Intoxicações por metanol: 11 casos confirmados, 102 em investigação, segundo Ministério da Saúde

Até as 16h desta sexta-feira (3), 113 casos de intoxicação por metanol após a ingestão de bebida alcoólica haviam sido registrados em todo o país, informou o Ministério da Saúde.

Ao todo, são 11 casos confirmados e 102 em investigação. Na divisão por estados, São Paulo lidera com 101 registros (11 confirmados e 90 em investigação).

Também há casos suspeitos nos seguintes estados:

  • 6 em Pernambuco;
  • 2 na Bahia;
  • 2 no Distrito Federal;
  • 1 no Paraná;
  • 1 no Mato Grosso do Sul.

Do total de casos notificados, 12 resultaram em morte, das quais uma está confirmada no estado de São Paulo e 11 estão sendo investigadas.

Os óbitos investigados estão divididos pelos seguintes estados:

  • 8 em São Paulo;
  • 1 em Pernambuco;
  • 1 na Bahia;
  • 1 no Mato Grosso do Sul.

Informadas pelos Centros de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (Cievs) estaduais, as notificações de intoxicação por metanol foram repassadas ao Cievs nacional, que consolida os dados.

Antídoto

Para reduzir o impacto das intoxicações provocadas pelo metanol em bebidas alcoólicas adulteradas, o Ministério da Saúde em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) comprou 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, antidoto para esse tipo de intoxicação. Serão compradas mais 150 mil ampolas (5 mil tratamentos), para garantir o estoque do Sistema Único de Saúde.

O Ministério da Saúde também pediu que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faça um chamamento internacional das 10 maiores agências reguladoras nos seguintes países: Argentina, México, Comunidade Europeia, Estados Unidos, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália.

A pasta também enviou ofício para empresas e instituições da Índia, Estados Unidos e Portugal em que pede doação e cotação de compra para outro antídoto, o fomepizol. Atualmente, poucos países têm o produto em estoque.

O ministério também oficializou pedido a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e manifestou intenção de adquirir outras 1 mil do medicamento por meio da linha de crédito do Fundo Estratégico da Opas, ampliando o estoque nacional.

Orientações

O Ministério da Saúde está orientando estados e municípios para que notifiquem imediatamente todas as suspeitas de intoxicação por metanol. A medida pretende fortalecer a vigilância epidemiológica e garantir uma resposta rápida e eficaz aos casos suspeitos.

Uma sala de situação foi instalada para monitorar os casos. De caráter extraordinário, essa estrutura permanecerá ativa enquanto houver risco sanitário e necessidade de monitoramento e resposta nacional.

(Com Agencia Brasil)

95 anos do MEC: Lula diz que “Brasil só será soberano pela Educação”

O aniversário de criação do Ministério da Educação (MEC) foi comemorado neste domingo (28), em Brasília. Seis mil pessoas participaram da Corrida e Caminhada MEC 95 Anos.

Entre os participantes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou o poder de políticas públicas educacionais fortes para um país.

“Nós temos consciência que é através da educação – da creche à universidade, da alfabetização a um curso de engenharia – que a gente vai tornar o Brasil soberano, para nunca mais ninguém dar palpite sobre o Brasil”.

Sem citar, Lula levantou uma bandeira que identica Darcy Ribeiro e Leonel Brizola, dois intransigentes defensores da educação como base para o desenvolvimento do Brasil.

A programação – com percursos de 3 quilômetros (km) para caminhada e 5 km e 10 km para corrida – foi um momento de integração entre educadores, servidores, gestores e a comunidade.

A ideia de uma corrida com caminhada foi dos próprios servidores do ministério que, a partir de uma consulta interna, escolheram como celebrar o aniversário da instituição.

Ao lado de Lula, o ministro da Educação, Camilo Santana, destacou programas que permitiram o avanço das políticas de educação no país, como o Programa Universidade Para Todos (Prouni), o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o programa de incentivo financeiro-educacional Pé de Meia e o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O esporte também reuniu outras autoridades como os ministros da Fazenda, Saúde, Relações Institucionais e Minas e Energia, respectivamente Fernando Haddad, Alexandre Padilha, Gleisi Hoffmann e Alexandre Silveira.

Ao final dos percursos, os três primeiros lugares de cada categoria receberam medalhas especiais conforme a colocação. Os demais participantes também receberam medalhas de participação.

O presidente Lula dedicou as premiações aos profissionais da educação de todo o país.

“Professores e professoras, funcionários das escolas que trabalham dia e noite para que a gente possa sair do analfabetismo que a gente encontrou nesse país, com praticamente 68% da população com o ensino fundamental mal concluído”, destacou.
Pelas redes sociais, o presidente destacou a programação comemorativa e voltou a destacar a importância da educação para soberania brasileira. “

História
Criado em 1930, com o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública, o órgão desempenhava inicialmente as atividades do extinto Departamento Nacional do Ensino, ligado ao Ministério da Justiça, além de tratar de políticas públicas relacionadas à saúde, esporte e meio ambiente.

Com a força de educadores e intelectuais como Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo e o lançamento do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, teve início um processo de reforma da educação no país.

O longo processo teve início com o direito de todos à educação, conforme previsto na Constituição de 1934, e, posteriormente, a criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1961, e a reforma universitária, em 1968.

Após quase um século de existência, a política nacional de educação foi aperfeiçoada e o órgão atua na educação em geral com políticas voltadas à educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior, educação de jovens e adultos, educação profissional e tecnológica, educação especial e educação a distância.

 

Soja do Brasil vira arma na guerra comercial entre China e Estados Unidos

Os produtores de soja dos Estados Unidos exportaram  12,6 bilhões de dólares para a China no ano passado.

Este ano, a safra de outono em todo o país está em andamento, cerca de 10% já estão colhidos e os compradores chineses não apareceram.

“O país que comprou 52% de todas as exportações americanas de soja no ano passado está completamente ausente”, registrou o New York Times em matéria de capa nesta quinta-feira.

É um dos efeitos da guerra tarifária de Donald Trump, que ameaçou taxar com 145% os produtos chineses que entram no mercado americano.

A China respondeu no mesmo nível, Trump recuou e agora vivem uma trégua de 90 dias, com tarifas entre 10 e 30%, que estão em negociação.

Enquanto isso, os chineses foram procurar soja em outros mercados, até para demonstrar força na mesa de negociações.

Do Brasil, foram 66 milhões de toneladas de janeiro a agosto para a China. “A China nunca comprou tanta soja do Brasil como em 2025”, saudou a Infomoney, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Quanto a Trump, recuou nas tarifas sem evitar os prejuízos já calculáveis e segue dando sinais de uma política externa errática. Nesta semana,  ele  prometeu ajuda à Argentina, onde seu protegido Javier Milei enfrenta  uma grave turbulência econômica.

No mesmo dia, a Argentina suspendeu o imposto sobre as exportações de diversas culturas importantes, incluindo a soja. Pouco depois, empresas chinesas compraram mais de um milhão de toneladas de soja argentina, segundo a Reuters, “aumentando a capacidade do país de resistir à compra da safra dos EUA”.

Os produtores americanos ainda esperam que o governo Trump e a China cheguem a um acordo comercial que elimine as tarifas e sejam retomadas as exportações.  Parte do prejuízo já é irreversível.
Até julho, a China comprou metade do que havia comprado em soja dos Estados  Unidos no mesmo período do ano passado, dados do Departamento de Agricultura, segundo o NYT.

Mesmo compensando com  vendas para novos mercados  como Egito, Taiwan e Bangladesh, o total das exportações totais de soja dos Estados Unidos já caíram 23% neste ano.

A soja que se acumula com a lentidão das vendas e a estimativa de uma safra recorde de milho em vários estados, fazem prever falta de espaço para armazenar tanto grão.

Lula na 80ª Assembleia Geral da ONU: um discurso para ficar na História

Foram 18 minutos, apenas. Mas em oitenta anos da Assembleia das Nações Unidas nunca um presidente brasileiro, que sempre abre a conferência, fez um discurso assim, principalmente pelas críticas aos Estados Unidos e às políticas de Donal Trump. É um pronunciamento histórico, que marca um momento sem precedentes do protagonismo brasileiro na política internacional.  Veja os principais trechos do discurso, selecionados pela Agencia Brasil:

Crítica a sanções e defesa da democracia
Sem citar nominalmente o presidente norte-americano Donald Trump, Lula criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.

“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias. E intervenções unilaterais estão se tornando regra.”
Julgamento de Bolsonaro
Lula destacou que, pela primeira vez em 525 anos da história do Brasil, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. A fala foi uma referência ao julgamento concluído neste mês pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados pela tentativa de golpe. O presidente afirmou que não há pacificação com impunidade.

“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas e àqueles que os apoiam. Nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela. Democracias sólidas vão além do ritual eleitoral. Seu vigor pressupõe a redução das desigualdades, a garantia dos direitos mais elementares.”
Migração e pobreza
Lula citou a conquista recente do Brasil, que saiu do Mapa da Fome, e defendeu que a pobreza e a desigualdade são inimigas da democracia. Ele criticou também a desigualdade de gênero e aqueles que culpam “migrantes pelas mazelas do mundo”.

“A democracia falha quando as mulheres ganham menos que os homens ou morrem pelas mãos de parceiros e familiares. Ela perde quando fecha suas portas e culpa migrantes pelas mazelas do mundo”.
Big Techs
O presidente também citou o potencial positivo e os perigos representados pelas chamadas big techs – empresas gigantes de tecnologia. Ele destacou que o Brasil aprovou recentemente uma das legislações mais avançadas do mundo “para a proteção de crianças e adolescentes na esfera digital”, em alusão ao projeto que criou regras contra adultização de crianças nas redes sociais.

“A democracia também se mede pela capacidade de proteger as famílias e a infância.”
Genocídio palestino
Em um dos pontos mais duros de seu discurso, Lula criticou o que classificou como genocídio em Gaza, defendeu que os demais países reconheçam a Palestina como Estado e disse que o povo palestino corre o risco de desaparecer.

“Os atentados terroristas perpetrados pelo Hamas são indefensáveis sob qualquer ângulo. Mas nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza. Ali, sob toneladas de escombros, estão enterradas dezenas de milhares de mulheres e crianças inocentes. Ali também estão sepultados o direito internacional humanitário e o mito da superioridade ética do Ocidente.”
América Latina
Sobre a América Latina, Lula disse que a região sofre um momento de crescente polarização e instabilidade. Ele defendeu que e a via do diálogo não deve estar fechada na Venezuela e que o Haiti deve ter direito a um futuro livre de violência. Lula ainda classificou como inadmissível que Cuba seja listada como país que patrocina o terrorismo.

“É preocupante a equiparação entre a criminalidade e o terrorismo. A forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas”, disse.
Clima e COP 30
O presidente destacou a necessidade trazer o combate à mudança do clima para o coração da ONU. Lula propôs a criação de um conselho para monitoramento das ações climáticas globais e conclamou os países a se comprometerem com metas ambiciosas para redução de emissão dos gases que causam o efeito estufa.

“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, no Brasil, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, destacou.
Mujica e Papa Francisco
No encerramento da sua fala, Lula lembrou que neste ano o mundo perdeu duas personalidades que encarnaram “os melhores valores humanistas”: o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, e o Papa Francisco. Ele afirmou que, se ainda estivessem vivos, usariam aquele espaço para lembrar que “os únicos derrotados são os que cruzam os braços” .

“ [eles usariam essa tribuna para lembrar que ] podemos vencer os falsos profetas e oligarcas que exploram o medo e monetizam o ódio; e que o amanhã é feito de escolhas diárias e é preciso coragem de agir para transformá-lo”.

Ouça aqui a íntegra:

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Rede da Verdade vai resgatar ataques a universidades durante a ditadura `

Márcia Turcato

As universidades gaúchas avançaram no propósito de recuperar a verdade sobre os atos praticados pela ditadura nas décadas de 60 e 70 e mostrar como ela agiu dentro das universidades do estado para perseguir professores, funcionários e estudantes.

Em reunião virtual realizada dia 11 de setembro as entidades criaram a Rede de Comissões da Verdade Universitárias do Rio Grande do Sul.

A Rede tem o objetivo de construir um minucioso trabalho de recuperação da verdade sobre as atividades da ditadura no âmbito das universidades.

Pela Comissão da Memória e Verdade da UFRGS, participaram da reunião as professoras Roberta Baggio, Lorena Holzmann, Regina Xavier, Valéria Bertotti e Cristina Carvalho. Baggio, que preside a Comissão da UFRGS, apresentou uma proposta de primeiro passo para a interação entre as comissões da Rede e que será a pauta de trabalho até o final de 2026.

Representantes das Comissões das universidades federais de Pelotas, Santa Maria e Rio Grande também participaram da reunião.

A proposta aprovada prevê compartilhar documentos, registros e depoimentos relacionados às violações de direitos humanos, disponibilizar o material em um site e envolver a comunidade universitária gaúcha na discussão sobre a ditadura para nunca esquecer e para que nunca mais se repita.

Para Roberta Baggio “a criação da Rede de Comissões da Verdade das Universidades é um marco importante de cooperação institucional e reforça a luta por democracia nas universidades gaúchas”.

A Comissão Memória e Verdade da UFRGS, que está ligada ao gabinete da reitora Márcia Barbosa, é um compromisso da universidade para a manutenção da autonomia da instituição  e para assegurar que eventos inconstitucionais nunca mais aconteçam.

Expurgo e tortura

Apenas na UFRGS, até o momento, está documentado que 37 professores foram demitidos ou afastados por se oporem à ditadura instalada no Brasil a partir do golpe em 1964, sofrendo ruptura na carreira profissional.

Estudantes, especialmente os do movimento estudantil, também foram alvo de ações repressivas, com casos de perseguição, prisão e tortura, como do estudante de origem chinesa Peter Ho Peng, um caso emblemático.

Técnicos-administrativos que participaram da  luta sindical foram igualmente perseguidos.

Ocorreram duas principais ondas de expurgos na UFRGS. A primeira, logo após o golpe militar de 1964, com a demissão de 17 professores. A segunda, em 1969, após o AI-5, que resultou na demissão de mais 20 professores.

O estudante Peter Ho Peng (foto), que estava no Rio de Janeiro fazendo mestrado em engenharia química, foi investigado, preso, torturado e forçado a entregar os documentos brasileiros, sendo tornado apátrida.

Sua cidadania só foi restituída em 2012 graças  a atuação da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça que aprovou o direito de Peter Ho Peng ter novamente identidade brasileira e, depois de 40 anos, poder voltar a viver no Brasil.

Peter, filho de chineses, chegou ao Rio Grande do Sul com os pais aos quatro anos de idade.

Peng ficou oito meses preso em unidades do Dops, da Marinha e da Polícia Federal no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, de 1971 a 1973. Ao sair da prisão, recebeu asilo nos Estados Unidos, Em abril de 2013, Peter Ho Peng, acompanhado do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, recebeu a Carteira de Identidade expedida pelo Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP/RS), após 40 anos da cassação de seu RG e da cidadania brasileira. Em outubro de 2014, com seu primeiro título de eleitor em mãos, Peng retornou a Porto Alegre para votar no Brasil pela primeira vez na vida. Ele ainda reside na Flórida, nos Estados Unidos.

 

 

 

Manifestações em todas as capitais repudiam anistia a golpista e blindagem de deputados

Decisões da Câmara de Deputados na semana passada provocaram manifestações  em 33 cidades, incluindo todas as capitais do país, neste domingo.

Milhares de brasileiros com bandeiras, cartazes e até trios elétricos foram às ruas protestar contra a anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado e a chamada PEC da Blindagem, que dificulta  processar criminalmente deputados e senadores.

Em São Paulo, 42,4 mil pessoas foram à avenida Paulista, segundo estimativa Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado à USP (Universidade de São Paulo).

Com críticas ao Congresso Nacional, os manifestantes exigiram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele já está condenado a 27 anos por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, entre outros crimes.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL, PT e movimentos populares, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.

Reginaldo Cordeiro de Santos Júnior é professor universitário no curso de Serviço Social e esteve na Paulista. Não mora em São Paulo, mas aproveitou que tinha um compromisso na cidade e antecipou a vinda especialmente para participar da manifestação.

“Nós estamos aqui na luta pela democracia contra a PEC da Blindagem, na luta contra todo o retrocesso do que foi conquistado em 1988. Isso é muito importante para que a juventude entenda tudo que a gente conseguiu conquistar em 1988 com a Constituição Federal. A gente precisa trazer à tona toda essa problemática que está sendo posta no Congresso brasileiro”, disse.

Professora aposentada pelo estado de São Paulo, Miriam Abramo teme pela volta da ditadura no Brasil e acredita que a PEC da Blindagem pode ser um encurtamento do caminho para que o país reviva o período.

“Estou aqui porque tenho 75 anos e eu vivi a época na qual você não tinha direitos de nada. Eu votei pela primeira vez para presidente da República quando eu tinha 40 anos e eu não quero que essa juventude espere ter 40 anos para poder escolher seu presidente novamente”, destacou a professora.

O professor de artes marciais Renato Tambellini não apenas foi se manifestar como levou a filha de 12 anos, Luiza, para mostrar a ela a importância da manifestação popular e para que ela já comece a participar. Ele contou que sempre conversa sobre todos os temas com a Luiza e seu irmão.

“Explico a eles que é preciso se mobilizar, reivindicar direitos. E nesse momento é imprescindível, com a gente saindo de uma tentativa de golpe. Acredito que finalmente podemos viver um momento histórico com a condenação de golpistas no país. E temos que estar na rua mostrando que estamos apoiando isso para consolidar ainda mais a nossa democracia”.

Tamikuã Txih, do povo Pataxó, da terra indígena do Jaraguá, na região Oeste de São Paulo, defende que a luta é de todos os povos e que para mudar a situação é preciso tomar as ruas e mostrar a força do povo.

“Precisamos dizer que nós não aprovamos a PEC da Blindagem. Nós não podemos aceitar as grandes atrocidades que o Congresso ou que os futuros parlamentares venham a fazer saindo impunes. Por isso dizemos não à impunidade. Isso é uma angústia e uma vergonha para o Brasil que tem o Congresso articulando na cara do povo para ainda isso terminar com a anistia”.

(Com reportagem da Agência Brasil)

Estética do cimento e do contêiner desfigura monumentos e a paisagem urbana em Porto Alegre

 

Seis toneladas e meia de cimento foram utilizadas para a confecção das 128 esferas (52 quilos cada uma) colocadas no passeio de um dos locais mais simbólicos de Porto Alegre – o Largo Glênio Peres, defronte ao Mercado Público de Porto Alegre.

O objetivo das esferas (de “desenho futurista”, segundo a prefeitura) é delimitar o espaço para estacionamento  de carros no local. (Algumas delas foram arrancadas nos últimos dias por motoristas afoitos).

Seis toneladas e meia de concreto para colocar 128 esferas no passeio.

Além das esferas,  duas fileiras de bancos e duas pistas de passeio, tudo de concreto, foram implantados em obras de “revitalização do espaço”.  E a prefeitura anuncia que vai instalar novos “balizadores” em outras áreas da cidade, como a orla de Ipanema, por exemplo.

Além dessa “estética do cimento”, a administração municipal de Porto Alegre tem dado exemplo de insensibilidade em relação à paisagem urbana e ao patrimônio histórico com a proliferação de contêiners junto a monumentos e bens tombados.

O conteiner, fora da distância regulamentar, tira parcialmente a visão do monumento ao Expedicionário, obra de Antonio Caringi.

É o caso do conteiner que serve de posto para a Guarda Municipal no parque da Redenção, que interfere no espaço visual do monumento ao Expedicionário, uma das obras marcantes  do parque.

Assim como o conjunto de conteiners que foram instalados no terreno recuperado depois de 30 anos de ocupação irregular por um posto de combustíveis, na frente do mercado Bom Fim.

Num espaço onde há duas igrejas tombadas – Espirito Santo e Santa Teresinha – os enormes caixotes de metal, coloridos, desfiguram totalmente a paisagem do entorno, em um dos pontos mais movimentados do parque.

E vem mais poluição visual por ai.  A prefeitura já anunciou a ampliação do número de painéis eletrônicos para veiculação de propaganda  junto aos pontos de ônibus da capital.  A concessionária Eletromidia em parceria com a Claro, argumenta que os painéis representam “companhia a usuários nos pontos de ônibus durante a noite e a madrugada”.  A entrega prevê a instalação das telas digitais em 50 abrigos na Capital, em locais definidos com base em “critérios técnicos”, estabelecidos em conjunto com a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMMU) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

“Os equipamentos irão trazer mais segurança, principalmente às mulheres”, declarou o prefeito Sebastião Melo ao autorizar os novos painéis.

O projeto faz parte de uma Parceria Público-Privada (PPP) entre a Prefeitura de Porto Alegre e a Eletromídia, concessionária, “sem custos diretos para o município”. Em troca da implantação e manutenção dos equipamentos, a empresa tem o direito de explorar espaços publicitários nos painéis, conhecidos como Mobiliário Urbano para Informação (MUPIs).

 

Passo Fundo, onde Lula foi bloqueado, bate recorde em vendas de soja para a China

Em sua maioria identificados com Trump, os sojicultores gaúchos não temem o tarifaço. Forram o poncho exportando para  a China  comunista – o “C” do Brics.

Em agosto de 2025, Passo Fundo foi o município gaúcho que mais exportou. Com apenas uma commodity, soja, faturou 17% das vendas externas do Estado.

Dos US$ 344,6 milhões vendidos no mês, US$ 320,1 milhões vieram da soja (92,9%). Derivados e resíduos do óleo de soja renderam mais 2,3%. Arroz, 2,2%.

Dos US$ 344,6 milhões vendidos no mês pelo agro passo-fundense, 86,9 % foram compras da China, 6,3% da Espanha e 2,3% da Venezuela.

“O terceiro melhor agosto da história”, depois de 2022 e 2023. A China comprou metade das exportações do Estado em agosto.

Em 2018, sojicultores de Passo Fundo foram notícia nacional por terem impedido Lula de entrar na cidade, bloqueando o acesso com seus tratores.

Lá Bolsonaro recebeu 64,29% dos votos válidos, no país foi eleito com 55,13%.

 

 

 

 

Trump atribui atentado à “retórica da esquerda”; polícia diz que atirador agiu sozinho

Jovem de 22 anos, criado num lar republicano, aluno exemplar do ensino médio, aprendiz de eletricista. Não tinha envolvimento político e sequer votou nas últimas eleições.

Esse é o intrigante perfil do homem que matou com um tiro de precisão – disparado a 153 metros de distância do alvo – o ativista Charlie Kirk, do circulo íntimo de Donald Trump.

Kirk falava ao ar livre, sentado num banco alto, quando foi atingido no pescoço. A imagem terrível, com o sangue esguichando e ele caindo para trás,  percorre o mundo.  Cerca de três mil estudantes o ouviam no pátio da Universidade de Utah.

Tyler Robinson, o atirador, se entregou 24 horas depois na delegacia da cidade de Washington, no mesmo Estado de Utah, a cerca de 400 km do local do crime.

Pelo que a polícia divulgou até agora, ele agiu sozinho. E aí está o ponto mais inquietante: a violência extrema sem um motivo definido.

Segundo os jornais, Tyler foi identificado pelo próprio pai através das fotos que a polícia divulgou, onde aparecia, de boné e óculos escuros. O pai pediu para que Tyler Robinson se rendesse. Ele resistiu, mas depois concordou. O pai, então, entrou em contato com um pastor amigo da família, que informou à polícia.
Tyler contou que chegou à Universidade de Utah Valley quatro horas antes do começo da palestra de Kirk.  Vinte minutos depois do início do evento, disparou o tiro certeiro.

Embora o fato de o assassino não ter vinculação política tenha aliviado a tensão inicial, estimulada pelo próprio Trump, os principais jornais americanos não escondem as preocupações com o “ciclo alarmante de violência política” no país.

Trump e muitos de seus aliados atribuíram o atentado à esquerda e incentivaram a vingança elevando a níveis sem precedentes o potencial  de violência política nos Estados Unidos.

“Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que vemos em nosso país hoje. E isso precisa acabar agora mesmo,” declarou Trump.

Em extensa matéria assinada por três repórteres, o New York Times mostrou como influenciadores de direita e até funcionário do governo Trump estavam incentivando uma devassa na internet para identificar pessoas que estavam celebrando ou justificando o assassinato.

“A campanha generalizada e rápida de denúncia e humilhação já resultou em inúmeros empregos perdidos, suspensões profissionais e investigações internas, exacerbando as tensões já tensas sobre os tiroteios que existem online”.

Segundo o jornal, o assassinato de Kirk foi imediatamente recebido pela direita com “uma onda de fúria e pesar na tarde de quarta-feira — que rapidamente se transformou em sede de vingança”.

Vários influenciadores das redes sociais, alguns com muitos seguidores, pediram quase em uníssono que se travasse uma “guerra” contra aqueles que consideram seus inimigos

O jornal relata consequências  da campanha on line, com demissões de funcionários públicos e de professores por manifestações consideradas ofensivas a Charlie Kirk. O temor latente é que essa intolerância on line se transforme em agressões reais e eleve ainda mais os níveis de violência política, que alguns analistas já veem como prenúncio de uma guerra civil.

Declaração de Trump:

“Durante anos, a esquerda radical comparou americanos maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo. Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que vemos em nosso país hoje. E isso precisa acabar agora mesmo.”

Na semana passada, num evento dos conservadores,  o ativista de extrema direita Jack Posobiec discursou sobre o tema de seu livro, intitulado “Unhumans” (Desumanos), cujo argumento é que as pessoas de esquerda não são, de fato, seres humanos merecedores de respeito e dignidade. 

Condenado a 27 anos, Bolsonaro pode ficar inelegível até 2060

O ex-presidente Jair Bolsonaro pode ficar inelegível pelos próximos 35 anos em função da condenação por tentativa de golpe após perder a eleição presidencial em 2022.

Pela Lei da Ficha Limpa, quem é condenado por decisão judicial colegiada fica impedido de disputar as eleições ppor oito anos, “após o cumprimento da pena”.

Na quinta-feira (11), por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Dessa forma, o ex-presidente está inelegível até 2060, quando teria 105 anos. Atualmente, ele tem 70.

Bolsonaro já está inelegível até 2030 por ter sido condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e econômico.

A condenação resultou da reunião realizada com embaixadores, em julho de 2022, no Palácio da Alvorada, para atacar o sistema eletrônico de votação, episódio que foi incluído na ação penal da tentativa de golpe de Estado e citado pelo relator como um dos “atos executórios” da trama.

Nova lei pode reduzir prazo
Na semana passada, o Senado aprovou uma mudança na Lei da Ficha Limpa para reduzir o tempo de inelegibilidade. A nova regra está no PLP 192/2023 e já foi enviada ao Palácio do Planalto para sanção ou veto presidencial.

Se a matéria for sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prazo da inelegibilidade de Bolsonaro pode acabar em 2033, pois os oito anos de inelegibilidade começariam a contar a partir da data da condenação, ocorrida ontem.

Anistia
Uma lei aprovada pelo Congresso para anistiar os golpistas condenados é a única chance de Bolsonaro voltar a vida política.

Por isso, seus apoiadores na Câmara dos Deputados devem iniciar na próxima semana as articulações para convencer o presidente da Casa, Hugo Motta, a colocar a matéria em votação.

(Com Agência Brasil)