Cenário econômico é sombrio para 2022

A inflação no Brasil está com viés de alta, as taxas de juros e do crédito idem e a parcela de famílias endividadas bateu recorde em fevereiro. A proporção de famílias endividadas e com contas em atraso, no mês passado, registrou maior fatia em 12 anos, conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O risco do avanço da inadimplência em 2022 é real.

Ignorando o conflito entre Rússia e Ucrânia e os significativos reflexos que já estão acontecendo na cambaleante economia brasileira, o mais recente boletim Focus – relatório semanal divulgado pelo Banco Central contendo as expectativas do mercado – calcula mais uma alta de um ponto percentual na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na próxima semana, de 10,75% para 11,75% ao ano. Lembrando sempre que nossa inflação não é de demanda e sim de custos.

A Selic tem um impacto direto em todas as outras taxas de juros do Brasil, como as taxas cobradas em empréstimos e financiamentos e o rendimento de investimentos. Isso significa que as taxas de juros vão subir, encarecendo ainda mais o crédito.

A taxa de juros real brasileira, isto é, quando se desconta a perda pela inflação, projetada para o fim de 2022 está atualmente na casa dos 6,5%, uma das maiores do mundo. E os bancos ainda incluem o custo de captação do banco, o risco de crédito desse empréstimo e a margem que a instituição recebe por emprestar esse dinheiro.

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), do Banco Central,- que estabelece diretrizes para a manutenção da estabilidade financeira e a prevenção da materialização do risco sistêmico -, afirmou que o crescimento do crédito para pessoas físicas acelerou, com destaque para as modalidades com maiores retornos e, consequentemente, com maiores riscos, o que deve elevar a inadimplência.

Em janeiro passado, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou que as instituições financeiras já renegociaram, desde o início da pandemia, 18,7 milhões de contratos de empréstimos, com um volume total de R$ 1,1 trilhão.

Para piorar, o preço do petróleo chegou a encostar em US$ 140 o barril do tipo Brent, nesta segunda-feira, nos mercados internacionais, com o possível agravamento das sansões dos Estados Unidos e União Europeia à Rússia, como a ameaça de proibição da importação de petróleo russo.

Como no governo Bolsonaro a Petrobras deixou de ser um regulador de preços da gasolina, diesel, gás, para garantir os ganhos dos investidores em Nova York, provoca um aumento em cascata de toda a economia dependente do petróleo. Cenário sombrio para a economia brasileira em 2022.