Banco Central “independente” atrasa crescimento do Brasil

Como era esperado, o Banco Central (BC) “independente” manteve esta semana a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. É uma piada legitimada por toda a mídia corporativa. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) dos últimos 12 meses, base em maio, está em 3,93%, o que permite um ganho aos investidores em títulos públicos de 6,57 pontos percentuais a.a., um dos maiores do mundo.

As instituições financeiras seguem como principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com mais de 29% de participação no estoque. Os fundos de pensão, com 23,5%, e os fundos de investimento (as grandes fortunas), com 23%, aparecem em seguida na lista de detentores da dívida. Ou seja, os bancos e as grandes fortunas se apropriando do orçamento público. Concentração de renda.

 A Lei Complementar 179/2021, de fevereiro de 2021, que estabeleceu a “autonomia” do Banco Central, sancionada pelo governo Bolsonaro, faz parte da política imperialista de deixar cada vez mais os governos populares com as mãos amarradas.  A liberalização das taxas de juros já fazia parte de um conjunto de proposições conhecidas como “Consenso de Washington”, que em novembro de 1989 as instituições sediadas em Washington julgavam como um conjunto adequado de políticas para serem adotadas pelos países da América Latina. Claro, adequadas para Washington.

A política monetária executada pelos neoliberais tornou-se refém da estabilização do câmbio, fiscal, do componente financeiro dos gastos públicos, relativo ao serviço da dívida. Aliena-se a capacidade de o Estado empreender políticas públicas voltadas para o crescimento e a proteção social. A América Latina fica presa ao neocolonialismo das privatizações das empresas estatais de energia, minérios, monocultura, trabalho análogo a escravidão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está correto ao avaliar que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”. Lula disse, ainda, que Campos Neto não demonstra nenhuma capacidade de autonomia e tem lado político. Aliás, Campos Neto saiu da sua seara técnica e tem se embrenhado na articulação política, frequentando jantares com possíveis candidatos às eleições presidenciais de 2026.