Xi Jinping reforça BRICS Plus e Argentina se candidata

Nesta semana, 23/6, o presidente chinês Xi Jinping sediou a 14ª Cúpula do BRICS em Pequim por meio de videoconferência. Ele separou seu pronunciamento em quatro partes:

Primeiro, defender a solidariedade e salvaguardar a paz e a tranquilidade mundiais. “Nosso mundo hoje é ofuscado pelas nuvens escuras da mentalidade da Guerra Fria e da política de poder, e assolado por ameaças de segurança tradicionais e não tradicionais constantemente emergentes. Alguns países tentam expandir alianças militares para buscar segurança absoluta, estimular confrontos baseados em blocos ao coagir outros países a escolher lados e buscar o domínio unilateral às custas dos direitos e interesses de outros. Se essas tendências perigosas continuarem, o mundo testemunhará ainda mais turbulência e insegurança.”

Segundo ele, é importante que os países do BRICS se apoiem mutuamente nas questões relativas aos interesses centrais, pratiquem o verdadeiro multilateralismo, resguardem a justiça, a equidade e a solidariedade e rejeitem a hegemonia, o bullying e a divisão. A China gostaria de trabalhar com os parceiros do BRICS para operacionalizar a Iniciativa de Segurança Global (GSI), que defende uma visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável. Assim, trazer mais estabilidade e energia positiva ao mundo.

O segundo ponto é manter a cooperação para impulsionar o desenvolvimento e enfrentar conjuntamente os riscos e desafios. “A combinação da pandemia do COVID-19 e da crise da Ucrânia resultou em interrupções nas cadeias industriais e de suprimentos globais, aumentos sustentados dos preços das commodities e sistemas monetários e financeiros internacionais mais fracos. Mas, assim como uma crise pode trazer caos, também pode estimular mudanças. Muito dependerá de como lidamos com a crise”, acrescentou Xi Jinping.

Terceiro ponto é manter o pioneirismo e a inovação e liberar o potencial e a vitalidade da cooperação. “Aqueles que aproveitam as oportunidades da nova economia, como big data e inteligência artificial, estão em sintonia com o pulso dos tempos. Aqueles que buscam criar monopólios, bloqueios e barreiras na ciência e tecnologia para atrapalhar a inovação e o desenvolvimento de outros países e manter sua posição dominante estão fadados ao fracasso.”

O quarto ponto é defender a abertura e a inclusão e reunir sabedoria e força coletiva. Xi Jinping afirmou que os países do BRICS se reúnem não em um clube fechado ou em um círculo exclusivo, mas uma grande família de apoio mútuo e uma parceria de cooperação ganha-ganha. “Na Cúpula de Xiamen em 2017, propus a abordagem de cooperação ‘BRICS Plus’. Nos últimos cinco anos, a cooperação ‘BRICS Plus’ se aprofundou e se expandiu, estabelecendo um excelente exemplo de cooperação Sul-Sul e buscando força por meio da união entre mercados emergentes e países em desenvolvimento.”

Segundo Xi Jinping, os países do BRICS devem apoiar um maior desenvolvimento do Novo Banco de Desenvolvimento e um processo constante para admitir novos membros e melhorar o Arranjo Contingente de Reservas para cimentar a rede de segurança financeira e o firewall do BRICS.

Nos últimos anos, muitos países pediram para aderir ao mecanismo de cooperação do BRICS. “Trazer sangue fresco injetará nova vitalidade na cooperação do BRICS e aumentará a representatividade e a influência do BRICS. Este ano, em ocasiões separadas, tivemos discussões aprofundadas sobre a questão da expansão do quadro social. É importante avançar nesse processo para permitir que parceiros com ideias semelhantes se tornem parte da família BRICS o mais rápido possível.”

O presidente da Argentina Alberto Fernández solicitou a admissão de seu país no Brics como membro pleno. Ele participou do encontro virtual realizado pelos presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Somos a periferia que sofre”, disse ele ao se referir ao conflito na Europa e afirmou que “nem o trigo nem os alimentos podem se tornar uma arma de guerra”.

Analistas chineses disseram que a cúpula enviou um forte sinal ao mundo de que, além das organizações dominadas pelo Ocidente, que prejudicaram a economia mundial com confronto bloco a bloco e abuso de sanções, existem mecanismos multilaterais formados por grandes economias não ocidentais, assim como os BRICS, que podem efetivamente representar a maioria da comunidade internacional em esforços conjuntos para realizar a recuperação e superar os desafios globais.

Os países do BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – representam 40% da população mundial, respondem por 25% da economia global e 18% do comércio mundial e contribuem com 50% para o crescimento econômico mundial.

Com agências internacionais