O último ato: Dilma Sem Medo

PINHEIRO DO VALE
A presidente afastada Dilma Rousseff  decidiu protagonizar o último ato do momento histórico que vive, comparecendo à sessão final do Senado que decidirá finalmente sobre o impeachment, dia 29 de agosto.
Dilma decidiu ir à Esplanada dos Ministérios para fazer o registro histórico de seu papel na História do Brasil, aconteça o que acontecer.
No plenário ela vai enfrentar as raposas felpudas, os chacais sanguinários, os adversários leais e os pusilânimes. Todos estarão à sua frente.
Já ela, estará olhando para a História e se colocando nessa crônica com a imagem da “Dilma guerreira do Povo Brasileiro”, bordão de campanha e que agora se cola à sua biografia. Dilma sem-medo é título do filme.
A decisão de ir ao plenário firmou-se por sugestão do marqueteiro João Santana, que está por trás do documentário sobre o impeachment que sua produtora vem rodando desde antes do golpe chegar ao ponto em que chegou.
Percebendo que poderia acontecer o pior, há meses os cinegrafistas e produtores já começaram a captar imagens e sons, fazendo um registro minucioso dos acontecimentos em todos os palcos, nos palácios e nas ruas.
Nos últimos dias essas equipes têm trabalhado intensamente: no plenário do Senado a produção colhe assinaturas de anuência de imagem entre os assessores parlamentares que frequentam aquele recinto.
Não querem problemas com a Justiça sobre eventuais ações tentando obstar a exibição da obra. Mesmo preso, Santana criou a obra derradeira.
Dilma vai olhar seus algozes olho no olho. Vai chamar os traidores às falas, vai ameaçar seus adversários com o facão da História.Não vai ser aquele passeio diante das câmeras da TV Senado em que parlamentares interpretam suas pantomimas diante de depoentes intimidados, muitas vezes humilhando nos interrogatórios, aquele festival de platitudes para se mostrar nas telas. Isto será muito perigoso.
Ninguém ficará impune. Dilma vem com tudo. Esse documentário vai correr o mundo, será uma obra de grande competência técnica e artística. Terá força para vencer festivais importantes, como Cannes, Veneza e, talvez, até mesmo um Oscarzinho.Cada um terá de pensar muitas vezes antes de abrir a boca. É possível que prefiram o mutismo, ou mesmo a ausência.
Neste caso, o forfait, pode ser que se altere o placar. É uma última esperança de criar um constrangimento entre os traidores, um respeito pela História dos apressados. Naquele plenário há pessoas com biografias a zelar, como ex-governadores de estados importantes, acadêmicos de prestígio, políticos com futuro.
As imagens e os sons gravados ao vivo e a cores são indeléveis. Não há como manipular um plano sequência.Dilma está preparada para a grande cena. Sua carta aos senadores é um texto para a História, disseram alguns analistas.
Isto deve ser lido como um roteiro e um script para ser ouvido em off coberto pelas imagens e sobe sons dos acontecimentos.Foi para dar esse recado ao mundo e à História que Dilma incluiu no texto as referências às prisões e torturas, aparentemente menções descabidas num documento dessa natureza.
João Santana, do fundo de sua cela, enquanto se curvava a carcereiros e interrogadores, criava o movimento mais brilhante de sua carreira de marqueteiro político. Será sua obra prima.

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