabilize o desenvolvimento de regiões abaladas economicamente e que não conseguem oferecer emprego, saúde e educação adequados aos seus habitantes”. Deu o exemplo de Santana do Livramento, na divisa com o Uruguai, onde existem projetos de geração de energia eólica, “que não poderão ser implementados se a legislação não for modificada”.
Além da PEC apresentada por Zambiasi, dois outros projetos sobre o assunto tramitam no Congresso Nacional. Um de autoria do deputado federal Mendes Ribeiro Filho (PMDB/RS) e outro subscrito pelo deputado Matteo Chiarelli (DEM/RS) alteram a artigo 20 da Constituição Federal para diminuir de 150 para 50 quilômetros a largura da faixa de fronteira no Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
No Brasil, as faixas de fronteira atingem onze estados, 588 municípios, que correspondem a 27% do território nacional, e cerca de 10 milhões de habitantes.
Movimentos Sociais
Representando o Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente, José Hoffmann disse que o movimento começou logo após o governo estadual ter aprovado o zoneamento ambiental visando aos interesses das empresas de celulose. “Este é um movimento de indignação frente ao atropelo às leis ambientais”, frisou o ex-secretário de Agricultura do Governo Olívio. Sua colega apresentou uma extensa carta aberta, assinada por diversos movimentos sociais, em que sustenta que a área almejada pelas propostas em tramitação no Congresso Nacional pertence a uma região de extrema importância estratégica nacional, pois compreende uma vasta extensão do Aqüífero Guarani. Quanto à biodiversidade e sustentabilidade do bioma Pampa, o documento considera o risco de destruição do bioma, que possui apenas 0,36% de áreas protegidas por parques e reservas.
Do ponto de vista sócio-econômico, diz o documento, o tema é muito preocupante. “Ao contrário do que se pensa, mais da metade das propriedades rurais nos principais municípios da faixa de fronteira tem até 300 hectares baseadas na pecuária familiar com baixo impacto ambiental”.
O deputado Dionilso Marcon (PT) afirmou que a suspensão da tramitação da PEC, de autoria do senador gaúcho, representa uma vitória para os movimentos sociais. “Foi uma atitude de grandeza do senador, que deve ser reconhecida. No entanto, a luta não terminou, pois há interesses poderosos que envolvem esta questão”, frisou.
Defesa nacional
O coronel Gustavo de Souza Abreu, representante do Ministério da Defesa, salientou que a questão da faixa de fronteira é muito mais complexa do que se pensa. “Ela compete ao Conselho Nacional de Segurança (CDN), que é um mecanismo regulador. O poder de polícia do Exército está limitado à faixa de fronteira. Então, quando há projetos de investimentos de empresas estrangeiras nessas áreas, o CDN analisa qual é o interesse do Brasil que determinadas atividades se instalem nessas regiões. Mas, se não houver faixa de fronteira, então os projetos não precisarão passar pelo Conselho”, explica.
Segundo o coronel, os municípios de fronteira devem ser incluídos em programas especiais de investimentos do governo federal. “Os militares não têm interesse que as regiões de fronteira não se desenvolvam, ao contrário, agora, não podemos entender que a redução da faixa irá garantir desenvolvimento das cidades”, disse.
O assessor da Conferência Nacional dos Municípios, Carlos Matsumoto, reforçou a necessidade de se formular políticas de investimento nas cidades de fronteira. “Verificamos através de estudos que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio dos municípios que estão na faixa de fronteira é menor que o do restante do Estado. Por isso, a necessidade de políticas específicas para a fronteira, que incluem temas sociais e de integração regional”, completa.
O professor de Direito Constitucional da UFRGS, Eduardo Carrion, classificou os projetos de redução da faixa de fronteira como entreguistas. “Reduzir é reafirmar nossa posição de colonizadores, de dependência. É passar de uma proposta nacionalista para uma proposta entreguista. Essa PEC, que não tem funcionalidade alguma, vai atingir de morte a lei e seu regramento. Não podemos transigir nesse assunto, nos deixarmos seduzir por interesses pontuais, pequenos, que não atendem a interesses coletivos, por isso temos que arquivar essa PEC”, afirmou.

Zoneamento

O professor Flavio Lewgoy, representante da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) salientou que não é contra o eucalipto, mas a plantação desordenada dessas espécies exóticas. E criticou o governo do Estado por não ter considerado o zoneamento feito pela Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam). “O zoneamento acabou ficando nas mãos dos empresários com poder de intervir no governo”, disse Lewgoy.
Já o professor Ludwig Buckup, da Assembléia Permanente de Defesa do Meio Ambiente (Apedema) criticou o fato de que até o momento as empresas de celulose não apresentaram nenhum detalhamento de investimentos sociais e econômicos nos municípios onde as empresas querem investir.