PINHEIRO DO VALE
Na entrevista que deu na tarde de sexta-feira em frente à casa do vice-presidente Michel Temer, em São Paulo, o ex-presidente do Banco Central do governo Lula falou como se já fosse o novo ministro da Fazenda.
Ato falho de Henrique Meirelles, certamente uma das pessoas mais versáteis politicamente no país, ou melhor, um pula-muro que poderia bater o recordista mundial do salto com vara das Olimpíadas.
Há poucos meses Meirelles chegou a Brasília como virtual ministro da Fazenda da presidente Dilma Rousseff, prestigiado pelo ex-presidente Lula e festejado pelo mercado, tanto que só menção de seu nome fez a Bolsa de Valores subir e o dólar despencar.
Nesta sexta-feira ele aparece no meio dos jornalistas de plantão em frente à mansão dos Temer dando receita de política econômica.
Para bom entendedor, de aliado de Lula a golpista foi uma chispa. Mais ligeiro que um raio.
Agora vai começar o seu calvário, caia ou não Dilma, pois com isto ele sinaliza que entra na corrida presencial com o apoio de Michel Temer, vice-presidente e dono do PMDB, partido que já anunciou que vai ao pleito de 2018 com nome próprio.
Este nome seria o de Henrique Meirelles. Uma repetição de Fernando Henrique com Itamar Franco. Pega uma crise, resolve o problema e sai do ministério nos braços do povo para o Palácio do Planalto. Só falta combinar com os russos.
A ambição presidencial de Meirelles é notória. Ele não esconde de ninguém, nos meios da plutocracia internacional, que já é um homem realizado.
Nada lhe faltaria, pois tem dinheiro aos borbotões, prestígio mundial como banqueiro, nome na política como mago das finanças do presidente Lula e uma vida tranquila nos Estados Unidos, onde vivia nos últimos tempos.
Só uma coisa faria Meirelles se mexer: a presidência da República. Este seria seu prêmio. Não a cadeira de Dilma, mas a vaga para concorrer, o que, diga-se, não será fácil, pois teria pela frente vários pesos pesados e seu mestre Lula bombando como líder da oposição ao governo Temer.
Por outro lado, não seria difícil repetir a trajetória de Fernando Henrique. Seria até mais fácil, pois o tucano pegou uma economia em frangalhos. Já Meirelles herdaria uma economia plantada em fundamentos macroeconômicos sustentáveis, com inflação cadente e um potreiro de oportunidades para atrair investimentos.
Espertamente, ele vê esse páreo como uma barbada.
Entretanto, ele é um neófito em política. Nem sabe o que é colar no peito um alvo de presidenciável. Vem muita bala.
Veja o caso de Lula: saiu do governo consagrado, continuou no paraíso como ex-presidente, fazendo conferências pelo mundo e recebendo homenagens.
Bastou dizer que pensava voltar em 2018 para desabar o mundo sobre ele e sua família.
Meirelles que ponha as barbas de molho.
O paulista Antônio Mariz caiu antes de entrar por uma declaração bem menos detalhada que a de Meirelles na saída do encontro com Temer.