Certa passagem bíblica conta que o rei Salomão, ao deparar-se com um litígio entre duas mulheres ocasionado por um bebê, não teve dúvidas em mandar reparti-lo. Não seria o justo, mas, seria o possível, para satisfazer ambas as partes.
Mas eis que uma das alegadas mães abre mão do seu direito de posse, para preservar a vida do bebê. Não seria o justo, mas, seria o necessário. Porém, através desse gesto, o rei Salomão reconheceu ali a mãe verdadeira, e, assim, ele devolveu a criança intacta à mãe de direito.
Porém, nos tempos atuais, parece que todos estão dispostos a ver a criança ser repartida.
Assim que o Temerildo assumiu a interinidade, os grandes jornais aboliram expressões como “apesar da crise” e “o pior desempenho desde mil novecentos e lá vai pedrinha”. Aliás, a “crise” vem sendo cada vez menos lembrada nas reportagens. Agora, tudo se resume em esperança, otimismo e novos horizontes. “Saímos do purgatório em direção ao paraíso”, dizem os economistas amestrados, sob o jubilo tosco de sorridentes apresentadores.
A esquerda brasileira está nas cordas e não para de apanhar. A direita está tão à vontade que uma senadora destes pagos sobe na tribuna pra acusar o PT de ter destruído a Petrobras, fingindo ignorar que o sujeito que foi preso e que delatou todo mundo foi indicado pelo partido dela, o que valeu à agremiação da senadora o alto do pódio no ranking dos partidos mais citados na Lava Jato. Haja creme Hipocrisol, senadora.
E, sob esse cenário, a criança vai sendo posta na tábua para ser repartida.
Mas, então, surge a mãe verdadeira. Ela sobe ao Senado e faz uma defesa irretocável do seu rebento. Rebate todas as acusações, uma a uma. Uma, duas, três, dez vezes. Sem perder a linha, sem perder o tom. Às vezes, atrapalhada sim com as palavras, mas, no caso concreto, ela poderia usar a linguagem de sinais que todos entenderiam. Dilma é inocente, só não entendeu isso, quem não quis entender.
Alguns dizem que isso não vai mudar nada. Que é jogo jogado, apesar da margem para aprovação ser bem apertada.
Logo saberemos se Dilma será jogada no lixo seco da História, condenada a ficar 8 anos longe da vida pública, decretando assim, sua morte política.
Portanto, logo saberemos se a criança será repartida. “Não será o justo, mas será o possível”, dizem à boca pequena alguns senadores. Levando em conta quem está atualmente no papel de Salomão, imagino que será cogitado o esquartejamento do bebê para angariar um número maior de aliados.
E nós como sociedade? Vamos esperar pela sabedoria do rei Salomão que está aí ou ficaremos contentes com a metade que vai sobrar da Democracia?
Autor: Análise & Opinião
Temerildo nada de braçada num mar de mentiras e enganação
ANDRES VINCE
Dizem por aí que o humor do Brasil melhorou. Já não há tanto pessimismo no ar e novos horizontes iluminam os olhos desempregados dos brasileiros.
A crise virou coisa do passado e a ordem geral é apoiar o novo governo. Incondicionalmente, mentindo se for preciso.
No domingo de 17 de julho o dominical Fantástico não teve pudor de veicular uma mentira em formato de matéria, informando que a reforma da Previdência é necessária para que o trabalhador de hoje não fique sem aposentadoria amanhã.
A imprensa em geral usa o déficit da Previdência pra provar essa lógica. Só não explicam (ou explicam mal) que no bolo do caixa da Previdência estão incluídos pagamentos de muitos outros benefícios tais como o seguro desemprego, seguro de acidentes, seguro maternidade e muitos outros. A Previdência também paga dezenas de outros auxílios para classe de baixíssima renda, como o Bolsa Família, por exemplo. Ou seja, são benefícios que não tem arrecadação, mas, a Previdência tem que pagar por força da Constituição.
Historicamente o governo federal cobre esse rombo por uma mera questão contábil. Usam o argumento do déficit para iludir o trabalhador, que, é claro, não vai se furtar de apoiar uma medida que vai “salvar” sua aposentadoria. É a famosa vaselina, ou simplesmente K.Y. para os mais modernos.
Outro caso não menos assustador: a manipulação de dados de uma pesquisa de opinião pela Folha de SP. Farsa já denunciada por Glenn Greenwald no The Intercept e definitivamente desmascarada pelo site Tijolaço. E nada vai acontecer porque não existe nenhum órgão pra punir esse tipo de safadeza.
Não contente em ter a manipulação desmascarada publicamente, a Folha não admitiu o erro e alegou não ter achado relevante que 62% dos entrevistados preferem novas eleições. Nem o ombudsman da empresa engoliu essa. Manipulação de grosso calibre, sem margem de erro.
Mais mentira? Temos. Logo cedo no café da manhã.
Recentemente, Miriam Leitão repassou um boato no Bom Dia Brasil como se fosse informação comprovada. Disse que o governo interino havia detectado 45 mil pescadores recebendo o seguro-defeso (pago quando o pescador fica proibido de pescar) em Brasília, onde só há um único lago! Que escândalo! Mais uma prova cabal da corrupção endêmica que assola um único partido do nosso país.
Nada mais foi dito, nada mais foi comentado. Ainda bem que existe o doutor Google. Ele nos informa que em novembro de 2015 o governo federal suspendeu o pagamento do seguro para efeito de recadastramento, pois, havia sido detectada incongruência entre o número de pescadores levantado pelo IBGE e número de seguros que estavam sendo pagos. Porém, a portaria foi derrubada por decreto legislativo. Em janeiro de 2016, o STF entra em campo pelas mãos do ministro Ricardo Lewandowsky e derruba o decreto legislativo, suspendendo novamente o pagamento. Em março, o ministro Luís Roberto Barroso restabeleceu o decreto legislativo, restabelecendo o pagamento. Notícias recentes informam que muitos pescadores até hoje não conseguiram receber o seguro em função de não terem sido recadastrados. Resumindo: a situação está uma zona. Nada que possa ser tratado como nota de rodapé ou em conversa de chá das quatro. Nada contra o chá.
Duas semanas atrás a Polícia Federal entrou em ação contra as fraudes no seguro-defenso. No Amapá. Até semana passada o Diário Oficial não registrava nenhuma suspensão no pagamento do seguro, ou seja, os 45 mil pescadores de Brasília seguem tranquilos em casa tentando pescar algo que preste na televisão durante a piracema. Será? Mais uma chacoalhada no dr. Google e ele confessa a farsa. Em outubro de 2015, nota de igual teor (textualmente) foi publicada na coluna Ricardo Noblat, com uma sintética diferença: a nota falava em escandalosos sete mil pescadores. Deve ter sido a inflação galopante que transformou esses sete mil em 45 mil em menos de um ano. Até prova em contrário foi um boato plantado a mando, com certeza.
O Temerildo não tem nem o pudor de poupar o próprio filho e usa o menino, pela segunda vez, para tentar alavancar a sua inexistente popularidade. Um governo inerte, que, só por não fazer nada, já acalma o temido mercado. E o otimismo vem brotando do solo estéril e arrasado. Um verdadeiro milagre!
Depois de servir como máquina de moer reputações, agora a mídia coloca a mentira e a desinformação a favor dos golpistas. Já temos até terroristas. Como nos velhos tempos da ditadura.
Temerildo e sua matriosca de mil bonecas
Andres Vince
De origem japonesa e posteriormente adotada pela cultura russa, a matriosca, uma série de bonecas colocadas umas dentro das outras, carrega a simbologia da maternidade e da fertilidade.
É a síntese da promessa do governo Temerildo: o renascimento. Tirar o país de uma estrutura velha e corroída e transforma-lo num país moderno e pujante. Bastava para isso, apenas, atravessar a ponte para o futuro.
Porém, na prática, o lema do governo interino poderia ser: “Cinquenta anos de retrocesso, em cinquenta dias.”
Não podemos negar que é um feito histórico. Mais histórico ainda é o apoio incondicional a tudo isso. Desde o Congresso, passando pela imprensa e chegando, claro, aos setores oligárquicos, todos estão amando a volta do país aos velhos tempos do “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
O pato e seus adeptos desapareceram por completo, embora o boato de que haverá aumento de impostos esteja, suavemente, tomando corpo de realidade.
Déficit fiscal tornou-se algo positivo para o país. Segundo o bloco golpista, isso mostra a solidez da realidade das contas públicas, mesmo que elas sejam um desastre total e completo, previsto com um ano e meio de antecedência. Um atestado de inoperância futura.
Já posso ver as notas de rodapé estampando em letras miúdas a queda de classificação dos papéis brasileiros pelas agências de risco. Um país quebrado que não para de gastar. Claro que isso transpira confiança. Pelo menos para a equipe econômica atual. Embora com menos ênfase, nem a Mirian Leitão consegue alinhar com isso. É acelerar em direção ao precipício.
Claro que o juízo de culpa pelo déficit futuro já está formado. Assim como o veredicto da presidenta Dilma, já condenada por atos meramente administrativos.
Os escândalos que até ontem causariam um oludum de panelas, hoje, não rendem nem uma condução coercitiva. Dois casos idênticos tratados de forma distinta: dois congressistas apanhados em flagrante forjado, prometendo influência no supremo, pra livrar a cara dos comparsas. Um foi preso no dia seguinte, o outro, até hoje, nem esclarecimentos prestou. Uma bala de goma pra quem acertar de qual partido era o congressista que foi preso.
Mas, ainda tem gente que não quer ver ou, acha que assim tá bom e fica jurando que se importa com o fato do outro congressista e ex-ministro estar solto e operante.
E assim o Temerildo vai brincando de matriosca, tira uma boneca de dentro da outra, alguém reclama, ele coloca de volta, mandando a equipe caprichar mais na pintura para a próxima aparição. Essencialmente, a matriosca é isso, um objeto de escultura tosca, mas que, bem pintadinho, ganha ares de ovo Fabergé.
O problema é que tem gente que fica na expectativa, achando que vai sair algo de novo de dentro da próxima boneca. Pelo tamanho da boneca e de seus apoiadores, parece que o Temerildo tem o suficiente pra manter a expectativa até 2018.
As caretas do governador Sartori
Andres vince
O novo jeito de governar implantado no Estado por Ivo Sartori, eleito pela maioria esmagadora dos gaúchos, apesar dos pesares, parece que ainda agrada uma boa parcela dos gaúchos. A interminável lua de mel com a imprensa amiga parece ter convencido a população que, apesar da crise, está tudo bem, que, na verdade, as pessoas estão reclamando de barriga cheia.
A crise decretada desde o primeiro dia do governo Sartori parece já ter sido assimilada pela população. E agora, que as consequências dessa crise baixada por decreto batem na porta do governo, ele manda dizer que não está.
Foi necessário que, depois de mais de um mês de ocupações, os estudantes invadissem a Assembleia Legislativa (AL) para que fossem ouvidos pela equipe do governador. Nesse caso, apenas um dia de ocupação da AL foi suficiente pra causar uma correria para resolver o caso. Nada como acampar na sala de estar do homem.
Mas, como tudo que é feito de afogadilho, não houve consenso geral no resultado das negociações para a desocupação. Os descontentes acabaram por invadir a Sefaz e o governador Sartori mandou o tenente-coronel Ikeda “negociar” a saída dos estudantes. Destacar um oficial militar (supostamente) treinado pra negociar com bandidos, dispostos a matar ou morrer, para dialogar com estudantes secundaristas em ato político, escancara bem esse novo jeito de governar implantado por Sartori. O nosso colega jornalista preso no episódio foi apenas a cereja do bolo.
A Brigada Militar (BM) tem tido sua centenária imagem arranhada por sucessivos governos justamente por ter esse pensamento militar de que “ordens superiores não se discutem”. Isso é um eunuquismo mental que não cabe mais nos dias atuais.
Não culpo a BM. Ela tem sido instrumento de manobra política dos governadores há décadas, mas não podemos contemporizar com essa atitude. Há de haver uma lei que proíba a BM de atuar sem um mandato judicial. Não é possível que as pessoas que protestam estejam submetidas aos humores do governador, sem nenhum amparo na lei. Ninguém quer o fim da BM. Algumas pessoas querem a desmilitarização dela. O fim dessa obediência canina.
O certo é que muitos crimes foram cometidos na invasão da Sefaz, tanto pelos estudantes, como pela BM. A diferença está no fato de que os estudantes cometeram “crimes” por motivação política e os brigadianos cometeram “crimes” sob a chancela de seus superiores ou por motivações pessoais, como provam as imagens do capitão Trajano contendo os excessos dos homens sob seu comando.
É bom lembrar que comunicação falsa de crime também é crime. Como provarão que o repórter agiu ativamente na manifestação? As imagens não deixam dúvidas. Ele foi 100% profissional. Tirei o chapéu. Tenho sérias dúvidas de que me conteria na mesma situação.
Não podemos esquecer da atuação decisiva da delegada que tratou de enquadrar todo mundo no máximo de artigos que seu conhecimento alcançava. Esbulho possessório? Parece que o eunuquismo mental tem sido aplicado em outras paragens. Mas, enfim, parabéns para a delegada pelo esforço. Só ficou chato a declaração de que o jornalista não se identificou como tal, afinal, a profissão está registrada na ficha que ele ganhou na DP.
Essas trapalhadas todas só serviram pra desviar o foco do verdadeiro debate. A ausência desse debate levou a população a pensar que os meninos queriam instalação de ar condicionado e piscina térmica nas escolas. Não! Eles só querem o básico pra estudar. Básico. Merenda, papel higiênico no banheiro e o estancamento do processo de privatização do ensino. É pedir demais? Para a população que apoiou a ação da brigada é sim.
Esse pensamento “quem protesta é vagabundo, desocupado, fazem isso pra se aparecer (sic)” é de uma pobreza tamanha que começo a pensar que estão castrando o pensamento do vivente logo no nascimento.
Quando alguém se explode em Bagdá me pergunto “o que levou o sujeito a cometer um ato extremo desses?”, enquanto a maioria simplifica: “terrorista, fanático, maluco”. Ninguém para pra pensar que isso é uma reação a alguma coisa. É mais simples colocar a culpa na religião.
Mas, como tudo na vida, existem pequenas soluções que podem ajudar resolver a crise do estado. Na Europa, por exemplo, o policiamento de eventos públicos é financiado pelo organizador. São chamados policiais que estão de folga e as horas extras são pagas pela iniciativa privada. Simples. Que tal governador, passar a cobrar a fatura da iniciativa privada pelos serviços públicos que utilizam pra ganhar dinheiro, tais como shows, jogos de futebol, etc.? Também tem aquele caso de uma certa empresa de TV a cabo que nunca pagou pra utilizar os postes da CEEE pra instalar sua infraestrutura…
Insegurança pública, incompetência administrativa, salários atrasados, caos na educação, falência do Estado. O Rio Grande com o pé no fundo, com a ré engatada, sem retrovisor.
Eu sei que é fácil chegar aqui e atirar pedras no governador Sartori. Afinal de contas, eu sou um na multidão e ele está na vitrine. Mas, é que o sujeito fica fazendo caretas lá atrás do vidro. Aí fica difícil não atirar uma pedrinha.
Dilma, largue o Zé!
andres vince*
Desde sempre tive o péssimo hábito de acompanhar a vida política do país. Tudo começou quando eu tinha uns sete anos e enquanto administrava o trânsito da minha gigantesca frota de carros miniaturizados escutei o presidente falar na TV sobre sua preferência ao odor de um estábulo ao cheiro do povo. Não eram essas as palavras literais, mas, o sentido, como eu constatei na prática, até uma criança percebia.
É o primeiro pensamento do tipo “mas que porra é essa?” o qual tenho lembrança. Muitos outros vieram depois desse. Talvez milhares. Tanto o Executivo, como o Legislativo, e mais recentemente o Judiciário (atraído pela luz dos holofotes), alimentam com fartura esse pensamento. Desde que o então presidente general João Figueiredo proferiu aquela infeliz declaração, muita coisa absurda já aconteceu e já foi dita neste país.
Porém, nunca uma figura pública me chamou tanto a atenção pela incapacidade de produzir algum resultado concreto como o atual advogado de defesa da presidenta eleita Dilma Rousseff. Nunca vi alguém primar tanto pela neutralidade, ineficiência e teatralidade.
Seu desempenho como ministro da Justiça foi abaixo da linha do medíocre. É inexplicável como se manteve no cargo por tanto tempo. Se um ministério pudesse ser comparado a uma equipe de futebol, ele seria aquele jogador aipim, que fica plantado esperando os outros jogar a bola pra ele. Só que quando alguém passava a bola, ele devolvia. O passe era bonito e refinado, mas, inútil.
Fez um golaço de bicicleta quando estava no cargo. Só que foi contra. Como pôde não cair depois de ser flagrado num grampo afagando um governador que foi preso pela PF por porte ilegal de arma durante uma operação de busca e apreensão por suspeita de corrupção? Só conseguiu manter-se no time porque o jogador da equipe adversária, ministro Gilmar Mendes, também fez o mesmo golaço contra. “Que loucura!”, afirmaram os dois ministros no grampo onde eles referiram-se ao fato de o governador ter sido preso depois de sua casa ser vasculhada. Pois é, que loucura mesmo ministros, que loucura. Toda a preocupação que o Zé não teve com a Justiça, ele teve com a “injustiça” praticada naquele episódio. Pobre governador.
Quando a sua inutilidade foi reclamada até pela oposição, foi retirado do cargo de ministro indo parar na AGU. Com o novo cargo, uma nítida transformação ocorreu. De jogador aipim da equipe ele foi promovido à categoria de raivoso Poddle Toy da Dilma. Sabe aquele cachorro que late do quinto andar quando alguém abre a porta do prédio no térreo? Sabe aquele cachorro que todo mundo odeia, menos a dona? Essa foi a imagem do Zé Cardozo como advogado geral da União. Só serviu pra irritar as pessoas, enquanto a dona achava tudo muito lindo.
Agora como defensor pessoal da presidenta não poderia ser diferente. A mesma linda e rebuscada ineficiência de sempre. Não me entendam mal, não acho que ele seja uma pessoa inepta. Que pessoa seria capaz de citar o senador romano Cícero enquanto um pitbull morde suas partes pudendas? Pois nesta quinta (02/06), durante a defesa de Dilma na comissão do especial do impeachment no Senado, ele foi capaz disso. Fantasticamente incrível. E inútil.
É o que os especialistas poderiam chamar de reação desproporcional, só que ao contrário. Enquanto sofria o ataque desrespeitoso do senador Waldemir Moka, foi um perfeito gentleman, porém, quando o trator passou por cima e enfiou goela abaixo o parecer “isento” do relator senador Anastasia, aprovando e desaprovando os requerimentos de acusação e defesa como bem entendeu, ele não foi capaz de nenhuma reação. Deixou o trator passar por cima sem nem sair da frente. Patético.
Os senadores, da agora oposição, tiveram que praticamente arrancá-lo da mesa, de onde retirou-se com muitas vênias, sem nem ao menos chamar o senador Moka lá fora, onde poderiam resolver as diferenças sem ferir o decoro da casa, saindo sob gritos debochados de “tchau querido!”. Duplamente patético.
Desculpem pelo sexismo, mas a senadora Vanessa Grazziotin teve mais hombridade que ele, indo bater na mesa do presidente da comissão, senador Raimundo Lira, depois de tão descarada manobra processual. Atitude também inútil, mas, já que é teatro, vamos quebrar uns vasos pelo menos, pra deixar a peça mais dramática.
E a Dilma não abre mão dele. Isto me lembra muito a cena epíloga do filme Titanic, certamente a maior geradora de lágrimas em cascata da história do cinema: quando a mocinha acorda segurando a mão do mocinho, nessas alturas já transformado num picolé.
Esse deve ser o paradoxo de Dilma que, com certeza, nutre algum afeto por ele: “largar ou não largar o Zé?, eis a questão!”. Só tem essa explicação. Nem vou julgar se esse sentimento é maternal ou não. Sei que muitas mulheres têm apreço por ele. Outras tantas também têm pelo DiCaprio. Só que o Zé já cumpriu o seu papel no filme. Já colocou a mocinha sobre a tábua de salvação e ficou ali segurando na mão dela, congelando, muito embora, há suspeitas que os dois cabiam na tábua. Agora a Dilma está lá, sozinha, no meio dos destroços, esperando resgate. Viu como até comparado ao filme, o Zé não se sai bem? E ele lá, que nem um picolé de DiCaprio, segurando a mão de Dilma, esperando pra ir direto pro fundo.
Então, por tudo isso, se desse o acaso de eu esbarrar com a presidenta eleita na esquina democrática, sexta-feira passada, eu só iria conseguir dizer: “Dilma, largue o Zé!”.
Nos tempos da barbárie é que era bom
Andres vince
Nos bons e velhos tempos da barbárie, a violência fazia parte do cotidiano. Naqueles tempos, tudo se resolvia na base da melhor espada, do maior machado, do melhor preparo para o combate. Havia algum equilíbrio nisso.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, não existiam os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, protagonizando ações, ou até inações, que fariam os bárbaros sentir vergonha alheia.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, não havia um grupo especial e treinado para reprimir manifestações de pensamento.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, um líder não iria durar muito no posto se fosse pego de braço erguido gritando: “eu não vou cortar”, ao mesmo tempo em que segura com a outra mão uma tesoura escondida nas costas.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, um líder não mandava tirar a moradia de quem está em piores condições de lutar.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, alguma cabeça rolaria se alguém declarasse que iria proteger as mulheres, logo depois de ter feito tudo pra menospreza-las e diminuí-las.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, se uma mulher fosse pega brincando com armas que fazem parte do seu ambiente, isso não serviria de justificativa para estuprá-la. Muito menos se ela estivesse drogada. E muito menos ainda, o pessoal sairia por aí contando isso pra todo mundo.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, gorilas não davam pitaco na educação das crianças, mesmo que esse gorila falasse.
Nos bons e velhos tempos da barbárie, se um garoto conspirasse contra um líder, conclamando um motim espontâneo, livre e independente e fosse apanhado com a mão no pote dos adversários do líder, bom, nesse caso, acho que o garoto seria anistiado, visto que a própria desmoralização já seria suficiente.
Por essas e outras que acho uma injustiça dizerem por aí que vivemos em tempos de barbárie. Nos tempos da barbárie é que era bom.
Mas, aos saudosos dos bons e velhos tempos da barbárie, ainda resta alguma esperança. Existe um grupo empenhado em revogar o Estatuto do Desarmamento, devolvendo a todos os nobres cidadãos o direito de portar uma arma de fogo.
Aí sim, teremos de volta os bons e velhos tempos da barbárie, quando poderemos consertar o para-choque do carro com dois tiros no peito do motorista que causou o amassado.
Ah, os bons e velhos tempos da barbárie.
Relato do front: venceu o bom senso
Andres Vince
O final da manifestação da noite de quinta-feira (19/5) foi tenso. Porém, não me resta outra alternativa a não ser elogiar a atitude do tenente-coronel Mário Ikeda, comandante do Comando de Policiamento da Capital. A decisão de não atacar os manifestantes, como ocorreu na semana passada, e evitar uma confronto de consequências imprevisíveis, demonstrou equilíbrio e bom senso.
Claro que não houve troca afetuosa de gentilezas e abraços carinhosos. A “negociação” começou no bom e velho estilo militar: “vocês tem 20 minutos, depois agiremos” foi o resumo da mensagem enviada pelo oficial Ikeda, através daqueles que se apresentaram a ele como lideranças do movimento.
A atitude do tenente surtiu efeito. A liderança que “negociou” foi questionada e os manifestantes se dividiram. Alguns obedeceram a “orientação” e se deslocaram para o Largo do Zumbi, enquanto outros permaneceram na avenida Perimetral. Uma terceira parcela decidiu não arriscar e foi embora. Ponto para o comandante, afinal de contas, a estratégia militar se desenvolveu por milênios, não haveria de falhar logo agora. A intimidação verbal, para alguns, ainda funciona.
Às 21 horas, esgotou-se o prazo dado pelo tenente-coronel e os jornalistas posicionaram-se para conseguir o ângulo mais seguro da batalha que se desenhava na avenida.
O tempo foi passando e o clima de tensão aumentando. Quem ficou na avenida dava demonstrações que haveria resistência e gritava bordões de protesto. Alguém explodiu um rojão. Pequeno corre-corre. Mais tensão, mais adrenalina.
Passados 15 minutos, uma nova tentativa de negociação foi feita, desta vez pelas advogadas das meninas presas na semana anterior. Sem sucesso, o recado era o mesmo: “saiam ou vamos agir”.
Os manifestantes que se mantinham na avenida cobriram os rostos, preparando-se para o gás lacrimogênio que parecia a caminho de confirmar presença no evento. Cada um se protegeu e se preparou para resistir do jeito que conseguiu. Algumas pedras surgiram para municiar a resistência. Provocações aos oficiais e alguns ânimos mais exaltados deixaram o clima mais pesado. Uma linha de vanguarda foi formada por alguns manifestantes e avançou para mais próximo da posição dos oficiais. Tudo levava a crer que a noite não iria acabar bem.
Porém, os minutos foram passando, uma falsa calma tomou conta do ar e temperatura baixa da noite parecia ter congelado os ânimos de ambos os lados. O comando da operação não se movia, o que a principio, parecia ser um bom sinal. Assim, por volta das 22 horas, o protesto estava naturalmente disperso, ninguém foi preso, nem agredido, direitos não foram violados, bombas de gás não explodiram, balas de borracha não foram disparadas, processos por abuso de poder não serão abertos, futuros precatórios não serão gerados contra o Estado, e, na melhor das hipóteses, a imagem da BM não sofre um novo arranhão ao ser usada como instrumento de manobra política, como já ocorreu com governos de todas as matizes.
No entanto, o fato do comandante Ikeda ter exercitado a paciência, virtude que parece ter sido concedida pela sua descendência oriental, e dessa forma ter evitado que as cenas que ele mesmo promoveu na semana anterior se repetissem, não muda o fato de que uma via trancada é um problema de trânsito e não um caso de polícia.
A Constituição é clara quanto ao papel das policiais militares: “Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública” (art. 144, IV, p. 5º).
Não havia desordem em nenhuma das manifestações, portanto não havia motivos para a ação da BM, nem da cavalaria e, muito menos, de agentes infiltrados de um setor da BM de duvidosa legalidade, como demonstra o citado parágrafo da Constituição.
A desculpa usada para “seguir o protocolo” e liberar o uso da força se encaixa muito bem em uma via rural, mais conhecida como estrada, onde o motorista simplesmente não tem alternativa de desvio. Outra coisa, bem diferente, é uma via urbana, onde um simples desvio no trânsito resolve o incomodo. A insatisfação de uma minoria de motoristas não pode se sobrepor ao direito de manifestação de uma maioria. Seria a inversão da lógica democrática, onde a vontade da maioria deve prevalecer sempre. Não existe na Constituição o “sagrado” direito de ir e vir dos veículos, esse direito é inerente ao cidadão.
Se seguirmos a lógica “trancou a via, chama a BM”, o que vai ser feito quando um cano estourar e impedir a passagem dos carros? Passar com a cavalaria por cima do buraco e jogar umas bombas de gás pra ver se o trânsito volta a fluir? Parece deboche, mas, viram como não há lógica? A lógica é: chama a EPTC e desvia o trânsito, até removerem o buraco, se possível, sem violência. Mas, e o fato do buraco não ser um movimento espontâneo? Bom, aí o problema é do buraco.
PM paulista faz escola em Porto Alegre
andres vince
A posse de Michel Temer refletiu uma importante mudança de atitude na política de segurança pública do estado do Rio Grande do Sul. Em dois dias de manifestações pacíficas, duas violentas e desnecessárias repressões policiais.
A primeira repressão só multiplicou o número de pessoas da segunda manifestação. Se na quinta-feira eram centenas, no dia seguinte eram milhares. E a repressão aumentou na mesma medida. Nova saraivada de bombas e balas de borracha, mas, desta feita, foram realizadas prisões. Três perigosas manifestantes foram humilhadas, eletrocutadas e arrastadas pela avenida Perimetral. Mais tarde, uma outra cidadã desavisada, foi prestar queixa da violência policial e recebeu voz de prisão. Seria, no mínimo, hilário, se não fosse real.
Segundo o tenente-coronel Mário Ikeda, comandante do Comando de Policiamento da Capital, “a ação da BM foi natural, com artefatos não letais, exatamente para garantir a segurança dos manifestantes”. Ikeda alega que o uso da força ocorreu porque “um pequeno grupo permaneceu com intuito de permanecer bloqueando a via”. Desviar o trânsito nem pensar, coronel?
Havia a necessidade urgente de desocupar aquela via às 21h de uma sexta-feira? Valeu correr o risco de uma tragédia para que uma minoria de motoristas não fossem importunados, em detrimento de uma maioria que estava expressando sua insatisfação? Quem será responsabilizado se tudo sair do controle? Não há responsáveis, pois tudo é tratado na maior naturalidade, literalmente. O que não dá pra explicar como “natural” é a presença de um agente da polícia militar infiltrado e insuflando os manifestantes a agir com violência. Isso revela uma tremenda má fé.
Porém, sem sombra de dúvida, é uma mudança radical de postura. Até semana passada, haviam ocorrido pelo menos três manifestações sem nenhum tipo de confusão. Por que a BM decidiu agora simplesmente atacar os manifestantes? Falo em ataque porque foi exatamente isso que aconteceu. Não houve o menor aviso, nenhum pedido para desocupar a avenida, nenhum tipo de negociação, que poderia ser facilmente intermediada pela EPTC.
É preocupante que toda imprensa trate o assunto como confronto. Entendo por confronto quando há ataques de ambos os lados. Não houve reação por parte dos manifestantes. A maioria dispersou com as bombas e as balas. Meia dúzia ficou pra fazer jus ao lema “vai ter luta”. E, mesmo assim, policiais também foram feridos. E se a reação fosse maior? Se houvesse contra ataque? E se a BM fosse encurralada pelos manifestantes? O que aconteceria? São perguntas que eu nem quero imaginar a resposta. Mas, parece que o governo estadual e o alto comando da BM, também não. É muita irresponsabilidade, sempre acobertada descaradamente pela imprensa amiga, rápida no gatilho em justificar a ação truculenta. Nossa querida ZH por exemplo, cunhou a intrigante manchete: “Protesto contra Temer tem ação da Brigada Militar com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo”. Parece até que a BM é a atração de alguma festa. Na linha de apoio: “Polícia iniciou ação para desobstruir vias na Cidade Baixa”. Um primor.
O uso de força policial passou de ultimo recurso para primeira medida assim que Temer tomou posse. Parece clara a nova política, afinal, é o governo da união dos gaúchos, e agora, dos brasileiros.
A PM paulista faz escola de repressão na capital dos gaúchos. Disposição parece que já há. Só ficam faltando o efetivo treinado, o equipamento adequado e o salário em dia.
A falência da Democracia
Andres Vince
A invasão do congresso iraquiano pela população foi apenas mais um sinal incontestável da total falência da Democracia como forma de governo. No passado, o Iraque foi um rico e moderadamente próspero país governado por um tirano. Hoje, é um país democrático onde a população tem que invadir o Congresso, localizado em uma área militarizada, cercada de altos e pesados muros, para exigir que seus representantes sejam, pelo menos, nomeados, mesmo que sem votos.
Esse é o modelo de democracia imposto ao mundo pelos Estados Unidos. Esse é o modelo que vem de um país, dito democrático, onde o cidadão precisa de uma calculadora científica pra conseguir saber quem foi eleito.
Partindo desse princípio, o quadro da democracia no mundo é bem desanimador. Saindo um pouco da caixa, podemos vislumbrar um continente africano praticamente tomado de sistemas de governo antidemocráticos. Séculos de colonialismo não são fáceis de superar. Os países que não caíram nas governanças monoteístas, ou estão na mão de ditadores, ou estão em guerra civil. Há raras e isoladas exceções. Depois do apartheid, não me atrevo a citar África do Sul como exemplo de democracia.
A Ásia tem boa parte do território ocupado pela China, com um sexto da população do planeta, vivendo sob o regime comunista, fato que a maioria das pessoas faz questão de esquecer, pra conseguir usar sem culpa o seu aparelho eletrônico. A Ásia tem uma cultura milenar, preservada a ferro e fogo, na luta contra os invasores colonizadores. Por lá, a democracia não é um dogma. A sobrevivência da sua cultura é, não importa o custo.
A Oceania, o mais “jovem” dos continentes, é um mundo à parte dentro do nosso planeta. Os cangurus e os koalas provam isso. Nunca deveria ter sido descoberta. Mas é, basicamente, um continente “que não fede nem cheira”, assim como o Canadá na América do Norte. Trocando em miúdos, a sua influência no cenário global é igual a zero. Um continente colônia. Um puxadinho da Europa.
E a Europa? Bom, a Europa é a maior ditadura neoliberal já implantada no planeta. O que dizer de um continente governado com mão de ferro por uma troica basicamente financeira, que diz o que seus membros podem ou não fazer com seu dinheiro, com sua produção, com seu governo? No meu tempo, isso era ditadura.
Fora da caixa ainda sobrou a América Central, agora disputada no palitinho entre a China e os Estados Unidos. Por ali, a ordem sempre foi mantida na base do apoio financeiro, seja para governos instituídos, seja para rebeldes contra governos não simpatizantes. Democracia pura.
Voltando para a caixinha, a América do Sul, onde a Democracia, esse bebê ainda de colo, vem sendo sufocada com um travesseiro. Por aqui, a festa pelo velório é grande.
Mal o continente se livrou das ditaduras militares, e o Paraguai foi vítima de um golpe institucional. Tudo dentro da regra claro.
Temos a Venezuela, provavelmente, a ditadura mais democrática do mundo, sufocada por embargos de todo tipo, causados pela eloquência inconsequente de seu falecido ditador eleito.
Também temos a Colômbia, um país comandado pelo narcotráfico. Para o governo democraticamente instituído, as Farcs não são um problema de Estado. As Farcs são concorrentes no negócio da droga. Quando os EUA interviu para acabar com a farra, o consumo de cocaína por lá quase que duplicou, devido ao crescimento da oferta. Sistema capitalista no seu melhor: aumento na oferta, queda no preço, aumento no consumo. Bingo!
A Bolívia tenta se reerguer, inutilmente, pois padece da mesma baixa industrialização que a Venezuela. A diferença é que a postura é mais discreta, pois, qualquer embargo e pode faltar até papel higiênico.
O Chile voltou a flertar com o liberalismo e já se arrependeu. Voltou correndo para os braços de governos mais à esquerda, que não pode fazer muito, frente ao alicerce ultraliberal no qual Pinochet deixou o país apoiado. Vai demorar um século para desconstruir esse paraíso do deus mercado.
A Argentina, por sua vez, voltou aos braços dos liberais. Vitória do capital financeiro, do financiamento privado de campanha. Não da população.
Não se pode esperar que seja uma democracia um sistema que elege representantes financiados com dinheiro de empresas. É absurdo, imoral e totalmente carente de ética.
Se existe algo de verdadeiro na lógica liberal é o fato de que não existe almoço grátis.
Será que existe alguém neste mundo, possuidor de alguma mínima faculdade mental, que possa conceber que uma empresa, que contrata consultoria pra cortar o custo do cafezinho, está dando milhões para campanha política por simpatia partidária? Sem contar que existem empresas que “doam” para os dois lados!
E o pobre do cidadão achando que é ele quem escolhe quem governa.
Sistema consagrado pelos romanos há mais de dois milênios atrás, esse é o atual quadro da nossa Democracia. Falida. No Brasil, ainda está em concordata, mas, com os credores se recusando a negociar.
E a vida, sempre irônica, deixa o seu recado: a Democracia faliu, por excesso de dinheiro.
Uma imagem que vale por mil punhaladas
Andres vince
Se existia uma mínima esperança que a presidenta não seja forçosamente removida do seu cargo, esse fio de esperança se desfez completamente com a contemplação da imagem acima.
“O SFT é o último bastião da cidadania”, repetiu o ministro Marco Aurélio, em sua recente tour midiática-institucional. Suas entrevistas, que pipocaram como sarampo, traziam a certeza que nenhuma injustiça seria cometida no desenrolar do processo de impeachment.
Claro, isso foi antes daquele domingo fatídico, quando presenciamos um evento, no mínimo, traumático para a democracia. Nesse dia ficou mais que provado que não vamos a lugar nenhum sem uma urgente, verdadeira e profunda reforma política.
Agora, com essa não menos traumática imagem, escancara-se também a necessidade de uma reforma jurídica, de forma a criar um mecanismo de proteção da cidadania contra o judiciário. Não há esse controle. Se há, não funciona. Quem afinal de contas fiscaliza o STF?
Atualmente, digo de cadeira, ninguém. Como pode um ministro voto vencido pedir vistas num processo e ficar mais de um ano sentado em cima dele? E, pasmem, esse mesmo ministro dá entrevista afirmando que está sentado em cima do processo porque acha que quem deve decidir isso é o Congresso. E só saiu de cima do processo quando o Congresso votou de acordo com ele. Pode? Pode sim. Pelo menos quando se trata do financiamento empresarial de campanhas políticas.
O que dizer da decisão do STF que mandou o presidente da Câmara abrir processo de impeachment contra o vice Michel Temer? Que foi feita dessa decisão? Jogada na lata do lixo. Simples assim.
Não fosse suficiente toda essa chicana, os maiores formadores de opinião do País não coram em dizer que o grande vendedor desse processo todo é o fortalecimento das instituições. Pausa para as gargalhadas.
O poder Executivo está sendo violentamente estuprado pelo Legislativo e pelo Judiciário, com a mídia transmitindo em close e comentando ao vivo, com requintes de crueldade.
Mídia essa, aliás, que ajudou a produzir muitas aberrações nesta vida, mas nenhuma que se compare ao que essa outra imagem traduz, o que, no figurativo imaginário popular poderia ser interpretado como “o cachorro que morde a mão que o alimenta”.
Essa foto foi tirada durante as manifestações a favor do impeachment da comprovadamente não corrupta presidenta Dilma.
Um fenômeno que só pode ser visto como fruto da mais intensa manipulação de informação que se tem notícia na história deste país.
O sujeito dessa imagem, não tem a mínima noção do que lhe espera.