Juiz faz inspeção antes de decidir sobre Fundação Zoobotânica

Juiz Eugênio Terra (de azul) vistoriou em agosto de 2017 as instalações do NOPA e serpentário /Cleber Dioni

Cleber Dioni Tentardini
O juiz Eugênio Couto Terra foi o primeiro a chegar nesta sexta-feira de manhã ao Jardim Botânico de Porto Alegre para realizar a inspeção judicial.
O magistrado está julgando o pedido de liminar do Ministério Público Estadual em defesa da Fundação Zoobotânica do RS . A Ação Civil Pública tem por fim proteger as coleções de plantas, animais e fósseis, e impedir a demissão dos pesquisadores da FZB.
Pouco antes das 9h30 chegou sua equipe da 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre e as promotoras de Justiça Annelise Steigleder e Ana Maria Marquesan, acompanhadas dos seus assessores da Defesa do Meio Ambiente.
Foram recebidos pelo presidente da Zoobotânica, Luiz Fernando Branco, e pelo diretor do JB, Cristian Barreto. Logo depois da reunião, que durou 10 minutos, visitaram o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA).
“Quais as condições do serpentário hoje”, perguntou o juiz Eugênio à coordenadora do NOPA, Maria Lúcia Alves, e servidora do Museu de Ciências Naturais/FZB desde 1974.
A pesquisadora disse que o núcleo está funcionando, mas não estão fornecendo mais o veneno para a produção de soro antiofídico.
O presidente da FZB, Luiz Branco, complementou afirmando que as tratativas para renovação do contrato estão em andamento.
Dali, foram ao serpentário, onde a bióloga Josy Matos, representante da associação dos funcionários, relatou o arrombamento, que resultou no fechamento do local para visitação pública, e a necessidade de substituir a porta danificada que custaria, segundo orçamentos, cerca de mil reais, com a colocação.

Promotora Annelise (de branco) acompanha juiz/Fotos Cleber Dioni

A próxima parada foi uma área restrita do Jardim Botânico que faz limite com a vila Juliano Moreira, cuja entrada é pela avenida Cristiano Fischer. O grupo percorreu uma boa parte da extensão de um muro que separa o JB das casas até alcançar um local totalmente sem proteção. Um arquiteto do Ministério Público se prontificou a elaborar um orçamento para ter noção dos custos a fim de reerguer o muro.
Presidente da FZB, Luiz Branco, esclarece dúvidas ao juiz

Grupo confere área em que o muro foi derrubado e uma tela precária separa o JB das casas

Após uma caminhada de 30 minutos sob um sol de 30 graus, o juiz Eugênio sugeriu encerrar a inspeção e marcar uma segunda, para o dia 21 de setembro, que incluirá as coleções científicas e o orquidário, cuja estrutura apresenta infiltrações e outros problemas.
“Achei interessante vir porque a percepção in loco facilita bastante quando a matéria é de fato e não de direito. E como aqui tem problemas na infraestrutura, além de outras coisas, e há um pedido de medida liminar que ainda não foi apreciado, que tem muito haver com a questão da segurança de tudo ali e a contenção do muro, eu precisava ver a situação concreta e comparar com o que as partes dizem para esclarecer as dúvidas e depois relatar a decisão”, explicou o magistrado.
Assessor da promotoria de Justiça registra área sem proteção

Área em que o muro provavelmente foi derrubado

Ação Civil Pública corre desde fevereiro
A liminar solicitada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre impede que o governo do Estado demita o quadro técnico-científico e se desfaça de qualquer bem, móvel, imóvel e de animais que constituem o patrimônio material e imaterial do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, duas das três instituições vinculadas a FZB. O Parque Zoológico não está contemplado nesta ação.
O pedido de liminar proíbe ainda a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica, e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Jardim Botânico. No caso de descumprimento, multa de R$ 50 mil.
A ação requer que o Estado apresente em juízo um plano para a extinção da FZB que garanta a continuidade e a mesma qualificação de todos os serviços e atividades do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, e providenciar imediatamente o conserto do muro que faz a divisa com a Vila Juliano Moreira. Por fim, determina ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) a inscrição do Jardim Botânico no Livro Tombo, por já ter sido declarado patrimônio cultural do Estado, em 2003.
Caminhada durou pouco mais de 30 minutos em área restrita do JB


Presidente da FZB na área em que o muro foi derrubado


 

Deixe uma resposta