A Polícia não tem qualquer pista do grupo que atacou na sexta-feira passada os caixas eletrônicos no Supermercados Zaffari, na rua Fernandes Vieira, bairro Bom Fim, em Porto Alegre
O delegado Joel Wagner, que comanda as investigações, disse ao JÁ que “talvez demore um pouco”.
As imagens colhidas pelas câmeras internas, até o momento, não permitiram qualquer reconhecimento.
Mesmo as imagens que vazaram para a imprensa não renderam nenhuma informação que pudesse levar à identificação de qualquer um dos quatro homens que aparecem.
Isso reforça a hipótese que o grupo, ou pelo menos os líderes, sejam de fora. O delegado Wagner acredita nisso. “Alguns deles, pelo menos”. O delegado Abílio Pereira concorda e acha que a precipitação na abordagem, que acabou frustrando o assalto, pode ser sinal de inexperiência.
O ataque ocorreu no início da manhã de sexta-feira, 27 de setembro.
Mais de cem tiros e armas pesadas foram disparados no confronto entre os assaltantes e os vigilantes que escoltavam os malotes de dinheiro.
A polícia diz que o assalto foi frustrado, os bandidos nada levaram. “Eles erraram o bote”, diz um investigador. “Foi a reação do colega que surpreendeu eles”, disse o vigilante que na terça feira reforçava a segurança no local.
Segundo ele, quando os homens avançaram atirando, um dos vigilantes atirou e acertou no peito de um deles. O colete à prova de bala salvou-o, mas o bandido recuou. Os vigilantes então se entrincheiraram atrás dos caixas eletrônicos e o tiroteio foi ouvido em toda a rua.
O delegado Abílio Pereira, que ouviu os guardas da Prossegur no dia, confirma: os bandidos se precipitaram e começaram a atirar ainda de dentro da garagem, os guardas tiveram tempo de se proteger e revidar. “Se eles tivessem chegado em cima, os guardas não teriam como reagir”, diz o delegado.
Ele foi a primeira autoridade a chegar ao local. Por casualidade, estava chegando ao supermercado, para comprar café. Estava com o carro da polícia, com o motorista, não quis entrar no estacionamento.
Estacionou na calçada vinte metros antes. Desceu, andou uns metros, ouviu o pipocar dos tiros. Correu de volta ao carro para pegar uma arma, mas já os dois carros dos assaltantes saiam cantando os pneus.
Pouco antes das nove horas, um Focus prata subiu a rampa da garagem do Zaffari. O motorista manobrou e deixou-o ao fundo, bem de frente para a rampa de saída. Tinha cinco homens dentro, mas os vidros escuros não deixavam ver. Um deles desceu e foi checar o banheiro, do outro lado. Encontrou a faxineira lavando o chão. Mostrou a arma e disse: “Fica aí e não sai”. Ela se encostou na parede e ficou tremendo. Em seguida ouviu os tiros, os gritos, a correria.
O carro forte da Prossegur encostou minutos antes das nove horas na frente do supermercado. O chaveiro “Gaúcho”, do seu quiosque na esquina, viu tudo. Saltou um guarda com a escopeta, olhou ao redor, em seguida desceram outros três com revólveres, um com o malote de dinheiro na mão. Tensos, olhando pros lados, atravessaram a rua e entraram no supermercado para alcançar a escadinha que leva ao primeiro andar, onde funcionam um café, uma loja de telefones e uma loja de chaves e fechaduras, junto à porta que dá para a garagem e os caixas eletrônicos, três do lado de dentro, um do lado de fora.
Estima-se que no mínimo 100 mil reais seriam colocados nos caixas, para o fim de semana. O chaveiro prestou atenção num homem encostado numa árvore que falou ao celular e se afastou rapidamente. Ele acredita que aquele era um dos comparsas avisando que os guardas estavam subindo com o dinheiro.
São quatro caixas eletrônicos: Banrisul, Banco do Brasil e Banco 24 Horas na parte interna, separada da garagem por uma porta pantográfica automática, e um do Bradesco junto à parede da garagem.
“Pressenti qualquer coisa errada nele”
Os policiais da Delegacia de Roubo procuram um homem de 1,70 m, mulato, magro, musculoso, “com cabeça de nordestino”. Ele é, possivelmente, o chefe do grupo.
A descrição do suspeito foi montada a partir de diversos testemunhos de pessoas que o viram (algumas falaram com ele) nos dias anteriores ao tiroteio que apavorou o Bom Fim.
A imagem do assaltante, captada pelas câmeras de segurança, está um pouco deformada, parece gordo, tem o rosto parcialmente encoberto, até agora tem sido insuficiente para a identificação.
Na véspera, à tarde, ele circulou numa moto pelas ruas no entorno do supermercado, usava um capacete velho e um surrado colete de motoboy. Fez perguntas sobre o trânsito (como se procurasse um endereço), queria saber onde havia um posto da Brigada Militar.
“Pressenti alguma coisa errada nele, tinha um olhar de mau”, diz o chaveiro Gaúcho, que há 30 anos é uma referência na esquina defronte ao Zaffari.
Rotina violenta
Às onze da manhã o sargento Mello já registrava a sexta ocorrência do dia. O furto de um celular, um homem com uma pedra que ameaçava os transeuntes, dois rapazes em atitude suspeita que os guardas do parque da Redenção trouxeram algemados…
O sargento comanda o postinho da Brigada Militar no parque. É um cubículo construído pela comunidade, junto ao mercadinho Bom Fim.
Ele dispõe de um rádio, para falar com a central do policiamento da capital, um telefone por onde recebe as denúncias e um computador, que no momento não está funcionando.
“Está bem tranquilo”, diz o sargento enquanto finaliza a anotação no boletim de ocorrência.
Num sábado assim, de sol, em que o parque se enche de gente, seis ocorrências até as onze horas “é pouco”, repete o sargento, do alto de seus 23 anos de policiamento ostensivo da Brigada Militar.
A redução das ocorrências começou há um mês, com a vinda reforços do interior, em rodízio. A cada mês vem um contingente de 200 homens para a capital.
Isso permite, por exemplo, colocar mais duas viaturas no entorno e mais duas duplas de policiais com bicicleta ou moto no interior do parque. É o que fez diminuir as ocorrências na área no último mês.
É um cobertor curto, porque no interior também falta policiamento, Mas não há melhor solução à vista.
Uma unidade como o 9º Batalhão, que responde pelo policiamento em 14 bairros, onde vivem quase 300 mil pessoas, tem 300 homens para um serviço que é exigido 24 horas por dia.
Há dez anos o 9º Batalhão tinha mais de mil soldados.
A falta de policiais não é privilégio do Bom Fim ou da região atendida pelo 9º BPM.
Estima-se que o contingente da Brigada Militar está desfalcado em cinco mil homens.
Depois de quatro anos, a Brigada Militar, que responde pelo policiamento ostensivo em todo o Rio Grande do Sul, está fazendo um concurso para admitir mais dois mil soldados, menos da metade do que precisa para completar seu efetivo.
Inscreveram-se vinte mil candidatos, 17.400 compareceram, porém apenas 2.500 foram aprovados nas provas de conhecimentos.
Desses, mais de 400 caíram no exame físico, ainda falta o psicotécnico e outros.
Provavelmente restarão pouco mais de mil, que serão incorporados em janeiro de 2015. Quando forem para as ruas, depois de oito meses de treinamento, já não preencherão sequer as vagas dos que se aposentaram ou se afastaram naquele ano.
POLÍCIA CIVIL
Três investigadores para dez bairros
A Décima Delegacia, um prediozinho de tijolo aparente na tranquila rua Jacinto Gomes, é para convergem todas as ocorrências de dez bairros, que abrigam mais de 200 mil moradores.
Há dez anos, a Décima tinha 34 funcionários, hoje tem 14, dos quais somente três são investigadores.
Nos três cartórios que ali funcionam, atendidos por seis funcionários, tramitam dez mil processos. As salas são cubículos, com móveis velhos, cadeiras quebradas. Há carência de gente, de equipamentos, de espaço.
“Esse prédio é uma vergonha. Isso aqui seria uma bela casa para um casal de idosos, mas uma delegacia…”, diz o titular da Décima, delegado Abílio Pereira, que já anunciou sua aposentadoria no fim do ano, depois de 36 anos na polícia.
O delegado considera que a situação da segurança está “fora de controle”. “Nessa região aqui tem uma legião de delinquentes, de todo o tipo, de todo o lado, aplicando golpes, roubando, agredindo.”
O delegado acha que, além da precariedade do aparato de segurança, há uma causa fundamental no aumento da delinquência: a impunidade. “Essa é a lenha da fogueira”, diz.
Muitos já nem procuram a polícia
O comissário Gerson está de pé atrás da mesa. Tem um ar cansado, mas é gentil. “Me diga um lugar onde a violência não está aumentando que eu vou pra lá”, brinca ele.
O comissário Gerson tem 53 anos, entrou aos 16 para polícia. Já trabalhou em todas as delegacias de Porto Alegre. Cristal e Glória foram as últimas, antes da Décima. “Não dá pra comparar: aqui é mais tranquilo”.
Ele diz que um foco de tensão se localiza na Vila Planetário, que resultou da regularização de uma antiga invasão. “Mas é pequeno, sob controle”.
O comissário diz que viveu duas polícias: uma até 1988, autoritária, arbitrária muitas vezes; outra depois da nova Constituição, mais limitada. Tem dúvidas se houve melhoras.
Hoje, ele deixou as ruas e como burocrata percebe que a violência se banalizou: o serviço interno diminuiu porque as pessoas, sabendo que a polícia não vai conseguir fazer nada, já não se dão ao trabalho de registrar as pequenas ocorrências.
Tag: segurança
Polícia reforça e centraliza área de comunicação
O novo Chefe de Polícia, delegado Ranolfo Vieira, convidou para um café da manhã os jornalistas que trabalham na cobertura policial. O objetivo era apresentar a nova estrutura de comunicação não só da Policia Civil, mas de toda a área de segurança.
A delegada Vanessa Correa, nova diretora da Divisão de Comunicação Social da Polícia Civil disse que a orientação é de “abrir a casa” e que uma grande reforma na área de comunicação está em andamento com esse objetivo.
As mudanças seguem dois eixos:
De um lado, a centralização do atendimento aos jornalistas na assessoria de comunicação, que se prepara para melhor atender as demandas da imprensa. A intenção nesse caso, segundo a diretora, é “centralizar para dinamizar” o fornecimento de informações aos jornalistas.
De outro lado, criação de canais próprios para difusão de informações – desde um novo site até a utilização de novas ferramentas, como twitter, redes sociais e blog.
O diretor de Comunicação Social da Secretaria de Segurança, Antonio Cândido, reforçou as palavras da delegada, afirmando que essa orientação seguida na polícia e em toda a área de segurança está afinada com estratégia de todo o governo para a área de comunicação.
O anfitrião, delegado Ranolfo Vieira Jr. fez questão de esclarecer que a centralização do fluxo de informações na assessoria de comunicação não significava querer limitar o trabalho dos jornalistas, mas de facilitar a busca de informações mais completas.
O Chefe de Polícia explicou também que haverá uma uniformização da imagem da Polícia Civil. “Vao desaparecer esses simbolos diversos, como o tigrão do Deic, a águia do Denarc, o escorpião do GOE. Inclusive os uniformes dos policiais, que hoje são vários, serão padronizados.
Por fim, salientou que as mudanças são amplas, mas não significa que “vamos fazer terra arrasada”. “Nós não achamos que está tudo errado, achamos apenas que é preciso mudar algumas coisas”. Deu como exemplo, o caso das delegacias móveis, um projeto de 2007, de gestão do delegado Pedro Rodrigues, que está se concretizando agora.
Taxa de homicídios no RS é o dobro de São Paulo
O chefe de Polícia, delegado Ranolfo Vieira, informou que o projeto para criação do Departamento de Homicídios está em fase final.
Ele acredita que no início de fevereiro já poderá levar ao Secretário de Segurança, para que seja transformado num projeto de lei que o governo Estadual deverá encaminhar à Assembléia Legislativa.
A sinalização do executivo é favorável ao projeto, segundo o delegado. Mas uma decisão vai depender de uma análise das implicações em termos de recursos e de infraestrutura.
Segundo o delegado, a criação de uma estrutura própria para cuidar dos crimes contra a vida se justifica com uma pergunta: “Homicídio é ou não é importante?”. A impunidade é um dos fatores que faz crescer esse tipo de crime.
“Hoje o perfil mudou. Antes eram crimes passionais, briga de vizinhos, desentendimento no bar. Agora são dez, quinze balas, é guerra de quadrilha”, diz o delegado.
Pelo projeto, serão 12 novas delegacias, duas em Porto Alegre, as demais nas cidades com maior número de crimes, Caxias do Sul em primeiro lugar.
Nessas cidades, onde as delegacias atendem a todo o tipo de ocorrência- desde briga de vizinho, até assalto a mão armada – muitas vezes os homicídios não são investigados pelo acúmulo de serviço, segundo o chefe de Polícia.
“Em Caxias do Sul, por exemplo: são 25 policiais para atacar um volume de 137 inquéritos em andamento. É humanamente impossível dar conta dessa demanda”
No Rio Grande do Sul o índice de homicídios é o dobro de São Paulo, onde a criação de um serviço especializado em homicídios vem contribuindo para reduzir essa taxa ano a ano.
Em 2010, o índice de São Paulo foi de 11 homicídios para cada 100 mil habitantes. No Rio Grande do Sul a média está acima de 20 homicídios por 100 mil habitantes. São 26 na capital e 21 homicídios por mil habitantes no interior do Estado.
Por que caiu o chefe de polícia?
O líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, Elvino Bohn Gass, cobrou do governo do Estado esclarecimentos sobre a inesperada queda do chefe de Polícia, João Carlos Martins.
O parlamentar considera que o desaparecimento da arma do chefe da corporação, como foi noticiado pela imprensa, embora seja um fato inusitado, não explica a saída repentina do comandante da Polícia Civil.
“É preciso que o governo se manifeste de forma clara sobre o episódio, sob pena de aumentar ainda mais a sensação de insegurança que paira sobre a população”, justificou o deputado.
Ele considerou “preoocupante” a “dança das cadeiras na segurança pública”. Desde o início do governo Yeda, foram três secretários (Enio Bacci, José Francisco Malmann e Edson Goulart), quatro comandantes da Brigada Militar (Edson Ferreira Alves, Nilson Nobre Bueno, Paulo Mendes e João Carlos Trindade Alves) e dois chefes de Polícia (João Carlos Martins e Pedro Rodrigues).
Além disso, a Casa Militar teve cinco chefes diferentes (Dalmo Itaboraí dos Santos, Edson Alves, João Batista Gil, Joel Prates Pedroso e João Oliveira Quevedo) e a Susep, quatro superintendentes (Sérgio Fortes, Antônio Bruno Trindade, Paulo Roberto Zietlow e Mário Santa Maria).
“Uma rotatividade desta ordem torna, pela descontinuidade, impossível a implantação de uma política de segurança pública séria”, ponderou Bohn Gass.
Caso Eliseu: reportagem bota o dedo na ferida
Finalmente parece que a imprensa local se livrou da tutela da polícia na cobertura do asssassinato de Eliseu Santos, secretário municipal da Saúde em Porto Alegre.
A Zero Hora desta quarta feira, 7 de abril, bota o dedo na ferida.
Numa reportagem que mobilizou cinco dos seus melhores repórteres, o jornal levanta a história e os descaminhos da empresa de segurança Reação, cujo proprietário é acusado pelo MP de ser o mandante do crime.
O que impressiona é que, com todo o histórico de irregularidades e denúncias envolvendo a empresa, que motivaram até uma sessão da Câmara de Vereadores, a Reação e seu proprietário não tenham sido incluídos nas investigações da polícia.
Fora isso, impressiona também a série de fatos escabrosos que até agora não haviam merecido a devida atenção.
Por exemplo: em 2007, a Reação era uma das 15 empresas de segurança privada denunciadas pelo Conselho de Administração de Defesa da Economia (CADE) pela formação de cartel.
As empresas combinavam os preços para disputar as licitações junto ao setor público – municipal, estadual e federal! – e isso foi provado inclusive por gravações, num processo de 18 mil páginas. As empresas foram multadas em R$ 42 milhões!
A Polícia Federal imediatamente rompeu o contrato que tinha com a Reação, para segurança de sua sede em Porto Alegre. Mas a prefeitura manteve os dois contratos, que só foram rompidos no ano passado, quando estouraram as denúncias de propina.
Propina
Nesses três anos (2007, 2008, 2009) a prefeitura pagou R$ 9,5 milhões à Reação . O contrato foi renovado apesar de pareceres jurídicos contrários.
Em seu depoimento na Câmara, em maio do ano passado, Jorge Renato de Mello, o proprietário da Reação (ou que se apresentava como proprietário, porque não está clara a situação societária da empresa) disse coisas espantosas.
Em primeiro lugar confirmou o pagamento de propina. Disse que sofria atrasos nos pagamentos, mas depois que passou a pagar suborno (R$ 10 mil inicialmente) recebia antes de qualquer credor!
Mais: que a firma que venceu a concorrência na qual a Reação perdeu o contrato apresentou documentos adulterados!
Em síntese: independente do desfecho do Caso Eliseu, está aberto o caminho para a CPI na Câmara Municipal e o que surpreende é que a base aliada tenha conseguido evitá-la até agora, dada a gravidade dos fatos.
Caso Eliseu: cobertura só com informações da polícia
Apesar do comovente esforço dos repórteres da Zero Hora (edição desta quinta, 4), o trabalho da polícia no esclarecimento do assassinato do secretário Eliseu dos Santos está longe de ser uma façanha.
Levar cinco dias para descobrir a identidade de um criminoso que deixou um rastro de sangue de 200 metros e, uma hora depois, deu entrada num hospital a 40 quilômetros do local do crime – não pode sequer ser considerado um exemplo de eficiência.
Considere-se que o rapaz ferido com dois tiros, uma bala ainda no corpo, teve atendimento médico e foi identificado por dois brigadianos aos quais contou uma mentira, mas deixou endereço e telefone corretos.
Ninguém suspeitou de sua pressa de ir embora, mesmo com uma bala na perna? Os brigadianos da região metropolitana não foram informados do crime?
Na madrugada do crime, as rádios já informavam que um homem ferido havia sido atendido num hospital da região metropolitana. Mas, segundo o jornal, os agentes da Delegacia de Homicídio tiveram que fazer uma “varredura” para localizar a ocorrência.
Dizer que foi uma das “mais rápidas e científicas investigações da crônica policial gaúcha” porque foi feito um exame de DNA! Destacar, como prova de eficácia, o isolamento do local do crime por 12 horas!
Dá para entender o esforço para agradar a policia, em repórteres que dependem dos policiais para obter as informações…
Não dá para entender que repórteres experientes em pleno 2010 ainda trabalhem só com base nas informações da polícia… E se apressem a engolir uma versão que dá por resolvido um crime em que nenhum suspeito ainda foi preso…
Se o assassinato de Eliseu Santos foi mesmo, como diz a polícia, praticado por delinquentes amadores que queriam roubar o seu carro, o que fica muito claro é que temos um esquema de segurança ineficiente. E uma imprensa tão amadora quanto os ladrõezinhos que mataram o secretário.
Bom Jesus ganha ações do Território da Paz
A comunidade do bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, está experimentando um novo tipo de relação com a Brigada Militar, que vai além da repressão policial. É o policiamento comunitário, uma das ações que integram o Território de Paz do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), do Ministério da Justiça.
Instalado há dois meses na região, o Pronasci prevê uma série de medidas de segurança e cidadania que visam mudar a rotina dos moradores.
No Bom Jesus, bairro que é formado também por três grandes comunidades carentes, foram criados quatro postos de atendimento, com três policiais em cada, sempre próximos de postos de saúde e de associações comunitárias. O PM Carlos Moraes diz que o trabalho consiste em conversar frequentemente com os comerciantes, a comunidade escolar e moradores. “É uma forma de saber mais sobre o cotidiano das pessoas. Os dependentes químicos, por exemplo, são orientados para uma possível internação. É um serviço diário rotativo, feito com um micro-ônibus”, explica.
A vendedora Daiane da Silva, 29 anos, já nota a diferença. “Estou achando muito interessante. É um trabalho bem feito e intimida as pessoas que estão com a intenção de cometer algum crime, pois o policial está próximo”.
Outra ação em andamento é o Protejo – Projeto de Proteção dos Jovens em Território Vulnerável -, que oferece atividades culturais, esportivas e educacionais aos jovens de 15 a 24 anos. De acordo com balanço feito pela Fundação de Assistência Social e Cidadania, responsável pela ação em Porto Alegre, 2.067 jovens se interessaram em participar do Protejo. Nesta primeira etapa, mil jovens serão atendidos.
A estudante Jenifer Madelaine, 16 anos, está entre os inscritos. Ela espera que o Protejo possa tirar os jovens das ruas e do mundo das drogas. “É triste ver as coisas como elas estão. Tem meninos de 12 anos vendendo droga nas ruas. Com o Território de Paz, acho que tudo isso vai melhorar. Eu imagino que o Protejo seja algo bem legal e espero que depois dele jovens como eu tenham vontade de ser alguém na vida”.
O “Mulheres da Paz” é outro projeto muito aguardado pela comunidade de Bom Jesus. As inscrições devem ser abertas até o final do ano. Trezentas e vinte mulheres serão selecionadas e treinadas para identificar os jovens que correm o risco de entrar para o crime e encaminhá-los a projetos sociais. Cada mulher receberá um auxílio mensal de R$ 190.
Segundo a coordenadora do “Mulheres da Paz” em Porto Alegre, Beatriz Morem, o projeto trará inúmeros benefícios para a comunidade. “As mulheres serão orientadoras e mediadoras sociais, com informações sobre direitos que, geralmente, as pessoas não têm nesses locais”, enfatiza. Para saber como funcionará o projeto e a previsão de início das inscrições do “Mulheres da Paz” , as interessadas devem procurar a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Segurança Urbana, que fica na Rua João Alfredo 607, bairro Cidade Baixa. Telefone: (51) 3289.7022.
Redução da criminalidade
O ministro da Justiça, Tarso Genro, ressalta que os resultados do Pronasci devem ser esperados a médio e longo prazo. “O Pronasci propõe uma mudança de paradigma, que é articular as políticas sociais com as questões de segurança pública, e isso não se faz de imediato.
O ministro ressalta a mais recente pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, responsável em monitorar e avaliar as ações do Pronasci nos Territórios de Paz, que diagnosticou queda de 70% da criminalidade em Santo Amaro, no Recife (PE), com menos de um ano de implantação do Programa.
“Ninguém acreditava que poderíamos reduzir esses índices de criminalidade e violência e eles têm sido reduzidos. É um esforço conjunto entre os governos federal, estadual e municipal, além da participação efetiva da sociedade civil e da própria comunidade”, acrescentou.
O que já está funcionando no Bom Jesus:
Núcleo de Justiça Comunitária: Moradores da comunidade podem procurar o Núcleo para conhecer os seus direitos e resolver conflitos sem precisar procurar a polícia ou a Justiça. O Núcleo funciona no Instituto Cultural São Francisco de Assis, Centro de Promoção da Criança e do Adolescente, Estrada João de Oliveira Remião, nº 4444 – Lomba do Pinheiro, Porto Alegre.
Núcleo Especializado no Atendimento de Mulheres Vítimas de Violência Doméstica: Orienta as vítimas e oferece acompanhamento jurídico. Está instalado na Rua Sete de Setembro, nº 666, Térreo – Centro, Porto Alegre.
Assistência Jurídica Integral ao Preso e seus Familiares: Em Porto Alegre, o projeto funciona na Rua Márcio Luís Veras Vidor, nº 10, sala 405 – Praia de Belas, Porto Alegre.
Benefícios para o policial
O Pronasci envolve também ações voltadas para o profissional de segurança pública. São disponibilizados cursos gratuitos para qualificar o atendimento à população e os participantes podem ter direito ao Bolsa Formação, um auxílio mensal de 400 reais concedido a policiais civis, militares, bombeiros, guardas municipais, agentes penitenciários e peritos.
Outro benefício são as condições especiais de financiamento habitacional oferecidas pela Caixa Econômica Federal. Os interessados devem procurar a agência central de Porto Alegre, que fica na Praça da Alfândega.
O que muda com o novo Chefe de Policia
Está prevista para a próxima terça-feira, 3 de fevereiro, a posse do novo chefe da Polícia Civil do RS, delegado João Paulo Martins e a do seu subchefe, delegado Álvaro Steigleder Chaves. Esta mudança não se caracteriza como uma simples dança de cargos entre delegados. E será possível verificar isso desde as primeiras semanas dessa nova administração.
Ocorre que João Paulo não é só o delegado desenhado como o mais elegante, física e intelectualmente, entre os seus colegas de 4ª classe. Ele conhece a operacionalidade da corporação e é considerado hábil no campo do relacionamento político.
Steigleder, além da facilidade de diálogo, tem a obsessão da operacionalidade. Ele não deverá ser um sub-chefe cumpridor, em seu gabinete, da hora/bunda. Nesta moldura, aparece o novo diretor do DPM (Departamento de Polícia Metropolitana), delegado Gerson Mello, também um policial operacional, que sucederá o delegado Cleber Ferreira, que, neste campo, realizou um trabalho da melhor qualidade. No Deic, o delegado Ranolfo Vieira Júnior se ajusta perfeitamente com o traçado da nova cúpula da Polícia Civil, pois nos seus verdes primeiros dez anos de corporação tem demonstrado uma visão positiva e singular do que a sociedade exige de seus profissionais de polícia. Sigam-me.
Questionamentos
Uma cúpula, antiga ou nova, não funciona por si só. Espera-se que os delegados com vocação operacional sejam colocados em postos de liderança em que possam dar resposta ao clamor público por uma sensação segurança que esteja além da apreensão de máquinas caça-níqueis.
Steigleder, sob cujos ombros estará a responsabilidade de montar equipes, compete, a partir do dia de sua posse desencadear esta tarefa. E, se assim não o fizer, serão inevitáveis os primeiros questionamentos. Além disso, independente da análise que este humilde marquês faz da nova cúpula da Polícia Civil, é preciso registrar que o nome de João Paulo foi o escolhido, mas não se trata de uma unanimidade.
Barbárie
Dois homens encapuzados violentaram uma mulher e esfaquearam o marido e o filho dela, em Triunfo. Os bandidos invadiram a fazenda da família na BR 386 e queriam dinheiro da aposentadoria do homem de 76 anos. Os assaltantes fugiram com 25 reais e um aparelho de DVD.
Bárbaro
Dois homens, na noite de quinta-feira, assaltaram a casa noturna Dublin, na rua Padre Chagas, no sofisticado bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Na fuga, um segurança reagiu e os bandidos atiraram, dando um susto bárbaro nas pessoas que freqüentavam outros bares área.
Jornalismo
O III Prêmio Asdep de Jornalismo receberá inscrições até o dia 15 de fevereiro. Podem ser inscritas matérias publicadas no ano de 2008 em jornal, rádio e televisão e trabalhos fotográficos. Para participar, basta preencher o formulário que poderá ser impresso através do site da ASDEP/RS – www.asdep.com.br e enviá-lo por correspondência, juntamente com duas cópias de cada trabalho, para o endereço indicado no site. A inscrição é gratuita. Podem participar jornalistas e radialistas com registro profissional da categoria de todo o RS. O regulamento completo também está no site da Asdep.
Wander.cs@terra.com.br
Empresa gaúcha desenvolve blindado para polícia do Rio
Empresa gaúcha desenvolve blindado para polícia do Rio
Em conjunto com o Centro de Tecnologia do Exército (CTEx), a montadora nacional Agrale desenvolveu o chassi de um novo veículo blindado para as polícias do Rio de Janeiro.
Diferente do já conhecido veículo de combate usado pelo BOPE para operações em áreas perigosas, a nova Viatura Especial de Patrulhamento (Vespa) é compacta e será utilizada em vias e bairros com riscos de ataque a policiais.
Capaz de suportar tiros de fuzil, o blindado compacto apelidado de “caveirinha”, em alusão ao anterior chamado de “caveirão”, utiliza um chassi Agrale modelo MA 6.0, especialmente desenvolvido para a aplicação.
Com capacidade para transportar cinco policiais na frente e até seis presos na parte traseira, o veículo é mais estreito, leve e ágil, e permite manobras e incursões em locais de difícil acesso e o patrulhamento ostensivo nas vias expressas do Rio de Janeiro.
Equipada com motor eletrônico MWM-International 4.07 TCE de 140 cv de potência a 3.500 rpm, a viatura blindada atinge velocidade máxima de 130 km/h. O pneu também é blindado, com um gel especial que impede o seu vazamento mesmo alvejado por tiros. Conta ainda com direção hidráulica ZF Servocom 8090, eixos Dana e Meritor, e caixa de câmbio Eaton FS 2305 C. A maioria das peças é nacional, o que garante baixo custo operacional e de manutenção.
Líder no segmento de chassis leves, a Agrale produz chassis especialmente desenvolvidos para carros-fortes desde o final de 2006. “Esse tipo de aplicação demanda especificações técnicas diferentes das convencionais para garantir a máxima segurança”, declara Flavio Crosa, diretor de Vendas e Marketing da Agrale. Os modelos permitem blindagem NIJ III (nível máximo permitido no Brasil) e blindagem de nível NIJ IV, exigência de alguns mercados internacionais. Antes, a maioria dos carros-fortes no Brasil era montada sobre chassis de caminhão, que tinham que sofrer adaptações, pois não possuíam estrutura completamente adequada para receber a carroceria blindada.
A Viatura Especial de Patrulhamento será testada nas ruas do Rio de Janeiro durante dois meses, para que seja avaliada pelos policiais. O veículo estará à disposição da Secretaria de Estado de Segurança caso haja interesse em produzir outras unidades.
Dança de comando na área da segurança
Com a aproximação do Natal, sempre há os que esperam pelos melhores presentes.
Com a aproximação do fim do ano, são tidas como certas algumas alterações tanto na Brigada Militar como na Polícia Civil. Na Brigada, é discutida a possível indicação do atual comandante geral, coronel Paulo Roberto Mendes para o Tribunal Mili-tar do Estado, sendo seu substituto natural o subcomandante geral, coronel João Carlos Trindade, embora sejam ligeiros os que correm por fora.
Na Polícia Civil, as coisas começam a desanuviar. Caso houver a decisão de ser substituído o chefe da instituição, delegado Pedro Rodrigues, embora pouco mais de 50 delegados de 4ª classe tenham condições de postular o posto, há pressões na área política, junto ao Piratini, o que faz parte do jogo, em favor do titular do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), delegado Ranolfo Vieira Júnior, de vertiginosa carreira, que é filho do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado Ranolfo Vieira.
Ranolfo, o delegado, fez concurso em 1998 e, em 2000, no governo do PT, ainda em estágio probatório, foi promovido a 2ª classe. Em dezembro de 2003, chegou a 3ª classe por merecimento e, também por merecimento, em setembro de 2007, com menos de dez anos de carreira, chegou a 4ª classe, superando dezenas de colegas mais antigos.
Sem dúvida, uma invejável trajetória realizada, com certeza, passando muitas delegacias dos confins do Rio Grande. Nenhuma promoção mais poderá ser concedida a Ranolfo a não ser a Chefia de Polícia. Como diria a mamãe deste humilde marquês, ao que parece, são favas contadas.
Traficantes
Agentes da 4ª DP da capital prenderam, nesta quinta, 20, um traficante de 23 anos de idade, conhecido pelo apelido de Novinho. Segundo o delegado o delegado Nedson Ramos de Oliveira, que comandou a operação, Novinho, que já incendiou a casa de um de seus inimigos, encontrava-se foragido do regime semi-aberto desde outubro de 2006 e foi encontrado na rua 698 da Vila Mário Quintana, bairro Navegan-tes.
Em Cruz Alta, policiais civis em conjunto com a Brigada Militar, prenderam na rua Argentina, Vila Machado, o traficante conhecido como Pedro Bala, de 44 anos. Além de mais de 9kg de maconha, o bandido tinha em seu poder um revólver de calibre 38 com numeração raspada.
Artesanato
No presídio de Osório, agentes penitenciários encontraram quatro celulares escondidos numa correspondência enviada a um apenado. Os aparelhos chegaram por sedex e estavam entre duas tábuas coladas. A madeira costuma ser usada pelos detentos para trabalhos de artesanato.
Crime e castigo
Dez pessoas foram mantidas reféns durante assalto à residência, na madrugada de quinta, 20, no bairro Mato Grande, em Canoas. Três homens armados executaram a invasão e mantiveram as vítimas sob a mira de armas por cerca de uma hora.
O dono da casa foi levado pelos bandidos e libertado minutos depois. O trio fugiu com carro, equipamentos eletrônicos e jóias. A Brigada Militar foi acionada e localizou os assaltantes no bairro Matias Velho, com o auxílio do sistema de monitoramento do veículo. Houve tiroteio e os três bandidos foram presos, sendo que um deles foi ferido.
Greve
Dirigentes da Ugeirm/Sindicato, entidade de classe dos escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil, deverão ser recebidos, hoje, no Piratini, pela equipe econômica do governo Yeda Crusius. Na pauta de reivindicações, entre outros pontos, consta aumento salarial, aposentadoria, plano de carreira e pagamento de horas-extras atrasadas.
Os sindicalistas irão para a reunião com a pré-disposição de dar continuidade à preparação de um movimento grevista caso não um avanço nas negociações.
Carro-forte
Um carro-forte da STV foi atacado por assaltantes no Shopping Lindóia, Zona Norte da capital no fim da tarde de quinta. O veiculo seria abastecido quando funcionários da empresa foram abordados pó por quatro bandidos que estavam em um carro Fiat Palio, roubado. Um malote com dinheiro foi levado e ninguém teria se ferido.
Criança
Na tarde de quinta, 20, na Escola Municipal José Loureiro da Silva, avenida Capivari, bairro Cristal, um menino de 8 anos de idade, aluno da escola, estava em sala de aula com um revólver de calibre 38 em sua mochila. A arma estava com a numeração raspada.
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