O Projeto Miniarte Internacional, criado e coordenado pela artista visual Clara Pechansky, já definiu o tema e também os locais e datas das duas exposições a serem realizadas este ano no Estado. Os artistas que atenderem à convocatória produzirão obras sobre a temática que mais se impõe neste momento histórico da humanidade: VIDA. As obras serão apresentadas ao público em 18×18 cm, tradicional formato da Miniarte, fundada em 2003.
O lançamento da 40ª edição ocorrerá no próximo dia 22 de março (segunda-feira), quando o regulamento (em português, inglês e espanhol) estará disponível aos interessados no site www.miniartex.org. As inscrições para artistas brasileiros serão recebidas entre 5 de abril e 30 de junho.
São convidadas especiais da coordenadora nessa edição as artistas Darmeli Araujo, Débora Irion, Eliane Santos Rocha, Esther Bianco, Inês Benetti, Flávia de Albuquerque, Liana Timm, Rita Gil, Thid Dalcol e Zoravia Bettiol. Outros artistas reconhecidos, inclusive do exterior, também são convidados de Clara Pechansky para a presente Miniarte.


Gramado e Porto Alegre
A Miniarte Vida será aberta em 4 de setembro e irá até 10 de outubro no Centro Municipal de Cultura de Gramado, com patrocínio da Secretaria da Cultura da cidade. Na sequência, de 4 a 26 de novembro, a mostra será remontada na Gravura Galeria, em Porto Alegre. As exposições serão instaladas fisicamente e estarão abertas à visitação presencial, seguindo os protocolos sanitários das autoridades.


O objetivo do Miniarte Internacional é apresentar um panorama das artes visuais de várias regiões do mundo. Democratizante e inclusiva, a proposta acolhe os trabalhos inscritos sem submetê-los à seleção. As obras são expostas em ordem alfabética, permitindo a conexão de uma diversidade de influências culturais sem que se perca a individualidade de cada artista. A produção coletiva será reunida num catálogo virtual




Por meio do Projeto Miniarte Internacional, o Brasil já estabeleceu parcerias artísticas com Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Irlanda do Norte, Itália, México, Portugal e Taiwan em edições anteriores.


Com 65 anos de carreira profissional, a artista visual e gestora cultural Clara Pechansky define a força do formato 18×18: “Assim como a menor palavra pode ter tanto poder quanto o mais longo discurso, também uma pequena obra de arte pode ter um grande impacto sobre o observador”.
CLARA PECHANSKY RESPONDE
Higino Barros
Pergunta: Como tem sido trabalhar com arte visual em tempos de pandemia?
Clara Pechansky: Tenho meu estúdio em casa, então para trabalhar em desenho e pintura não houve mudanças. Mas meu outro estúdio, que fica no Bom Fim, onde dou aulas de Arte, está fechado desde março de 2020.
Pergunta: A questão do presencial e o virtual nas artes visuais. Quais vantagens e desvantagens?
CP: Com o impacto da grande crise, o PROJETO MINIARTE INTERNACIONAL, que criei em 2003 e que chegou às edições 38 e 39 em 2020, foi transformado em virtual, e as inscrições foram gratuitas. A edição 38, Miniarte Verdade, teve 400 inscrições do Brasil e do exterior, entre obras de artistas visuais e minitextos de poetas e escritores. Para a edição 39, também virtual, convidei 53 artistas gaúchos, e foi uma coprodução com a Universidade de Sinaloa, no México, portanto também reuniu artistas de vários países. Com a ajuda da minha amiga Liana Timm, foi possível produzir catálogos virtuais sobre as duas exposições, que estão no website da Miniarte (www.miniartex.org)
Pergunta: Qual leitura que faz da arte visual no RS ? E fora daqui?
CP: No mundo todo, após o susto inicial, houve uma aceleração na criação de arte por causa da pandemia. Profissionais aumentaram significativamente sua produção, e amadores começaram a descobrir que a Arte pode ser uma excelente maneira de expressar sentimentos e sensações, mesmo para quem nunca lidou com materiais artísticos. Esse fenômeno é universal, aconteceu com todos, artistas emergentes e consagrados, e novas formas de comunicação foram geradas. Isso vale para artistas visuais, mas também para músicos, dançarinos, atores, performistas em geral. Todos foram descobrindo novas maneiras de mostrar seu trabalho.
Pergunta: O que espera da arte visual pós pandemia? Esse tema vai impactar de que forma os artistas?
CP: Não há dúvida, após um ano de pandemia, que algumas formas novas de canalizar a criação artística foram descobertas e vieram para ficar. Além disso, novas plataformas foram sendo experimentadas: algumas deram certo, outras se esgotaram ao natural, por excesso de uso, ou por mau uso. Nós, artistas visuais, acostumados a receber um grande público nas nossas exposições, aprendemos que é possível criar mostras híbridas, presenciais e virtuais ao mesmo tempo. Estou participando de um projeto internacional que o coordenador chama de “phygital”, ou seja, simultaneamente digital e físico.
Pergunta: quais os planos para 2021:
CP: A partir de 22 de março, vou lançar a MINIARTE VIDA, edições nº 40 e nº 41 do Projeto Miniarte Internacional. Será uma exposição com convocatória em português, inglês e espanhol, prevista para receber mais de uma centena de artistas. Para participar basta se inscrever e seguir o regulamento (www.miniartex.org). A Miniarte não pede currículo e não faz seleção de participantes, é um projeto democrático que aceita todos os estilos e idades. A inauguração presencial vai ser em setembro, no Centro Municipal de Cultura de Gramado, e em novembro, na Gravura Galeria de Porto Alegre. Afora isso, tenho convites para participações aqui e lá fora, ou seja, sigo trabalhando diariamente, mas sempre tentando me adaptar aos acontecimentos de cada dia.
Pergunta: Porque a presença maior de mulheres na mostra? Sempre foi assim? Isso não torna a coisa digamos, “parcial”?
CP: O que acontece é que após anos de repressão às mulheres artistas, no século XX elas passaram a ter mais predominância e começaram a mostrar seu trabalho, talvez tentando recuperar o tempo perdido. Para a exposição no México decidi convidar 33 mulheres, mas minha seleção foi absolutamente técnica. Quanto a presença maior de mulheres na Miniarte teria que ser feito um levantamento nas edições anteriores. Mas aparentemente isso é algo que vem acontecendo somente nas edições recentes. Talvez a explicação esteja numa paciência e cuidado maior para criar em um espaço muito pequeno.