ELMAR BONES/ Uma pergunta a Lula: reformas ou revolução?

Ninguém duvida que Lula seja capaz de liderar uma ampla frente para enfrentar Bolsonaro ou outro candidato de direita.

Nenhum político em atividade no país, talvez, seja capaz de formar um arco de alianças tão amplo quanto Lula.

À esquerda, ele é capaz de cobrir todo o espectro, com exceção de pequenos grupos na extrema revolucionária.

Tem, agora, Ciro Gomes que, por suas posições mais recentes, se tornou um obstáculo nesse campo. Ele tem feito todo o empenho para queimar as pontes com o PT.

Não é certo, porém, se o PDT seguirá Ciro nessa sua guinada antipetista.

À direita, em 2002, Lula foi até o Partido Liberal (PL) para conquistar o vice-presidente, o empresário José Alencar, espécie de avalista de sua candidatura junto ao capital.

Para o segundo mandato ele buscou uma “aliança programática” com o PMDB e que incluiu até o PP. Sua base na Câmara incluía até deputado do PSL.

Entretanto, a principal crítica aos governos petistas, à esquerda, inclusive dentro do PT, condena exatamente essa “política de conciliação”  que travou o governo no campo das reformas sociais e abriu flancos ao oportunismo e à corrupção.

Que aliança Lula buscará montar agora?

Uma ampla aliança que reúna os setores democráticos de todos os partidos para conter os riscos de desestabilização?

Ou uma frente de esquerda mais ideologicamente homogênea e capaz de mobilizar um movimento de massas para sustentar as reformas estruturais que um programa social-desenvolvimentista exige?

Aparentemente, não há alternativa para Lula fora de uma aliança o mais ampla possível para segregar a direita fascista.  Provavelmente é isso que ele vai responder em todas as entrevistas.

As contradições que atravessam  a realidade brasileira, no entanto, tornam 2022 um futuro tão remoto no que concerne à possibilidade de previsões, que não é descabido perguntar se não estamos no caminho de uma revolução.

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