Alguns anos atrás, convivi com uma pessoa que, por sua rara sensibilidade, era considerada louca. Após trabalhar por três décadas no Banco do Brasil, se aposentou aos 55 anos e foi cuidar do próprio lazer — esportes, leituras e viagens.
Não tinha paciência com os chatos que, a seu ver, eram a maioria no mundo.
Não sei onde encontrou forças para aguentar chefes e subordinados numa instituição bancária estatal minada pela bajulação e o carreirismo, mas o fato é que ele soube se divertir enquanto teve saúde para pilotar seus brinquedos — barco, moto, teclado e teco-teco.
Pois bem, sua lição inesquecível: ele criticava os “burros ativos”, expressão que inventou para definir o comportamento dos ignorantes colocados em situação de mando e dos medíocres que por medo, inveja, raiva ou ignorância puxam as coisas para baixo, contribuindo para a estagnação e o retrocesso.
Lembro-me dele agora, toda vez que vejo o vice-presidente em exercício fazendo malabarismos com as mãos e com as palavras no esforço tatibitati de explicar alguma coisa referente a suas atividades de governo.
Ele, seus ministros e altos funcionários da administração vêm se esmerando no esforço para convencer os brasileiros de que a economia saiu da estagnação em que andou mergulhada desde 2015.
A mídia tradicional, na ilusão de contribuir para a ordem e o progresso (lema do governante-tampão), se esforça para convencer os leitores de que agora a coisa vai. Não vai.
Esquecem todos eles — os burros ativos — que o país jamais sairá da paradeira socioeconômica enquanto o governo trabalhar para tirar direitos dos trabalhadores, reduzir salários e proteger prioritariamente os agentes do mercado, os rentistas, os banqueiros, os empresários.
Isso tudo que o subgoverno Temer vem fazendo, além de antidemocrático, é burrice.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“Jerivá torto não dá ripa”
Ditado popular recolhido por João Simões Lopes Neto (1865-1916)