A alta acumulada de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no primeiro semestre, surpreende o mercado e representa uma vitória do governo nacional desenvolvimentista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lembrando que a administração Bolsonaro promoveu um desmonte das políticas públicas.
Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, a economia brasileira avançou 3,4% e o PIB acumula alta de 3,2% no período de 12 meses. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O crescimento de 0,9% no segundo trimestre de 2023, inferior em relação ao primeiro trimestre que teve alta recorde de 1,8%, foi o suficiente para parte da mídia corporativa tupiniquim desdenhar. O título no site do jornal O Globo foi “PIB perde fôlego” e outros veículos não deram destaque à notícia. O título do Financial Times foi “Crescimento do Brasil no segundo trimestre supera estimativas e impulsiona Lula”. O banco Goldman Sachs agora prevê um crescimento do PIB de 3,25% em 2023, contra estimativa anterior de 2,65%.
Os dados divulgados situam a economia brasileira em um nível 7,4% acima do patamar pré-pandemia e a posicionam no ponto mais alto da série histórica. Sem esquecer que o governo Lula não tem o controle da política monetária, que atua na quantidade de moeda em circulação, crédito, câmbio, taxas de juros e liquidez global do sistema econômico, nas mãos de Banco Central “independente”.
Enquanto o índice de inflação IPCA ficou em 3,16% nos últimos 12 meses, o BC ofereceu títulos públicos pagando 13,75% ao ano, com o ganho dos bancos e das grandes fortunas chegando a 10,59% pontos percentuais ao ano acima da inflação. Nenhum banco central no mundo oferece essa rentabilidade.
Somente na mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) houve redução da taxa básica de juros, a Selic, de 13,75% ao ano para 13,25%, queda de 0,50 ponto percentual, o que ainda mantém os ganhos dos milionários e bilionários garantidos. A taxa de juros nas alturas promove concentração de renda, provoca a perda do valor de compra dos salários e deixa inviável o crédito para consumo e investimento.
Uma das armas do governo Lula para distribuir melhor a renda dos brasileiros e, consequentemente, aumentar o consumo é a nova regra de correção para o salário mínimo no próximo ano. O projeto da Lei Orçamentária de 2024, que foi enviado esta semana ao Congresso, prevê o mínimo de R$ 1.421,00, R$ 32,00 mais alto que o valor de R$ 1.389,00 proposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). O valor representa aumento real de 7,7% em relação a 2023. A alta obedece ao retorno da regra de correção automática do salário mínimo, sancionada pelo presidente Lula, que havia sido extinta em 2019.
Indústria
Os desempenhos da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%) explicam o crescimento do PIB no último trimestre, conforme o IBGE. A indústria teve crescimento pelo segundo trimestre seguido, com destaque para a extrativa (1,8%), impulsionada pela extração de petróleo e gás e de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. Como um todo, a indústria segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da série histórica, atingido no terceiro trimestre de 2013, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
Para os próximos seis meses, a percepção dos empresários gaúchos para a demanda é positiva, de acordo com a pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) entre 1º e 9 de agosto com 200 empresas, sendo 45 pequenas, 66 médias e 89 grandes. O índice de expectativas de demanda atingiu 51,4 pontos no mês, ante 52,9 de julho. Valores acima de 50 mostram que os empresários projetam crescimento da demanda, porém, esperam queda do emprego (47,7 pontos), das compras de matérias-primas (49,2) e das exportações (47,1).
Paralelamente a isso, a Sondagem Industrial aponta que o índice de intenção de investimento do setor nos próximos seis meses, que varia de zero a cem pontos e reflete a disposição de investir em máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento e inovação de produto ou processo, pouco se alterou. Passou para 51,8 pontos neste mês, 0,6% acima de julho. A proporção de indústrias gaúchas com intenção de investir atingiu 53,4% do total.
Dos três grandes setores da economia, a agropecuária foi o único a recuar no trimestre (-0,9%). A retração se deve, principalmente, à base de comparação elevada, já que o setor tinha sido o grande motor do PIB nos três primeiros meses do ano.
Com Agência Brasil, Fiergs e IBGE