O dilema do PT nas eleições do Congresso

Pinheiro do Vale
O PT está com pé de cada lado do muro na sucessão do Senado Federal.
Com o pé direito o partido de Lula se mantém no jogo participando da mesa diretora da Casa.  Com o pé esquerdo reafirma sua oposição ao governo golpista de Michel Temer.
Para a esquerda o importante é ter voz no processo legislativo.  É este o sentido para composição com o PMDB para ter a Secretaria Geral da Mesa e não o objetivo menor, como diz a imprensa, de assegurar entre 20 e 30 vagas para assessores parlamentares para correligionários.
Participando da Mesa o PT terá lugar nas comissões. De outro lado, um grupo se manifesta dissidente, que defendeu não integrar um colegiado que será comandado pelos partidos governistas.
Trinta por cento da bancada petista rejeitou votar em Eunício Oliveira (PMDB/CE). OU seja, de 10 senadores, três não aceitaram o acordo: Lindbergh Faria. Gleise Hoffmann e Fátima Bezerra.
Os demais, incluindo o gaúcho Paulo Paim marcharam com o situacionismo.
A mesa diretora fica assim: PMDB com a Presidência.2ª Vice-presidência e uma 1ª Suplência; PSDB, 1ª Vice-presidência e 4ª Secretaria; PT, 1ª Secretaria (ou secretaria geral); P 2ª Secretaria; PSB 3ª Secretaria. As demais três suplências ficam com PR, PSD e DEM.
O secretário geral, José Pimentel (PT/PE), vai administrar um orçamento de 4,2 bilhões de reais. É muito poder.
Um ponto obscuro desse desdobramento ainda é o mencionado “acordão”, fechado na calada da noite de 31 de agosto, quando foi selada a sorte da ex-presidente Dilma Rousseff, nos últimos minutos do mês fatídico.
Em troca do fatiamento da pena da mandatária os golpistas cederiam a primeira secretaria das duas casas do Congresso ao PT, garantindo, assim, uma parcela de poder ao partido defenestrado. Em troca, os petistas votariam no candidato do PMDB. O acordo foi cumprido.
Mas há outra nuance no acordo: é do interesse dos grandes partidos varrer o chamado “Centrão” do picadeiro, reservando a arena somente às grandes forças, quais sejam; PMDB PSDB e PT.
Esses três partidos protagonistas comandarão o espaço político.
Em resumo: os grandes asseguram a governabilidade. O irrequieto e imprevisível ”Centrão” fica excluído, perdendo seu poder de barganha.
O que hoje se chama “centrão” não é a mesma coisa que um bloco com essa denominação representou na Constituinte de 1988.
Naquela época formou-se um grande bloco conservador para se opor ideologicamente à esquerda e, também, a uma extrema direita que expressava, por exemplo, a antiga UDR (União Democrática Ruralista) do deputado goiano Ronaldo Caiado.
Atualmente o “centrão” é uma força ideologicamente difusa integrada pelos partidos integrados por quadros fisiológicos, cuja atuação se caracteriza pelo posicionamento caso a caso diante das demandas do governo.
Este “centrão”, no governo Dilma, era comandado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) e foi a principal causa da sua desestabilização.
São as chamadas “legendas de aluguel”, engrossada por dissidentes e descontentes dos grandes partidos, como era o caso do próprio Cunha.
Na Câmara, onde esse bloco informal é poderoso, o “centrão” ameaça a candidatura oficial do deputado Rodrigo Maia DEM/RJ), alinhado com o Palácio do Planalto e com apoio das três grandes forças.
No entanto, não obstante as orientações do ex-presidente Lula, o PT está relutando para cumprir o acordo. Os parlamentares do partido temem ser crucificados na próxima eleição em 2018.
A bancada petista na Câmara dos Deputados vive seu dilema: se ficar no bloco dos grandes pode ser execrado por seu eleitorado. Se refugar corre o risco de ser incluído como inocente útil no exdruxulo bloco do “centrão”.
Como diria o velho Blau: “é duro nadar de poncho”.
 
 
 

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