Graça Craidy completa dez anos de arte expondo violência contra mulher em “Meu bem, meu mal”

Fotos: Arquivo pessoal/ Divulgação

 

Depois de uma década denunciando violência contra a mulher com suas pinturas, a artista visual gaúcha Graça Craidy reúne obras das suas várias coleções como a série Até que a morte nos separe, com retratos das cenas dos crimes de feminicídio coletadas em fotos de noticiários, a série Livrai-nos do Mal, em que aponta as violências referidas pela Lei Maria da Penha, a série Feminicidas, o machismo que mata, com homens portando revólveres no lugar do pênis, e Estupro, com assédio masculino, entre outras.
A exposição Meu bem, meu mal, abre na terça-feira (11/02), no Memorial do Ministério Público, na Praça Marechal Deodoro, esquina com a rua Jerônimo Coelho.

Tudo começou em março de 2015, ano da primeira exposição da artista, quando suas obras da série Até que a morte nos separe foram selecionadas para o Salão de Artes do Atelier Livre Xico Stockinger, de Porto Alegre, onde estudava desenho e pintura, e quando foi convidada, também, a compor o Dia da Mulher no Centro Cultural Zona Sul, no bairro Tristeza, da Capital.

Após essas mostras iniciais, Graça Craidy foi convidada a expor a mesma série sobre feminicídio em importantes instituições, como o Memorial do Palácio da Justiça, Pinacoteca AJURIS, Memorial da Justiça Federal, Assembleia Legislativa, Memorial do TRE, Memorial do TRF4, e também em universidades, como FURG – campus de Rio Grande, UFPR – Campus Mourão (online), e mais tarde, no Museu da UFRGS, como convidada especial dos graduandos em Museologia, para integrar a sua exposição feminista de final do curso.

Também inspirou trabalho acadêmico para aluna de disciplina Projetos Especiais, no curso de Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS, integrou a capa do livro A Lei Maria da Penha na Justiça, da desembargadora Maria Berenice Dias, além de ilustrar capa e quatro páginas do caderno DOC, de ZH, em novembro de 2015, quando a redação do ENEM abordou o tema Violência contra a mulher.

Fotos: Arquivo pessoal/ Divulgação

“A palavra feminicídio ainda nem era conhecida, tive que fazer um banner explicando o termo”, conta a artista. “Coloquei embaixo dos quadros a foto original da reportagem que inspirou a pintura, e o efeito foi devastador. Ao atinarem que aquele não era apenas o retrato de uma mulher dormindo, mas de uma mulher morta – e pior: morta pelo marido ou pelo ex – as pessoas levavam um choque, queriam debater o assunto, entender o que se passava”- acrescenta a artista.

“Foi assim que o assunto feminicídio passou das páginas policiais para o caderno de cultura. Em pouco tempo, eu expus mais de 12 vezes a mesma série. Todo mundo queria discutir feminicídio e, lamentavelmente, continua querendo, dado os recentes números de feminicídio no Brasil, considerado hoje não mais apenas um caso de segurança, mas de saúde pública.”

O nome da exposição, “Meu bem, meu mal”, é uma referência ao contexto onde acontecem os crimes: sempre dentro do lar, sempre, na maioria das vezes, praticado pelo marido, companheiro, namorado ou ex que não aceita a separação.

Nesta mostra no Memorial do Ministério Público, Graça Craidy mostra 30 obras selecionadas entre as mais de 50 que pintou sobre o tema. O vernissagem será às 17h, na Praça Marechal Deodoro 110. A entrada é franca.

Texto: Carlos Souza

SERVIÇO

O QUÊ: EXPOSIÇÃO MEU BEM MEU MAL, DE GRAÇA CRAIDY
QUANDO: DE 11 DE FEVEREIRO A 11 DE MARÇO

HORÁRIO: DE 2ª A 5ª, DAS 8 ÀS 19 HORAS,
ÀS 6ªs, DAS 8 ÀS 15 HORAS;
SÁBADO E DOMINGO,FECHADO

ABERTURA: 11 DE FEVEREIRO, ÀS 17 HORAS

ONDE: MEMORIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

PRAÇA MARECHAL DEODORO, 110, ESQUINA COM A RUA JERÔNIMO COELHO.