Alice Schuch*
Ela pensa, procura, mas não sabe o que fazer. É bela, boa, é inteligente, tem tudo e, mesmo assim, às vezes experimenta esta particular insatisfação, falta-lhe alguma coisa, um vazio que não sabe como resolver. Cai em depressão e não consegue sair. Adoece.
A depressão é a principal porta para as doenças e as mulheres são atingidas em peso por esse que é um mal do século. A causa é a falta do projeto de vida que deve ter cada uma, na sua individualidade, deveria ter e defender. Ter sonhos, ambição e independência expande uma força que tira a mulher deste vazio interior que muitas sentem. O resultado é a vitalidade.
A vitalidade dificulta o desenvolvimento até de doenças graves. Pensemos nisso.
A depressão alimenta uma alma doente, logo, reflete um corpo doente. Buscar a ajuda que for necessária, criar um projeto de vida, um objetivo de vida. Com isso, ganhar força e independência. Também pontuo atitudes consideradas historicamente masculinas e que, não sendo, devem ser desenvolvidas nas mulheres: a ação eficiente, formalizando o que se quer, movimentando-se, cumprindo e realizando com certo orgulho e praticidade. Assim é a origem feminina. Devemos retornar à nossa natureza, criando uma forma de agir feminina e eficiente, mudando, assim, a história.
Corriqueiramente, a mulher cumpre regras feitas, passadas há muitas gerações. Vibra, sente a própria força, eleva ao máximo suas próprias pretensões. Pretende o belo, o poder, tem uma sensibilidade especial, uma força de inteligência, sabe que possui o poder de gerar a vida, mas no exato momento que a oportunidade real se mostra, entra uma imagem, uma informação contrária que fixa uma forma que dói dentro. Adoece.
Surge um medo infundado e ela não colhe a oportunidade, retira-se do jogo. Perde o centro da ação vencedora, desiste. Rebela-se, culpa os outros, mas não compreende a causa da sua fraqueza.
Todas as mulheres, principalmente as mais inteligentes, percebem a existência de um erro, mas não conseguem identificá-lo de fato. A diferente é considerada uma ameaça, principalmente se é uma líder. Sente-se combatida, agredida, impotente por fim, sente culpa de não ser igual as outras e desiste. Não conseguindo realizar o seu projeto, passa a considerá-lo impossível, não compreende.
Deixa-se arrastar pela massa e, por sua vez, torna-se parte dela, baila no vazio. Mata a própria luz, em boa fé assassina o próprio núcleo individual. E segue adoecendo.
*Palestrante, pesquisadora do universo feminino e autora do livro “Mulher: aonde vais? Convém?”