Estão sendo instalados os 2.250 novos conteiners para a coleta automatizada, que atende 19 bairros e recolhe cerca de 20% do lixo domiciliar de Porto Alegre.
Importados da Itália, ao custo de R$ 18 mil cada um, são mais robustos e 20% deles possuem “bocas de lobo” para evitar o acesso de catadores, que abrem os conteiners em busca de material reciclável e acabam espalhando todo o conteúdo ao redor.

Mas, os problemas, detectados desde que se implantou o sistema, há mais de uma década, persistem. Mesmo nos novos equipamentos com boca de lobo, o lixo segue sendo espalhado ao redor.
A chamada “coleta automatizada” do lixo em Porto Alegre foi implantada em julho de 2011, quando 1.200 contêiners foram instalados em 18 bairros. Colocados nas esquinas, com tampas flexíveis, 24 horas disponíveis para descarte do lixo residencial. Periódicamente caminhões com dispositivos automáticos recolhem o conteúdo.
Detalhe: somente o lixo orgânico deveria ser colocado ali. O material descartável deveria ser destinado para a coleta seletiva.
Os problemas apareceram nas primeiras semanas. Sebastião Melo era vice-prefeito em exercício no final de julho daquele ano, quando as reclamações chegaram à imprensa.
Em entrevistas, ele reconheceu que não estava funcionando e apontou a causa principal: “A população está jogando lixo misturado, os catadores de material reciclável entram nos contêiners, acabam espalhando todo o lixo”.
Segundo o DMLU, quase um terço do volume recolhido dos conteiners e levado para o aterro sanitário de Minas do Leão ( a 70 quilômetros de Porto Alegre) é material reciclável, resultado do descarte errado feito por moradores.
É o principal problema desde o início e não houve melhoria, embora a prefeitura tenha trocado pelo menos três vezes a prestadora do serviço.
A última troca foi em fevereiro de 2023, quando foi rescindido o contrato com o consórcio Porto Alegre Limpa. Foi contratada de forma emergencial (sem licitação) a ConeSul Soluções Ambientais, por mais de R$ 2,1 milhões por mês.
O contrato emergencial foi renovado em março de 2024 com vigência até março de 2025. Enquanto isso, a prefeitura fez nova licitação para, através de uma PPP, entregar serviço de coleta, transporte e descarte de todo lixo em Porto Alegre a uma única empresa. São 1,5 mil toneladas de lixo domiciliar gerado diariamente, em Porto Alegre. Em torno de 20% desse volume corresponde à coleta automatizada.
A licitaçao foi vencida pelo consórcio Porto Alegre Ambiental, formado pela própria empresa Conesul associada à RN Freitas. O contrato por 35 anos foi assinado em julho do ano passado.
Prevê a ampliação do número de conteiners com previsão de chegar a 6.000 nos próximos anos. .
Os novos contêiners, importados da Italia, deveriam estar nas ruas em novembro do ano passado, mas houve atraso na entrega.
Outros 500 serão exclusivos exclusivos para resíduos recicláveis serão instalados em quatro bairros — Centro Histórico, Praia de Belas, Cidade Baixa e Menino Deus — e ficarão ao lado de contêineres para orgânicos e rejeitos.
O novo contrato prevê uma equipe de educação ambiental que vai atuar nos quatro bairros que receberão os contêineres para recicláveis.
Além dos modelos “boca de lobo”, o restante dos novos contêineres terão formato semelhante aos já existentes, mas mais robustos. contêineres antigos, que eram mais frágeis. Além do pedal frágil, a tampa era de um alumínio Começaram a tirar essas tampas e vender no mercado clandestino.
Como funciona a coleta
Porto Alegre tem no lixo a coleta automatizada, coleta domiciliar e coleta seletiva. Entenda a seguir o funcionamento de cada uma:
- Automatizada: é o sistema que recolhe o resíduo descartado nos contêineres de cor cinza, instalados nas ruas de 19 bairros da Capital. A coleta automatizada recebe apenas resíduos domiciliares, ou seja, resíduos orgânicos e rejeito.
- Domiciliar: é também conhecida como coleta “porta a porta”, em que as pessoas colocam a sacola com o resíduo em frente ao imóvel para ser recolhido pelo poder público. É realizada em todas as ruas da cidade pelo menos três vezes por semana.A coleta domiciliar recebe apenas resíduos domiciliares, ou seja, resíduos orgânicos e rejeito.
- Seletiva: a coleta também é feita “porta a porta” e recebe somente os resíduos recicláveis, também conhecido como “lixo seco”. A coleta seletiva é realizada em todas as ruas que comportam a entrada do caminhão. Passa três vezes por semana nos bairros atendidos pela coleta automatizada e duas vezes por semana nos demais bairros.
Bairros atendidos totalmente – Auxiliadora, Bom Fim, Bela Vista, Centro Histórico, Cidade Baixa, Farroupilha, Higienópolis, Independência, Moinhos de Vento, Mont’Serrat, Praia de Belas e Rio Branco.
Bairros atendidos parcialmente – Azenha, Floresta, Petrópolis, Menino Deus, Santa Cecília, Santana e São João.
Resíduos que devem ser colocados nos contêineres (basicamente orgânicos): cascas e restos de frutas e legumes, sobras de comida, papel higiênico e fraldas descartáveis usados, guardanapo e toalha de papel sujos, plantas, restos de podas e varrição, pó de café e erva-mate.
Projeto piloto
A implementação dos 450 equipamentos menores faz parte de um projeto piloto, visando a melhora na coleta de resíduos nos bairros Centro Histórico, Cidade Baixa, Praia de Belas e Menino Deus.