Livro aborda apagamento de indígenas e negros da história da imigração alemã no RS

A publicação propõe um contraponto à narrativa oficial que exalta o protagonismo de imigrantes europeus ao considerar o dia 25 de julho de 1824 como o início da história do município.

O livro resgata registros históricos da presença milenar de indígenas que circulavam pelo território que um dia seria o Rio Grande do Sul e faziam do Vale do Sinos parte do seu território, bem como demonstra que São Leopoldo já era habitada por negros escravizados trazidos de diversas partes do continente africano, assim como os portugueses residentes.

“A entrada de imigrantes de fala alemã em uma região onde já estavam estabelecidos imigrantes portugueses, para onde foram trazidos africanos escravizados e que era território de itinerância de povos indígenas, não ocorreu de forma pacífica e ordeira. São fartos os registros sobre dominação, conflitos, violência e mortes na relação entre o colono alemão e cada uma das etnias. Os relatos desses encontros nada pacíficos são invariavelmente feitos do ponto de vista dos imigrantes”, descrevem os autores às páginas 50 e 51.

“Certas escritas da história ao longo do tempo têm apresentado uma versão que ignora a ocupação do Vale do Sinos em período anterior a 1824. A região, entretanto, era ocupada, desde tempos imemoriais, por grupos indígenas hoje denominados Kaingang e, ao longo do século 18, foi ocupada por proprietários de terra, pequenos lavradores e posseiros luso-brasileiros, até que, em 1788, a Real Feitoria do Linho Cânhamo”, afirma o historiador Ricardo Charão, autor do prefácio.

Para ele, “não há como dar crédito a versões que apresentam a chegada das primeiras levas de imigrantes como uma epopeia, uma narrativa que versa sobre a trajetória de heróis. Não se está a minimizar todas as dificuldades vividas pelos imigrantes de fala alemã. Todavia, não é possível mais sustentar versões como aquela explicitada no hino do município de São Leopoldo, em que se lê: “Louro imigrante, só a natureza/ Te viu chegar para trabalhar aqui/ E o Gigante Vale,/ com certeza se engalanou para esperar por ti”. Na medida em que apenas a “natureza” presenciou a chegada dos imigrantes, está a se afirmar que a região era desabitada”, esclarece Charão.

A segunda parte da publicação é dedicada à análise da influência que a tradição germânica exerceu sobre o município e a sua população. Por meio de entrevistas, os autores apresentam um mapeamento das ações dos governos ao longo das últimas décadas, marcadas por narrativas de exaltação da germanidade em detrimento de outros povos e também mostra que houve um rompimento gradual dessa lógica com o surgimento de políticas públicas de inclusão e participação a partir da criação da Secretaria de Cultura.

Apresentação

“Os autores trazem para o campo do visível e do sensível a vida de indígenas e de africanos e afrodescendentes – e isso não em abstrato, mas no concreto palpável: por ocasião das comemorações dos 200 anos da imigração germânica no Brasil, de que o Rio Grande do Sul é exemplo destacado” e “reúnem casos exemplares de confronto, luta, busca por justiça e vida digna por parte dessas populações”, anota o escritor e professor de Literatura, Luís Augusto Fischer.

“Escrito com seriedade, empatia humana e ritmo jornalístico, Invisíveis é uma excelente maneira de penetrar nesse universo, vedado ou ao menos velado até pouco tempo atrás, mas que os tempos de agora impõem seja trazido para a luz do dia, da razão, da crítica inteligente, da justiça histórica”, resume.

AUTORES

Dominga Menezes, 62 anos, é jornalista com mais de 30 anos de experiência em jornalismo diário, assessoria de imprensa parlamentar e gerenciamento de projetos de comunicação social e corporativa. É sócia-fundadora e editora da Carta Editora e coordenadora editorial do livro Invisíveis.

Gilson Camargo, 61 anos, é jornalista com experiência em reportagem e edição, desde 1986, em jornais diários (Diário do Sul, Grupo Sinos, Zero Hora, O Sul, Correio do Povo) e assessorias de imprensa. Fez reportagens especiais em Cuba, em 1988, e no Xingu, em 1999. Atualmente é repórter e um dos editores executivos do Jornal Extra Classe, veículo editado pelo Sinpro/RS, pelo qual conquistou nove prêmios de jornalismo. É projetista gráfico e editor da Carta Editora.

Invisíveis – o lugar de indígenas e negros na história da imigração alemã (Carta Editora, 2024, 208 p., 16cm x 23cm, com encarte de fotos), de Gilson Camargo e Dominga Menezes, produzido com recursos do Governo do Estado do Rio Grande do Sul por meio do Pró-cultura RS FAC – Fundo de Apoio à Cultura. Apresentação (orelha) de Luís Augusto Fischer e prefácio de Ricardo Charão.

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Contatos com os autores:

Gilson Camargo – 9 9125.2565

Dominga Menezes – 9 9229.8299

Carta Editora & Comunicação Ltda.
(51) 99125.2565

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