Após a realização de cinco seminários e quatro pesquisas de opinião durante o ano de 2021, a Assembleia Legislativa apresentou nesta segunda-feira, 24/01, os resultados do projeto “O RS Pós-Pandemia”. A pandemia impactou 76,8% dos gaúchos, principalmente na questão financeira. Em 45,0% das famílias a renda diminuiu pela metade ou menos da metade. Pouco mais de ¼ precisou de apoio durante a pandemia para comprar alimentos. Desses, 15,5% contaram com a ajuda da família e amigos.
O presidente da Assembleia Legislativa, Gabriel Souza (MDB), entregou ao governador Eduardo Leite (PSDB) uma cópia do livro “A Retomada Baseada em Evidências”, que reúne os resultados do projeto “O RS Pós-Pandemia”. A obra apresenta uma compilação dos seminários e das pesquisas de opinião pública realizadas no decorrer do ano, com o propósito de conhecer as alterações provocadas pela pandemia no estado e construir soluções por meio de ações emergenciais legislativas e políticas públicas para a retomada da normalidade. O ciclo de debates promoveu também discussões sobre economia, trabalho, educação e saúde.
Gabriel Souza afirmou que, apesar da tradição gaúcha de disputas políticas acirradas, o RS Pós-Pandemia promoveu a “revolução do diálogo, da harmonia e das construções coletivas” no último período. “Nem sempre foi assim. Mesmo num passado recente, tivemos momentos mais acirrados, mas estamos construindo um novo paradigma em que a harmonia entre os poderes está produzindo resultados positivos para a sociedade”, ressaltou.
Ele citou dois exemplos de resultados que já estão acontecendo. O “Programa Cirurgia Mais”, lançado pelo governo para reduzir a fila de espera no SUS, que aumentou durante a pandemia. E o Programa Jovem Aprendiz, ainda em construção, que tem como objetivo atingir a geração que não frequenta a escola e nem está inserida no mercado de trabalho.
O Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) ouviu seis mil gaúchos em mais de 60 cidades do Estado. A diretora do IPO, Elis Radmann, explicou que a pesquisa teve dois principais objetivos: compreender a percepção dos gaúchos sobre as desigualdades sociais vivenciadas no RS e verificar a necessidade de leis que possam subsidiar políticas públicas de combate à desigualdade social.
O governador Eduardo Leite considera que a obra “A Retomada Baseada em Evidências” é um “portfólio de soluções”, que poderá funcionar como uma bússola tanto para os atuais gestores quanto para quem postula um cargo eletivo nas eleições deste ano. “Argumentos técnicos ajudam a construir soluções objetivas e convergências. É um material obrigatório para quem quiser debater o futuro do Rio Grande do Sul com base numa realidade apurada de forma científica”, apontou.
O evento desta segunda-feira, que marcou a conclusão do projeto “O RS Pós-Pandemia”, foi o último da gestão de Gabriel Souza, que se encerra dia 31 de janeiro, quando Valdeci Oliveira (PT) assume a presidência da Assembleia Legislativa.
Principais tópicos do estudo
IMPACTO FINANCEIRO – A pandemia impactou 76,8% dos gaúchos, principalmente na questão financeira. Mais de ⅔ dos gaúchos tiveram algum impacto na renda familiar causado pelas medidas restritivas. Entre os trabalhadores informais e autônomos esse percentual chega a 83,0%. Quanto menor a renda familiar, maior o percentual de impacto, sendo que na renda de até 2 salários-mínimos;
PERDA DE RENDA – Em 45,0% das famílias a renda diminuiu pela metade ou menos da metade. Destacam-se nessa situação os que possuem menor escolaridade e renda familiar. Quanto menor a renda familiar, maior o percentual de impacto, sendo que na renda de até dois salários-mínimos 77,1% das famílias sofreram impacto em sua renda. Entre os que possuem ensino fundamental esse percentual chega a 72,7%;
MAIOR POBREZA – Os gaúchos se percebem “mais pobres” durante a pandemia. Antes da pandemia 53,5% se percebiam como pobre ou classe baixa. Durante a pandemia esse indicador passou para 70,6%;
ECONOMIA – Mais da metade dos gaúchos tem expectativa positiva com a economia, 53,8% confiam que a economia do RS vai melhorar e 59,0% que a situação financeira da sua família também irá melhorar;
AUXÍLIO – Pouco mais de ¼ precisou de apoio durante a pandemia para comprar alimentos. Desses, 15,5% contaram com a ajuda da família e amigos. Além disso, ¼ dos gaúchos declararam receber auxílio de algum programa social. O principal é o auxílio emergencial. E há 15,4% que são vulneráveis temporários não oficiais, que passaram por necessidade e não foram atendidos pelo Estado;
PRIMEIRA INFÂNCIA – Os gaúchos são favoráveis a investimentos destinados para a primeira infância, sendo que 89,3% acreditam que o Governo do Estado deveria se preocupar em auxiliar financeiramente as famílias necessitadas que tem crianças de zero a seis anos. E 85,7 % avaliam que o Governo deve priorizar investimentos para a primeira infância, a fim de combater a desigualdade social;
ENSINO SUPERIOR – Em 15,6% dos lares gaúchos que possuem estudantes em ensino superior foi necessário cancelar ou trancar a matrícula durante a pandemia. E 96,4% avaliam que Governo do RS deve investir em bolsas de estudo para os alunos que estão com dificuldades de custear o seu curso superior;
LEGISLAÇÃO – 88,3% dos entrevistados acreditam que a Assembleia Legislativa deveria fazer alguma lei para diminuir a desigualdade social do Estado. A metade não sabe citar a lei, mas 15,8% citam leis relacionadas à educação e à qualificação profissional. Outros 15,6% citam legislação que dê conta da assistência social, inclusão e diversidade;
PERCEPÇÃO SOBRE DESIGUALDADE – 60,3% dos gaúchos acreditam que o novo coronavírus afeta mais a vida dos pobres do que dos ricos. No Brasil, esse índice é menor, 52,0%.
Foto: Joel Vargas/ALRS