Dilma está na moita

PINHEIRO DO VALE
Em boca fechada não entra mosca. A presidente afastada Dilma Rousseff está para lá de cautelosa.
Está evitando, com todas as desculpas, encontros com parlamentares, temendo que alguém deles possa estar com um gravador escondido e pinçar uma frase descontextualizada para comprometê-la, por conseguinte, livrar-se de alguma maldade dos promotores de Curitiba.
Ela está escolada desde as gravações dos telefonemas para Lula nos tempos do convite para a Casa Civil.
Isto tem razão de ser. Com raríssimas exceções, todos os políticos que participaram as últimas eleições seriam suspeitos, pois receberam contribuições para suas campanhas por doações de empresas.
Captar dinheiro com empresas não era ilegal. No entanto, todos são suspeitos até provarem que não fizeram Caixa 2. Em segundo lugar, precisam demonstrar que os doadores não tiveram nenhum contrato ou benefício dos órgãos públicos, federais, estaduais ou municipais.
Melhor evitar situações confusas. Em tempo de eleição todo o cuidado é pouco e outubro está aí na frente.
Por isto Dilma botou as bochechas de molho. Com isto, procura se resguardar de cascas de banana. Depois do que Sérgio Machado fez com seus amigos do peito, boca fechada é a regra.
Apesar do pessimismo na sua base, Dilma não se entrega. Sempre pode advir um fato novo que mude o rumo dos acontecimentos.
Até o momento ela contabiliza uma votação insuficiente. A bancada golpista alardeia ter 60  senadores na gaveta. No entanto, faltam poucos votos para os 28 e barrar o impeachment.
Na comissão especial não se espera novidades. A bancada legalista, embora aguerrida, não está conseguindo avançar. O relatório do senador Antônio Anastasia já está escrito.
Dilma terá de derrubar o processo no plenário. Por suas ações, admite-se que ela pretende reverter o quadro com a pressão das ruas, pois quase não tem realizado nenhuma ofensiva junto às bancadas adversárias para reverter posições hostis.
Em contraposição, o presidente interino Michel Temer age intensamente nos parlamentos. No último domingo conversou com 18 líderes de bancadas, só na hora do almoço. Faz o que o governo provisório chama de semiparlamentarismo. Dilma usa outras armas.

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