A imprensa e a tragédia brasileira

ELMAR BONES

Os grandes veículos de comunicação sustentam, pelo compromisso com seus anunciantes e acionistas, a contradição que potencializa os efeitos da pandemia na saúde e na economia no Brasil.

Silenciam sobre  a impossibilidade matemática, física, existencial de se ter confinamento e suspensão de atividades econômicas sem um programa de financiamento que ofereça garantia mínima para as pessoas que vão perder suas rendas, no limite vão ficar sem comer, como já acontece.

Silenciam sobre a necessidade de um orçamento de guerra para enfrentar a pandemia, um orçamento à parte, emergencial, por que sem isso é impossível combater eficazmente o vírus.

Sem uma mínima garantia, como vão as pessoas ficar em casa, fechar suas lojas, seus bares e tudo mais, se é dessas atividades que tiram o sustento de suas famílias e seus empregados?

O governo americano destinou 1,9 trilhão de dólares para segurar a falência da economia, quase dois trilhões de dólares.

Aqui um auxílio emergencial (de R$ 250) não saiu até agora porque não sabem de onde vão tirar o dinheiro, por que tem que dar o auxílio sem tocar no teto de gastos.

Tentaram tirar da saúde e da educação.

Por que não pensam em tirar dos credores do Tesouro Nacional, que são bancos e fundos de investimento?

O país vai gastar 1,4 trilhão ou mais de juros e amortizações este ano, 40% de todas as despesas do orçamento.  Uma pandemia não é argumento suficiente para renegociar esses pagamentos?

Por que não se fala no assunto, na necessidade de um orçamento para um programa extraordinário?

Pelo compromisso com o ideário neoliberal que se apega ao teto de gastos e ao ajuste fiscal como a panaceia que vai tirar o país do atoleiro.

Neoliberalismo em tempo de guerra?

Essa defesa insana da agenda liberal,  abafando um debate essencial,  soma-se ao desvario bolsonarista  e tem-se a tragédia brasileira.

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