A crise do modelo de negócio que sustentou o jornalismo nos últimos dois séculos é tão grave que se revela nos mínimos detalhes.
Um caso municipal: o projeto do Cais Embarcadero.
É uma boa ideia, poderia se tornar um bom negócio, como diria o professor Ruy Carlos Ostermann.
Mas trata-se de um espaço público que recentemente passou por um processo degradante de privatização, que depois de dez anos voltou à estaca zero. O governo foi obrigado a romper o contrato.
Uma gambiarra, arranjada no ocaso do projeto da Cais Mauá Brasil, sobreviveu: um polo de lazer e gastronomia numa porção da área, onde não há prédios tombados.
Seria o Marco Zero de um projeto que não conseguiu decolar.
São quase 20 hectares com localização privilegiada, junto à Orla e à Usina do Gasômetro.
Os investidores são empresários de sucesso no ramo do marketing e do entretenimento, o empreendimento tem tudo para dar certo, com ganhos para a cidade, inclusive.
Só que há regras, há contratos e há a letra da lei.
E há um Ministério Público de Contas e há um procurador cuja função é zelar para que as leis, as regras e os contratos que envolvem o interesse público sejam cumpridos.
Ele pode ser acusado de improbidade se não tomar providências diante de irregularidades num contrato que envolve um bem público
O procurador Geraldo Da Camino encontrou evidências no contrato com o Embarcadero, está pedindo uma investigação, é seu dever.
E nesse ponto se revela a crise do jornalismo sustentado por anunciantes: silêncio absoluto sobre as providências do Procurador, mesmo por pressurosos colunistas sempre atentos ao andamento do projeto.
É um silêncio que diz tudo
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