Está claro, mais uma vez, que a mídia dominante tem lado nessa polêmica do Cais Mauá e que seu papel nesse embate é silenciar os que contestam o modelo já por ela escolhido.
Não dar importância, desqualificar os críticos, chamar de caranguejo. Negar-lhes a possibilidade de ter razão.
Tem sido assim nesse Brasil e, em especial, nesse Rio Grande do Sul onde o pensamento único domina os principais veículos de imprensa.
O pensamento que reduz tudo a uma equação econômico-financeira na qual o denominador é o capital privado. Se é bom pro capital, é bom pra todos (embora a realidade aí fora mostre que não é bem assim)
Esse é o jornalismo que saúda com manchetes quando o governo contrata um banco para projetar o futuro de uma área que é patrimônio público, sítio histórico da cidade… e silencia quando um grupo de professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação da Universidade Federal apresenta uma proposta para uma “ocupação cultural do Cais Mauá”.
Uma proposta que parte dos interesses locais – culturais, artísticos, sociais – para planejar a reforma do cais… não merece sequer ser conhecida, mesmo que tenha custado meses de trabalho e envolvido numerosa equipe de técnicos renomados da Universidade.
Isso não interessa e a resposta dos senhores da palavra é o silêncio que, em se tratando de veículos de comunicação, é pior do que a crítica. A crítica ao menos reconhece a existência de uma outra ideia.