Na madrugada desta sexta-feira iniciou-se um novo protesto de sem teto contra a reintegração de posse de um imóvel ocupado na Zona Sul de São Paulo.
Centenas de manifestantes chegaram a bloquear totalmente a Avenida Teotônio Vilela no início da manhã, mas não houve conflito.
Integrantes do Movimento Nós da Sul iniciaram o protesto por volta das 5h, tentando impedir a saíde dôs ônibus de uma empresa na Rua Elísia Gonçalves Barcelos, no Grajaú..
Depois de alguns minutos, seguiram pela Teotonio Vilela.
Eles pretendem caminhar até a subprefeitura da região.
O grupo que luta por moradia popular quer a suspensão de uma ordem para que os sem-teto deixem a ocupação Plínio de Arruda Sampaio. A reintegração de está prevista para acontecer entre os dias 22 e 28 de setembro.
Na última quarta-feira, uma ação da Policia Militar para desalojar sem teto de um hotel abandonado degenerou em conflito que tumultuou o centro da cidade por várias horas.
Tag: movimentos sociais
Questão social pauta palestras do SET Universitário da PUCRS
O 27º SET Universitário da PUC, de Porto Alegre, começa na segunda-feira, 22, terá uma série de palestras voltadas para as questões sociais do país. Alguns dos palestrantes vindos das periferias de RJ e SP, pelos seus trabalhos, se tornaram personalidades reconhecidas inclusive fora do país
A abertura, com início às 20horas no Centro de Eventos da Universidade, terá como tema Que Brasil é esse que construímos?
Na terça, às 9h30min, o evento recebe Luan Cordeiro, advogado que atuou diretamente nas manifestações de 2013 através do grupo Habeas Corpus (HC), o jornalista Luiz Cláudio Cunha (colaborador do jornal JÁ) e a publicitária Sônia Maria Haas, que debaterão O Brasil na rua: da Ditadura até as manifestações de 2013.
Confira programação das palestras:
Segunda, dia 22 de setembro, 20h
Abertura oficial do 27º SET Universitário
Centro de Eventos da PUCRS
Que Brasil é esse que construímos?
Celso Athayde (RJ)
Renato Meirelles (SP)
Eduardo Lyra (SP)
Terça, dia 23 de setembro, 9h30min
Centro de Eventos da PUCRS
O Brasil na rua: da Ditadura até as manifestações de 2013
Sônia Haas (Brasília)
Luiz Cláudio Cunha (Brasília)
Luan Cordeiro (RJ)
Terça, dia 23 de setembro, 16h
Auditório da Famecos
Cine Político: 50 anos do Golpe Militar no Brasil
“O dia que durou 21 anos” de Camilo Galli Tavares
Ayrton Centeno
Juremir Machado
Terça, dia 23 de setembro, 20h
Centro de Eventos da PUCRS
Sessão especial e comentada do filme “Mercado de Notícias”, de Jorge Furtado
Giba Assis Brasil (Porto Alegre)
Geneton Moraes Neto (RJ)
Quarta-feira, 24 de setembro, 9h30min
Centro de Eventos da PUCRS
A publicidade que o Brasil ama – João Livi (SP)
Quarta-feira, 24 de setembro, 9h30min
Centro de Eventos da PUCRS
Comunicação inovadora, a chave de um bom relacionamento – o caso Ipiranga
Vânia Paes Barreto Marcondes (RJ)
Carlos Kober (RS)
Quarta-feira, 24 de setembro, 19h
Centro de Eventos da PUCRS
Premiação da Mostra Competitiva e Cerimônia de Encerramento
Quarta-feira, 24 de setembro, 22h
Opinião – (R. José do Patrocínio, 834)
Festa de encerramento do 27º Set Universitário
Saiba mais no Portal Eu Sou Famecos e no site do Opinião
Um Fórum, dois mundos: legitimidade do Fórum Social Mundial é questionada
Por André Guerra
Ativistas ligados a movimentos sociais alegam que o FSM teria se transformado em um “megaevento”.
“A coisa toda me parece, cada vez mais, um megaevento, como uma Olimpíada ou Copa do Mundo: um formato fechado, uma periodicidade definida e um alto investimento para acontecer. O fórum se tornou um evento que não faz a pergunta necessária: será que ainda está realmente servindo como espaço de organização para os movimentos sociais?”, critica Rodrigo Guimarães Nunes. Ele é PhD em filosofia pela Universidade de Londres, editor da revista internacional Turbulence e membro do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre.
Guimarães Nunes tem um histórico considerável em participações no Fórum Social Mundial: participou ativamente na organização de todas as edições de Porto Alegre, desempenhando várias funções de 2001 a 2005. Em 2003 e 2005, ele foi organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude e, em 2005, organizador do espaço Caracol Intergalactika. Além disso, Guimarães Nunes participou dos Fóruns Sociais Europeus de Paris (2003), Londres (2004) e Atenas (2005). No Fórum de Londres, ele esteve envolvido no processo de organização do evento principal e dos espaços autônomos.
Representatividade social
“A partir de 2004, o movimento global entra em refluxo, e a dinâmica do FSM se descola, se torna auto-referencial. Nesse meio tempo, ele passou a funcionar menos como um espaço de articulação a serviço dos movimentos, e mais como uma ferramenta na mão de seus organizadores, que passam a se posicionar como ‘mediadores’ entre os movimentos e os governos, usando o fórum para se cacifarem politicamente”, analisa Guimarães Nunes.
Em outras palavras, os ativistas consideram que, justamente quando a verdadeira representatividade social do fórum diminuiu, ele teria começado a se fazer passar por legítimo “representante” das reivindicações por transformações sociais. Um exemplo disso seria a apresentação de governos progressistas eleitos como a realização das reivindicações sociais de dez anos atrás. Na visão dos ativistas, isso seria uma forma limitada de compreender os anseios dos movimentos populares.
“O fenômeno da ‘falsa representação’, que ocorreu desde o início, se torna mais forte quando o movimento global recua. Daí a prática, por exemplo, de abrir os fóruns com a presença de presidentes como Hugo Chávez, Evo Morales e etc. Nada contra eles, mas o problema é que, se quisermos ter mediadores entre nós e o governo, gostaríamos de poder escolhê-los, e não tê-los indicados pela organização do fórum”, explica Guimarães Nunes.
Para os ativistas, o espaço deveria resgatar a capacidade de mobilização social, colaborando para identificação coletiva das dinâmicas necessárias às transformações sociais e ultrapassar a questão meramente eleitoral.
“Não quero diminuir em nada os muitos méritos desses governos progressistas, mas o FSM deveria servir para a organização e fortalecimento dos movimentos sociais entre si. Parece que ninguém, dentro do FSM, se pergunta por que os movimentos estão cada vez menos interessados no fórum, por que as lutas mais novas não veem nele um espaço relevante e etc.”, alerta Guimarães Nunes.
Esvaziamento popular
Como exemplo do que representaria um “esvaziamento” do fórum, Guimarães Nunes lembra que eventos ocorridos no mundo, em 2001, influenciaram diretamente o engajamento popular no fórum de 2002. Entre os eventos citados, ele traz as manifestações ocorridas em Gênova, na Itália, contra a reunião do G-8. Em função do encontro das potências, durante os dias 19 e 22 de julho daquele ano, o movimento antiglobalização organizou dezenas de protestos nas ruas de Gênova. Os protestos foram reprimidos com grande violência pela polícia local, resultando na morte do manifestante italiano de 23 anos, Carlo Giuliani, atingido pelo disparo feito por um policial contra a multidão.
“Compare: 2001 foi o ano da dura repressão ao G8, do 11 de setembro e da crise da Argentina. Em 2002, Porto Alegre estava cheia de italianos, estadunidenses e argentinos, gente comum, não lideranças ou intelectuais. Eram pessoas que consideravam aquele espaço importante. Se fosse hoje, você teria uma pessoa da Espanha, uma da Tunísia, uma do Egito e uma dos Estados Unidos, todas convidadas pelos organizadores para contar algo sobre a Primavera Árabe, sobre o Occupy. Mudou o FSM ou mudou o mundo? Principalmente o mundo, mas o FSM não acompanhou”, pontua Guimarães Nunes.
Isolamento
Os ativistas também levantam a questão de o fórum ter se tornado um evento estruturalmente dependente de grande apoio financeiro e governamental, o que inviabilizaria a função de promover o diálogo e a democratização das relações onde isso fosse realmente necessário.
“O fórum tornou-se uma dinâmica independente dos ritmos e das demandas dos movimentos sociais: para se viabilizar, ele necessita de um alto investimento, tornando-se dependente de financiadores. Uma coisa que ninguém parece perceber é que jamais ocorrerá um FSM num local em que esteja havendo um conflito mais intenso. E isso é óbvio. Como ele depende de altos investimentos e do apoio dos governos locais, ele só pode ir a lugares ‘amigos’. Mas uma convergência de forças como um fórum mundial não seria muito mais importante em um lugar onde estivesse ocorrendo um conflito?”, questiona Guimarães Nunes.
Novos horizontes
Os ativistas pontuam, ainda, que o FSM seria um espaço de um movimento mais amplo, criado pelos movimentos sociais a partir de seus próprios espaços de convergência. Para os ativistas, eventos dessa linha deveriam partir de “questões mais imediatas, organizados pelos interessados mais diretos, com metodologia apropriada a seus fins e sem ter ambições de ser aquilo que engloba todas as outras manifestações”. Além disso, eles enfatizam que o fórum não possui a mesma relevância produzida em suas primeiras edições.
“O FSM foi uma experiência enriquecedora nessa história e ainda há muitas lições para extrair de sua trajetória, de seus erros e acertos. Mas, atualmente, ele vale muito mais por aquilo que foi há dez anos atrás do que por qualquer relevância efetiva que realmente ele tenha hoje”, encerra Guimarães Nunes.
Morro Santa Teresa mobiliza entidades
Entidades e movimentos sociais promovem duas reuniões na segunda-feira, dia 16, para tratar de temas ligados ao Movimento em Defesa do Morro Santa Teresa. Às 14h30, haverá uma audiência com o secretário adjunto da Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, Hélio Corbelini, sobre a preservação da área remanescente do Morro.
À noite, a partir das 19 horas, na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB*, a 16ª reunião do Movimento discutirá os estudos no SEADUR sobre a regularização fundiária no Morro e que ações serão necessárias para agilizar o processo. Também será feito um relato da audiência com o secretário adjunto da SEMA, o agendamento da 8ª Caminhada no Morro e um debate sobre as ações que serão tomadas contra a proposta do vereador Adeli Sell (PT) que cria o bônus moradia para moradores do Santa Teresa.
Vereador propõe bônus-moradia
Um projeto de lei do vereador Adeli Sell (PT) institui o bônus-moradia e Porto Alegre, para beneficiar as famílias das vilas da Grande Cruzeiro que serão atingidas pelas obras da Copa do Mundo. Santos também reivindicou aos vereadores que peçam, ao governo estadual, a instalação de uma escola de Ensino Médio na Cruzeiro e a destinação de parte da área da Fase para reassentamento.
O secretário-geral do Instituto de Integração Social, Michael Santos, defendeu a inclusão de emenda que unifique em R$ 70 mil o valor do bônus a ser pago após o cadastramento socioeconômico das famílias envolvidas.
Da área da Fase, atestou Santos, a comunidade reivindica cinco hectares para a construção de apartamentos destinados às famílias que vivem em área de risco ou em condições insalubres. Ele entregou à presidência da Câmara um documento elaborado por secretarias municipais garantindo a possibilidade de arruamento no local.
*IAB fica na rua Gen. Canabarro, 363 – esquina Rua Riachuelo.
FSM: Debate sobre drogas e “Marcha da Maconha”, destaques no Acampamento da Juventude
Bruna Cardoso
Com um mega-fone, um integrante do coletivo “Marcha da Maconha” percorreu nas ruas Acampamento da Juventude, em Novo Hamburgo, convocando: “Se você assiste televisão, fuma unzinho ou toma coca-cola, venha debater sobre drogas”. Cerca de 200 jovens participaram da discussão, que terminou com uma marcha pela liberação da maconha.
“Se você assiste televisão, fuma unzinho ou toma coca-cola, venha debater sobre drogas” convidava um integrante do coletivo “Marcha da Maconha” nas ruas do Acampamento da Juventude, em Novo Hamburgo.
O debate já tivera uma preliminar no dia anterior, quando o Ministro da Justiça, Tarso Genro, em uma visita ao acampamento, se declarou favorável a mudanças na atual legislação.
“Acho que nossa política de drogas é atrasada, em relação, inclusive, ao próprio usuário. Mas tem que ocorrer uma discussão muito séria para modificar as leis relacionadas ao uso de drogas leves”, disse o ministro.
No dia seguinte, o debate reuniu cerca de 200 pessoas a favor da legalização e descriminalização da maconha.
Em forma de roda, sentaram-se os participantes no Espaço Mundo B do acampamento. E o debate informal começou.
O militante do Rio de Janeiro, Renato Cinco, iniciou falando sobre o fato histórico que gerou o preconceito que até hoje persegue os usuários da droga.
-“A primeira delegacia a reprimir o uso da maconha no Brasil se chamava Inspetoria de entorpecentes e miscigenação. Essa mesma delegacia era responsável por perseguir a cultura negra e suas manifestações, como o candomblé, o samba e a capoeira”.
Cinco conta que num primeiro momento a proibição não vingou por aqui e só foi levada a sério quando o então presidente dos EUA, Richard Nixon, em 1969, declarou guerra aos comunistas e as drogas.
Criminalizar a pobreza
Aos poucos o assunto fugiu da história e chegou aos dias de hoje e aos problemas que a proibição gera a sociedade.
Para o historiador Laurence Gonçalves, independente dos danos que as drogas possam causar à saúde, a criminalização gera muito mais.
-“A maconha ainda é a principal forma de criminalizar a pobreza. Drogas e armas não são fabricadas nas periferias, mas ela é criminalizada para enriquecer traficantes internacionais e colarinhos brancos, sustentando o capitalismo”.
Gonçalves diz ainda que quebrando pelo menos com o tráfico de drogas, outro tipo perigoso de tráfico acaba falindo no Brasil.
-“Se quebrarmos o tráfico da maconha e da cocaína, provavelmente os traficantes não terão dinheiro para pagar propina ou comprar fuzis”.
Outro questão levantada no debate foi: como seria o cultivo, se fosse legalizada a maconha?
De acordo com a grande maioria dos presentes, o ideal seria o auto-cultivo ou, então, a agricultura familiar.
Um dos participantes do debate argumentou que a planta da maconha gera menor impacto ambiental que o eucalipto e serve para diversas funções como produzir tecidos, remédios e comida.
Por fim, Renato Cinco alertou sobre a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que sugere a descriminalização do usuário e o aumento da repressão ao tráfico de drogas.
-“O projeto de FHC é uma armadilha, é um jeito de condenar ainda mais os pobres e pequenos traficantes sem envolver os usuários da classe média”.
Logo após o debate, o grupo deu início a marcha.
Fora do acampamento os militantes, sempre enfrentam dificuldades com o Ministério Público e Polícia Militar para conseguir realizar a marcha no mês de maio em diversas capitais do Brasil e no mundo.
No Fórum o espírito foi completamente diferente.
Ao som de batucadas e samba, a marcha percorreu as ruas do AIJ, despertando no máximo a curiosidade dos outros participantes.
Sem a presença da PM no acampamento, a planta foi usada livremente sem nenhuma repressão e a marcha – considerada a maior do acampamento – aconteceu livre de incidentes.
Fórum tem que avançar em propostas, diz Lula
Até o presidente Lula acha que o Fórum Social Mundial tem que ir além da crítica ao neoliberalismo e definir uma lista mínima de propostas concretas para tornar um novo mundo possível.
“Não adianta sair daqui com uma pilha de papéis que depois ninguém vai ler”, disse Lula no discurso que fez nesta terça-feira, 26, no ginásio Gigantinho.
Embora sem usar a expressão, ele sugeriu uma “agenda mínima” que possa resultar numa ação unificada de todos os movimentos que compõem o Fórum.
Lula deu, inclusive, uma sugestão aos organizadores do FSM: promover uma campanha em todos os continentes para ajudar a reconstruir o Haiti.
A idéia de uma pauta de iniciativas que possam dar unidade às ações dos movimentos de todos os continentes que integram o FSM tem sido sugerida pelos principais participantes dos debates que se realizam em Porto Alegre e as cidades da região metropolitana.
Inclusive alguns dos idealizadores do fórum, como o jornalista francês Bernard Cassen, do Le Monde Diplomatique, tem insistido nessa postura “mais propositiva” para dar mais consistência ao movimento.
Ainda há, no entanto, resistência, entre muitos dos conferencistas mais influentes, que acham a idéia de “agenda mínima” uma prática da antiga esquerda, que poderá engessar o movimento e tirar uma de suas características mais fortes, que é a autonomia das entidades que integram o FSM.
É de se prever que este será o tema central no seminário de encerramento, quando se fará um relatório das discussões, na tentativa de definir os rumos do movimento que comemora os seus 10 anos em 2010.
Acampamento tem moeda própria e testa autogestão
O Acampamento Intercontinental da Juventude, adota uma experiência inédita neste 10º ano do Fórum Social Mundial em Porto Alegre.
Ao contrário dos outros anos, o acampento é em Lomba Grande – uma área rural de Novo Hamburgo – onde a preocupação é integrar as pessoas com o meio ambiente.
Logo no primeiro dia do Fórum, há pelo menos 2.500 pessoas no acampamento. Que conta com uma infraestrutura voltada para influenciar a sustentabilidade.
A alimentação do acampamento é fornecida pela comunidade local, que é formada em sua maioria por produtores rurais ligados à economia solidária.
É possível comprar produtos orgânicos e caseiros, que também podem ser trocados pelo MATE, moeda social do fórum.
Outro fator importante é o uso racional da água, no acampamento há distribuição de água potável, que deve ser utilizada com bom senso, já que ela é armazenada em reservatórios com capacidade limitada.
Porém a cultura e o debate do Fórum não é deixado de lado. Por se tratar de um Fórum descentralizado, o acampamento tem sua própria programação. Cerca de 300 atividades serão realizadas dentro do parque, entre elas, painéis, shows, debates e oficinas em diversas áreas.
A segurança interna do espaço é por conta da guarda municipal, que patrulha desarmada pelo parque. Porém a segurança externa é feita com auxílio da Brigada Militar. O clima é pacífico e a intenção é que o acampamento seja feito em um processo de autogestão. Onde tudo possa ser resolvido em conjunto pelos grupos.
FSM:Pesquisa mostra perfil dos participantes
O Ibase, um dos promotores do evento, realiza desde 2003 uma pesquisa entre os participantes dos debates centrais do Fórum Social Muncial. Os resultados indicam um público predominantemente jovem e com bom nível de escolarização.
No encontro de 2009, em Belém (PA), 64% dos participantes tinham até 34 anos de idade e 81% tinham ou estavam cursando uma faculdade. Foram ouvidos 2.262 num universo de 150 mil participantes.
Para eles, o papel do Fórum é “propor políticas públicas” e “oferecer espaço para trocas culturais” (ambas com 19% das citações), além de “construir articulação internacional” (16%). “Pressionar governos” e “protestar”.
Para 89%, o “ponto forte” do Fórum é a “diversidade”; para 60%, o “ponto fraco” é a sua organização.
Apresentados a nove instituições, 85% dos participantes disseram que não confiam no Fundo Monetário Internacional (FMI) e nas “empresas transnacionais” (83%).
Também não confiam nos parlamentos (79%), no Banco Mundial, no Sistema Jurídico (77%), nos blocos regionais (60%) e em governos nacionais (62%). A Organização das Nações Unidas (ONU) foi a que mais dividiu opiniões (49% não confiam e 44% confiam).
Em Belém, 80% dos participantes eram brasileiros, 13% da América Latina e Caribe e 7% do “resto do mundo”, num total de 142 países representados.
A alta concentração de pessoas do próprio país que sedia o Fórum ocorre em todas as reuniões centrais do FSM.
O fato de 76% dos que estiveram em Belém estarem participando de uma reunião central do Fórum pela primeira vez (12% pela segunda vez) indica, segundo os técnicos do Ibase, um bom potencial de renovação do Fórum.
IDENTIFICAÇÃO COM MOVIMENTOS OU “LUTAS”
Foi perguntado: você pertence ou tem maior identificação com algum tipo de movimento ou luta?
As principais alternativas assinaladas foram:
21% se identificam com a Luta Ambientalista
16% com Movimentos por Direitos Humanos
11% com Movimento Cultural e Artistico
Apenas 10% dos entrevistados identificam-se com o Movimento Estudandil.
Um detalhe: 20% dos entrevistados não têm identidade com nenhum movimento.
Observação: os pesquisadores do Ibase concluíram que “as lutas com caráter mais universalista têm maior destaque”, o que sugere que os participantes do Fórum Social Mundial têm uma “visão com foco amplo sobre os problemas e desafios” do mundo atual – embora seja preciso destacar que um quinto dos entrevistados afirme não se identificar com nenhum movimento específico (tendência que se acentua entre os mais jovens).
Foi perguntado: De que tipo de organização ou entidade você participa? (o entrevistado podia escolher mais de uma opção).
As mais citadas foram:
Movimento social – 27%
ONG – 17%
Grupo Religioso – 12%
Associação – 11%
Grupo Cultural – 10%
Sindicato – 8%
Partido político – 8%
Economia solidária – 3%
NENHUMA – 30% (quase um terço dos participantes não integra nenhuma organização ou entidade).
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GLOBALIZAÇÃO
Foi perguntado: o que você pensa sobre a globalização? (foram apresentadas 3 alternativas)
A maioria dos entrevistados (54%) respondeu que “deve haver mudança radical”;
Outros 34% acreditam que “deve-se criar formas de melhorar” e apenas 7% acham que a globalização deve seguir o seu curso “da forma como se dá hoje”. 5% não sabiam ou não tinham opinião.
Também foram apresentadas aos entrevistados medidas para o enfrentamento da situação de crise financeira mundial.
Parcela expressiva (53% dos entrevistados) defendeu que haja um aumento “do controle estatal sobre o sistema financeiro”.
A imensa maioria (83%) rejeita a redução de direitos trabalhistas e a flexibilização de leis ambientais,90% são contrários como medidas para evitar demissões.
A IMPORTÂNCIA DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Foi perguntado: o que o Fórum Social Mundial tem de mais importante?
19% dos entrevistados responderam “oferecer espaço para trocas culturais”
19% responderam “propor políticas públicas”
16% “construir articulação internacional”
Foram citadas ainda “pressionar governos”, “protestar”, entre outras.
Para a maioria dos participantes (89%) o principal “ponto forte” do Fórum é a “diversidade”; já o principal “ponto fraco” do FSM (para 60% dos entrevistados) é sua organização.
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ACESSO A INFORMAÇÃO
Foi perguntado sobre qual o principal meio utilizado para obter informação.
Os principais meios citados foram a Internet (60% dos entrevistados), seguida de Televisão (19%) e jornal diário impresso (13%).
O principal uso da Internet é para e-mails (56%), sendo que entre os mais jovens, os sites de relacionamento aparecem como primeira opção (entre os jovens de 14 a 17 anos, 46% usam a Internet com esta finalidade).
Quando perguntados, porém, sobre “qual forma de comunicação e informação mais influencia as suas opiniões”, 22% responderam “revistas e jornais impressos comerciais”, opção seguida por “debates com amigos e parentes” (19%), estudos (16%) e publicações impressas de “organizações e entidades de movimentos sociais” (13%).
TEMAS DA AGENDA PÚBLICA
O que mais dividiu opiniões entre os participantes do Fórum em Belém foi a legalização do aborto: 45% foram a favor e 44% contra (o restante não tinha opinião).
Sobre a discriminalização das drogas, 49% foram contra e 40% a favor (o restante, sem opinião).
Já a união civil entre pessoas do mesmo sexo é aceita por ampla maioria: 65% foram favoráveis e 27% contrários (o restante não tem opinião formada).
Observação: a polarização de opiniões (particularmente em temas como a legalização do aborto e descriminalização das drogas) aponta, segundo os pesquisadores do Ibase, o caráter de diversidade do Fórum Social Mundial. (Fonte: IBASE -Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica )
Segurança venceu: discurso de Lula será no Gigantinho
Razões de segurança convenceram os organizadores do Forum Social Mundial e dobraram a vontade do próprio presidente Lula. Seu discurso, nesta terça-feira, 26, não será ao ar livre no auditório Por do Sul ou no lado externo da usina do gasômetro, como estava inicialmente previsto.
Lula vai falar no ginásio de esportes do Inter, o Gigantinho, a partir das 19 horas.
O presidente brasileiro, que encerra este ano o seu segundo mandato e hoje é o líder político mais identificado com o Forum Social Mundial, vai falar como “militante social” e não como chefe de Estado, uma vez que a organização do FSM não prevê essa hipótese.
Forum Social Mundial:Lula fala no Por do Sol dia 26
A segurança queria um lugar fechado, mas Lula insistiu e seu discurso no 10. Forum Social Mundial, dia 26, será mesmo no anfiteatro Por do Sol, na Orla do Guaiba.
De Porto Alegre, o presidente vai a Davos, na Suiça, onde se reúnem os grandes capitalistas do planeta. De lá, volta para Salvador, para abrir abre o Forum Social da Bahia, o primeiro de 27 mini-foruns que acontecerão no Brasil em 2010.
Lula será nestes dias uma espécie de presidente do “outro mundo”, que os críticos do capitalismo dizem ser possível.
O Forum abre segunda-feira, 25 na Usina do Gasômetro, com o seminário “Dez Anos Depois – desafios e proposta”. Essa discussão estará em quatro mesas simultâneas. Às cinco da tarde inicia a caminhada que sai do Mercado Público em direção à Orla, pela avenida Borges de Medeiros. Encerra com um show no anfiteatro Por do Sol. As atrações ainda não estão fechada, mas já confirmaram Tom Zé, Racionais, Nelson Coelo de Castro, Leonardo Ribeiro.