Começou a cair a ficha: a situação que se criou com a prisão de Lula torna-se insustentável. Até o Elio Gaspari reconhece.
Há muito o caso escorregou do terreno jurídico para o político.
Quando se lançou com as caravanas pelo Nordeste, Lula queria puxar o embate para arena política e foi bem sucedido.
A começar pelo silêncio dos grandes noticiosos que, para não fazer propaganda de um pré-candidato já declarado, não deram cobertura às caravanas, como se o fato, ao não ser noticiado, deixasse de ser realidade.
Ausentes do noticiário, mas pulsantes nas redes sociais, as caravanas por nove estados nordestino, apesar dos insucessos, ganharam uma aura mítica: o líder do povo, perseguido pelos poderosos, voltando aos seus para dizer que é inocente.
Quando chegou ao Sul, a caravana não podia mais ser ignorada e aí foi copiosamente noticiada. Mesmo os incidentes e agressões que ocorreram contribuiram para o propósito principal, de politizar o caso.
Aí, o cerco jurídico se fechou. Colocou Lula na cadeia.
E resulta que se tem um prisioneiro numa cela em Curitiba, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, que é líder em todas as pesquisas de intenção de voto, num país em que a maioria da população aponta a corrupção como o maior problema.
Como é que uma democracia lida com uma situação espinhosa dessas sem sair arranhada?