Churrasco, no Palácio da Alvorada, no meio da pandemia

O Brasil tem mais de 141 mil casos do novo coronavírus, com mortes diárias entre 700 e 900 pessoas, chegando a 10 mil no total, e a pandemia avança.

Neste momento dramático, contrariando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro, anuncia um churrasco neste final de semana no Palácio da Alvorada. O evento deve contar com 30 convidados e deve ter um jogo de futebol com a participação de ministros e servidores. É uma festa!

Já na quinta-feira, 7, Bolsonaro criou um novo factoide, ao atravessar a pé a Praça dos Três Poderes, em Brasília, para se dirigir ao Supremo Tribunal Federal (STF) acompanhado de ministros e um grupo de empresários.

Em uma visita que não estava previamente agendada, Bolsonaro se reuniu com o presidente do STF, Dias Toffoli, e fez um apelo para que as medidas restritivas nos estados, motivadas pela crise do coronavírus, sejam amenizadas, falou em “morte de CNPJs” e na falta de renda da maioria das pessoas.

Está correta a nota do Partido dos Trabalhadores ao dizer que a dicotomia é falsa. “Alternativa à recessão que já galopava no país não é mais dinheiro para bancos e empresários, mas renda para o povo ficar em casa.”

No entanto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, liberal radical da escola de Chicago, não liberou nada mais do que três parcelas de R$ 600 para os cerca de 40 milhões de trabalhadores informais, enquanto mais de 100 milhões de brasileiros estão praticamente sem renda.  As pessoas estão saindo de casa por total falta de dinheiro.

O Congresso aprovou o PL 873/2020, que amplia os potenciais beneficiários do auxílio emergencial de R$ 600 mensais, e o PL 1.282/2020, que amplia a concessão de créditos para pequenas e microempresas. Até agora o Executivo se mantém em silêncio sobre eles.

A falta de um plano do governo Bolsonaro para enfrentar a pandemia deixa o mundo indignado. A revista médica britânica “The Lancet”, que existe há 196 anos e é uma das mais respeitadas do mundo em sua área, publicou nesta semana um editorial em que faz um panorama da situação brasileira em relação ao novo coronavírus e afirma que “talvez a maior ameaça à resposta à Covid-19 para o Brasil seja o seu presidente, Jair Bolsonaro”.

O presidente brasileiro, diz o editorial, “semeia confusão, desprezando e desencorajando abertamente as sensatas medidas de distanciamento físico e confinamento introduzidas pelos governadores de estado e pelos prefeitos das cidades”.

Relembrando a reação de Bolsonaro com a frase “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê?”, quando questionado sobre o rápido aumento das mortes no País, “The Lancet” afirma: “O Brasil como país deve unir-se para dar uma resposta clara ao ‘E daí?’ do Presidente. Bolsonaro precisa mudar drasticamente o seu rumo ou terá de ser o próximo a sair.”