Quem derrubou Orlando Silva

O ministro Orlando Silva é ou não é ladrão? Que informações e que razões políticas levaram a presidente Dilma a demití-lo?
Estas serão as perguntas e elas levarão a uma discussão sobre o que é secundário, o que na verdade já não tem mais importância diante do que realmente aconteceu. E o que aconteceu foi o julgamento e a condenação de um ministro sem qualquer prova! Não é a primeira vez que isso acontece, mas agora temos um caso limite.
A presidente parece ter seguido seu saudável princípio de que ministro suspeito é ex-ministro, mas no caso de Orlando Silva há uma situação muito peculiar – o que existe contra ele é a denúncia de um ex-policial, que esteve preso exatamente por ter desviado dinheiro dos programas do Ministério do Esporte. Só isso.
“Reportagem investigativa”
O que deu consistência a essa denúncia foi a sua publicação, como “reportagem investigativa” pela revista Veja, e sua total aceitação e difusão pelos demais veículos de comunicação filiados à ANJ. O que se acrescentou foi supérfluo.
Um aluno do primeiro ano do curso de jornalismo aprende que não se pode publicar uma denúncia, ainda mais de uma fonte interessada, sem primeiro checar todas as informações recebidas.
A Veja apostou que o ex-policial João Dias tinha as provas. Deu capa, repercussão nacional. Uma semana depois, quando ele disse que não as tinha, o que aconteceu? Como naquela piada do gaúcho, a mídia “bancou o peido da moça”.
No Jornal Nacional daquela noite, o destaque foi o senador Magalhães Neto, num discurso estudado, batendo em Orlando Silva. “O senhor envergonha a nação, a população quer ver o senhor fora do ministério!”. Na Zero Hora do dia seguinte, a manchete decretava: “STF EMPAREDA ORLANDO SILVA”.
Quem emparedou Orlando Silva foi a mídia. Sem informações, só com o troar de seus canhões. Nunca é demais lembrar que essa mídia, que na época se chamava imprensa, foi uma engrenagem decisiva na gênese e na vitória do golpe militar de 1964. Para prestar esse serviço, distorceu fato e omitiu informações.
O nome disso que praticaram e estão praticando agora não é jornalismo. É lacerdismo. A pergunta que fica é a seguinte: a serviço de quem eles estão agora?