South Summit mexe com a autoestima de Porto Alegre

O South Summit, evento mundial que aproxima startups, grandes empresas, investidores e o ecossistema de inovação, que acontece até essa sexta-feira, 6, no Cais Mauá, arrebatou Porto Alegre. Mais de 10 mil pessoas circularam por dia pelos pavilhões A4, A5 e A6, que receberam melhorias. No total, cerca de 500 palestrantes falaram em cinco palcos simultâneos.

O evento impactou diretamente a economia da cidade, tanto para os setores ligados ao turismo, como para empresas e startups locais que podem receber grandes investimentos internacionais.

A fundadora do South Summit, a espanhola Maria Benjumea circulava pelos paralelepípedos do Cais sorrindo à toa. “Soy gaúcha total”, exclamava. Não é para menos, os ingressos ficaram entre R$ 100 a R$ 5 mil, com diferentes níveis de acesso às áreas do evento.

O evento tinha, ainda, dezenas de pequenos bares, cafeterias, que pagaram para estar lá, além de estandes de diversos tamanhos de empresas que mostravam suas inovações e produtos. É uma mina de ouro.

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Como plataforma de conexão entre startups, empresas e fundos de investimento globais, o South Summit nasceu em Madri em 2012. Como South Summit Brazil, pela primeira vez o evento é realizado fora da Europa.

O destaque é a competição de startups, que teve mil projetos inscritos de 76 países, com 50 finalistas, incluindo 17 gaúchas, sendo dez porto-alegrenses. A capital gaúcha tem mais de 400 startups, parques tecnológicos e hubs de inovação que a tornam uma importante referência no assunto no país.

Os textos de divulgação informam que cerca de 25 mil startups participaram em todas as disputas. O valor de US$ 8,8 bilhões já foi investido em finalistas das edições anteriores, dos quais seis projetos se tornaram unicórnios (expressão reservada àquelas raras startups que atingiram o valor de mercado de US$ 1 bilhão) e outros 46 foram vendidos. Além disso, os finalistas das edições anteriores alcançaram mais de US$ 6 milhões em investimentos.

Networking

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No pavilhão Marketplace, estandes de serviços e exposições ofereceram experiências e produtos. Esse é o ponto forte do South Summit: networking. Todos os participantes estão em busca de negócios, parcerias, investidores, compra e venda, com um ponto em comum: inovação, tecnologia e sustentabilidade.

Os temas das palestras foram atualíssimos, como competição de startups, blockchain, tokens, semicondutores, Inteligência Artificial, futuro da robótica, cidades inovadoras e o futuro da indústria no Brasil. No entanto, o número alto de palestrantes provocava situações como quatro speakers – anglicismo do momento -, com o tempo de fala total da reunião de 30 minutos. O mundo digital é pós-moderno.

Para agravar a situação, os armazéns, tanto tempo abandonados, apresentaram problemas sérios de acústica. Além disso, nos grandes espaços, ao lado das palestras, circulavam muitas pessoas, além dos bares e cafés por todos os lados. Só quem estava nas cadeiras em frente ao palco conseguia ouvir bem.

Para completar, alguns espaços para assistir as palestras eram pequenos em relação ao número de interessados. No primeiro dia, em determinados locais, muitas pessoas ficaram do lado de fora, na chuva, tentando ouvir alguma coisa.

Porto Alegre se ressente da falta de um Centro de Eventos de nível internacional. Os armazéns do Cais estavam abandonados e sofreram pequenas reformas. O local ainda carece de muitas adaptações para se tornar um Centro de Eventos. O South Summit é realizado uma vez por ano no La Nave, um ginásio para 20 mil pessoas em Madri.

Claro que tem o lado lúdico do Cais Mauá, com o lago Guaíba, pôr do sol, os bares e restaurantes do Embarcadero. Pode tornar-se um espaço público para grandes eventos durante todo o ano, se for aproveitada também a área das docas até as proximidades da rodoviária. Para isso, precisa de uma decisão política e investimentos.

O futuro do Cais Mauá está em plena discussão pública e existem duas propostas: uma, defendida pelo setor imobiliário, com torres comerciais e residenciais, com cerca de 900 apartamentos, hotéis, que lembra o cais de Hong Kong. E outra, defendida por entidades que integram o movimento em defesa do Cais, um projeto de revitalização.

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