
Morreu enquanto dormia o jornalista e pesquisador musical Zuza Homem de Mello, aos 87 anos. Foi na manhã deste domingo, 4, no apartamento em que morava no Bairro Pinheiros em São Paulo. Infarto agudo do miocárdio foi a causa registrada no atestado de óbito.
Está de luto a comunidade musical brasileira, a quem ele dedicou uma obra imensa e variada que produziu como jornalista, escritor, produtor de discos, professor, palestrante, apresentador de shows e curador de festivais.
Zuza tinha muitos amigos gaúchos e alguns deles, como o músico e produtor cultural Carlos Badia, os jornalista Juarez Fonseca e Márcio Pinheiro e o músico Arthur de Farias fizeram registros emocionados, jornalísticos e de tributo a Homem de Mello.
“Suinge é aquele balanço que não está na pauta”, aprendeu ele nos primeiros estudos que fez com a intenção de ser contrabaixista.
“Essa, acredito que seja a grande meta da minha vida: fazer as pessoas saberem ouvir música”, disse ele no doc “Zuza Homem de Jazz” (2019), de Janaina Dalri.
Começou como baixista tocando em boates em São Paulo. Em 1957, foi para a School of Jazz, em Massachusetts (onde teve aulas com Ray Brown, lenda do contrabaixo) e logo depois para a prestigiada Juilliard School of Music, em Nova York, onde aprendeu, em suas palavras, “a ouvir música”.
Tinha 23 anos e mergulhou de cabeça no mundo do jazz, em clubes como o Five Spot Jazz Café (onde o pianista Thelonious Monk mudou sua visão de música, com uma banda que tinha o saxofonista John Coltrane) e o Village Vanguard. Foi testemunha privilegiada de uma época de rara criatividade na música mundial e registrou suas impressões como colunista da “Folha da Noite” e “Folha da Manhã”.
Voltou ao Brasil dois anos depois e foi trabalhar como técnico de som na incipiente TV Record onde ficou mais de dez anos.
Lá acompanhou os bastidores dos festivais da canção que revelaram nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil, o “Fino da Bossa” (de Elis Regina e Jair Rodrigues) e o “Jovem Guarda”, de Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. É dessa época seu empenho em trazer grandes nomes do jazz ao Brasil.
Quando soube de sua morte, Caetano Veloso lembrou das “conversas íntimas e audição de clássicos da canção popular do mundo”. “Eu fui presenteado com essa convivência educadora e quero saudar a existência de Zuza”, escreveu Caetano no Facebook.